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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

"Vidas pretas importam": a (im)prescritibilidade do crime de injúria racial

Hoje, dia 02 de dezembro, terá continuidade um julgamento histórico (HC nº 154.248) - que teve início no dia 26 de novembro, no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual se discute a possibilidade do reconhecimento da prescrição no crime de injúria racial.

A prescrição nada mais é do que o reconhecimento da perda do poder/dever do Estado de aplicar uma punição, pelo cometimento de um crime, em razão da demora da tramitação do processo (ou investigação). Significa dizer que o Estado tem um tempo máximo para julgar alguém que praticou um crime e aplicar uma pena. Quando este tempo não é respeitado ocorre a prescrição, ou seja, o Estado perde o direito de impor uma pena (no direito - ocorre a extinção da punibilidade).

Para os investigados (ou acusados) que possuem entre 18 e 21 anos, bem como para os maiores de 70 anos, por política criminal, o prazo prescricional é calculado pela metade (art. 115 do Código Penal). No Habeas Corpos, em questão, a defesa sustenta exatamente isso, tendo em vista que a pessoa que em tese praticou o crime possuía à época dos fatos 72 anos.

Nos autos do Habeas Corpos em questão, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido da defesa, por entender que "com o advento da Lei n. 9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão". Assim, segundo o entendimento do STJ, o crime de injúria racial se equipara ao crime de racismo que, conforme disposto na Constituição Federal (art. 5º, inciso XLII), é imprescritível, não existindo, portando, qualquer possibilidade daquele que comete esse tipo de crime ser socorrido pela demora do processo.

Sendo assim, por se tratar de uma demanda com acentuada repercussão social, foi determinada a preferência em seu prosseguimento. Em 05 de novembro do presente ano, o relatório dos autos (resumo) foi disponibilizado, possibilitando que algumas entidades, como movimentos sociais, que trabalham diretamente com o tema, mediante lutas históricas, ingressassem no processo (AMICI CURIAE), como terceiros interessados contribuindo com a demanda.

Com base no pedido das entidades mencionadas, é possível compreender e se sensibilizar com a luta histórica do movimento negro no Brasil, deixando claro que "a própria interpretação histórica e teleológica do crime de injúria racial demanda que ele seja admitido como racismo". Outrossim, argumentam que "não faz nenhum sentido lógico-jurídico afirmar-se que ofender um indivíduo integrante de minoria racial, por elemento racial, não configuraria racismo, ao mesmo tempo em que (corretamente) se entende que ofender uma coletividade racial, por elemento racial, configura racismo".

Por se tratar de uma questão relacionada à construção de uma tese jurídica a respeito de matéria, com acentuada repercussão social, especialmente no que se refere às relações raciais no Brasil, as entidades foram admitidas no processo como parte interessada.

No dia 26 de novembro do presente ano, quando do início do julgamento, o Ministro Edson Fachin proferiu seu voto pela imprescritibilidade do crime de injúria racial, nos termos da decisão firmada pelo Superior Tribunal de Justiça.

Diante das recentes manifestações, não só no país, mas também pelo mundo inteiro - "vidas pretas importam", sem nenhuma dúvida o julgamento será emblemático e paradigmático para a jurisprudência nacional, com um efeito cascata para as instâncias inferiores.

Por óbvio, restarão muitas contradições que poderão ser resolvidas no futuro, tendo em vista que o crime de injúria racial, ao que tudo indica, não poderá ser alcançado pela prescrição, no entanto nada impede que um homicídio cometido por motivação racial seja. A decisão paradigmática deste julgamento justificará que o mesmo entendimento se estenda para todos os crimes praticados por motivação racial, o que seria o mais coerente, especialmente com este possível novo entendimento.

 



Felipe Mello de Almeida - advogado criminalista, especialista em Processo Penal, Pós-Graduado em Direito Penal Econômico e Europeu.

 

Luiza Pitta - advogada, Pós-Graduada em Direito Penal Econômico e associada do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM. 

Deputada quer a divulgação de lista de presos foragidos no Estado de São Paulo

Proposta quer ajudar polícia na captura de bandidos


“A população também pode ajudar a polícia fazendo uma denúncia”, disse a deputada estadual Leticia Aguiar (PSL/SP) autora do Projeto de Lei 670/19 , que prevê a divulgação de um cadastro de pessoas condenadas, criminalmente, e presos foragidos com mandado de prisão expedido e não cumprido.

Todos os anos é a mesma coisa, a polícia civil do estado de São Paulo tem que realizar operações especiais para a captura de foragidos da justiça por crimes violentos. São em média 6.000 mandados de prisão destes tipos de delitos, como latrocínio e homicídio.

Em 2018, o estado de São Paulo tinha 137 mil mandados de prisão a cumprir, 78% deles de acusados por crimes.

Em 2019, de acordo com os números da Polícia Civil, São Paulo têm 104.364 mandados de prisão, desse total de mandados ainda não cumpridos, 17.721 foram expedidos por juízes da Comarca da capital paulista; 62.021 decorrem de ordens determinadas por magistrados do interior paulista e 24.622, de outros Estados.

Além disso há presos que fugiram do sistema penitenciário e ainda aqueles que não retornam das chamadas saidinhas, Na saidinha de natal por exemplo, somente em 2019, mais de 32 mil presos foram beneficiados, destes 1.488 não retornaram.

A Parlamentar também utilizou as redes sociais para divulgar o projeto de lei, cobrar as autoridades paulistas e manifestar-se contra as saidinhas temporárias de presos. (veja link abaixo) 

https://www.instagram.com/p/CIS970fAiRV/?utm_source=ig_web_copy_link 

“MUITOS PRESOS NÃO RETORNAM ÀS PENITENCIÁRIAS TORNANDO-SE FORAGIDOS, E NAS RUAS ACABAM MISTURADOS A POPULAÇÃO. ASSIM, FICA DIFÍCIL DISTINGUIR QUEM SÃO OS CRIMINOSOS QUE RONDAM NOSSAS FAMÍLIAS E ATERRORIZAM AS PESSOAS”  

            Na proposta, a parlamentar diz que deve constar do cadastro: nome, foto, crime cometido, pena aplicada e datas de expedição do mandato ou da fuga do condenado. Qualquer cidadão terá acesso a essas informações e também as polícias civil e militar, conselhos tutelares e integrantes do Ministério Público e poder judiciário.

