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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Andar de bicicleta requer cuidados para evitar fraturas e lesõe

Com a crescente prática esportiva sobre duas rodas, aumenta a preocupação com os cuidados que se deve ter antes, durante e após cada pedalada. Alguns pontos de vendas de ‘bike’ já têm dificuldades de entrega imediata de alguns modelos pela grande procura. Andar de bicicleta é um exercício excelente que combina resistência, força, respiração, condicionamento, enfim, muitas vantagens. Também é o principal meio de transporte em muitos lugares. O número de acidentes com quedas faz com que haja preocupação, pois frequentemente ocasionam fraturas.

Dentre as mais comuns, estão as dos membros superiores, seja em ombro, cotovelo ou punho e as da face, podendo ser mais graves com traumatismo cranioencefálico severo. Fraturas múltiplas são extremamente comuns, o que causa uma limitação diária, sendo muitas por período prolongado. Nos membros inferiores, vê-se com frequência crianças que prenderam o pé na roda, causando lesões em tornozelo e pé. As medidas de prevenção aqui também são fundamentais. Antes de sair de casa, verificar o funcionamento dos freios e se os pneus estão cheios, assim como acertar a altura do banco. Além disso, não se esquecer do uso de capacete, que deve estar ajustado e fixo. Para uma proteção maior, considerar uso de joelheiras e cotoveleiras.

Deve-se usar roupa que não fique larga ou comprida nas pernas e o calçado deve estar bem amarrado, para que não engate na correia ou no aro da roda. O uso de chinelo não é bem-vindo, pelo risco de se soltar ou prender na corrente. Durante o trajeto, cuidar com a iluminação. Se for para praticar essa atividade à noite, preferir sempre ruas mais claras e não se esquecer de iluminação e sinalização na bicicleta. Dar preferência por caminhos que já se conhece, regulares, cuidando com bueiros e buracos.


Ao andar com mais pessoas, deve-se manter distância segura, considerando que a outra pessoa pode ter que desviar de alguma coisa ou frear repentinamente. Andar de bicicleta é uma atividade frequente, mas não se deve esquecer que ela é um veículo de transporte que tem todos os seus cuidados e regras de coletividade.

 



 Dr. Vagner Messias - médico ortopedista do Hospital VITA (Curitiba-PR), especialista em ombro e cotovelo.


Cinco perguntas sobre o novo surto de Ebola na Guiné

Após as autoridades da Guiné, na África, declararem um novo surto de Ebola no país, no último dia 14 de fevereiro, a organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) iniciou a mobilização de especialistas com experiência no atendimento a pacientes com Ebola para formar uma equipe de resposta à doença. Como uma das principais organizações médicas atuante durante o surto da enfermidade entre 2014 e 2016, na África Ocidental, MSF está formando um núcleo para oferecer assistência às populações da região afetada.

Anja Wolz é a Coordenadora de Emergência de Ebola e está a frente da supervisão da resposta de MSF no país. Ela explica como o novo surto foi identificado e quais são as melhores práticas para deter o vírus, que matou 40% das pessoas infectadas na última pandemia na região do Golfo da Guiné, entre 2014 e 2016.


P: Quão preocupados vocês estão com este novo surto de Ebola?

Anja: Como em todas as respostas a epidemias, é importante manter a calma e o foco, mas um surto de Ebola é sempre preocupante. Por isso, mobilizamos uma equipe, formada por especialistas de MSF com experiência no atendimento em casos de Ebola, que viajarão para a Guiné assim que os processos administrativos e de visto permitirem. Podemos descobrir que se trata de um pequeno surto, fácil de controlar e conter, ou podemos descobrir que o problema é maior e mais complexo.


P: Que medidas têm de ser adotadas no início de uma resposta ao Ebola?

