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terça-feira, 5 de julho de 2022

Cardápio da inteligência: saiba quais alimentos melhoram a função cerebral


Diz o ditado que "você é o que você come" e é isso mesmo. Alguns alimentos são capazes de aprimorar o funcionamento do organismo. O cérebro, por exemplo, precisa de "combustível" constantemente para se manter sempre "afiado". O neurocirurgião e neurocientista, Dr. Fernando Gomes, do Hospital de São Paulo (USP), ensina que o cardápio pode influenciar a capacidade do cérebro e ainda ajuda no desempenho em provas e concursos.

"É preciso se alimentar a cada três horas para manter os níveis de glicose no sangue estáveis e dessa forma, evitar a falta de alimento ao cérebro que pode atrapalhar a capacidade cognitiva", explica o médico que lista 10 opções que devem estar presentes na dieta de quem quer máximo desempenho do cérebro.
 

Alimento

Para que serve?

Onde encontrar

Líquidos

têm utilidade na estabilização da circulação sanguínea e no transporte dos nutrientes

água, chás e frutas

Carboidrato

são fonte de energia e fornecem glicose

cereais integrais, frutas e vegetais

Ferro

auxilia no transporte de oxigênio

carne vermelha, germe de trigo, aveia, espinafre, lentilha, soja e feijão

Cálcio

auxilia na condução dos sinais neurais

leite e derivados, nozes, cereais integrais, brócolis, agrião, verduras, figo e farinha de aveia

Zinco

contribui para o equilíbrio neuroquímico, é importante para a memória e para a concentração

carne, ovos, peixe, cenoura, pão integral, batata e gergelim

Ácidos graxos insaturados e ômega 3

são responsáveis por formar a membrana celular dos neurônios

peixes de águas frias, nozes, espinafre, óleo de milho e óleo de soja

Vitamina B, tiamina

contribui para o funcionamento das células do sistema nervoso central, é necessária para o metabolismo da glicose

cereais integrais, farinhas de aveia, germe de trigo, leguminosas, nozes e carne suína

Fenialanina, tirosina

importante para o estado de vigília e para a concentração e atuam como precursoras da epinefrina, norepinefrina e da dopamina

peixes (atum e truta), carne, derivados do leite, soja, amendoim, amêndoas, germe de trigo e queijo tipo cottage

Serina, metionina

essenciais para aprendizagem e memorização e atuam como precursoras da aceticolina

peixes, frango, peru, carne bovina, castanha de cajú, germe de trigo, brócolis, ervilha, espinhafre, arroz e pão integral

Cafeína

em pequenas quantidades promove dilatação dos vasos sanguíneos do cérebro e melhora a memória e a capacidade de concentração

café e nos chás preto e verde

 

 

Dia das Zoonoses: 60% das doenças infecciosas humanas têm origem em animais

Raiva, leptospirose, leishmaniose, toxoplasmose, esporotricose, febre amarela, dengue, malária e a covid-19 são alguns exemplos de zoonoses comuns em diferentes lugares do nosso território nacional e mundial. O dia 06 de julho é considerado o Dia Mundial das Zoonoses, data marcada pelo ocorrido em 1885 na França, quando o pesquisador e cientista Louis Pasteur administrou a primeira vacina contra a raiva em uma criança que havia sido mordida por um cachorro infectado com o vírus. 

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças emergentes e reemergentes têm origem nos animais. Atualmente aproximadamente 200 doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como uma zoonose, e os principais responsáveis por desencadear essas doenças são vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoários. 

A definição clássica de zoonoses é a transmissão de doença entre animais e humanos ou de humanos para animais, podendo acontecer durante o contato com secreções corporais como saliva, sangue, urina, fezes, ou por meio do contato físico como arranhaduras e mordeduras, ou de forma indireta via vetores como mosquitos, pulgas e carrapatos, ou ainda, pelo consumo de alimento contaminado com secreções contendo os microrganismos causadores de zoonoses. 

As zoonoses são divididas em três grupos: sendo zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde como a leptospirose, doença de Chagas e febre amarela; zoonoses de relevância regional ou local como a toxoplasmose, esporotricose; e zoonoses emergentes e reemergentes tendo como exemplo a covid-19. 

A partir da década de 1990, o Ministério da Saúde sistematizou a aplicação dos recursos para apoiar os municípios na implantação e na implementação de unidades de zoonoses integradas no Sistema Único de Saúde (SUS), denominadas de Unidades de Vigilância de Zoonoses. Toda ação, atividade e estratégia de vigilância e controle de zoonoses de relevância para a saúde devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto direto na saúde pública. 

A magnitude, transcendência, potencial de disseminação, gravidade, severidade e vulnerabilidade são referentes ao contexto epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, e a área afetada em determinado tempo. 

A mitigação das zoonoses só é possível por ações ligadas diretamente à saúde única, ou seja, pensando nas relações intrínsecas existentes entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental e todos os seus processos de equilíbrio em nível local, regional, nacional e global. As ações de prevenção estão atreladas a educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal, levando sempre em consideração o contexto epidemiológico das zoonoses na região em questão, para definição das ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias.

 

Willian Barbosa Sales - Biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente (UNIVILLE), coordenador dos cursos de pós-graduação na área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.

 

Cirurgia Bariátrica: sem acompanhamento psicológico, pacientes ficam mais suscetíveis à dependência química


Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), cerca de 96 milhões de pessoas sofrem com sobrepeso ou obesidade. O problema traz riscos significativos para a saúde, o que inclui o desenvolvimento de doenças crônicas, condições cardiovasculares e alguns tipos de câncer, por exemplo. Dentro disso, muitos casos considerados mórbidos ou graves, sobretudo com a presença de patologias associadas ao excesso de gordura no corpo, exigem tratamentos mais complexos e invasivos, como a cirurgia bariátrica.

E, para aqueles que têm interesse em se submeter a ela, é necessária uma avaliação psicológica minuciosa.

