William Ribeiro
recebeu João André Marques Pereira para uma entrevista ao vivo em seu canal no
YouTube, quando também explicou que a informação continua sendo de propriedade
do cliente e o compartilhamento de dados deverá ser consentido em cada
instituição específica
Na última segunda-feira, dia 1º de fevereiro, teve
início a primeira fase de implantação do modelo open banking no Brasil. Para
explicar o que muda na vida das pessoas e tirar dúvidas, o educador financeiro
William Ribeiro recebeu para uma entrevista ao vivo em seu canal “Dinheiro Com
Você”, no YouTube, o Sr. João André Marques Pereira, chefe do departamento de
regulação do sistema financeiro do Banco Central.
Durante o bate papo, foram destacados todos os
benefícios para os cidadãos e para as instituições. Contudo, também foram
feitos alguns alertas como o reflexo nos negócios que se beneficiam de
informações personalizadas, como administradoras de cartões private label e
varejistas com financeiras próprias.
Ribeiro fez exatamente essa provocação, lembrando
que instituições como essas são especialistas no segmento em que atuam,
juntando informações de um público consumidor que os bancos não têm acesso e,
por isso, não se interessam em atingir, como forma de evitar o risco.
Com o open banking, o acesso ao histórico desse
consumidor poderá ser distribuído entre outros entes do sistema financeiro,
bastando o aceite do usuário. Desta forma, algumas empresas poderão perder a
vantagem competitiva de se conhecer profundamente o comportamento financeiro do
consumidor.
“O open banking vem confrontar vários modelos de
negócio. Muitos vão deixar de existir e muita coisa nova vai surgir. O
potencial é imenso”, concordou o chefe de regulação do Banco Central. Pereira
ainda acrescentou que “tem muita coisa bacana que já está sendo construída
utilizando inteligência artificial, por exemplo. Uma vez que gente tenha esse
fundamento colocado, os aplicativos começarão a ser criados e novos modelos de
negócios também nascerão com base nessas informações”.
Fundamento com princípios que mudam todo o sistema
financeiro
Pereira também explicou que define o open banking
como um fundamento, pois ele envolve diversos princípios. “O open banking muda
toda a forma do sistema financeiro se relacionar com as pessoas e, também, a
forma como essas instituições se relacionam entre elas. Por trás dele há toda
uma estrutura, uma tecnologia”.
E detalhou para Ribeiro e ao público do canal quais
são esses três princípios:
- A
informação é do cliente
“Tudo que é novo gera dúvidas”, lembrou Ribeiro. E
um dos pontos mais importantes e que mais geram questionamentos é sobre o
sigilo das informações.
O chefe de regulação compara o cenário atual com o
open banking. “Hoje, se você tem um relacionamento com um banco e tem
informações, transações, um histórico e quiser iniciar uma nova relação com uma
nova instituição financeira, muitas vezes, você precisa começar do zero. O open
banking possibilita você pegar essa informação que já está lá e levar para
outra instituição. A coisa não começa do zero, o que possibilita oferecer
serviços melhores e mais apropriados”.
De qualquer forma, nenhum dado poderá ser enviado
de uma instituição para outra específica sem o consentimento do cliente.
- Diferenças entre o open banking e o Cadastro
Positivo
O chefe do Banco Central começa explicando que,
apesar de diferentes, os dois sistemas são complementares. “O Cadastro Positivo
foi um passo muito relevante, pois melhora a competitividade e reduz o custo
dos produtos. São algumas empresas que têm acesso a muita informação e vão
construir um score, uma medida da capacidade de pagamento de cada um”.
“O open banking é diferente, porque você vai passar
a sua informação para uma instituição específica, uma informação mais completa,
um histórico muito mais rico. Então, quando você passa essa informação de uma
instituição tradicional do seu relacionamento para outra nova, esta vai compor
o score que está no cadastro positivo com o que recebeu de outra instituição e,
então, consegue criar produtos customizados”, completa.
De qualquer forma, é importante lembrar também que
existem semelhanças, e ele acrescenta que “os dois modelos têm o objetivo de
melhorar vida da pessoas, de dar a informação para que a instituição comece o
relacionamento já sabendo sobre o comportamento financeiro”. Ou seja, o
cadastro positivo não está sendo substituído.