Anja: Primeiro precisamos ter uma visão clara do problema. Uma equipe de vigilância epidemiológica, com um epidemiologista de MSF, partiu na segunda-feira, 15 de fevereiro, para as áreas afetadas de N'Zerekore e Gouéké, no extremo sul do país. Eles já começaram a fazer o trabalho de vigilância epidemiológica, mas ainda não temos total clareza sobre o que estamos enfrentando.

Depois, há uma série de medidas básicas e importantes, que devem ser tomadas de forma rápida e adequada como:

  • rastrear contatos (identificar todas as pessoas que estiveram em contato com alguém que foi diagnosticado com Ebola, para monitorar sua saúde e interromper a cadeia de transmissão);
  • ter instalações médicas com a estrutura adequada para isolar e tratar os pacientes com Ebola;
  • garantir que haja práticas funerárias seguras para qualquer pessoa que morra de Ebola ou com suspeita da doença;
  • transmitir informações úteis e claras sobre educação em saúde;
  • certificar-se de que haja uma boa triagem estabelecida em todas as unidades de saúde, para minimizar as chances do Ebola ter consequências indiretas no resto do sistema de saúde;
  • envolver a comunidade.

O envolvimento da comunidade é de importância vital para o sucesso do trabalho. Precisamos investir tempo e energia para falar e ouvir as comunidades das áreas afetadas. É preciso adaptar a nossa resposta à epidemia de acordo com as demandas locais, mas também é preciso que eles se adaptem para evitar os riscos de contágio pelo Ebola. Tem que ser uma conversa de mão dupla.

 

P: E quanto à perspectiva de uma vacina contra o Ebola?

Anja: Certamente a existência de vacinas contra o Ebola é uma das principais diferenças em relação ao surto enfrentado entre os anos de 2014 e 2016. E esta é uma ótima notícia, mas precisamos ter cuidado com as expectativas. É improvável que haja vacinas suficientes para cobrir regiões ou prefeituras inteiras. Isso significa que as decisões sobre como será o uso da vacina precisam ser explicadas de forma muito clara, para evitar mal-entendidos e possível desconfiança nas comunidades afetadas pela doença.

E, mais uma vez, tudo se resume ao engajamento da comunidade. Já vimos isso acontecer muitas vezes no passado. Se uma comunidade se sente envolvida, ouvida e capacitada, a resposta ao Ebola provavelmente correrá bem, com ou sem vacinas. Mas, se uma comunidade se sente marginalizada, ignorada e fica nervosa ou desconfiada, então a resposta ao Ebola provavelmente enfrentará múltiplas dificuldades, com ou sem vacinas.


P: E quanto aos novos tratamentos do Ebola?

Anja: É verdade que não existiam tratamentos para o Ebola no início do surto de 2014 e, portanto, essa é uma diferença significativa neste momento. Ainda não sabemos qual dos tratamentos será usado na Guiné, mas o próprio fato de ter uma opção de tratamento é bom por dois motivos:

  • aumentam significativamente as chances de sobrevivência do paciente, principalmente se o doente iniciar o tratamento razoavelmente cedo;
  • significa que temos melhores chances de incentivar as pessoas a virem mais cedo para o tratamento e isolamento. Antes que houvesse um tratamento disponível, era compreensível que as pessoas ficassem longe dos Centros de Tratamento de Ebola, que muitas vezes eram temidos como locais de morte. Mas com um tratamento disponível, isso pode mudar substancialmente. Isso é importante para o controle de surtos, porque quando alguém com Ebola está isolado, não espalha o vírus para outras pessoas.

 

P: Como MSF atuará na Guiné?

Anja: Teremos uma pequena equipe multidisciplinar especializada em Ebola capaz de lidar com praticamente todos os aspectos ao combate à doença. Já temos um primeiro time avançado, que se mudou para a área, para ajudar na vigilância epidemiológica. Eles também vão entender o que a comunidade conhece sobre a doença para adaptar de forma adequada as informações de educação em saúde para a população. Quando a equipe dedicada ao Ebola chegar, eles combinarão forças e tomarão decisões rápidas sobre onde e como MSF pode ajudar mais. A equipe terá as habilidades e ferramentas para fazer o que for necessário. Desde o tratamento médico do Ebola até o trabalho de vigilância epidemiológica, educação em saúde, rastreamento de contatos, engajamento da comunidade ou vacinação.