Segundo Dolores Pinheiro Fernandes, psicóloga da Clínica Maia, é preciso entender o que a comida representa para o paciente. “No processo de análise, é imprescindível conversar muito sobre o excesso de comida, se ela está preenchendo algum vazio, alguma falta ou compensando parte da vida, devido a estresse, tristeza e ansiedade”.

A especialista alerta, ainda, que o acompanhado terapêutico deve ser contínuo, o que, muitas vezes, não acontece. “Aqui na clínica, há pacientes que passaram pela bariátrica e estão, agora, em tratamento da dependência química. Muitos deles acabam não seguindo adequadamente a ajuda especializada paralela à realização do procedimento, o que é arriscado, porque esses pacientes já possuem uma compulsão instalada e, após a cirurgia, podem transferi-la para outras substâncias como o álcool. Por isso, é fundamental ter uma assistência multidisciplinar ininterrupta, com o suporte psicológico, médico e nutricional”, explica Dolores.

A psicóloga salienta também a importância de compreender o relacionamento com o alimento. “A cirurgia não finaliza quando termina de operar. É um processo cheio de fases no qual a pessoa vai aprender a se alimentar melhor e devagar, mastigar direito, entre outros aspectos, então, nesse contexto, é crucial trabalhar a relação afetiva com a comida”, comenta.

E mais: para que o tratamento seja bem-sucedido no pós-operatório, o auxílio da família é outro fator essencial. “Poder contar com um familiar para cuidar da alimentação e dar apoio ao paciente é algo primordial. Vai haver momentos de irritabilidade, onde o paciente vai precisar se adaptar, se redescobrir, e justamente por isso esse amparo dos familiares é importante, inclusive para entender e estimular a pessoa a seguir corretamente com o acompanhamento para o resto da vida”, completa a especialista.


Perda auditiva: quais os maiores mitos e preconceitos?


A perda de audição é um dos transtornos mais comuns que aparecem com o avançar da idade, mas, até hoje, não são poucos os mitos espalhados por aí. O uso de aparelho auditivo, por exemplo, que é um dos tratamentos mais recomendados, enfrenta uma grande barreira: o preconceito. 

Muitas pessoas com dificuldade de audição ainda resistem a usá-lo, devido a vários mitos, principalmente por causa dos modelos ultrapassados das próteses auditivas de antigamente. Mas hoje, graças ao avanço da tecnologia, já existem aparelhos bem discretos, praticamente invisíveis nas orelhas. 

Então, é importante sanar as dúvidas que surgem para ajudar a quebrar resistências e mostrar que é possível, sim, ser elegante e ter qualidade de vida, mesmo com essa condição. Para isso, conversamos com a fonoaudióloga Rafaella Cardoso, da Telex Soluções Auditivas, especialista em Audiologia, que esclarece várias questões.

 

Mito 1 - Aparelhos auditivos fazem as pessoas parecerem “velhas” e “deficientes”

Errado. "Os aparelhos auditivos evoluíram muito em termos de design e conforto, são atualmente bem pequenos e não afetam a elegância e a vaidade do indivíduo. Quem usa óculos parece mais “velho” ou “cego”? É evidente que não! A mesma lógica deve ser aplicada ao usuário de aparelho auditivo", diz a fonoaudióloga.

 

Mito 2 -- É complicado usar aparelho auditivo
Errado. Hoje em dia, as pessoas esquecem que estão usando aparelhos auditivos, tamanho é o conforto proporcionado. “A tecnologia no setor evoluiu enormemente nos últimos anos, permitindo a criação de muitos modelos e tamanhos, adequados ao tipo e grau de deficiência auditiva de cada usuário. Mas é bom enfatizar que a adaptação às próteses é um processo que conta com a ajuda dos fonoaudiólogos”, lembra a especialista.
 

Mito 3 - Cera de ouvido em excesso pode causar perda de audição

Errado. O que se denomina popularmente de 'rolha de cera' é o acúmulo de cerume que pode impedir o som de chegar ao tímpano. Entretanto, não é um problema que possa causar perda auditiva. “Esse tipo de caso pode ser resolvido com a remoção do excesso de cerume e, posteriormente, a pessoa conseguirá ouvir de forma adequada”, explica Rafaella Cardoso.

 

Mito 4 - Não vou conseguir usar o celular com o aparelho auditivo

Errado. Já existem diversos aparelhos auditivos e acessórios no mercado que permitem conectividade, por meio de bluetooth, como é o caso do aparelho auditivo Oticon More, o que traz muitas facilidades ao usuário no dia a dia. O som da TV, do laptop, das músicas e das ligações telefônicas é transmitido diretamente ao aparelho auditivo, sem complicação ou desconforto.

 

Mito 5 -- Devemos esperar o máximo de tempo possível antes de usar aparelho auditivo

Ao contrário. Logo após os primeiros sinais e identificada a perda de audição, a orientação é procurar de imediato um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo para não agravar o quadro. "Quanto mais tempo o indivíduo esperar para ir ao especialista, maiores poderão ser os danos causados à função cerebral. E, aí sim, o processo de reabilitação pode ser mais complexo, já que será necessário ‘reacostumar’ o cérebro a identificar os sons”, esclarece a fonoaudióloga. A Telex oferece check-up auditivo gratuito, feito por fonoaudiólogos, em suas lojas, para detecção da perda auditiva, com orientações ao paciente.


Lição de casa: garanta férias escolares mais saudáveis com a vacinação infantil em dia


Para curtir a temporada de férias com saúde e tranquilidade, confira quais vacinas devem ser tomadas pelas crianças

 

As férias escolares chegaram. Para as crianças é um momento voltado ao descanso e brincadeiras à vontade. Já para os pais pode ser uma ótima oportunidade para atualizar a carteira de vacinação, não somente para garantir o desenvolvimento saudável da criançada, mas prevenir várias doenças. Vale lembrar, que, no Brasil, manter a carteira de imunização atualizada é obrigatório, segundo o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), em razão de que elas possuem o sistema imunológico em desenvolvimento, sendo mais suscetíveis à aquisição de infecções, quando comparadas aos adultos.

