Consumidor no Brasil é o mais saudável do mundo quando vai às
compras
- Consumidor no Brasil é o mais
saudável do mundo quando vai às compras;
- Empoderado, consumidor está mais atento aos seus direitos;
- Como o brasileiro se comportou em meio à instabilidade econômica;
- Terceira idade ganha poder de consumo nos supermercados;
- Geração Millennials reúne os clientes mais engajados.
A Associação Paulista de
Supermercados (APAS) apresentou nesta terça-feira, 02 de maio, uma Pesquisa
inédita sobre o setor supermercadista que aponta as tendências do consumidor
brasileiro para o ano, a partir de dados coletados no ano passado. O
levantamento - realizado em parceria com as empresas Nielsen, Kantar
Worldpanel, GfK e IBOPE - foi divulgado no primeiro dia da 33ª edição da APAS
Show, o maior evento supermercadista do mundo.
A Pesquisa foi divulgada em conjunto pelo presidente da APAS, Pedro Celso
Gonçalves; o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), João
Sanzovo Neto; o diretor de Economia e Pesquisa da APAS, Dinis Dias; o gerente
de Economia e Pesquisa da APAS, Rodrigo Mariano; a diretora da Kantar,
Christine Pereira; a diretora da Nielsen, Daniela Toledo; a diretora do IBOPE,
Marcia Sola; e o diretor da GfK, Marco Aurélio Lima.
Mesmo em um ano de instabilidade econômica, a análise apontou que o setor
supermercadista brasileiro faturou R$ 338 bilhões em 2016, representando um
crescimento nominal de 7,1% em relação ao ano anterior, o que significa 5,4% do
PIB brasileiro. O Estado de São Paulo registrou um crescimento nominal de,
aproximadamente, 10%, com faturamento de R$ 102 bilhões. A geração de empregos
do setor no Estado de São Paulo computou 518 mil empregos diretos em 2016.
Para 2017, a perspectiva é de um crescimento lento e gradual da economia
brasileira, que deve se refletir, principalmente, ao longo do último trimestre
de 2017 em geração de emprego e renda e, consequentemente, trará impacto
positivo nas vendas do setor supermercadista. Deste modo, a expectativa é de
que o setor supermercadista tenha um crescimento nas vendas de 1,5% a 2,5%
neste ano.
Consumidor brasileiro e a instabilidade econômica
O estudo da Nielsen mostra que a trajetória do consumidor brasileiro em 2016
foi caracterizada por um cliente mais empoderado, ciente de suas escolhas,
porém, com pressão no bolso. A análise defende que a troca por marcas mais
baratas dentro dos supermercados foi o último passo adotado pelo brasileiro
para driblar esse cenário desafiador. Entre as principais características de
comportamento percebidas de um modo geral, estão: 42% dos entrevistados
migraram para marcas mais baratas; 22% reduziram o gasto no supermercado e
consumiram menos, mas sem trocar marcas; 7% retraíram a alimentação fora do lar
ou lazer; enquanto que 5% diminuíram gasto com vestuário e bens duráveis.
"O lado positivo é que antes de trocar de marca, 58% buscam outras medidas
para economizar, sem impactar na lealdade, e 18% afirmam que não mudou hábitos
ou cortaram gastos", destaca Rodrigo Mariano, gerente de Economia e
Pesquisa da APAS. "É possível perceber também que categorias supérfluas
foram sacrificadas e que, para determinados produtos, as embalagens grandes são
uma alternativa, a chamada ‘Escolha Inteligente", completa.
Para atrair o consumidor, os supermercados priorizaram estratégias alinhadas à
economia. Entre elas, destaque para os programas de fidelidade, que chamam a
atenção por desconto em produtos, reembolso, brindes e frete grátis. O setor
mostra que 53% dos brasileiros participam de algum programa de fidelidade,
contra 67% da média global. Ou seja, há espaço para crescer. Semanas com
promoções também representaram forte incremento no volume de categorias de alto
consumo.