Há algo essencial a ser lembrado, tanto para MSF quanto para todas as outras equipes envolvidas na resposta. Você precisa trazer suas habilidades técnicas (médicas ou epidemiológicas ou de controle de infecção ou educação em saúde), mas você também precisa utilizar suas habilidades interpessoais para o engajamento comunitário. Ambas são necessárias em uma resposta à epidemia de Ebola.

 



Sobre Médicos Sem Fronteiras

Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos. Para saber mais acesse o site de MSF-Brasil.


Hemospermia: sangue no esperma

Hemospermia ou Hematospermia é uma ocorrência que assusta o homem e consiste na presença de sangue no fluido seminal ou ejaculado. A hemospermia pode ocorrer apenas uma vez, ser esporádica ou tornar-se crônica. Muitas vezes é autolimitada e sua prevalência exata é desconhecida. Existem relatos médicos de hemospermia desde a época de Hipócrates e acredita-se que represente cerca de 1% de todos os sintomas urológicos. Sua prevalência é estimada em aproximadamente um caso para cada cinco mil pacientes urológicos, ocorrendo em homens com menos de 40 anos.

Inicialmente deve-se excluir o sangramento de origem ginecológica que pode misturar-se ao esperma durante o ato sexual. Existem muitas causas possíveis de hemospermia e a maioria delas são benignas. Quando recorrente e em homens com mais de 40 anos de idade, deve ser investigada e tratada; porém, em cerca de 10% a 20% dos casos será considerada idiopática (ou seja, de causa desconhecida), mesmo após exaustiva investigação diagnóstica.

Citamos algumas causas conhecidas de sangue no esperma:

• Infecção (bacteriana, Treponema pallidum , esquistossomos, citomegalia,
Mycobacterium tuberculosis, condilomas virais ou hpv),

• Anomalias anatômicas congênitas do aparelho genito-urinário,

• Tumor (próstata, vesículas seminais, bexiga, testículo),

• Trauma (uretra, períneo, escroto),

• Doenças da próstata (prostatites, cálculos, cistos, pólipos, divertículos, hiperplasia),

• Estenoses (estreitameto) de uretra (conduto que conduz a urina da bexiga para o meio externo),

• Biópsia da próstata ou outras intervenções urológicas,

• Doença sistêmica (Hipertensão arterial, Hemofilia, Doença hepática, Linfoma, Leucemia),

• Causas vasculares (Hemangiomas, Varizes, Teleangiectasias),

• Medicamentos (anticoagulantes),

• Práticas sexuais (sangramento secundário a trauma da próstata por um estimulador, dano à uretra por um anel peniano apertado ou a introdução de corpos estranhos).

Além de diagnosticar e tratar a hemospermia, outro objetivo é excluir causas malignas e sexualmente transmissíveis e, para isso, faz-se necessário levantar um histórico clínico detalhado, somado a um exame físico completo, incluindo o exame retal. Os exames acessórios (sangue, urina, esperma, ultrassom transretal, tomografia, ressonância magnética e cistoscopia) serão personalizados pelo seu médico ao final da consulta.

Na grande maioria das vezes, as causas de hemospermia são benignas, raramente recorrentes e o tratamento, quando necessário, pode ser clínico com remédios. Em algumas situações, o tratamento pode ser cirúrgico diante dos achados clínicos e laboratoriais. O importante é procurar o seu Urologista para uma consulta médica, visando diagnóstico da causa da hemospermia, esclarecimento de dúvidas e tratamento adequado, quando necessário.



 

Dr. Marco Aurélio Lipay - Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia".