Neste período de férias, além de tomar as doses do imunizante contra a Covid-19, é o momento ideal para atualizar vários tipos de vacinas nas crianças e adolescentes, como as que são contra a gripe, em especial, pela ocorrência do inverno nesta época do ano. Além disso, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI), entre as vacinas recomendadas para as férias estão: Vacina tríplice viral, que protege contra três doenças causadas por vírus (Sarampo, Caxumba e Rubéola); Vacina tetra viral, que além dos vírus contemplados na tríplice viral, também protege contra a catapora; a Vacina tríplice bacteriana, que protege contra Difteria, Tétano e Coqueluche; além das vacinas contra meningite, e a vacina combinada Hepatite A e B.

 

Atenção para as viagens

Para a programação da viagem de férias ser perfeita, muitas questões práticas são providenciadas e a vacina em dia deve ser uma delas. É recomendado que a vacinação da criança ou adolescente seja feita com, no mínimo, duas semanas de antecedência. Conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), se a criança está com todas as vacinas em dia, a única preocupação para os pais é verificar com o pediatra se existem recomendações específicas para o destino escolhido, principalmente para o exterior ou lugares isolados. 

Para viagens no Brasil, em atendimento às recomendações de vários municípios, por exemplo, é imprescindível estar com a vacina da febre-amarela em dia. As viagens para o exterior pedem, além da vacinação contra a febre-amarela, a febre tifoide e Hepatite A, principalmente para quem visitará países da Ásia, África, América Central e do Sul, ou Índia; e se o destino for a África, a imunização contra meningite é indispensável.

O calendário de vacinação SBIm 2022-2023 para as crianças já está disponível para download neste link. Confira e aproveite para colocar as vacinas das crianças em dia nessas férias!  

 

 ABCVAC

 

Porque adoecemos? Homeopata explica

Saúde pelo prato e pelo coração: especialista explica 4 motivos que levam a adoecer e o que fazer para cuidar da saúde por meio da dieta e das emoções
 

Ter uma boa saúde é essencial para viver bem e o nosso organismo acaba refletindo o nosso estilo de vida e estado mental. De acordo com o farmacêutico homeopata Jamar Tejada (Tejard), da capital paulista, as doenças surgem, principalmente, por questões emocionais. 

“Quando a pessoa não está bem consigo mesma, ela deixa de se cuidar e abre portas para doenças oportunistas”, diz. A metafísica explica que uma causa emocional sempre vai se refletir no físico. Daí, por exemplo, pessoas mais introspectivas ficarem resfriadas com mais frequência ou aquelas que adiam a resolução dos problemas apresentarem doenças cardíacas. “Nosso organismo é a resposta daquilo que a gente vive”, fala Tejard. 

Além disso, o especialista lista outros quatro motivos que levam o organismo a adoecer:
 

1 -- O acúmulo de toxinas: vindas do consumo de frutas e verduras com agrotóxicos, de alimentos naturalmente tóxicos e do estilo de vida. “Tem bebê que nasce intoxicado porque a mãe tinha uma dieta desequilibrada ou porque vivemos em locais poluídos”, conta o farmacêutico e homeopata.

2 -- Desnutrição: quando falta algum nutriente no organismo, o efeito ocorre em cascata. “A gente tem que comer bem, de tudo um pouco e moderadamente. Não adianta ingerir muito cálcio, por exemplo, se não tem quem o carregue para que possa desempenhar sua correta função no corpo? Você acaba criando outro problema para o organismo”, ensina.

3 -- Estresse: o excesso de energia que uma situação estressante causa desgasta todo o organismo e abre portas para que as doenças surjam.

4 -- Infecções: podem ser causadas por vírus, bactérias ou outros agentes e demandam atenção especial em seu cuidado e sua prevenção.

“Se eu pudesse dar uma única dica seria ‘ame-se’. Somente gostando de si mesmo é possível cuidar do seu organismo de forma plena e adequada”, conclui Jamar.


Jamar Tejada - Farmacêutico graduado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica pela Universidade Luterana do Brasil, RS (ULBRA), Pós-Graduação em Gestão em Comunicação Estratégica Organizacional e Relações Públicas pela USP (Universidade de São Paulo), Pós-Graduação em Medicina Esportiva pela (FAPES), Pós-Graduação em Comunicação com o Mercado pela ESPM, Pós-Graduação em Formação para Dirigentes Industriais com Ênfase em Qualidade Total - Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-(UFRGS) e Pós-Graduação em Ciências Homeopáticas pelas Faculdades Associadas de Ciências da Saúde. Proprietário e Farmacêutico Responsável da ANJO DA GUARDA Farmácia de manipulação e homeopatia desde agosto 2008. 
tejard

 

O tempo, a memória e a prova 



O tempo é o átimo do instante que insiste em perseguir o próximo átimo e envelhecer as coisas. O espaço, de outro lado, é representado pela fotografia da imagem com os fatos que a circundam. Referida foto pode ser isolada de relação interpessoal ou se representada pela relação interpessoal se torna um fato vivo, ou seja, um fato filme.

A vida do fato filme só se transmite pela diástole dos sentidos observados, que acaba por impulsionar o quadro em movimento.

Daí se observa com maior clareza a ação e reação humana, que se presta ou se mostra como a real identificação de um acontecimento. Ainda que receba o nome de “real acontecimento” o limite do real acaba sendo lapidado pela interpretação de quem vê o quadro ou o filme, dando a ele sua visão.

Referida visão é na verdade o modo de recepção da fotografia (fato estático) ou do filme (fato em ação) e será sempre autêntica no que se revela a mistura de quem vê e como vê o fato observado.

O fato em movimento é o acontecer histórico que sempre será puro em si, contudo, quando um observador invade referido tempo e espaço remove a autenticidade do fato, sempre, tornando-o impuro.

