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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

A ciência da bondade


Um candidato nas próximas eleições fazia uma palestra e, ao final, disse que a política é a ciência do bem comum e, mais, é a ciência da bondade. A primeira expressão pode ser aceita, mas a segunda é claramente um exagero. Nos debates, afirmei que a economia se contenta em ser a “ciência da realidade”. O filósofo Thomas Carlyle (1795-1881), ao estudar o funcionamento do sistema produtivo, deparou-se com a dura realidade da vida e afirmou que a economia é a “ciência sombria” (ou “ciência melancólica”, em outras traduções).

Lembrei ao candidato que os políticos, até para merecerem o cargo que ocupam, deveriam saber que o Estado (no sentido de ente público) somente dá à sociedade o que dela tenha retirado. O governo não administra recursos próprios. Ele administra os recursos que a sociedade lhe entrega em forma de tributos. Ao decidir onde gastar o dinheiro arrecadado, o governo se depara com limites e a necessidade de optar. Um dólar gasto em uma direção não será gasto em outra. 

Um dólar gasto na compra de um fuzil não será gasto na compra de uma vacina.

Instado a explicar sua visão da política como a ciência da bondade, ele mencionou os gastos a favor dos pobres, como Bolsa Família, postos de saúde, seguro-desemprego e outros. Lembrei-lhe que não há bondade alguma nisso, trata-se de simples obrigação do governo. O capitalismo tem duas máquinas. A máquina de produzir (o setor privado) e a máquina de distribuir (o setor público). O governo é um mero síndico e o dinheiro que ele retira da população é para executar programas sociais, serviços públicos e investimento em obras de interesse nacional.

Cumprir as funções de “máquina de distribuir” (com o dinheiro que a sociedade privada lhe entregou) não é bondade, é mera obrigação, como também não é por bondade que o síndico de meu prédio mantém o pátio limpo e o elevador funcionando. Ambos arrecadam dinheiro exatamente para serviços coletivos a quem paga a conta: os contribuintes. O candidato havia defendido aumentar o imposto sobre herança (que hoje é de 4% em alguns estados e 8% em outros) e tributar a distribuição de dividendos, num total de uns R$ 135 bilhões. Com isso, a arrecadação tributária do governo passaria de 34% da renda nacional para 36%.

Argumentei que o lado realista da economia se impõe sobre qualquer intenção bondosa. Ora, se o governo tomar mais R$ 135 bilhões da sociedade, é fácil concluir que o consumo das pessoas e o investimento das empresas vão diminuir, logo, menos empregos serão gerados no setor privado. E há outro aspecto, que grande parte dos políticos parece não entender: se o governo gastar toda a receita nova em aumentos salariais do funcionalismo público já existente, nem um centavo a mais irá para o bolso dos pobres. Ou seja, nesse caso, o setor privado ficará mais pobre (porque perderá R$ 135 bilhões com o aumento de impostos), investirá menos e gerará menos empregos, e a população pobre não terá nenhum benefício.

No Brasil, há uma clara cultura antilucro e antiempresarial, coisa ilógica, pois dos 104 milhões de brasileiros em condições de trabalhar, 13 milhões (12,5%) trabalham no setor público e 91 milhões (87,5%) trabalham no setor privado. Se mais dinheiro for tomado das pessoas e das empresas via aumento de tributos, como já dito, menos investimentos serão realizados e menos empregos serão gerados no setor privado. A economia é a ciência da realidade, que pode ser dura e difícil. O país somente sairá da pobreza se o produto nacional crescer mais que o aumento da população, se o governo for eficiente, se houver menos corrupção e se todos entenderem que governo não gera recursos, mas apenas gasta recursos dos outros.

O problema é que se criou no Brasil a ideia de que o lucro é um mal, o rico é um mal. Em uma sociedade livre, um dos pilares do progresso é o direito de propriedade privada, e os meios de produção pertencem às pessoas e às empresas. Em países ricos, o número de pessoas ricas é maior e o padrão de bem-estar social médio é maior. Se o Brasil tivesse o dobro de fábricas, lojas, escritórios, empresas de serviços, máquinas, equipamentos, prédios etc, haveria o dobro de riqueza, logo, muito mais gente rica. A tal “ciência da bondade” não existe.