 “Acredito que toda a ação que possa contribuir para o trabalho da polícia, na busca por criminosos foragidos é de grande valia. Por isto, apresentei o projeto.”, disse Leticia que lembrou ainda dos indultos concedidos, as conhecidas “saidinhas”, em datas especiais.

“Muitos presos não retornam às penitenciárias tornando-se foragidos, e nas ruas acabam misturados a população. Assim, fica difícil distinguir quem são os criminosos que rondam nossas famílias e aterrorizam as pessoas”, afirmou.

A deputada acredita que este tipo de divulgação ajuda a alertar a população e identificar os procurados. A proposta já foi publicada no Diário Oficial do estado e segue em análise pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa, antes de seguir para votação em plenário.

 

Procon-SP multa Qualicorp

Operadora de plano de saúde desrespeitou a regra de reajuste por mudança de faixa etária e não explicou sobre índice de reajuste


O Procon-SP multou em R 3.101.307,20 a Qualicorp Administrado de Benefícios S.A por aplicar aumento por mudança de faixa etária em valores superiores ao permitido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e por não esclarecer e comprovar as negociações para definição dos reajustes anuais entre a empresa, as operadoras de planos de saúde e entidades de classe.

Em setembro a empresa foi notificada pelo Procon-SP para prestar esclarecimentos e documentos sobre a incidência de reajuste nos planos de saúde comercializados por ela e como se daria a suspensão desses em caso de diminuição de sinistralidade no período de 22/03/20, quando foi decretada a quarentena no Estado de São Paulo, até 10/09/20. Ela também deveria apresentar documentos demonstrando o cumprimento de sua atribuição de negociar o reajuste. Contudo limitou-se a apresentar comunicados recebidos das operadoras informando os valores reajustados. Assim, por deixar de prestar informações de interesse dos consumidores, a empresa foi multada.


Reajuste por alteração de faixa etária

Além do reajuste anual, os planos de saúde são reajustados de acordo com a alteração de faixa etária e a ANS, órgão que regula o setor, define limites para essa variação de preço. De acordo com a regra para os contratos firmados a partir de 2004 - estabelecida pela Resolução Normativa 63 - devem ser adotadas dez faixas etárias, sendo que "a variação acumulada entre a sétima e a décima faixas não poderá ser superior à variação acumulada entre a primeira e a sétima faixas" (artigo 3º, inciso II).

Após análise de contratos apresentados por vários consumidores ao Procon-SP, constatou-se que a empresa infringiu a resolução ao aplicar tais reajustes: em alguns contratos a variação acumulada entre a 1ª e a 7ª faixa etária foi de 108% e entre a 7ª e a 10ª, de 180%.

A multa de R 3.101.307,20 foi estimada com base no porte econômico da empresa, na gravidade da infração e na vantagem obtida, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor. A operadora tem direito a apresentar defesa.



Procon-SP

NEGÓCIOS DIGITAIS: FIQUE POR DENTRO DO “NOVO MERCADO”

Tudo o que você precisa saber para obter sucesso, segundo a especialista em comportamento de consumo, gestão empresarial e negócios digitais

 

Uma nova Era de mercados, revolucionada pela internet, tem ganhado força ultimamente. Chamados de negócios digitais, empresas como a Amazon, Uber, iFood, que utilizam exclusivamente a internet para produzir e comercializar seus serviços. A mestre em comportamento de consumo digital, especialista em transformação digital  e negócios digitais, Fátima Bana, declara que esses novos modelos vieram para ficar e que a era digital alterou o cenário de relação entre os clientes e as empresas, que precisam cada dia mais investir em transformações digitais para não ficarem ultrapassados.

Quando a empresa começa a sua atuação de maneira online, automaticamente ela ganha uma velocidade maior perante as outras, porém hoje todos somos digitais. O consumidor não é mono canal, assim como as empresas não podem ser.Para a especialista, alguns elementos são primordiais para um negócio tradicional se encontrar nesse universo. “O primeiro deles é a conectividade e decisão de mudar (partindo do princípio que é fundamental mudar junto com o cliente e a empresa é consciente disso), seguido pela proximidade com o público”. As pessoas querem estar próximas dos produtos/ serviços que gostam e por isso investir em relacionamento é fundamental. “Interagir e conhecer os hábitos dos seus consumidores é o mínimo que uma empresa precisa fazer, além de investir em novos modelos de negócio e em marketing contínuo, o que fará com que o negócio digital ganhe relevância a ponto de ser pesquisada e procurada pelas pessoas (mas antes disso, há muito o que ser feito, isso, é apenas a cobertura do bolo”- explica.

Fatima ainda reforça que a maneira de pensar e fazer negócios foi impactada por essas transformações digitais, fazendo com que o objetivo da empresa não fique restrito apenas a venda, mas seja pautado em inovação. “Temos hoje uma constante busca pelo “entender o consumidor” e infelizmente em grandes estruturas, ainda há muita resistência para isso. Uma vez que toda empresa mira o lucro, ela precisa entender que uma empresa só tem lucro se ela tiver clientes; e estes clientes estão cada vez mais sendo assediados pelos concorrentes” – destaca a especialista em comportamento de consumo digital.

Mas restringir a transformação digital pela presença em redes sociais, anúncios no google e atendimento via WhatsApp, é um erro. “Não se deve gastar 1 real antes de garantir que esse número gere algum retorno, antes que as métricas de avaliação estejam definidas e alinhadas. CRM, Conteúdo, Mídia Paga, Orgânica, On, Offline – tudo isso vem junto com mensuração” – afirma.

Processos devem ser implantados e eles podem e devem ser humanizado, porque antes da sua empresa ser B2B ou B2C ela é H2H. “Então, comece pelos processos, depois faça uma revisão sistêmica e não se esqueça que transformação não se faz debaixo pra cima e não preciso nem reforçar que se a empresa não entendeu que é o cliente que paga a conta, ela ainda está no século passado e bem longe de acompanhar esse momento”- conclui a especialista, Fátima Bana.