Nessa condensação é possível observar a evidente e transparente desconexão entre o que se chama de verdade com os fatos.

Isso se dá, pois, nenhuma visão está livre de qualquer miopia do fato observado. Mas, há ainda outra questão.

Ao identificar-se um fato, a transição entre sua identificação e seu transporte para seu relato, ou seja, a transposição do sentido ver para o sentido escrever ou falar, certamente não representará a idêntica noção do próprio observador.

Nesse sentido, a rememoração não atingirá a perfeição na reconstrução ou construção em si, diante de todo um período esquecido na pré-história daquele que conta o fato.

Somos norteados por compulsões e pulsões, que diretamente interferem nos eventos da memória, assim como a construção do relato.

O trabalho de acompanhamento do relato, quando estamos diante desses preceitos é, basicamente, arqueológico, visto que os átimos temporais geram falsas sensações, decorrentes de fatores traumáticos, por exemplo.

Fragmentos soltos são componentes indissociáveis da característica da transcrição do fato, visto que a verdade histórica é a aquela considerada verdadeira pelo indivíduo em um período do seu filme, suscitando-se aqui um problema com o conceito de verdade, diante da interpretação subjetiva que constitui um sistema de crenças que se fixa nos átimos metapsicológicos.

Aqui cabe uma pausa de fundamental relevância, mesmo a verdade histórica comporta o núcleo de verdade em si, construção pessoal, mas arbitrária. Suscita-se que até durante o delírio há a concepção de fundo de um momento de construção pessoal verdadeira.

Reitera-se, estamos sempre diante da possibilidade de o sujeito deter traumas, onde a realidade desagradável pode ser substituída por outra de acordo com seus desejos e pulsões. É um processo de recomposição necessária para manutenção da existência do ser. Tal situação está diretamente vinculado com a racionalidade, encontrada em animais não humanos, também, possibilitando-se a construção própria da memória histórica, salientando-se a impossibilidade da recuperação objetiva de uma história-verdade.

A circunstância em apreço é potencializada na relação entre duas pessoas em que uma delas possui certo poder e a outra tem de se sujeitar ou, minimamente, considerar esse poder, gerando a deformação.

O posicionamento adotado acaba por revelar que: 1) o fato depende de quem o enxerga; 2) quem o enxerga jamais o revelará nos exatos moldes do que enxerga. É a sobreposição metapsicológica.

A indagação que se segue é: então não haveriam fatos reais?

Todos os fatos são reais, contudo, transformam-se no átimo imediato com a visão de um terceiro que jamais conseguirá ser suficientemente fiel ao que enxergou.

Esse contexto acaba por revelar a dificuldade extrema de se saber a realidade em toda e qualquer circunstância observada e posteriormente contada. Aqui, reside o ponto relevante quanto ao direito, qual seja, compreender que ele é absolutamente ficcional quando tratamos das provas, principalmente as testemunhais. Como somos seres de camadas e a projetamos, nos escondemos nelas.

Nesse preceito, a recuperação da história é sempre apenas parcialmente possível, pelo próprio fato da absorção primária ter, desde a origem, proibido sua inscrição memorial. O processo se perfaz em projeções contínuas, da interconexão existencial.

O contato jamais será o que foi visto de forma absolutamente real, seja pela falha da comunicação entre ver e falar ou, ainda, pela própria visão independente de que cada um que presenciou o fato poderá ter.

A ideia de transferência aqui é de fundamental relevância, durante a captação da prova, em face dos fatos que são depurados.

Isso nos mostra que a regra é o erro e a exceção o acerto.

Trabalhar-se-á, em regra, por uma necessidade de pacificação social, com a maior probabilidade de verdade, salientando-se que se busca modelar matematicamente conceitos como incerteza, risco, chance, possibilidade, verossimilhança, perspectiva, até mesmo, sorte.

Mesmo que no direito se considere referidos fatos para dizer que toda “justiça” entregue teve duas falhas ao menos de interpretação, seja de quem viu e depôs e ainda de quem interpretou o depoimento e julgou, a boa notícia é que no cotidiano abrimos um imenso leque para aceitar os erros, pois eles são a regra por natureza da observação humana, o que nos permite reconhecer e acima de tudo entender os que conosco se relacionam.

Pensar sempre é bom!


 

Ricardo Pereira de Freitas Guimarães - advogado especialista, mestre e doutor pela PUC-SP, titular da cadeira 81 da Academia Brasileira de Direito do Trabalho e professor da especialização da PUC-SP (COGEAE) e dos programas de mestrado e doutorado da FADISD-SP


Marco Aurélio Fernandes Galduróz Filho - advogado especialista em Direito Material do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade Damásio,  mestre em Cultura e Segurança Jurídica pela Universidade de Girona – Espanha e Gênova - Itália, doutorando em Direito do Trabalho na Universidade de Buenos Aires e professor de Filosofia do Direito, Direito do Trabalho e Processo de Trabalho

 

Vantagens do autocuidado para a sociedade brasileira

Estudos comprovam que investir no autocuidado agrega saúde financeira para o sistema de saúde e qualidade de vida para a população

 

No dia 24 de julho, o Brasil e o mundo celebram o Dia Internacional do Autocuidado. Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data tem como objetivo conscientizar e engajar as pessoas na tomada de decisões em relação à própria saúde. Segundo a OMS, a definição de autocuidado já fala por si e trata-se da habilidade de indivíduos, famílias e comunidades promoverem saúde e prevenirem doenças, com ou sem o apoio de um provedor de saúde. 

De acordo com a ACESSA (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde), principal interlocutora e representante no país sobre o tema, os chamados sete pilares do autocuidado, também estabelecidos pela OMS, são primordiais para a manutenção de uma boa saúde e qualidade de vida. São eles: o uso racional de produtos e serviços de saúde, conhecimento seguro de informações em saúde (ou literacia em saúde), bem-estar mental e autoconhecimento, a prática de atividades físicas, uma alimentação saudável, consciência de atitudes de risco (como tabagismo e álcool em excesso) e uma boa higiene pessoal e do ambiente. 

