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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

É possível tratar o AVC? Confira 5 mitos e verdades sobre a doença



Médico neurologista explica as principais dúvidas sobre o Acidente Vascular Cerebral 


(AVC), que figura como a segunda causa de morte mais comum no mundo1-2.
Atingindo a marca de 400 mil casos todos os anos no Brasil3, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) está na lista das principais causas de morte no país4-5, tendo feito, apenas em 2015, cerca de 100 mil vítimas6. Mesmo com números tão alarmantes, muitos mitos cercam a doença: é possível preveni-la? Há tratamento? Todo paciente sofrerá com sequelas? O Dr. João José Carvalho, neurologista e diretor do Programa de AVC do Hospital Geral de Fortaleza, uma referência nacional no atendimento ao AVC, explica as principais dúvidas quanto à doença.


• Existe mais de um tipo de AVC. VERDADE.

O AVC pode acontecer de duas formas: isquêmica e hemorrágica. Responsável por cerca de 80% dos casos, a isquêmica se caracteriza pela obstrução de um vaso sanguíneo no cérebro, bloqueando a passagem de sangue para os neurônios, como são chamadas as células locais7. Nesse tipo de AVC, estima-se que um paciente não tratado perde, aproximadamente, 1.9 milhão de neurônios a cada minuto8.

Já os outros 20% são referentes à forma hemorrágica, em que um vaso sanguíneo se rompe no cérebro, ocasionando sangramento e aumento da pressão dentro do crânio7.


• O AVC acomete apenas pessoas idosas. MITO.

Apesar de o envelhecimento figurar como fator de risco não-modificável para o AVC, sendo que após os 50 anos o percentual de casos dobra a cada década de vida, o AVC pode acontecer em qualquer pessoa e em qualquer idade9. Segundo informações do Ministério da Saúde, por exemplo, foram registradas cerca de 27 mil internações no SUS pela doença na faixa etária de 15 a 39 anos, entre 2014 e abril de 201710.

"Estima-se que 90% dos casos de AVC possam ser evitados. Por isso, é importante prestar atenção aos outros fatores de risco, como hipertensão arterial, colesterol elevado, uso abusivo de bebidas alcoólicas, diabetes, estresse crônico e arritmias cardíacas – tal como a fibrilação atrial", afirma o Dr. João José Carvalho.


• Na maioria dos casos, os sintomas do AVC são típicos, facilitando a identificação da doença. VERDADE.

O AVC se manifesta por um ou mais dos seguintes sintomas: perda de força ou sensibilidade de um dos lados do corpo, dificuldade para compreender o que se fala ou falar, perda visual súbita (sobretudo de um dos olhos), tontura ou vertigem súbitas ou uma dor de cabeça súbita, intensa e sem causa conhecida, segundo o especialista. "Diante de alguém que apresenta um ou mais desses sintomas, é fundamental agir rápido, ligar para o SAMU (192), que irá encaminhar o paciente para o hospital capacitado para o tratamento de AVC mais próximo", orienta o médico.

A fim de conscientizar a população sobre essa ideia, foi desenvolvida pela Rede Brasil AVC e pela Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, com o apoio da Boehringer Ingelheim, a campanha "A Vida Conta – Cada minuto faz diferença". A iniciativa está acontecendo na fanpage da Rede Brasil AVC no Facebook, com materiais educativos sobre a doença.


• Todo AVC deixará sequelas no paciente. MITO

O Acidente Vascular Cerebral figura como a principal causa de incapacidade global11, entretanto, nem todos os casos deixam sequelas no paciente. "O AVC é uma doença tempo-dependente, por isso, o atendimento rápido ao paciente é fundamental para evitar danos permanentes ao tecido cerebral e, consequentemente, as sequelas", salienta o Dr. Carvalho. 

Isso porque há tratamento para o AVC. De acordo com o especialista, para o tipo isquêmico, o mais comum, existe a medicação trombolítica, que atua desobstruindo o vaso sanguíneo entupido e restaurando o fluxo de sangue com oxigênio e nutrientes para os neurônios, podendo ser aplicada em ambiente hospitalar por equipe multidisciplinar treinada em até 4h30 após o início dos sintomas. Já para o AVC hemorrágico, o tratamento inclui medicamentos e até procedimentos cirúrgicos, a depender do tamanho e localização da lesão.


• Nem todo hospital está capacitado para tratar pacientes que sofreram um AVC. VERDADE.

"Infelizmente, nem todos os hospitais estão preparados para receber e tratar pacientes com a doença. A falta de equipe multidisciplinar treinada - composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, etc -, de exames de imagem - como a tomografia computadorizada -, além da falta de medicação trombolítica, são obstáculos para o tratamento apropriado dos casos isquêmicos", esclarece o Dr. Carvalho.

Mas o cenário está mudando: desde 2015 existe a iniciativa Angels, idealizada pela Boehringer Ingelheim, cujo objetivo é aumentar o número de centros capacitados para o atendimento do AVC, além de otimizar a qualidade de atendimento das unidades já existentes, por meio de treinamentos especializados. A expectativa é fazer com que os esses pacientes recebam, em qualquer parte do país, o mesmo nível de tratamento. No Brasil, em 2017, cerca de 80 hospitais participaram do projeto.

"Por isso, o ideal é identificar rapidamente o AVC e ligar para o SAMU (192), que irá encaminhar o paciente para o hospital preparado o mais rápido possível", finaliza o médico.




Boehringer Ingelheim





Referências
  1. 1. Lozano R, et al. Lancet 2012;380:2095-2128.
  2. Hankey G. Lancet 2013;1:e239-e240.
  3. Martins S World StroKe Coference 201
  4. Mansur Ade P1, Favaratto D1. Trends in Mortality Rate from Cardiovascular Disease in Brazil, 1980-2012. Arq Bras Cardiol. 2016 Jul;107 (1) 20-5. Doi:105935/abc.20160077.Epub2016 May 24.
  5. Lessa I. Epidemiologia das doenças cerebrovasculares no Brasil. Ver. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo. 1999; 4. 509-18.
  6. Sistema de Informação de Mortalidade. Ministério da Saúde.
  7. De Carvalho JJF, Alves MB, Viana GA, Machado CB, dos Santos BF, Kanamura AH, Lottenberg CL, Neto MC, Silva GS. Stroke epidemiology, patterns of management, and outcomes in Fortaleza, Brazil: a hospital-based multicenter prospective study. Stroke. 2011 42(12):3341-6.
  8. Saver J. Stroke 2006;37:263-266.
  9. Rede Brasil AVC. Fatores de Risco para o AVC. Disponível em http://www.redebrasilavc.org.br/para-pacientes-e-falimiares/fatores-de-risco. Último acesso: 05 de janeiro de 2018.
  10. Ministério da Saúde. 2017.
  11. Feigin et al 2015-2016.




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