A pesquisa da Kantar Worldpanel traz quais são os fatores de decisão para o
consumidor escolher qual loja comprar. Na liderança estão as ofertas e
promoções, eleita por 55% dos entrevistados como melhor atrativo nas compras.
Confiança vem em segundo lugar (51%), seguida por preocupações como produtos de
qualidade (50%), limpeza e ordem (48%), e proximidade (48%). O estudo reforça
aponta ainda que o consumidor tem preferências por tipos de promoções: a ação
campeã na lista do brasileiro é a "Leve Mais, Pague Menos", eleita
por 68%, seguida por promoções como Descontos (64%), Leve e Pague (57%),
Produtos Grátis (25%) e Produto com Brinde (23%). "Assim, é possível
verificar que o consumidor busca vantagem imediata", destaca Mariano.
"Já a estratégia de vendas de marcas próprias dentro das lojas cresceu
13,4% contra 9,6% das marcas fabricantes", complementa.
A Kantar Worldpanel dá dicas ao supermercadista enfatizando o que faz o cliente
retornar à loja após sua primeira experiência. Os três principais fatores
destacados são: sinalização de preços adequada, limpeza do local e rapidez e
eficiência no caixa.
Millennials engajados
A Pesquisa da Nielsen, encomendada pela APAS, mostra que a geração Millennials,
ou geração Y, que compreende jovens nascidos entre 1980 e meados da década de
1990, é a mais engajada quando o assunto é fidelidade. Em 2016, esse público
reduziu mais de 50% da alimentação fora do lar e se mostrou mais leal às
marcas. O estudo afirma que os Millennials até reduzem o gasto no supermercado
e compraram menos, porém, sem trocar as marcas de que mais gostam.
Outra percepção sobre essa geração é que o grupo de itens básicos integra
produtos como água de coco, cappuccino e misturas alcoólicas. "É
importante o supermercado gerar aderência no jovem de hoje, a fim de assegurar
a longevidade da relação com esses clientes que envelhecerão e serão maioria no
futuro", explica o gerente de Economia e Pesquisa da APAS.
Terceira idade será a bola da vez
Atualmente, a população acima de 50 anos representa 1/3 dos consumidores
brasileiros. Porém, a maior fatia de clientes, com o maior gasto (67%) nos
supermercados, está concentrada nas pessoas de até 49 anos (58%), de acordo com
a Kantar Worldpanel. "Considerando que essas pessoas envelhecerão, até
2040, homens e mulheres com mais de 50 anos terão o maior poder de
compra", afirma Rodrigo Mariano.
Dentro das lojas, segundo a análise da Nielsen, a maioria desses consumidores
mais sêniores busca por praticidades, como carrinhos elétricos (41%),
assistência com sacolas de compras (36%) e seções exclusivas de produtos
voltados às suas necessidades (34%).
Na hora da compra, esse público escolhe rótulos fáceis de ler (50%), alimentos
para dietas com necessidades nutricionais especiais (45%), embalagens de
alimentos com porções menores (44%), embalagens de produtos fáceis de abrir
(43%) e rótulos com informações nutricionais claras (43%).
Além disso, como mostra a Kantar Worldpanel, a terceira idade se preocupa mais
com a saúde na hora do consumo e, desta forma, produtos como pão light ou
integral, biscoito integral, requeijão light são mais consumidos por pessoas
acima de 60 anos, em relação a grupos entre 50 e 59 anos e até 40 anos.
O mais saudável do mundo quando vai às compras
A Pesquisa elaborada pela GfK reforça que os alimentos que são incluídos
ativamente na dieta dos brasileiros são produtos com forte presença de vitaminas,
minerais, fibras, Ômega 3 e proteínas. Itens enriquecidos com vitaminas e
minerais, por exemplo, são consumidos ativamente por 65% dos entrevistados no
Brasil, enquanto a média global é de 51%. Já os produtos ricos em fibras está
presente em 61% dos carrinhos de compras no País, contra 53% no mundo.