Segundo a própria OMS, reduzir fatores de risco pessoais, como inatividade física ou uso de tabaco, por exemplo, pode prevenir 81% das doenças do coração. Ou seja, poderiam ser evitados se o autocuidado fosse uma prática adotada pelos países como parte de uma política pública de saúde. O empoderamento e a educação da sociedade, além de impactar na qualidade de vida da população, também gerariam uma economia ao setor de saúde no geral.

“A educação é de grande importância para toda a sociedade, para que se possa ter acesso a dados e informações verídicas de qualidade, além de contribuir com a sustentabilidade do setor de saúde, visto que já é comprovado que quando as pessoas conseguem se autocuidar, elas utilizam menos o sistema. Esse impacto é positivo, tanto para a população, que se expõe menos a riscos, quanto para o sistema de saúde. Claro que, caso os sintomas persistam, é recomendável que um médico seja sempre consultado”, afirma Marli Martins Sileci, vice-presidente executiva da ACESSA. 

Estudo realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA), intitulado ‘Utilização de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e economia gerada para os sistemas de saúde’, publicado em 2017, mostrou que o uso de MIPs gera uma economia anual de R 364 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento ainda trouxe que, para cada R 1,00 investido no consumo deste tipo de medicamento, há uma economia para o setor público de saúde de até R 7,00. 

Isso acontece, pois se reduz as faltas ao trabalho (absenteísmo), idas desnecessárias aos consultórios médicos e aos serviços de pronto atendimento e ainda a realização de exames diagnósticos para questões simples de saúde. 

Em um contexto de frequente pressão e déficit de recursos do sistema de saúde brasileiro, a disponibilização de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) reduz a necessidade de os cidadãos irem a um serviço de saúde para tratar de um sinal ou sintoma já conhecido de uma doença não grave. “Isso não quer dizer que os MIPs possam ser utilizados indiscriminadamente, muito pelo contrário, é preciso que o consumidor utilize um MIP, em seus primeiros sintomas, observando sempre as instruções de bula e rotulagem”, enfatiza Marli.

 

Brasil no contexto mundial do Autocuidado

Recentemente, foi publicado pela Federação Internacional de Autocuidado (GSCF) um estudo intitulado “Self-Care Readiness Index”, levantamento global que comprova que capacitar as pessoas a praticarem o autocuidado contribui para a sustentabilidade dos sistemas de saúde, além de os impactos positivos na vida e na saúde dos indivíduos. Os 10 países participantes foram avaliados por meio das seguintes categorias: Apoio e Adoção do Autocuidado pelos Stakeholders; Empoderamento do consumidor e do paciente; Política de Saúde de Autocuidado; Ambiente Regulatório.

No cenário mundial, o Brasil é o quarto país, dentre os avaliados, que mais pratica o autocuidado. Ao avaliar as quatro categorias do estudo, observa-se que no país, geralmente os profissionais da saúde e steakeholders, recomendam a prática e os pacientes se sentem bem-informados. Entretanto, ainda falta investimento na qualidade de saúde e no acesso às informações, para que o público se sinta mais seguro. Por ser uma das principais interlocutoras sobre o tema do autocuidado no Brasil, a ACESSA esteve entre os entrevistados.

O estudo mostrou ainda que na América Latina, 84% da população afirmou ter praticado o autocuidado entre 2020/2021, porém dentro dessa porcentagem, 56% precisaram suspender visitas ao médico devido ao isolamento social e ao colapso do sistema público de saúde.

 

PL do 'Dia Nacional do Autocuidado'

Existe um projeto de lei em tramitação, o PL 3099/2019, de autoria do Deputado Juninho do Pneu (União-RJ), que institui no calendário nacional o 'Dia Nacional do Autocuidado'.

"Desejamos que essa data também se replique nacionalmente. O Projeto de Lei para a criação da data oficial já está em tramitação na Câmara dos Deputados e aguarda parecer da Comissão de Seguridade Social e Família. Com a inclusão em nosso calendário local, seríamos capazes de criar programas de política pública para valorizar ainda mais a prática do autocuidado no Brasil", ressalta Marli.



ACESSA - primeira ação no sentido de agregar as indústrias produtoras de medicamentos isentos de prescrição médica, motivada pela defesa do direito à informação, data de meados de 1986.


Estudo do Instituto Votorantim mostra crescimento no número de brasileiros que não votam ou optam por votar branco ou nulo

● Entre 2006 e 2018, a alienação eleitoral cresceu quase 8% no caso da escolha do presidente da República e 10% no processo de eleição de deputados federais 

 

O número de eleitores brasileiros que não comparecem às seções eleitorais somado àqueles que votam branco ou nulo – fenômeno tecnicamente chamado de alienação eleitoral – vem crescendo a cada eleição, nos últimos 15 anos. Apesar da obrigatoriedade do voto obrigatório e do comparecimento às urnas no Brasil ainda estar em patamares considerados saudáveis, na casa de 75%, a alienação eleitoral cresce de forma persistente desde 2006, sobretudo entre o público jovem.

O alerta é do estudo A Alienação Eleitoral no Brasil Democrático, que acaba de ser lançado pelo Instituto Votorantim, com o objetivo de fornecer insumos para análise da participação dos eleitores nos processos de votação. A iniciativa faz parte do Programa Cidadania, criado pelo instituto em 2018 para fortalecer a cultura democrática brasileira a partir do protagonismo cidadão, com atuação em temáticas relacionadas à geração de conhecimento, inovação e fortalecimento de lideranças e de organizações comunitárias que trabalham no tema.

De 2006 a 2018, ano das últimas eleições para o legislativo e o executivo nacionais, a decisão de não votar ou optar pelo voto branco ou nulo cresceu 7,86%, no caso da escolha do presidente da República e 9,99%, quando se trata da eleição de deputados federais.