 



Fatima Bana - mestre em comportamento de consumo digital e especialista em liderança de equipes, planejamento, implantação de e-commerce, gestão empresarial e negócios digitais. A especialista possui formação internacional na área de marketing pela University of Califórnia (UCLA / USA) e atualmente, é graduanda em Neuropsicologia o que garante análises com base nos processos cognitivos. Fatima já atuou como líder em grandes empresas: foi diretora executiva em companhias como Gafisa, Accenture e Tivit, e ocupou o cargo de Head de Marketing na LATAM e CMO da Buser. Saiba mais em: https://rentacmo.com.br


Emplacamentos de veículos registram alta de 0,45% em novembro e têm o melhor resultado do ano

 Vendas de Automóveis e Comerciais Leves crescem 4,4% em novembro, na comparação com outubro


A FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores divulgou, nesta quarta-feira, 2 de dezembro, que os emplacamentos, de todos os segmentos somados (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros), em novembro, apontaram alta de 0,45% sobre o mês de outubro. Este é o sétimo mês consecutivo de alta nas vendas este ano.

De acordo com o levantamento, que tem como base os dados do RENAVAM – Registro Nacional de Veículos Automotores, foram comercializadas 334.356 unidades, em novembro, ante 332.874, em outubro. Na comparação com novembro de 2019 (345.351 unidades), a retração foi de 3,18%.

Mesmo com novembro tendo um dia útil a menos (20 dias), em relação a outubro (21 dias), a trajetória de alta do mercado se manteve. Além disso, este crescimento fez com que o penúltimo mês do ano registrasse o melhor resultado de 2020, em volume de vendas, até o momento”, destaca o Presidente da FENABRAVE, Alarico Assumpção Júnior.

No acumulado de janeiro a novembro de 2020, 2.799.712 veículos foram emplacados, o que representa retração de 23,62% sobre o mesmo período de 2019 (3.665.298 veículos).

No ranking histórico (entre todos os meses de novembro, desde 1957), novembro/2020 está na 9ª posição e o acumulado de janeiro a novembro está na 15ª colocação.


Automóveis e comerciais leves

Em novembro, o segmento de automóveis e comerciais leves apresentou alta de 4,4% sobre outubro, com 214.265 unidades emplacadas, contra as 205.232 no mês anterior. Sobre o mesmo mês de 2019, a queda foi de 7,20% (230.885 unidades).

No acumulado de janeiro a novembro, o resultado aponta retração de 28,62%, totalizando 1.718.093 unidades, contra as 2.406.917 no mesmo período de 2019.

“Temos observado que, nos últimos meses, os clientes estão confiantes na tomada da decisão de compra, aproveitando o momento de crédito disponível e que, até os últimos dias de novembro, contou com a isenção do IOF nesse tipo de operação”, analisa Assumpção Júnior.

“Com relação ao atendimento da demanda, ainda observamos que a produção não retornou aos patamares de antes da pandemia, o que continua trazendo problemas na disponibilidade de alguns modelos, principalmente, por conta da falta de peças e componentes”, completa o Presidente da FENABRAVE.

Na apuração da entidade, o mês de novembro/2020 está na 10ª colocação histórica, entre todos os meses de novembro, para automóveis e comerciais leves, e o acumulado ocupa a 15ª posição, nesse ranking.


Caminhões

Em novembro/2020, o segmento de caminhões registrou alta de 13,23% (9.021 unidades) sobre outubro (7.967 unidades). Na comparação com novembro de 2019 (9.163 unidades), houve ligeira queda, de 1,55%. No acumulado de janeiro a novembro, os resultados de 2020 (79.572 caminhões emplacados) ficaram 14,81% abaixo dos registrados no mesmo período de 2019, quando foram vendidas 93.405 unidades.

“A melhora contínua da expectativa do PIB aumentou a demanda por caminhões nos últimos meses, mas a falta de componentes e peças continua afetando a produção. A maior oferta de crédito (aprovação de 7 para cada 10 solicitações de financiamento) e as taxas abaixo de 1% têm impulsionado as vendas, mas, com a defasagem na oferta, alguns modelos só serão entregues no segundo trimestre de 2021”, comenta Assumpção Júnior.

No ranking histórico, o mês de novembro de 2020 ocupa a 10ª colocação, para o mercado de caminhões. No acumulado, o mês ficou em 11º lugar, na série.


Implementos Rodoviários

Os emplacamentos de implementos rodoviários tiveram queda de 5,1% em novembro (6.405 unidades) sobre outubro/2020 (6.749 unidades). Na comparação com novembro de 2019 (5.260 unidades), houve alta de 21,77%. No acumulado de janeiro a novembro, os resultados de 2020 (60.024 unidades) ficaram 2,59% acima dos registrados em igual período de 2019 (58.506 unidades).

“O segmento de implementos rodoviários vem enfrentando desafios muito parecidos com o do setor de caminhões, em que a produção segue limitada, por falta de peças e componentes, fazendo com que a entrega de alguns produtos fique apenas para abril de 2021”, diz Assumpção Júnior.


Ônibus

Em novembro/2020, os emplacamentos de ônibus (1.744 unidades) registraram queda de 5,32% sobre outubro (1.842 ônibus emplacados). Na comparação com novembro de 2019 (2.229 unidades), o resultado foi 21,76% menor e, se considerarmos o acumulado de janeiro a novembro/2020 (16.668 unidades), a queda foi de 32,68% sobre igual período do ano passado (24.759 unidades).

“O segmento de ônibus vem sendo prejudicado pela queda no faturamento das empresas de transporte de passageiros, provocada pela pandemia. A produção também sofre com falta de insumos e componentes”, analisa o Presidente da FENABRAVE.

No ranking histórico, tanto o mês de novembro como o acumulado do ano estão na 13ª colocação, entre todos os meses de novembro, para o mercado de ônibus.


Motocicletas

As vendas de motocicletas registraram retração de 6,99% em novembro/2020, totalizando 89.440 unidades, contra as 96.160 emplacadas em outubro. Se comparado a novembro de 2019 (88.418 unidades), o resultado aponta alta de 1,16%. No acumulado de janeiro a novembro/2020, foram emplacadas 816.671 motocicletas, volume 16,96% menor que as 983.434 unidades vendidas no mesmo período de 2019.