José Pio Martins - economista, é reitor da Universidade Positivo


A Internet não esquece

Há alguns anos, quando saía uma manchete de jornal sobre algum escândalo de determinada celebridade, político ou empresa, as atenções daquele dia eram todas voltadas àquele assunto. No café do escritório, na mesa do almoço ou à noite no bar, o tema do dia era aquele. Porém, no dia seguinte, a manchete do jornal já era outra e o assunto do dia anterior aos poucos ia sendo esquecido. Dizem ainda que brasileiro tem memória curta, o que abreviaria o esquecimento coletivo. Desta forma, o grande escândalo daquele dia fatídico migrava para o arquivo morto da memória do povo.

A Era Digital é caracterizada por uma enorme fugacidade. Na mesma velocidade em que um tema aparece e vira trending topic, ele vai embora. A notícia e o choque das pessoas diante dela são efêmeros. Isso quer dizer que se alguém for acometido hoje por uma crise de imagem, com grande repercussão negativa, há uma boa chance de que em pouco tempo o ritmo de compartilhamentos e curtidas diminuam até que as pessoas passem a focar suas atenções no próximo fato do momento.


Histórico registrado

No entanto, diferentemente do jornal impresso do dia que virava “banheiro de cachorro” no dia seguinte, a Internet nunca esquece. Não há arquivo morto na Era Digital. Basta uma “googlada” para aquele tema que um dia foi muito relevante reapareça nas primeiras páginas de pesquisa e, assim, o legado negativo da crise de imagem perdurará eternamente.

Alguns fatos em torno da Copa do Mundo da Rússia deste ano geraram grande polêmica nas redes sociais e fora delas.

Além do cabelo e das quedas do Neymar e dos vídeos nada divertidos dos rapazes brasileiros assediando as moças estrangeiras, que geraram até mesmo demissões dos autores pelas empresas onde trabalhavam, desta vez, até mesmo os tão paparicados e moderninhos youtubers ou influenciadores digitais estiveram na berlinda, por conta de declarações infelizes.


Caso Júlio Cocielo

Este foi o caso de Júlio Cocielo, um rapaz com mais de 11 milhões de seguidores no Instagram, dono do 5º canal mais seguido no Youtube brasileiro, cheio de contratos publicitários com grandes marcas, mas que fez um post no Twitter sobre a velocidade do jogador Mbappé, comparando-a à velocidade dos arrastões nas praias do Brasil. O post foi considerado racista e o rapaz caiu em desgraça pública. Não apenas julgado pelo povo nas redes sociais como também pelos seus patrocinadores, que retiraram campanhas publicitárias do ar onde Cocielo aparecia para não ter sua reputação associada a ele e ao episódio. Há que se mencionar, porém, que a condenação de Cocielo pelo público não ocorreu apenas por aquele post específico.

As pessoas foram pesquisar o passado digital do influenciador e descobriram uma série de posts seus de cunho racista. Desculpas não foram suficientes para amenizar a crise e o jovem youtuber, em meio às críticas, apagou cerca de 50 mil tuites de sua conta no Twitter, na tentativa de “limpar sua barra”.

Na onda daqueles que criticavam Cocielo pela piada preconceituosa, o ator global Bruno Gagliasso, que tem uma filha negra, cobrou publicamente um posicionamento das marcas que patrocinavam o youtuber e sugeriu um boicote geral de seguidores, em protesto. No entanto, o alvo das críticas foi redirecionado para o ator. Em pesquisa na Internet, descobriu-se que Gagliasso, que apontava o dedo hoje, também havia feito comentários preconceituosos no passado, entre eles alguns comentários de 2009 onde ridicularizava homossexuais. Como consequência, o ator acabou também perdendo uma série de patrocínios e teve sua reputação abalada.