Enquanto um a cada quatro eleitores brasileiros não exerce o direito ao voto em pleitos presidenciais, nas eleições para governador o número apresenta variação de 10%, e para o Senado a alienação eleitoral chega ao total de 46,8% de votos válidos, ambos em relação a 2006 e 2018. O Sudeste é a região com a maior taxa de alienação, chegando a 37,5% para eleições de prefeitos em 2020. Segundo as análises do estudo, quanto mais distante do dia a dia do eleitor e menos clara a função do cargo, menor o interesse do eleitor em registrar seu voto.

Em regiões metropolitanas, por exemplo, a alienação dos eleitores chega a ser 10% maior em pleitos estaduais/federais na comparação com as eleições municipais.

 

Outros destaques

O estudo mostra que o público com menor engajamento nas eleições são os jovens entre 16 e 24 anos. Nas eleições de 2018, por exemplo, eleitores acima dessa faixa etária votaram quase duas vezes mais do que os jovens.

O nível de escolaridade é a variável que mais influencia o não comparecimento às urnas. Pessoas com Ensino Superior compareceram três vezes mais às urnas em comparação com eleitores que possuem apenas o ensino primário.

‘‘O estudo indica que, na média, o exercício do voto pelos brasileiros encontra-se em um patamar saudável. Porém, o fato de a alienação ser crescente e mais forte entre jovens reforça a necessidade de fomentarmos a conscientização e a participação política, um movimento que vai além das eleições”, diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim. 

Outro ponto que influencia o desinteresse em escolher representantes é a baixa identificação partidária do eleitor. Os dados mostram que pessoas que se identificam partidariamente votam três vezes mais nas eleições presidenciais e duas vezes mais nas eleições legislativas que os eleitores sem nenhuma identificação ideológico-partidária.

A alienação eleitoral poderia ser ainda maior no Brasil sem as urnas eletrônicas. Segundo dados analisados pelo estudo do Instituto, a adoção da tecnologia de votação por meio do uso de teclados simples reduziu de maneira relevante o número erros que resultavam na anulação de votos. O sistema eletrônico contribuiu com uma queda de 42% dos votos nulos e brancos em eleições presidenciais e de 57% em eleições para governos estaduais entre 1994 e 2002, quando as urnas foram totalmente implementadas. “Provavelmente, essa queda está relacionada à facilidade que a tecnologia trouxe para o eleitor indicar seus candidatos, sobretudo para as populações menos escolarizadas”, afirma Gioielli.

Para composição do estudo e análise comportamental do eleitorado brasileiro, o Instituto Votorantim cruzou as bases de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde 1992, e do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp (Universidade de Campinas), desde 2002. O estudo foi desenvolvido em parceria com Ivan Filipe Fernandes, professor doutor de Políticas Públicas na Universidade Federal do ABC (UFABC), onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com apoio do cientista político Caique Terenzzo.

A íntegra e o sumário executivo do estudo A Alienação Eleitoral no Brasil Democrático estão disponíveis no site do Programa Cidadania (https://www.programacidadania.org.br/alienacao-eleitoral/) do Instituto Votorantim.

 

  

Instituto Votorantim

https://www.institutovotorantim.org.br/

 

Crise global é desafiadora, mas oferece oportunidades, sinaliza Liga Árabe

 

A atual crise econômica e sanitária foi destaque na fala das autoridades árabes que participaram do 4º Fórum Brasil-Países Árabes, ontem (4), em São Paulo.

Hossam Zaki, secretário-geral adjunto da Liga Árabe, destacou que o momento pelo qual o mundo ainda passa incrementou o nível de desafios e, ao mesmo tempo, colocou novas oportunidades, como por exemplo a Guerra da Ucrânia. De acordo com ele, o cenário gerou uma lacuna no fornecimento de trigo e assim mais países foram procurados para parcerias.

“Árabes e brasileiros podem e devem se beneficiar do contexto atual e propor oportunidades para ambos expandirem seus negócios. Interessante notar que, mesmo em anos difíceis, a relação árabe-brasileira de intercâmbio comercial chegou a 24 bilhões de dólares, aumento de quase 45% comparando os números de 2019 e 2020”, disse Zaki.

De fato, as exportações para países árabes superaram os U$14 bilhões e as importações, a quase atingiram U$10 bilhões. “Esses números provam a força das relações econômicas entre Brasil e os países árabes, ora com produtos e serviços que fornecemos ou que nos fornecem, como as commodities, proteínas halal, indústria têxtil, insumos como fertilizantes e tantos outros. É necessário aproveitar todas as oportunidades para elevar nossa parceria aos mais altos níveis de excelência”, complementou Zaki.

Youssef Hassan Khalawi, secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, refletiu sobre o tema desta edição, `Legado e Inovação´, afirmando que a convivência entre os povos não teve início apenas com a imigração dos árabes ao Brasil. “Os livros de história já mencionavam a travessia pelo ‘mar da escuridão’ [Oceano Atlântico] com a chegada dos fenícios antes de Cristo nas costas brasileiras. Então desde sempre existe essa presença dos árabes, seus costumes, tradições e o comércio justo para ambas as partes. Tudo isso compõe essa relação de admiração mútua”.

Khalawi afirmou que o Brasil é um grande parceiro na segurança alimentar de 420 milhões de árabes e que estão construindo uma relação ainda mais próxima, dinâmica e estratégica. Entre os avanços, ele citou o módulo de despacho documental Easy Trade, da Câmara Árabe, que permite a validação de documentos de carga de forma digital, sem papel e em prazo antes impensável de dois dias. “Menos burocracia, mais vantagens para todos. Também acompanhamos com satisfação a abertura de escritórios regionais [da Câmara Árabe] em cidades-chave como Brasília, Itajaí, Dubai, Cairo e em breve, possivelmente, em Riade”, adicionou. 