“Como efeito da pandemia, observamos a consolidação do uso comercial da motocicleta no transporte de bens e mercadorias, além, é claro, da sua utilização como transporte individual, por conta da segurança em relação à maior exposição ao contágio, no transporte coletivo. Outro fator positivo para o segmento é a oferta de crédito, que vem se mantendo em um bom nível (em média, quase 6 cadastros aprovados a cada 10 propostas apresentadas). A falta de peças ainda preocupa os fabricantes, mas as montadoras conseguiram reduzir o prazo médio de entrega, de 37 dias (em outubro) para 25 dias (em novembro)”, avalia Assumpção Júnior.

No ranking histórico das vendas de motos, o mês de novembro/2020 está na 12ª colocação entre todos os meses de novembro, e o acumulado deste ano ocupa a 15ª posição na série.


Tratores e Máquinas Agrícolas

Por não serem emplacados, os tratores e as máquinas agrícolas apresentam dados com um mês de defasagem, pois dependem de levantamento junto aos fabricantes.

Em outubro/2020, as vendas de tratores e máquinas agrícolas (4.673 unidades) registraram queda de 2,65%, na comparação com o mês de setembro (4.800 unidades).

Ante outubro de 2019 (3.950 unidades comercializadas), no entanto, houve alta de 18,3%.

No acumulado do ano, de janeiro a outubro/2020, houve crescimento de 0,98% sobre o mesmo período de 2019. Em 2020, foram comercializadas 37.292 unidades, contra 36.931, em 2019.

“Impulsionado pelo crédito, pelas perspectivas de crescimento de área plantada e pelas vendas no mercado futuro, o segmento de tratores e máquinas agrícolas vive um bom momento, mas notamos que vem se agravando o impacto negativo, causado pela falta de peças e componentes na indústria, fazendo com que alguns modelos tenham sua programação de entrega para entre fevereiro e março de 2021”, diz o Presidente da FENABRAVE.


Projeções

Apesar da melhora contínua nos resultados de emplacamentos, nos últimos 7 meses do ano, a FENABRAVE não revisou as projeções para 2020, cujo fechamento e resultado final serão anunciados no início de janeiro de 2021.

“Podemos sofrer impactos negativos nas vendas, em função do fim antecipado da alíquota zero de IOF e de estados, como SP, que respondem por mais de 25% do mercado nacional, terem voltado à fase amarela, o que reduz o volume de clientes atendidos em loja, assim como a carga horária de funcionamento das Concessionárias”, observa o Presidente da FENABRAVE.

Para 2021, a entidade divulgará, em janeiro, as perspectivas preliminares.



Advogado esclarece dúvidas sobre os golpes utilizando PIX


 

Recentemente, o PIX - o novo sistema de pagamentos e transferências instantâneas e gratuitas desenvolvido pelo Banco Central do Brasil (Bacen), começou a ser utilizado no Brasil. De acordo com levantamento realizado pelo Banco Central, até o domingo, dia 15 de novembro, mais de 71 milhões de chaves PIX foram cadastradas na plataforma. Prometendo trazer mais agilidade e praticidade na hora de fazer pagamentos, a plataforma deve levar o sistema bancário brasileiro para outro patamar de inovação. 

 

Junto com a chegada no novo sistema ocorreu um aumento no número de fraudes envolvendo a plataforma de pagamentos instantâneos. De acordo com a Forcepoint, companhia americana que atua com segurança digital. Em duas varreduras digitais feitas em outubro, a empresa identificou pelo menos 5.500 e-mails falsos com tentativas de golpes de phishing. Segundo Plauto Holtz, advogado, especialista em Direito do Consumidor e sócio-fundador da Holtz e Associados, o sistema traz grandes benefícios, mas também pode causar riscos com o vazamento de dados. “Os golpes podem acontecer ao conseguir alguns dados dados sobre os usuários, é preciso ficar atento a e-mails e mensagens suspeitas”, alerta Plauto,

 

 


Plauto Holtz - advogado, especialista em Direito do Consumidor e sócio-fundador da Holtz e Associados,  ex-presidente da comissão de direito do consumidor da OAB Sorocaba.


Notificação Apple

Apesar da Apple vender novos modelos de Iphone sem carregador, Procon-SP irá exigir que o equipamento seja disponibilizado para consumidores que pedirem


O Procon-SP notificou a Apple para que a empresa explicasse sobre a venda de novos modelos de Iphone sem o carregador. Em resposta, a empresa informa que como já existem muitos desses dispositivos no mundo, em geral, os novos não são utilizados e que a decisão teve como objetivo ajudar a reduzir a emissão de carbono e o lixo eletrônico.

O Procon-SP entende que, ao comprar um novo aparelho, o consumidor tem a expectativa de que não só o iPhone apresentará melhor performance, como também o adaptador de energia (carregamento do aparelho mais rápido e seguro); lembrando que o dispositivo é peça essencial para o uso do produto.

A Apple não demonstra em sua resposta que o uso de adaptadores antigos não possa comprometer o processo de carregamento e segurança do procedimento, tampouco que o uso de carregadores de terceiros não será usado como recusa para eventual reparo do produto durante a garantia legal ou contratual.

Além disso, por se tratar de uma mudança significativa e profunda na forma de comercialização do produto, já que a o smartphone costuma ser vendido com o carregador, a obrigação de informar o consumidor sobre essa alteração é potencializado - o que não aconteceu, na análise do Procon-SP.

Empresa não demonstra ganho ambiental com a alteração

"É incoerente fazer a venda do aparelho desacompanhado do carregador, sem rever o valor do produto e sem apresentar um plano de recolhimento dos aparelhos antigos, reciclagem etc. Os carregadores deverão ser disponibilizados para os consumidores que pedirem", afirma Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP

Apesar de informar que, ao retirar os carregadores da caixa, promoveria redução da emissão de carbono, de mineração e uso de materiais preciosos, a empresa não demonstra esse ganho ambiental. Além disso, não apresenta nenhuma ação sobre uma possível aplicação de logística reversa de recolhimento dos aparelhos e adaptadores antigos para reciclagem e descarte adequado, o que impactaria na proteção ao meio ambiente. "Ao deixar de vender o produto sem o carregador alegando redução de carbono e proteção ambiental, a empresa deveria apresentar um projeto de reciclagem. O Procon-SP irá exigir que a Apple apresente um plano viável", acrescenta Capez.

