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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Epilepsia resistente ao tratamento pode melhorar com o uso do canabidiol


Laboratório brasileiro deve produzir produto localmente e aumentar acesso


A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada pela comunicação excessiva ou anormal dos impulsos elétricos dos neurônios (células cerebrais), levando às crises epiléticas. Quando não controlada, a epilepsia pode levar a lesões irreversíveis no cérebro, a acidentes e até mesmo à morte precoce, sem contar os prejuízos na vida social, profissional e acadêmica.

Estima-se que 30% dos pacientes com epilepsia não respondem ao tratamento convencional, feito com medicamentos anticonvulsivos. Essa epilepsia é chamada de refratária. Para estes pacientes, uma opção para controle das crises é o canabidiol, produto derivado da maconha que tem alto índice de sucesso, especialmente em crianças.

Segundo um estudo publicado na revista médica Epilepsy & Behaviour, o canadibiol se provou eficiente no tratamento de 71% dos casos de epilepsia refratária em crianças e em 90% dos casos adultos. Em países como a Austrália, 15% dos pacientes já são tratados com o produto. Porém, no Brasil, como ainda não há produção nem aprovação local, o produto é de difícil acesso e de alto custo. Atualmente, o canabidiol precisa ser importado com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).


Epilepsia refratária em crianças
 
Entre as crianças, o sinal de que a epilepsia será resistente ao tratamento pode vir logo cedo. De acordo com um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, crises epiléticas frequentes antes dos 6 anos de idade, diferentes tipos de crises e lesões estruturais no sistema nervoso podem ser indicativos de que o distúrbio será resistente ao tratamento e, para estes pacientes, o canabidiol é uma opção terapêutica.

Segundo a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, especialista no diagnóstico e tratamento da epilepsia, os pacientes que têm epilepsia refratária são os que mais sofrem, pois estão sob risco de lesões mais graves ao longo do tempo. “Na prática clínica tenho poucos pacientes usando o canabidiol, mas com excelentes resultados. Entretanto, o acesso é muito difícil no Brasil”.
 

Produção local pode melhorar acesso
 
A realidade desses pacientes pode mudar, entretanto, com o anúncio de que um laboratório em Toledo, no interior do Paraná, pode ser o primeiro produtor brasileiro da substância. O produto está em fase de testes clínicos e deve ser disponibilizado no mercado até o final de 2018.

“Essa é uma boa notícia para muitos pacientes brasileiros. O canabidiol tem se mostrado uma opção muito boa para crianças e adolescentes com o quadro de epilepsia refratária e ter uma produção brasileira pode tornar esse tratamento muito mais acessível”, reflete Dra. Andrea.


 Como o tratamento é feito hoje
 
Segundo Dra. Andrea, hoje um dos tratamentos mais promissores para a epilepsia refratária é a Terapia de Estimulação do Nervo Vago (VNS). “Trata-se de um implante de um gerador de pulsos elétricos programáveis, que fica ligado a eletrodos que são conectados ao nervo vago cervical esquerdo. Podemos comparar o gerador a um marca-passo. Depois do implante, esse dispositivo irá enviar impulsos elétricos para o cérebro por meio do nervo vago para evitar as crises epiléticas”.

A técnica de neuroestimulação cerebral pode levar à redução de até 90% das crises epiléticas e é amplamente utilizada em países da Europa e nos Estados Unidos. As crises epiléticas não controladas levam à perda da qualidade de vida, assim como a comorbidades psiquiátricas e à prevalência mais elevada de morte súbita.



Aumento de crianças com bronquiolite nesse outono preocupa especialistas


Pediatra faz alerta de como identificar os principais sintomas


A chegada do outono e do tempo mais frio e seco geralmente é acompanhada do “pico das doenças virais”. E não é a toa que os prontos-socorros infantis vivem lotados nessa época do ano, já que o primeiro semestre, principalmente os meses de março a junho, marcam a sazonalidade do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável pelos casos de bronquiolite.

Segundo a pediatra da Clínica Soulleve em São Paulo, Dra. Tatiana Russo, os principais problemas que o VSR pode causar são a bronquiolite e a pneumonia em bebês e crianças pequenas, principalmente nos menores de 1 ano. O vírus geralmente inicia com sintomas de um resfriado comum e progride rapidamente, o que pode ser bastante perigoso, já que ao longo de 2 a 3 dias é possível que a criança desenvolva uma inflamação nas vias aéreas, os chamados bronquíolos.

“Essa inflamação leva a obstrução da via aérea por edema, necrose e aumento da produção de muco e broncoespasmo. Por isso, a respiração fica mais difícil e sintomas como chiado no peito, aumento da tosse e dificuldade para mamar podem aparecer", alerta a especialista.

