Cólicas incapacitantes e fora do período
menstrual são alertas para diagnosticar a condição em adolescentes e mulheres
jovens antes que a doença piore
A
puberdade nem sempre é um período tranquilo na vida das adolescentes. As
mudanças hormonais promovem o amadurecimento dos órgãos sexuais para as meninas,
levando à primeira menstruação. Além do sangramento mensal e da acne a
adolescente pode começar a ter cólicas, que, apesar de considerada pela maioria
das mulheres como algo normal, pode ser um sinal da endometriose, doença que
afeta até 7 milhões de brasileiras, conforme estimativas da Organização Mundial
da Saúde (OMS).
Por
ouvir de suas mães, amigas e inclusive dos médicos que ter cólica e
desconfortos durante o período menstrual é natural, as jovens pode levar em
torno de 7 anos para diagnosticar a doença. E o que é mais preocupante: quando
os sintomas de cólica começam na adolescência esta demora para o diagnóstico
pode durar 11 a 12 anos. Para a terapeuta ocupacional, Marília Gabriela
Marques, foram mais ou menos 11 anos e 8 ginecologistas até o diagnóstico
correto. “Na minha adolescência sempre tive cólicas e sempre ouvia das pessoas
que era normal, que quando eu casasse ou tivesse filhos, passaria”, conta.
“Muita gente me dizia inclusive que era frescura”.
O
especialista Dr. Maurício Simões Abrão, professor associado do Departamento de
Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e responsável pelo
Setor de Endometriose do Hospital das Clínicas, explica que o útero da mulher é
revestido internamente por uma espécie de película chamada endométrio que,
quando a mulher engravida, é responsável receber o óvulo fecundado. Durante o
período menstrual, o endométrio é renovado e descama, sendo eliminado do corpo
em forma de menstruação.
“A
paciente com endometriose apresenta endométrio implantado fora do útero, ou
seja, podendo infiltrar outras estruturas, como por exemplo, os ovários e os
ligamentos ao redor do útero. Em casos graves, o endométrio pode aderir
inclusive a outros órgãos, como a bexiga e o intestino”, reforça. O que causa a
dor extrema característica da endometriose é que, assim como o endométrio,
estes implantes também se inflamam durante o período menstrual, podendo causar
dores e até infertilidade.
A
relação de normalidade entre o período menstrual e as cólicas pode ser indicada
como um motivo para 53% das brasileiras desconhecerem a doença, conforme aponta
uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia
Minimamente Invasiva (SBE), em parceria com a Bayer. No entanto, é necessário
estar atenta a sinais importantes da endometriose que se manifestam já na
adolescência:
·
Dores incapacitantes e persistentes durante
todo o período menstrual e fora dele;
·
Dor pélvica inclusive durante a relação
sexual;
·
Dificuldade e dor para evacuar.
·
Dores para urinar durante a menstruação
Ao
identificar esses sinais, o mais indicado é procurar um ginecologista e
solicitar a investigação do quadro. Exames como o ultrassom transvaginal e de
abdômen podem auxiliar no diagnóstico precoce e definição do tratamento ideal.
“Quanto antes for detectada e tratada, melhor o controle sobre a endometriose,
embora não tenha cura, a rapidez no diagnóstico evita as complicações da doença
e inclusive que a paciente passe por tratamentos mais agressivos, além de preservar
a fertilidade”, ressalta o especialista. Dr Abrão salienta ainda que no Brasil
foram desenvolvidas formas de se fazer o diagnóstico da doença por Ultrassom
com preparo intestinal, que tem sido muito útil para a definição do tratamento
a ser realizado.
Marília
relembra o longo caminho que percorreu antes de saber que tinha uma doença:
“antes mesmo do diagnóstico, já tive que lidar com os efeitos da endometriose.
Passei por 5 cirurgias e tive as duas trompas retiradas, passei 5 anos afastada
do meu trabalho e da minha vida. Se
eu tivesse a informação que eu tenho hoje, com certeza tudo teria sido
diferente”. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose
e Ginecologia Minimamente Invasiva, a doença pode afetar 10% a 15% das mulheres
em idade reprodutiva, ou seja, dos 12 aos 50 anos.
Tenho
endometriose, e agora?
Por
se manifestar de diversas maneiras, cada quadro de endometriose deve ser
estudado de forma individual para definir a melhor linha de tratamento. “Há
pacientes que não apresentam focos de endométrio fora do sistema reprodutor,
então nesses casos podemos pensar em controlar os sintomas com o uso de métodos
contraceptivos como a pílula e o DIU Mirena e, inclusive, suspender a
menstruação”, explica o especialista.
Em
casos mais graves da doença, em que a mulher apresenta endométrio na cavidade
abdominal ou outros órgãos, por exemplo, pode ser necessário realizar
cirurgias, como explica Dr. Abrão: “Esses casos são especialmente delicados,
porque o plano cirúrgico vai depender de onde está o foco de endometriose, por
isso precisam ser estudados de perto”.
Embora
a doença não tenha cura, é possível controlá-la. Para isso, é imprescindível
realizar exames e visitas periódicas ao ginecologista para acompanhar a
progressão da doença e a efetividade do tratamento. Uma das opções de
tratamento disponíveis no Brasil é o Allurene® (dienogeste), primeiro
tratamento clínico de longo prazo, ministrado por via oral com dose única
diária, indicado especificamente para endometriose.
Bayer