A conduta da Apple será analisada pela diretoria de fiscalização e, caso sejam constatadas infrações à lei, poderá ser multada conforme prevê o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. 



Procon-SP

Por que São Paulo não regrediu antes?

É uma vergonha que, logo no dia seguinte ao resultado das eleições municipais, o governo João Doria anuncie a regressão de todo o estado de São Paulo à fase amarela do chamado plano de flexibilização econômica. Por que o anúncio só foi feito depois do dia 29? Antes, ninguém sabia que a medida já seria necessária?

É nítido que a falta de transparência imperou na decisão de Doria. Basta lembrar que, dezenove dias atrás, a imprensa noticiou e o governador publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que não aumentaria as restrições da quarentena, logo depois das eleições.

No dia seguinte à eleição de Bruno Covas, o governo anunciou o endurecimento de algumas medidas.

Não estou aqui questionando a veracidade do aumento da curva de casos, que é evidente, mas a maneira mentirosa com que Doria lidou com a situação, enganando a população e, principalmente, quem precisa trabalhar para sobreviver à gigantesca crise econômica que assola os micro e pequenos empresários, trabalhadores autônomos, gente que não pode se dar ao luxo de ficar em casa ou evitar entrar num transporte público lotado, correndo o risco de, a qualquer momento, tornar-se mais uma vítima dessa doença que tanto faz o nosso povo sofrer.

Se estivesse, de fato, preocupado somente em proteger a população, a regressão à fase amarela teria vindo antes, mesmo que tal decisão afetasse negativamente o governo e todos os seus aliados. Mas o que vimos foi o próprio governador promovendo aglomerações em situações em que pessoalmente prestou apoio durante a campanha eleitoral e inclusive na reunião que comemorou a vitória de Covas. Aliás, havia tanta gente nessa comemoração que uma famosa emissora de televisão informou no ar que as suas equipes que participaram desse evento foram afastadas preventivamente por catorze dias para evitar qualquer risco aos colegas de redação.

Presenciamos, portanto, a síntese de um governo que falta com a verdade e que, por isso, não merece a confiança da população que vive no estado de São Paulo.


Deputado estadual Tenente Coimbra



Era coisa bem sabida: fora das grandes cidades, a política nacional pouco ou nada afeta os pleitos municipais. Sim, isso costumava ser verdadeiro. Mas deixa de ser assim num cenário de guerra cultural aos valores da sociedade e se o ataque político à identidade nacional promove sua fragmentação em grupos antagônicos. Diante dessas condutas sinistras e malevolentes, as disputas ideológicas se agigantam e se agitam.

São fraturas abertas no tecido social, estimuladas pela mídia militante. Ela acolhe, com braços e pernas, as teses do globalismo que convergem nessa direção, sempre e sempre apresentadas como “progressistas”. Já são visíveis em todo o Ocidente os resultados desse suposto progressismo. O decorrente enfrentamento motiva e preenche boa parte das opiniões manifestadas nas redes sociais onde conservadores/liberais defrontam a engenharia social dos revolucionários. Esse debate, em ambiente caótico e espontâneo, é detestado por quem se habituou a falar sozinho, sem interlocução, influenciando multidões que, pouco a pouco, lhes foram terceirizando suas mentes. Quanto mais, melhor para os negócios.

Pois isso é exatamente o que me motiva e é disso que vamos tratar aqui. Baixada a poeira das eleições municipais, é certo afirmar que, à exemplo da eleição parlamentar de 2018, a balança da vitória pendeu para os partidos do Centrão. Nada surpreendente. São muitos partidos, bem contemplados com dinheiro fácil do fundo partidário e acabaram colhendo votos de eleitores cujas posições políticas são abrangidas num amplo leque ideológico. Não espantam, portanto, as derrotas de Boulos em São Paulo e de Manuela em Porto Alegre.  O que surpreendeu foi a vitória de Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém, onde o galo, solitário, cantou sua “vitória contra o fascismo”.  Treinadinho, o Edmilson.

“E os nossos? Quando elegeremos os nossos?” perguntam-me leitores. Eles se referem à possibilidade de serem conferidos mandatos a líderes conservadores e/ou liberais, comprometidos com valores e princípios vitimados pela guerra cultural em curso, tristemente ausentes da realidade sociopolítica e institucional do país. Essa é uma percepção recente, que devemos atribuir ao sucesso eleitoral de Bolsonaro em 2018.

Só que a vida não é assim. Não é assim que as coisas acontecem. Não se elegem políticos de outro padrão nos vários níveis da Federação apenas porque o presidente da República disse em sua campanha algumas coisas que conquistaram parcela expressiva da sociedade. Onde são trabalhadas essas ideias? Onde o partido político? Onde o movimento? Onde as organizações de base? Onde o preparo dos quadros partidários? Onde a captação de recursos? Onde o recrutamento de lideranças? Onde os líderes dispostos a concorrer sabendo que vão perder, uma, duas, três vezes, para firmar posição? Um bom candidato pode ser fruto do acaso; muitos bons candidatos, não. Criado em 2004, só agora o PSOL começa a obter resultados de um longo plantio.

Estamos afoitos se esperamos colher nas lavouras alheias ou, ainda que minimamente, num canteiro que não semeamos. Não é assim que se recuperam para o país tantas mentes terceirizadas à
esquerda.

 


Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

A "ciber-ressaca" da Black Friday: as campanhas de phishing por e-mail cresceram 440% em todo o mundo

Globalmente, a DHL (57%), a Amazon (37%) e o FedEx (7%) foram as marcas mais adotadas ​​como iscas para os cibercriminosos cometerem fraudes financeiras aproveitando-se do grande número de remessas de pedidos de compra


Os pesquisadores da Check Point® Software Technologies Ltd . (NASDAQ: CHKP), uma fornecedora líder de soluções de cibersegurança global, detectaram um aumento de 440% no mundo das campanhas de phishing por e-mail em que os cibercriminosos se passaram por empresas de remessa expressa de correspondência, documentos e objetos, como Amazon, DHL ou FedEx, com o objetivo de cometer fraudes financeiras tirando proveito do grande número de pacotes que foram enviados na Black Friday e na Cyber ​​Monday. As mensagens enviadas indicavam na linha de assunto "Problema com a entrega da encomenda" ou "Rastreio da sua encomenda", de modo a estimular as vítimas a revelarem seus dados pessoais.

