Médico neurologista explica as principais dúvidas sobre o Acidente
Vascular Cerebral
(AVC), que figura como a segunda causa de morte mais comum no
mundo1-2.
Atingindo a marca de 400 mil casos todos os anos no
Brasil3, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) está na lista das
principais causas de morte no país4-5, tendo feito, apenas em 2015,
cerca de 100 mil vítimas6. Mesmo com números tão alarmantes, muitos
mitos cercam a doença: é possível preveni-la? Há tratamento? Todo paciente
sofrerá com sequelas? O Dr. João José Carvalho, neurologista e diretor do
Programa de AVC do Hospital Geral de Fortaleza, uma referência nacional no
atendimento ao AVC, explica as principais dúvidas quanto à doença.
• Existe mais de um tipo de AVC. VERDADE.
O AVC pode acontecer de duas formas: isquêmica e
hemorrágica. Responsável por cerca de 80% dos casos, a isquêmica se
caracteriza pela obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro, bloqueando a
passagem de sangue para os neurônios, como são chamadas as células locais7. Nesse tipo de AVC, estima-se que um paciente não tratado perde,
aproximadamente, 1.9 milhão de neurônios a cada minuto8.
Já os outros 20% são referentes à forma hemorrágica,
em que um vaso sanguíneo se rompe no cérebro, ocasionando sangramento e aumento
da pressão dentro do crânio7.
• O AVC acomete apenas pessoas idosas. MITO.
Apesar de o envelhecimento figurar como fator de
risco não-modificável para o AVC, sendo que após os 50 anos o percentual de
casos dobra a cada década de vida, o AVC pode acontecer em qualquer pessoa e em
qualquer idade9. Segundo
informações do Ministério da Saúde, por exemplo, foram registradas cerca de 27 mil
internações no SUS pela doença na faixa etária de 15 a 39 anos, entre 2014 e
abril de 201710.
"Estima-se que 90% dos casos de AVC possam ser
evitados. Por isso, é importante prestar atenção aos outros fatores de risco,
como hipertensão arterial, colesterol elevado, uso abusivo de bebidas
alcoólicas, diabetes, estresse crônico e arritmias cardíacas – tal como a
fibrilação atrial", afirma o Dr. João José Carvalho.
• Na maioria dos casos, os sintomas do AVC são
típicos, facilitando a identificação da doença. VERDADE.
O AVC se manifesta por um ou mais dos seguintes
sintomas: perda de força ou sensibilidade de um dos lados do corpo, dificuldade
para compreender o que se fala ou falar, perda visual súbita (sobretudo de um
dos olhos), tontura ou vertigem súbitas ou uma dor de cabeça súbita, intensa e
sem causa conhecida, segundo o especialista. "Diante de alguém que
apresenta um ou mais desses sintomas, é fundamental agir rápido, ligar para o
SAMU (192), que irá encaminhar o paciente para o hospital capacitado para o
tratamento de AVC mais próximo", orienta o médico.
A fim de conscientizar a população sobre essa
ideia, foi desenvolvida pela Rede Brasil AVC e pela Sociedade Brasileira de
Doenças Cerebrovasculares, com o apoio da Boehringer Ingelheim, a campanha
"A Vida Conta – Cada minuto faz diferença". A iniciativa está
acontecendo na fanpage da Rede Brasil AVC no Facebook, com materiais educativos
sobre a doença.
• Todo AVC deixará sequelas no paciente. MITO
O Acidente Vascular Cerebral figura como a
principal causa de incapacidade global11, entretanto, nem todos os casos deixam sequelas no paciente. "O
AVC é uma doença tempo-dependente, por isso, o atendimento rápido ao paciente é
fundamental para evitar danos permanentes ao tecido cerebral e,
consequentemente, as sequelas", salienta o Dr. Carvalho.
Isso porque há tratamento para o AVC. De acordo com
o especialista, para o tipo isquêmico, o mais comum, existe a medicação
trombolítica, que atua desobstruindo o vaso sanguíneo entupido e restaurando o
fluxo de sangue com oxigênio e nutrientes para os neurônios, podendo ser
aplicada em ambiente hospitalar por equipe multidisciplinar treinada em até
4h30 após o início dos sintomas. Já para o AVC hemorrágico, o tratamento inclui
medicamentos e até procedimentos cirúrgicos, a depender do tamanho e
localização da lesão.
• Nem todo hospital está capacitado para tratar
pacientes que sofreram um AVC. VERDADE.
"Infelizmente, nem todos os hospitais estão
preparados para receber e tratar pacientes com a doença. A falta de equipe
multidisciplinar treinada - composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, etc -, de exames de imagem - como a tomografia computadorizada
-, além da falta de medicação trombolítica, são obstáculos para o tratamento
apropriado dos casos isquêmicos", esclarece o Dr. Carvalho.
Mas o cenário está mudando: desde 2015 existe a
iniciativa Angels, idealizada pela Boehringer Ingelheim, cujo objetivo é
aumentar o número de centros capacitados para o atendimento do AVC, além de
otimizar a qualidade de atendimento das unidades já existentes, por meio de
treinamentos especializados. A expectativa é fazer com que os esses pacientes
recebam, em qualquer parte do país, o mesmo nível de tratamento. No Brasil, em
2017, cerca de 80 hospitais participaram do projeto.
"Por isso, o ideal é identificar rapidamente o
AVC e ligar para o SAMU (192), que irá encaminhar o paciente para o hospital
preparado o mais rápido possível", finaliza o médico.
Boehringer Ingelheim
Referências
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