Crises de reputação

Além de crises de reputação instantâneas por atos inconsequentes do próprio agente da informação, estamos vivendo uma era de avalanches de fake news, quando crises informacionais são criadas intencionalmente para prejudicar outra parte. Como as notícias falsas possuem um potencial de circulação muito maior e muito mais rápido do que as notícias verdadeiras e as pessoas têm grande dificuldade para identificar o que é falso e o que é verdadeiro, muitas injustiças são cometidas e prejuízos incalculáveis são contabilizados.

Muitos executivos, políticos e celebridades nesta situação de crise de imagem, sem saber o que fazer para salvar sua reputação, acaba reagindo de maneira equivocada e cometendo até mesmo crimes na Internet, sem se dar conta disso. O especialista Fernando Azevedo, sócio da empresa reputação online e marketing digital Silicon Minds, sugere que “caso tenha sofrido alguma injustiça na Internet, não cometa outro crime como calúnia, difamação, injúria, usando perfil falso e imagens sem autorização. Você poderá ser processado se tentar fazer isso. O correto é fazer uma denúncia policial e procurar um advogado para entrar com um processo judicial contra quem o prejudicou”.


Neymar e sua imagem

Uma boa reputação leva anos para ser construída, mas pode ser destruída em um minuto. E uma vez que a crise aconteceu, reconstruir uma imagem não é simples. Um bom exemplo é o do jogador Neymar, que na Copa do Mundo da Rússia literalmente “caiu”, tornando-se alvo de piadas e perdendo valor de mercado enquanto atleta. Semana passada, a marca Gillete lançou na mídia um filme publicitário protagonizado por Neymar, na tentativa clara de resgatar a reputação do jogador e o filme gerou mais críticas ainda por parte do público, principalmente pela falta de autenticidade da ação. Isso corrobora com a teoria de que não existem soluções fáceis e rápidas para reconstruir a imagem de Neymar. A recuperação da sua reputação só acontecerá com atitudes concretas dentro e fora de campo, mostrando ao público seu valor de maneira genuína e convincente.


Reputação digital

Considerando que a Internet nunca esquece, apagar o que é indesejado – como tentou fazer o Cocielo - pode ser um desejo de muitas vítimas de exposições públicas negativas de toda sorte. Para isso, hoje existe um serviço oferecido por algumas empresas especializadas em comunicação conhecido como reputação digital, o qual consiste em práticas éticas de aumento de fatores de ranqueamento em mecanismos de busca e redes sociais, usando conteúdo positivo de pessoas e organizações. De certa forma, o conteúdo positivo vai ganhando relevância em detrimento ao conteúdo negativo.

No entanto, é importante ressaltar que a reputação de uma pessoa ou organização é formada pela soma de cada atitude dela, todos os dias, perante todos os públicos que a rodeiam. Não adianta sumir com os registros negativos antigos da Internet, se o sujeito continua falando o que não deve e agindo com imprudência, negligência ou desrespeito ao próximo.

Uma vez que é possível cair numa crise em um piscar de olhos, e a Internet nunca esquecerá, é muito melhor prevenir do que remediar. Por isso, ter o apoio de uma assessoria de comunicação profissional que oriente preventivamente sobre como evitar conflitos na Era Digital e como lidar com eles, se forem inevitáveis, faz toda diferença.





Ana Flavia Bello - Sócia-fundadora da IMCR Com, atua desde 2016 como consultora de comunicação e palestrante, com foco em Gestão de Crises e Reputação de Marcas para empresas de pequeno a grande porte, de diversos setores. imcr.com.br

Fernando - autor dos livros "Os segredos de Reputação Online", "O negócio sujo das Fake News", "Como se defender de cyberbullies e trolls" e "Hackers Expostos” disponíveis na Amazon. https://www.amazon.com/Fernando-Uilherme-Barbosa-de-Azevedo/e/B07G7JHBTR/ref=dp_byline_cont_ebooks_1



 Fernando e Ana Flávia trabalham juntos assessorando clientes em crises de reputação online.