Os cibercriminosos visam explorar todas as fases da experiência de uma compra online. Neste sentido, em novembro, a Check Point detectou um aumento de 80% em campanhas maliciosas de phishing direcionadas a compradores online sob o pretexto de oferecer "descontos especiais". Os números sugerem que um em cada 826 e-mails entregues a usuários em todo o mundo eram mensagens de phishing, um aumento de 13% em relação aos dados de outubro.


DHL, Amazon e FedEx

Os pesquisadores da Check Point destacam que, do total de e-mails maliciosos detectados por eles relativos ao Black Friday e Cyber Monday, 57% correspondem à marca DHL, seguida da gigante de e-commerce Amazon (37%) e pelo FedEx (7%). Por região, a Europa lidera com o maior número de e-mails de phishing descobertos. O número de e-mails de phishing cresceu 401% em relação ao mês anterior, e a marca mais utilizada para realizar esse tipo de ataque na região foi a DHL com 77% de todos os e-mails falsos.

Por outro lado, nos Estados Unidos, 427% de e-mails maliciosos a mais foram detectados em novembro se comparado a outubro, com a Amazon (65%) sendo a isca mais adotada pelos cibercriminosos. A Ásia e o Pacífico (com aumento de 185%) estão atrás no ranking das regiões. O Brasil aparece com somente um e-mail de phishing registrado aplicando o nome da DHL em novembro. Os números na África e na América do Sul foram de um único algarismo referente a essas empresas de remessa expressa. O continente africano registrou um e-mail de phishing em setembro e em outubro e quatro em novembro. Na América do Sul foram dois e-mails maliciosos em setembro, nenhum em outubro e quatro em novembro.


Dados Regionais


De acordo com os especialistas da Check Point, os cibercriminosos atuam na ofensiva aproveitando-se do boom das compras online. Primeiro, eles se fazem passar por marcas confiáveis ​​e enviam e-mails de "ofertas especiais" para ganhar a confiança da vítima. Agora que as datas da Black Friday e Cyber ​​Monday passaram, eles estão usando a entrega dos pedidos de compras como isca para seus ataques. Por esse motivo, a Check Point recomenda aos usuários a pensar duas vezes antes de abrir as mensagens que chegam em sua caixa de entrada, pois, embora pareçam vir de uma marca confiável, pode ser que o remetente seja um cibercriminoso. Além disso, é imprescindível tomar medidas extremas de segurança e prestar atenção especial aos erros de grafia no texto ou nos nomes de domínio, entre outras dicas de proteção.

Para evitar ser uma vítima desse tipo de ciberameaça, os especialistas da Check Point listam as principais orientações de segurança:

Nunca compartilhar as credenciais - o roubo de credenciais é um objetivo comum de ciberataques. Muitas pessoas aplicam os mesmos nomes de usuário e senhas em muitas contas diferentes, portanto, roubar as credenciais de uma única conta, provavelmente, dará a um atacante o acesso a várias contas online do usuário. Assim, nunca compartilhe as credenciais da sua conta e não reutilize as senhas.

Suspeitar sempre de e-mails de redefinição de senha - Se o usuário receber um e-mail não solicitado de redefinição de senha, a orientação é sempre visitar o site diretamente (não clicar em links incorporados) e alterar sua senha para uma outra nesse site (e que seja uma senha diferente de quaisquer outros sites). Ao clicar em um link, o usuário pode redefinir a senha dessa conta para algo novo. Não saber sua senha é, naturalmente, também o problema que os cibercriminosos enfrentam ao tentar obter acesso às suas contas online. Ao enviar um e-mail falso de redefinição de senha, eles intencionam direcionar o usuário a um site de phishing semelhante e podem convencê-lo a digitar as credenciais da sua conta e enviá-las para eles.

Verificar se está acessando uma URL de um site autêntico: uma maneira segura de fazer isso é não clicar em links de e-mails e, sim, clicar no link da página de resultados do Google ou no site de busca de sua preferência após pesquisá-lo.

Cuidado com domínios semelhantes: verificar erros de grafia em e-mails ou sites e de remetentes de e-mail desconhecidos. Marcas confiáveis não cometem erros de ortografia no corpo do texto, no nome do seu domínio ou na extensão da web que usam. Por esse motivo, qualquer e-mail com o nome da empresa digitado incorretamente ("Amaz0n" ou "Amazn" em vez de "Amazon", por exemplo) é um sinal de alerta inevitável de que há uma tentativa de phishing.

Observar técnicas de engenharia social: essas técnicas são projetadas para tirar vantagem da natureza humana, uma vez que é mais provável cometer um erro quando as coisas são feitas às pressas. Os ataques de phishing procuram representar marcas de confiança para evitar que suas vítimas potenciais suspeitem e para que possam clicar em um link ou abrir um documento anexado ao e-mail com mais facilidade.

As estatísticas usadas neste relatório apresentam dados detectados pelas tecnologias de prevenção de ameaças da Check Point, armazenados e analisados no centro ThreatCloud. O ThreatCloud fornece inteligência contra ameaças em tempo real derivada de centenas de milhões de sensores em todo o mundo, por meio de redes, terminais e celulares. A inteligência é enriquecida com mecanismos baseados em IA e dados de pesquisa exclusivos da divisão Check Point Research, o braço de inteligência e pesquisa da Check Point.

 



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2 DE DEZEMBRO: ADVOGADOS CRIMINALISTAS, TEMOS O QUE COMEMORAR?

 

Neste Dia do Advogado Criminalista, celebrado em 2 de dezembro, neste ano de pandemia, será que temos algo a  comemorar?

Creio que antes de elencar alguns pontos importantes de conquistas para nossa carreira, é necessário, mais uma vez, reiterar que o advogado criminalista não trabalha para garantir a impunidade de quem quer que seja, mas se empenha para que todos tenham um julgamento justo.