- Viabilizado
pela tecnologia
“O que se está criando é uma grande rede de
comunicação dentro do sistema financeiro. São “tubulações” padronizadas em que
todas as instituições se conversam. Sempre que o cliente quer enviar informação
de uma instituição para outra, basta um cliquezinho e isso tudo segue por esses
canais”, explicou Pereira.
- Segurança
“Tudo está sendo construído sob o guarda-chuva do
Banco Central. Nossa principal missão é preservar o poder de compra e o sistema
financeiro com total segurança. Tudo de forma organizada, com padrões bem
definidos, para ser realizado de forma segura”, contou.
E ele também aproveitou para destacar ao Educador
Financeiro e apresentador do canal que será possível “construir o meu banco do
meu jeito”. E acrescenta. “Tenho a conta no banco A, um outro produto no banco
B, o cartão de crédito no banco C. Vou criar o ‘banco William’”.
Fim do oligopólio das informações
Ribeiro comenta com seu convidado que “grandes
bancos têm o oligopólio das informações”, e exemplifica com sua própria
experiência. “Eu tenho uma conta em um ‘bancão’ há 20 anos. Imagine o histórico
que esse banco tem. Inclusive é onde eu tenho o maior limite de crédito, eles
me conhecem mais do que a minha própria família. Se eu sinalizar o meu
consentimento via open banking para outra instituição, eu poderia usufruir
dessa mesma condição em uma fintech, por exemplo, que, hoje, não me oferece
porque não me conhece”.
O chefe de regulação do Banco Central concordou e
acrescentou como esse novo cenário é positivo para a concorrência no setor.
“Quanto mais competidores, mais modelos de negócios, surgem coisas muito
diferentes do que estamos acostumados e com preços melhores. Isso força o outro
lado a pensar em produtos melhores também. Um círculo virtuoso, uma cadeia de
competitividade”.
Papel importante na educação financeira da
população
Ribeiro destacou como os novos aplicativos que
nascerão para unificar os serviços financeiros poderão ter um papel importante
na educação financeira da população, por exemplo, chegando ao ponto de dar dicas
para um melhor uso do dinheiro. Sendo que este é um dos propósitos do open
banking, como Pereira explicou a ele.
“Educação financeira, inclusão, competição, tudo
isso está dentro do open banking. Existem aplicativos que já estão fazendo
isso, juntando o seu comportamento normal do dia-a-dia com o seu comportamento
financeiro, tentando antecipar comportamentos, tentando antecipar problemas e
trazendo benefícios ao usuário”.
E continua ilustrando alguns cenários que serão
possíveis com o open banking: “Se você está indo à feira pode receber uma
mensagem em uma linguagem muito simples alertando que, se você deixar para
comprar em outro lugar, amanhã, pode economizar R$ 15 que pode juntar para a
viagem que está nos seus planos. A internet das coisas pode chegar ao ponto de
alertar que, ao diminuir dois graus do ar-condicionado, a economia ao final do
mês poderá ser de R$ 50, por exemplo”.
Entrevista completa já está disponível no canal
“Dinheiro Com você”
A conversa continuou abordando outros pontos do open
banking como a segunda fase da implantação, que envolve a padronização das
informações e que deve começar em julho, até chegar no chamado “Open Finance”,
em que dados relativos às aplicações financeiras poderão ser compartilhados
entre corretoras, por exemplo.
E ainda respondeu dúvidas ao vivo dos internautas
que representam o que todo mundo ainda está querendo saber.
Para assistir à entrevista completa, acesse o link:
http://www.youtube.com/watch?v=isTUDF9fzMI&t=72s
William Ribeiro - idealizou e se dedica ao Dinheiro Com Você,
projeto que detém um dos maiores canais de Educação Financeira no Youtube em
nosso país. É Engenheiro da Computação pelo Instituto Nacional de
Telecomunicações (Inatel), possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação
Getúlio Vargas.
www.youtube.com/dinheirocomvoce