Sameer Abdulla Nass, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Bahrein, enfatizou a necessidade de linhas marítimas diretas entre Brasil e mundo árabe para um comércio ainda mais efetivo e que agregue valor a investidores e exportadores. “O Brasil tem uma importância imensurável para nós porque é uma porta de entrada para América Latina. Temos a certeza de que todas as negociações em torno de melhores linhas marítimas elevarão a nossa relação a patamares inimagináveis comercialmente falando”, colocou.

Para Nass, as crises devem ser encaradas como oportunidades múltiplas em vários setores. “É necessário que a gente trabalhe com muito esforço, na mesma linguagem e direção. Quanto maior a nossa cooperação para atingir avanços importantes, como o marítimo, melhores serão as decisões das empresas sobre investimentos e integração comercial nos próximos anos”.

 

Como garantir segurança ao realizar transações assinadas eletronicamente?

        Desde janeiro de 2020, quando 223 milhões de CPFs vazaram na internet ocasionando em exposição de dados pessoais, as pessoas passaram a ser vítimas dos mais diversos tipos de golpes. Entre eles, podemos citar: abertura de contas digitais, pedido de empréstimos, boletos fraudulentos, entre outros.

Inclusive, foram praticados golpes inusitados como o de financiamento de veículos. Nele, a vítima permite ser fotografada crente na entrega de um suposto “brinde” em sua casa. Porém, trata-se de uma cilada usando a foto desta pessoa como confirmação da contração de uma dívida.

Nesse contexto, é importante ressaltar que nem mesmo os contratos em papéis estão livres de falsificação. Muito pelo contrário, uma vez que os dados de todas as pessoas são facilmente obtidos na internet. Contudo, a obtenção desses dados não precisa, necessariamente vir do submundo da internet, a tal da darkweb. Os dados vazados são encontrados em fóruns indexados nos principais buscadores na rede mundial de computadores.

 

 Segurança eletrônica no âmbito empresarial

        Nesse cenário de insegurança ao realizar transações pela internet, com tantas pessoas sendo vítimas de golpes, pouco falamos das empresas. Elas também estão vulneráveis, muitas vezes tendo que absorver prejuízos em negociações fraudulentas, uma vez que a vítima não tem culpa. Mas a empresa que emprestou o dinheiro, vendeu um bem, alugou etc., como fica nessa história? O xis do problema é ter certeza de que se está realmente fazendo negócio com o cliente de verdade e não com um golpista.

 

Evidências técnicas e prova de autoria

        Tudo pode ser contestado judicialmente, mas como as empresas estão se resguardando para casos de embates em tribunais?

A assinatura eletrônica de contratos ajuda as empresas a gerarem provas técnicas de que o signatário estava em concordância do conteúdo assinado no momento de sua anuência. Ademais, armazenamento de endereço de IP, geolocalização, coleta biométrica, são fontes de informações técnicas para demonstrar onde a pessoa se encontrava no momento de sua assinatura. Sem contar que com a utilização da assinatura digital, aquela que vincula um certificado digital na formalização, temos a prova irrefutável que a pessoa que assinou é de fato o signatário desejado, conforme preconiza a MP 2.200-2.

Para coroar, o carimbo de tempo, que garante o momento em que a pessoa assinou um documento, através do acréscimo da hora legal em sua assinatura digital, reforça ainda mais a segurança de realizar transações na internet.

 

Escolhendo um fornecedor que garanta a segurança

Isto posto, é importante optar por uma ferramenta de formalização digital que permita fazer tudo isto, de forma prática e segura, que seja periodicamente testada para detecção de possíveis vulnerabilidades e que impeça que os seus dados sejam vazados.

Ainda, a ferramenta escolhida deve seguir os rígidos padrões de segurança do mercado, garantindo alta disponibilidade, redundância e contingência de seus sistemas. Portanto, escolher um sistema completo de coleta de assinaturas utilizando credenciais de acesso combinadas com duplo fator de autenticação, certificado digital e carimbo de tempo para garantia de temporalidade, é sem dúvidas a alternativa mais segura.

Muitos sistemas entregam assinatura digital ou eletrônica. Contudo, é de suma importância questionar o seu fornecedor antes de escolher uma solução de assinatura, o que realmente está sendo entregue no ponto de vista de segurança ao assinar eletronicamente um documento.

Sob essa ótica, ter uma solução que agregue todos os pontos de segurança aqui citados, preferencialmente com um protocolo atestando todos os processos utilizados no ato da assinatura digital ou eletrônica de um documento é um grande diferencial em eventual embate jurídico. Assim sendo, isto fará toda a diferença para comprovar a assinatura de uma parte em um tribunal.

 

Marcelo Nagy - Perito Digital, Diretor de Segurança da Informação da QualiSign, Diretor da Academia de Forense Digital, Professor, Curador e Palestrante.

https://www.linkedin.com/in/marcelonagy/


Conselho de Segurança da ONU precisa renovar ajuda transfronteiriça que salva vidas no Noroeste da Síria

Último ponto de passagem para a ajuda humanitária está ameaçado; Milhões de pessoas correm risco de perder o acesso a serviços de saúde

 

Em breve, milhões de pessoas podem perder o acesso à ajuda médico-humanitária no Noroeste da Síria, caso a resolução transfronteiriça de número 2585 não seja renovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). Médicos Sem Fronteiras (MSF) pede ao Conselho a renovação da resolução, que expira no dia 10 de julho.

Cerca de 60% das pessoas que residem nesta área podem ficar sem serviços médicos e sem ajuda humanitária, que são extremamente necessários. Hoje, a travessia de Bab Al-Hawa, na fronteira Síria-Turquia, é o único ponto de passagem aprovado para o Noroeste da Síria.  Até dia 10 de julho de 2022, a resolução será posta para votação e o que está em risco é a última rota de acesso à região.

A não renovação da resolução transfronteiriça agravaria ainda mais a já desesperada situação humanitária da população local. Segundo a ONU, das 4,4 milhões de pessoas que vivem no Noroeste da Síria, 4,1 milhões precisam de ajuda humanitária e 3,1 milhões precisam de assistência médica. O acesso aos cuidados médicos continua a ser um desafio para muitos devido à insegurança, à distância das unidades de saúde e ao custo de serviços ou transporte. Todos os meses as operações transfronteiriças apoiam 2,4 milhões de pessoas.