Sempre lembro que a exemplo do padre, que abomina o pecado, mas, ama o pecador, o advogado criminalista deve odiar o crime, mas, ter compaixão pelo acusado, para garantir-lhe um julgamento justo, independente se este acusado é culpado ou inocente.

O papel social e institucional do advogado é imprescindível nos regimes democráticos. Aliás, só é possível advogar plenamente quando reina a democracia. É o advogado criminalista que assegura, na esfera jurídica, a todos os cidadãos, a observância de seus direitos constitucionais e legais, além da constante defesa da cidadania.

Especialmente alguém que já foi acusado de algum ilícito e sofreu um processo penal, conhece a importância do trabalho da defesa, visando aclarar os fatos, superar eventuais arbitrariedades e fazer triunfar a justiça.

Quanto maior a repercussão do crime e de seu julgamento, quando o clamor público não admite ao acusado nem mesmo argumentos em sua defesa, maior a possibilidade de ocorrer um erro judiciário. Nestes casos, o que nem sempre fica claro para a sociedade é que o advogado criminalista trabalha com os fatos e provas constantes do processo, no interesse de seu constituinte, com base no direito, na lei e na jurisprudência. Sua missão é chegar à justiça, anseio de todos.

O insuperável Rui Barbosa é muito incisivo ao afirmar que ninguém é indigno de defesa. Por mais grave que seja a acusação, o advogado criminalista tem o dever de promover a defesa do acusado.

Vez por outra, assistimos pessoas do povo confundir o advogado com o seu cliente. Este é um erro gravíssimo, o advogado criminalista não pode ser hostilizado pela opinião pública, muito menos pela autoridade judiciária, tampouco sofrer um linchamento moral por parcela da mídia.

É no devido processo legal que este profissional encontra o balizamento de sua atividade judicial, garantindo a ampla defesa e o contraditório ao acusado, observando o princípio da presunção de inocência, até o surgimento de uma decisão judicial com trânsito em julgado.  

Os direitos contidos no ordenamento jurídico nacional não podem sucumbir ante a opinião pública convencida da culpa de alguém. Não pode também a defesa ter sua atuação cerceada pela intensa reação popular, guiada pela emoção e pelo sensacionalismo, pois isso constitui grave violação ao Estado de Direito.

A profissão de advogado foi constitucionalizada na Carta Magna de 1988, reconhecendo o legislador a sua indispensabilidade à administração da Justiça e a inviolabilidade do advogado por atos e manifestações no exercício profissional, tudo isto em favor do próprio cidadão.

O advogado criminalista deve ter independência e deve promover a defesa, independentemente de ser amado ou odiado, cumprindo com dignidade a função tutelar do direito. 

O exercício da advocacia sofre incontáveis ataques e iniciativas que visam diminuir a importância dos advogados, criando embargos para o seu pleno exercício, vide com que  frequência as violações das nossas prerrogativas profissionais ocorrem, praticadas por autoridades que violam a lei.

Reitere-se, que as prerrogativas dos advogados, previstas em lei federal, não são privilégios, mas garantias facultadas àqueles que devem zelar para que o direito do cidadão não seja aviltado. Assim, as prerrogativas dos advogados visam proteger a própria cidadania.

Hoje temos a celebrar a vitória de uma longa luta de 15 anos. Em Curitiba, no ano de 2004, iniciamos essa caminhada, quando apresentei a proposta para criminalizar as violações das prerrogativas profissionais da advocacia. Proposta aprovada pelo Colégio de Presidentes da OAB, que logo se transformou em projeto de lei.

A recente aprovação deste projeto, fez surgir uma importante lei que tem caráter pedagógico, pois faz com que os violadores de prerrogativas da advocacia, sejam obrigados, para se defender, a contratar advogado. Uma grande vitória.

No presente quadrante histórico, mais uma vez, e permanentemente, é preciso proteger os advogados de ataques que contra eles são perpetrados, de modo que possam cumprir o seu papel, garantindo o direito de defesa e o Estado Democrático de Direito, pois sem Advogado não se faz e nem se tem Justiça!





Prof. Dr. Luiz Flávio Borges D’Urso - advogado criminalista, Mestre e Doutor em Direito Penal pela USP, é Presidente da Academia Brasileira de Direito Criminal – ABDCRIM, Presidente de Honra da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas - Abracrim, Presidente do LIDE Justiça, foi Presidente da OAB-SP por três gestões (2004/2012) e Conselheiro Federal da OAB por duas gestões (2013/2018).

Grandes propriedades rurais respondem por 54% do déficit ambiental em São Paul

 

Estimativa é de pesquisadores participantes de projeto apoiado pela FAPESP, cujo objetivo é fornecer subsídios científicos para a implementação do novo Código Florestal no Estado (imagem: espacialização do déficit estimado de reserva legal no Estado de São Paulo por propriedade rural em hectares; crédito: Esalq-USP)


Apesar de representarem apenas 3,5% do total de mais de 340 mil imóveis rurais cadastrados em São Paulo, as grandes propriedades agrícolas – com mais de 15 módulos fiscais – respondem por 54% do déficit ambiental do Estado, ou seja, da perda de áreas de reserva natural.

A estimativa foi feita por pesquisadores participantes de um projeto apoiado pela FAPESP, com o objetivo de fornecer subsídios científicos para a implementação do Programa de Regularização Ambiental no Estado de São Paulo nos próximos 20 anos, seguindo as regras do novo Código Florestal (leia mais em agencia.fapesp.br/27232/).

Alguns resultados do estudo, desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP), foram apresentados em um encontro on-line realizado em novembro.

“Constatamos que os 50% maiores déficits de área de preservação permanente no Estado de São Paulo estão concentrados em propriedades grandes, com mais de 15 módulos fiscais [unidade de medida, em hectares, da área de uma propriedade fiscal com condições para exploração econômica]", disse Kaline de Mello, pós-doutoranda no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) com Bolsa da FAPESP e participante do projeto.

“O mesmo padrão se repete em relação ao déficit de reserva legal [área que deve ser mantida com vegetação nativa]”, afirmou Mello.