A pediatra explica que para prevenir o contágio é recomendado que os pais evitem o contato dos pequenos com adultos que possuam sintomas de gripe ou resfriado e prefiram lugares calmos, com pouco números de pessoas. Além disso, o diagnóstico da doença é essencialmente clínico e normalmente exames adicionais não são indicados, por isso, caso os pais percebam alguns dos sintomas é imprescindível buscar atendimento médico.  

Para o tratamento, é essencial manter a criança hidratada, fazer inalação com soro fisiológico e lavagem nasal, que deve ser feita inúmeras vezes ao dia, pois os bebês pequenos respiram predominantemente pelo nariz, piorando o cansaço. E se o nariz estiver obstruído pode levar secundariamente à otite, principal complicação da bronquiolite. 

Além disso, é importante destacar que se houver algum sinal de alerta como irritabilidade excessiva, diminuição da urina, baixa ingestão de líquidos, sinais de cansaço ou dúvida quanto ao estado geral da criança, o médico deverá ser consultado. "O atraso em ir ao médico pode levar à piora do quadro clínico e a consequências graves", finaliza a médica. 







Dra. Tatiana Russo – Pediatra - CRM - SP 126.033 - Médica formada pela Universidade de Marília, em São Paulo Residência médica em Pediatria pelo Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.Pós Graduação em Urgência e Emergência Pediátrica pelo Hospital das Clínicas de São Paulo (FMUSP). Tem experiência no atendimento pediátrico em clínica privada, bem como emergência e UTI em hospitais públicos e privados.

Apenas 9% dos asmáticos estão com a doença controlada no Brasil


O Dia Mundial da Asma foi em 1º de maio. Na ocasião, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que cerca de 32% dos asmáticos não fazem o tratamento correto no Brasil, o que leva a um descontrole da doença, conforme constatou a pesquisa Respira project: Humanistic and economic burden of asthma in Brazil.

O estudo, publicado este ano no Journal of Asthma, correlacionou o baixo nível de controle da asma com a qualidade de vida e a produtividade dos brasileiros, além dos gastos com saúde no país.

O artigo traz dados alarmantes: apenas 32% dos asmáticos aderem ao tratamento, 38,5% usam broncodilator – o que não trata a doença e está associado ao aumento da mortalidade na asma –, somente 12% utilizam um antinflamatório (corticoide) e 17% aplicam antinflamatório associado a broncodilatador.

“A asma é uma inflamação crônica nas vias aéreas e o fundamento da terapia para controle da asma é o uso de antinflamatório à base de corticoide, por isso, esse tipo de medicação deveria ser bem maior entre os asmáticos, e não apenas de 12%”, constata o pneumologista Dr. José Eduardo Cançado, primeiro autor do estudo e membro da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

“Como esses medicamentos têm efeitos colaterais, devem ser utilizados por via inalatória, na forma de bombinha. Desta forma, a dose utilizada é bem menor, o efeito local é maior e os efeitos colaterais são muito menores, porque a absorção sistêmica do remédio pelos outros órgãos é muito pequena”, explica o Dr. Cançado.

Para chegar ao resultado, os autores analisaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2015, incluindo 12 mil brasileiros com mais de 18 anos de idade, dos quais 494 eram portadores de asma.

Por meio de questionários, o levantamento mostrou, ainda, que os asmáticos apresentaram pior qualidade de vida que os não asmáticos, maior absenteísmo, comprometimento da produtividade no trabalho e maior presenteísmo (comparecimento ao serviço em condições desfavoráveis à boa produtividade).

A pesquisa também apontou que 43% das mulheres e 30% dos homens com diagnóstico de asma tiveram ao menos uma crise, e 80% deles usaram alguma medicação específica nos últimos 12 meses. Como resultado, os asmáticos utilizam duas vezes mais os serviços de saúde no Brasil, gerando gastos de quase R$ 50 milhões por ano com hospitalizações (DATASUS).


Sobre a asma

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que afeta aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estimativas do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) apontam para uma prevalência de cerca de 20 milhões de pessoas, ou aproximadamente 13% da população, incluindo adultos e crianças.

“O olhar cuidadoso para as dimensões humanas e socioeconômicas da doença poderão subsidiar importantes passos no delineamento de políticas públicas de saúde destinadas à população ainda com insuficiente acesso à atenção primária e especializada”, considera a Dra. Maria Alenita Oliveira, Coordenadora da Comissão Científica de Asma da SBPT.





REFERÊNCIA
Jose Eduardo Delfini Cançado, Marcio Penha, Shaloo Gupta, Vicky W. Li, Guilherme Silva Julian & Eloisa de Sá Moreira (2018) Respira project: Humanistic and economic burden of asthma in Brazil, Journal of Asthma, DOI: 10.1080/02770903.2018.1445267. 


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