“A ameaça cada vez maior de uma não renovação da resolução transfronteiriça paira como uma espada de Dâmocles sobre as pessoas em um cenário de necessidades humanitárias e médicas avassaladoras e uma grave crise econômica”, diz Claire San Filippo, coordenadora do projeto de MSF na Síria. “O Conselho de Segurança da ONU deve renovar as operações transfronteiriças que salvam vidas. Se esta rota for cortada, o acesso a alimentos básicos, água e saúde de milhões será drasticamente reduzido. Isso levará a mortes evitáveis”, acrescenta San Filippo.

Em 2021, mais de 99% dos suprimentos humanitários de MSF para o Noroeste da Síria foram enviados por Bab Al-Hawa. Se a resolução não for renovada, a maioria dos hospitais e unidades de saúde não terão os suprimentos médicos necessários para operar, e a vida dos pacientes estará em risco. MSF será forçada a revisar a escala e a qualidade do apoio à saúde fornecido na região e não poderá mais fornecer o volume atual de resposta.

Onze anos de conflito, a pandemia de COVID-19, o agravamento da crise econômica, as sanções e os efeitos em cascata da guerra na Ucrânia sobre o preço dos alimentos e combustíveis pioraram ainda mais as condições de vida da população na Síria. Segundo a ONU, mais de 14,6 milhões de pessoas no país precisam de ajuda humanitária, um aumento de 1,2 milhão em relação a 2021. Os preços da cesta básica estão disparando, registrando o preço médio mais alto já alcançado desde o início do monitoramento em 2013. Cerca de 90% da população continua abaixo da linha da pobreza.

O envio de ajuda através do ponto de passagem Bab Al-Hawa continua a ser a forma mais rápida, eficaz, transparente e menos dispendiosa da assistência humanitária atravessar para o Noroeste da Síria. Atualmente, não há alternativa viável para essa rota.

MSF pede aos membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança da ONU que renovem a resolução transfronteiriça do UNSCR (2585) para o fornecimento de ajuda humanitária através de Bab Al-Hawa no Noroeste da Síria.

Para obter mais informações sobre a resolução transfronteiriça da Síria, consulte:

https://www.msf.org/access-healthcare-northwest-syria-risk-over-potential-border-crossing-closure


O racismo no futebol e a consciência coletiva

Ato criminoso tem de ser punido da forma mais severa possível!


Recentes e antigos episódios de discriminação racial nos esportes, especialmente no futebol, ocorridos no exterior ou em território brasileiro, demonstram que o preconceito de cor ainda é uma chaga, que nos envergonha e precisa ser corajosamente enfrentada.

Desde 1831, portanto, há mais de 190 anos, quando foi aprovada a primeira lei brasileira de combate ao comércio negreiro, e não por iniciativa nossa, mas por forte pressão da Inglaterra, que vivemos de leis promulgadas apenas “para inglês ver”.

No início do século XX, somente uma elite privilegiada praticava o futebol como esporte. Entretanto, ainda nas primeiras décadas dos 1900, ocorreu a quebra desse paradigma, com a criação e grande sucesso dos times mistos, multirraciais, que colocavam em pé de igualdade brancos-ricos e negros ou pardos quase analfabetos, desaparecendo vantagens de uns sobre outros, pelo menos em campo, pela genialidade dos negros no esporte.

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê penas duras para a prática criminosa do racismo, e no extremo, até a exclusão do clube envolvido do torneio. Mas raramente é cumprido!

O Crime de racismo é definido como inafiançável, sendo aquele em que o agente impede o exercício de qualquer direito líquido e certo de um grupo, em razão de preconceito de cor, religião, etnia ou procedência nacional. Há também o chamado crime de injúria racial, que não se confunde com o crime de racismo, mas está tipificado no Código Penal, e ocorre quando o agente se utiliza da etnia, cor, religião, origem ou deficiência para ofender a honra subjetiva da vítima, para o qual estão previstas multas e até prisão.

Hoje, pode-se dizer que, a cada partida de futebol, aumenta o potencial de se verificar um festival de ocorrências criminais, que precisam ser julgadas e, principalmente, punidas.

A Secretaria estadual da Justiça e Cidadania apura todos estes fatos e, identifica, entre as aproximadamente 220 denúncias étnico-raciais, recebidas entre janeiro e maio de 2022, menos de 5% como denúncias de racismo especificamente no futebol.

Entretanto, por meio da sua Coordenadoria de Políticas para a População Negra e Indígena, a SJC está habilitada a iniciar a apuração deste tipo de crime no futebol apenas com a publicação na grande mídia, como recentemente vem realizando. Além disso, já está em diálogo com as torcidas organizadas paulistas – algumas das maiores do país – para estabelecer ações contra o racismo no futebol. Para denunciar, basta acessar o link da SJC (www.justica.sp.gov.br), ou ligar para a Ouvidoria (11) 3291-2621 / 3291-2624, de segunda a sexta, das 10h00 às 17h00, ouvidoria@justica.sp.gov.br.

É absolutamente incompreensível e inaceitável que, em pleno século XXI, atitudes irracionais e racistas sejam manifestadas por torcedores, jogadores ou clubes de futebol.

A Pátria-Mãe dos inúmeros craques negros que o mundo todo respeita, e do rei Pelé, que conquistou gerações, precisa mudar essa realidade, e dar o exemplo, com a participação de todos os paulistas e brasileiros!

São Paulo contra o racismo é isso!

 

Fernando José da Costa - advogado, criminalista, professor universitário, Secretário de Estado da Justiça e Cidadania de São Paulo, Presidente da Fundação Casa e Superintendente do IMESC (Instituto de Medicina e Criminologia do Estado de São Paulo).


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