A fim de estimar o déficit ambiental das propriedades rurais em São Paulo à luz do novo Código Florestal, os pesquisadores fizeram uma modelagem detalhada da malha fundiária do Estado. Para isso, reuniram dados de propriedades rurais registradas até 2019 no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar-SP), de cobertura de vegetação nativa, fitofisionomias, biomas, uso do solo e de hidrografia, obtidos de diversas bases, como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Projeto Radam Brasil (Ministério de Minas e Energia) e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), além do tamanho dos módulos fiscais dos municípios paulistas, fixados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Por meio do cruzamento dessas camadas de dados com a modelagem de exigências e isenções estabelecidas pelo novo Código Florestal, foi possível estimar os déficits de áreas de preservação permanente e de reservas legais, além dos excedentes de vegetação nativa para cada propriedade rural no Estado de São Paulo, situados em sua maior parte na Mata Atlântica, na região costeira.

“São Paulo é o único Estado do país que tem uma modelagem detalhada do Código Florestal com essa precisão e na escala de propriedades rurais”, disse Mello.

A modelagem da malha fundiária paulista indicou que, das 340,6 mil propriedades rurais no Estado de São Paulo, 237,1 mil possuem déficits de área de preservação permanente que totalizam 768,7 mil hectares, sendo 656,7 mil hectares na Mata Atlântica e quase 112 mil hectares em áreas do Cerrado.

Cerca de 85% do déficit de área de preservação permanente está localizado em grandes e médias propriedades rurais. Apesar de representarem a maioria dos imóveis rurais cadastrados no Estado de São Paulo, as propriedades menores – com menos de quatro módulos fiscais – são responsáveis por apenas 15,5% do déficit de área de preservação permanente no Estado.

As grandes propriedades também respondem pela maior parte do déficit de reserva legal. Apenas 1,2 mil propriedades – equivalentes a 0,4% dos imóveis rurais cadastrados em São Paulo – detêm os 50% maiores déficits de reserva legal no Estado, apontou o estudo, sendo 98% desses imóveis maiores que 15 módulos fiscais.

“Os resultados do projeto mostram que é preciso empregar diferentes estratégias para promover a regularização ambiental no Estado de São Paulo, que favoreça a coletividade e não um pequeno grupo de proprietários rurais. Não se pode embutir nos pequenos proprietários a responsabilidade pelo déficit ambiental de São Paulo”, avaliou Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Esalq-USP e participante do projeto.

As propriedades rurais que apresentam os maiores déficits de áreas de preservação permanente e de reserva legal estão concentradas no Oeste paulista e são voltadas à produção de cana-de-açúcar (39%), pastagem (36%), cultivo de outras culturas (17%), silvicultura (7%) e lavouras de soja (2%).

Os dados por município podem ser consultados em uma plataforma de acesso aberto desenvolvida pelos pesquisadores para auxiliar as cidades paulistas a implementar o novo Código Florestal.

“Qualquer usuário pode acessar a plataforma. Além disso, estamos trabalhando com uma modelagem refinada para implementação do novo Código Florestal em escala municipal”, disse Mello.


Mecanismos de compensação

Diferentemente das áreas de preservação permanente, que devem ser totalmente restauradas, o novo Código Florestal estabeleceu que o déficit de reserva legal pode ser restaurado na própria propriedade rural ou compensado por meio de áreas de vegetação excedente e de reserva legal disponíveis nos imóveis rurais com até quatro módulos fiscais.

Os pesquisadores estimaram que há 941 mil hectares de área de excedentes de vegetação nativa e de reserva legal nessas pequenas propriedades rurais que podem ser utilizadas para compensar o déficit de 367,4 mil hectares de área de reserva legal no Estado de São Paulo por meio desse mecanismo, chamado Cota de Reserva Ambiental (CRA).

Além disso, há 117 mil hectares de pastagens com baixa aptidão agrícola nas propriedades rurais com déficit de reserva legal que poderiam ser utilizados para restauração.

“Cerca de 32% do déficit total de reserva legal no Estado de São Paulo poderia ser abatido apenas por meio da restauração dessas pastagens de baixa aptidão agrícola, que não dão um bom retorno econômico com a criação de gado e não são interessantes para agricultura porque são muito declivosas ou rochosas, onde não é possível a tecnificação”, explicou Mello.

O novo Código Florestal também permite que o déficit de áreas de reserva legal possa ser restaurado incluindo espécies exóticas. O déficit de áreas de preservação permanente das pequenas propriedades também pode ser restaurado por meio do plantio intercalado de espécies nativas e exóticas, de interesse comercial.

Essa forma de restauração, chamada multifuncional, permitiria regularizar 43% – quase 487 mil hectares – do total de 1,14 milhão de hectares do déficit total de reserva legal e de áreas de preservação permanente no Estado de São Paulo, calcularam os pesquisadores.

Além disso, geraria oportunidades de aumento de renda dos produtores, uma vez que 50% das áreas recuperadas de forma multifuncional podem ser exploradas economicamente.

“Há um enorme potencial de regularização ambiental em São Paulo sem um custo demasiadamente alto para os proprietários rurais, conciliando a manutenção da atividade agrícola, que é extremamente importante para o Estado, com o interesse ambiental”, avaliou Jean Paul Metzger, professor do IB-USP e participante do projeto.

A fim de auxiliar os proprietários rurais na tomada de decisão de alternativas para compensação de reserva legal, os pesquisadores desenvolveram uma ferramenta dinâmica, que pode ser acessada pela internet.

“É preciso vontade política para utilizar agora essa enorme base de dados e conhecimento para tomar decisões sólidas para a implementação do novo Código Florestal no Estado de São Paulo”, disse Carlos Joly, membro da coordenação do BIOTA-FAPESP.

Na avaliação de Gerd Sparovek, professor da Esalq-USP e coordenador do projeto, o Código Florestal é de suma importância para o desenvolvimento sustentável do Brasil porque 54% da vegetação natural remanescente no país está em áreas privadas e, portanto, deve seguir o Código Florestal. No Estado de São Paulo esse número é maior, atingindo 78%.
 


Elton Alisson

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/grandes-propriedades-rurais-respondem-por-54-do-deficit-ambiental-em-sao-paulo/34733/

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