Os alimentos com fonte de Ômega 3 não faltam na refeição de 60% de consumidores
no Brasil, sendo que no mundo essa fatia é de 40%. Outros itens saudáveis, tais
como alimentos ricos em proteína (54%), orgânicos (49%) e livre de transgênicos
(28%), em comparação com a média global (46%, 46% e 27%, respectivamente),
também reforçam que o brasileiro é o consumidor mais saudável do mundo quando o
assunto é comprar nos supermercados.
Na comparação entre homens e mulheres, as mulheres têm uma postura mais
consciente na busca por ingredientes e dietas mais saudáveis. Açúcar, sal e
adoçante artificial estão na lista dos ingredientes que, por vezes, são
excluídos das dietas. O carboidrato também é um dos grandes vilões para o
público feminino.
Já os consumidores casados são mais engajados com uma dieta saudável em relação
aos solteiros. A lista de ingredientes dos primeiros contam com mais alimentos
ricos em fibras, fonte de Ômega 3 e orgânicos.
A GfK afirma também que no universo de bebidas, a tendência segue a mesma: a
busca por uma vida mais saudável tem refletido positivamente no consumo de
líquidos e, por isso, os brasileiros declararam que estão consumindo mais chá,
chá gelado, iogurte/smoothies e bebidas energéticas - categorias que mais
cresceram nos últimos cinco anos. No caminho contrário, refrigerante vem em
tendência de queda e sinaliza que categorias como essa tendem a perder
visibilidade no mercado.
Empoderado e mais atento aos seus direitos
O IBOPE inteligência traz um cenário em que cerca de 40 milhões de brasileiros,
25% da população, declara estar mais atenta aos seus direitos como
consumidores. Entre as categorias etárias, jovens entre 16 e 24 anos são
campeões nesta atenção, com 30% do total, seguidos por adultos de 25 a 34 anos
(28%), de 35 a 44 anos (27%), 45 a 54 anos (25%) e pessoas com 55 anos ou mais
(16%). Entre as classes econômicas, as fatias se dividem em classes A/B (33%),
classe C (25%) e classes D/E (17%). Os homens (28%) estão mais antenados em
relação aos direitos de consumidor quando comparados às mulheres (22%).
Já a maior porcentagem de pessoas que declararam ter reivindicado formalmente
uma solução junto à empresa que as prejudicou está empatada nas faixas etárias
de 35 a 44 anos e de 45 a 54 anos, ambas com (12%), seguidas também por um
empate de consumidores de 16 a 24 anos e de 25 a 34 anos (11%), acompanhados na
sequência pela terceira idade (8%). Entre as classes econômicas, as fatias se
dividem em classes A/B (13%), classe C (11%) e classes D/E (7%). Os homens
representam 12%, enquanto que as mulheres (10%).
Quando a comparação é entre pessoas que declararam ter deixado de frequentar um
supermercado por problemas com produto e/ou atendimento, os resultados são: 16
e 24 anos (45%), 25 a 34 anos (44%), 35 a 44 anos (38%), 45 a 54 anos (33%), 55
anos ou mais (25%). Entre as classes econômicas, as fatias se dividem em
classes A/B (47%), classe C (38%) e classes D/E (26%). Entre homens e mulheres,
o resultado é representado por 39% e 35%, respectivamente.
"O crescimento do empoderamento dos consumidores pode ser medido uma vez
que estão cada vez mais atentos a promoções, comparações entre marcas,
quantidades e tamanhos de produtos, percepção de variações de preços e não se
deixam seduzir facilmente", diz Rodrigo Mariano.
A Pesquisa do IBOPE, que é compartilhada na íntegra com todos os associados da
APAS, deixa ainda algumas dicas para os supermercados lidarem com consumidores
empoderados: reconhececer o poder dos consumidores e deixar isso explícito na
relação de consumo; valorizar as escolhas e dar motivos/razões que justifiquem
de algum modo essa escolha; resgatar a noção de lazer, divertimento, momento de
respiro para esquecer-se da instabilidade econômica; transmitir a ideia de solidez,
da compra como investimento; utilizar-se de um tom de transparência e parceria,
mas não de paternalismo; e permitir a customização do consumo.