Silicon-Minds

5 sinais de infelicidade no trabalho

Com a alta taxa de desemprego que afeta o país, muitos profissionais aceitam cargos e funções que não se adequam aos seus perfis; especialista em desenvolvimento humano Susanne Andrade, autora do livro "O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil" lista alguns indícios de insatisfação

Crédito: iStock


Encontrar o "emprego dos sonhos" é uma realidade cada vez mais distante para milhões de brasileiros. Em tempos de crise econômica, muitos se contentam com funções que não os satisfazem, por temerem fazer parte da enorme parcela de profissionais em busca de recolocação. De acordo com pesquisa realizada em 2017 pela Gallup, 72% dos profissionais não gostam do próprio trabalho e, 18% desses insatisfeitos estariam dispostos a prejudicar a empresa em que trabalham.

"É um cenário que infelizmente ainda afeta boa parcela da população. Nesses casos, tentar mudar de área pode ser uma saída antes de se desligar do cargo. Em contrapartida, saber a hora de sair ou entender que a demissão pode ser a melhor opção é essencial para o crescimento profissional", explica Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano e autora do best-seller "O Segredo do Sucesso é Ser Humano" e também de "O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil".

Ela lista os principais indícios de insatisfação com o trabalho:


"Fobia" dos domingos

Você é daqueles que, logo no início do domingo, tem um sentimento ruim em relação à segunda-feira? Geralmente pessoas que não estão felizes com o trabalho desenvolvem ansiedade e, no final de semana, sentem a pressão que sofrem em todos os outros dias da semana.
"Sentir preguiça aos domingos pode ser comum, o problema está quando a pessoa passa o dia todo desanimada pelo fato de ter que ir trabalhar no dia seguinte. Isso pode ser um sinal de que algo não vai bem na vida profissional", comenta Susanne.


Relação ruim com colegas de trabalho

Pode parecer que não, mas é preciso ter ao menos um amigo no ambiente de trabalho. Ter uma relação de amizade com alguém proporciona momentos de descontração durante o expediente, para um café, ou até no horário de almoço.
"Muitas vezes a pessoa trabalha em uma empresa e se sente sozinha, o que afeta diretamente o seu desempenho e a sua vontade de ir trabalhar", avalia.


Procrastinação nas entregas

Postergar tarefas é a principal atitude de quem não está satisfeito com o que faz, e pode trazer grandes prejuízos para a empresa. Colaboradores insatisfeitos contribuem para a piora dos resultados da organização. "Por outro lado, o elevado esforço para poucos resultados geram ansiedade e falta de energia que só potencializam a infelicidade do colaborador. Trabalhar deve ser prazeroso".


Ansiedade e outros sintomas físicos

Quem nunca saiu do escritório com a sensação de que ficou devendo alguma atividade? Ou fez uma lista na agenda de tarefas que devem ser realizadas no dia a dia? A ansiedade se tornou a doença do século e pode se manifestar por meio de dor de estômago, dor de cabeça, insônia. "Precisamos ter cuidado para não desenvolver a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), como se a nossa mente fosse uma maratonista que corre sem saber onde quer chegar. O pensamento pode viajar por diversos lugares ao mesmo tempo", pondera.



Trabalho no "piloto automático"

A pessoa acorda, se arruma, vai para o trabalho, e tudo passa a ser feito de modo mecânico, sem questionar processos nem mesmo o por quê aquilo está sendo executado. "É preciso refletir quais são os fatores que tiram o entusiasmo dos profissionais, e procurar um significado maior para o trabalho e para a vida. Só assim é possível ser feliz no trabalho", finaliza a especialista.





Susanne Andrade - Autora do Best-Seller "O Segredo do Sucesso é Ser Humano" e do livro digital "A Magia da Simplicidade", é Coach, Palestrante e professora de cursos de MBA pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) em disciplinas sobre carreira, coaching e liderança. Também é sócia-diretora da A & B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o "Modelo Ágil Comportamental", e parceira da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP). Em setembro/18 será lançado "O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil" pela Editora Gente.


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