Sequelas da Covid-19: Desbalanço metabólico e inflamações no fígado estão entre quadros mais preocupantes

Denominada pelos estudiosos como Síndrome pós-Covid, condição é inflamatória, difusa e multissistêmica

 

Há pouco mais de um ano o mundo foi apresentado à infecção pelo Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19, que até o momento já vitimou 2,3 milhões de pessoas ao redor do globo em meio a pandemia. Ademais ao número alarmante de mortos, quem consegue se recuperar da doença ainda está sujeito a outro problema: a Síndrome pós-Covid.  

O tempo de recuperação da doença segundo relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de duas semanas em quadros leves e de três a seis semanas em casos graves. Porém, as modificações após o quadro, que atingem principalmente o sistema nervoso central, costumam se estender por meses.  

Esse conjunto de sintomas pós-Covid ainda é pouco compreendido, mas inclui alterações cardiopulmonares, fadiga, distúrbios metabólicos, déficits cognitivos e inflamações persistentes que podem durar de semanas a meses. No consultório do médico Dr. Rafael Soares, especializado em nutrologia e dermatologia, a recorrência dessas alterações tem sido considerável. “As alterações metabólicas mais comuns são a diminuição de hormônios e vitaminas, assim como o aumento de enzimas do fígado, por inflamação persistente”, comenta.  

Outros pontos destacados são quadro de depressão leve a moderada, assim como alterações de raciocínio e memória. “Ambos cenários são reversíveis. Nos meus pacientes uso muitas substâncias naturais, chamadas de nootrópicos, que aceleram a cognição, melhoram memória e até mesmo a disposição do paciente. Além disso, substâncias que diminuem a saturação que ocorre no fígado e reposição dos nutrientes perdidos durante a enfermidade são bem-vindos” explica Dr. Rafael Soares.   

Após 45 dias de tratamentos, os pacientes costumam apresentar respostas satisfatórias e retornam aos parâmetros próximos aos anteriores à doença. “O patógeno causador da COVID-19 é membro da mesma família do coronavírus da Sars, já relacionada a quadros de fadiga crônica após a infecção e apesar dos relatos, os tratamentos da síndrome envolvem diversas abordagens que precisam ser acompanhadas por um profissional”, alerta o médico.

 


Créditos de: Divulgação / MF Press Global 


Por que a descoberta do marca-passo revolucionou a história da cardiologia

Inventado no início do século XX, o marca-passo possibilitou melhor qualidade de vida aos pacientes cardiopatas

 

Entre as maiores causas de morte no Brasil estão as doenças cardiovasculares, que de acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia são responsáveis por 30% dos óbitos registrados no país. O cenário poderia ser ainda mais preocupante caso um aparelho pequeno, porém trivial, não fosse inventado: o marca-passo.   

Antes do advento do aparelho, não haviam tratamentos disponíveis e viáveis para pessoas que necessitavam de estimulação cardíaca elétrica artificial. Portanto, o coração que perdia capacidade de batimento e tinha frequência cardíaca afetada ou reduzida, resultava em um paciente extremamente sintomático.  

O médico cardiologista Dr. Roberto Yano explica que naquela época era comum que pacientes evoluíssem para os distúrbios na condução elétrica, com bloqueios graves no coração, que tinham expressiva redução na expectativa de vida e uma piora no bem-estar do paciente que era condicionado a conviver com sintomas de baixo débito cardíaco como cansaço, tontura, desmaios, falta de ar e até morte. 

“Essa invenção revolucionou a medicina, pois os pacientes com batimentos lentos decorrentes de bloqueios graves na corrente elétrica cardíaca, simplesmente não sobreviviam. Aqueles que não morriam, passavam a ter sintomas muito limitantes além de qualidade de vida muito ruim. Existem casos de pessoas que ganharam mais de 60 anos de sobrevida por implantar o marca-passo em tempo hábil”, analisa o cardiologista.   

 

Afinal, como funciona o marca-passo?  

O Dr. Roberto Yano explica que o coração, para se contrair, precisa de correntes elétricas produzidas pelas células do coração para estimular o batimento cardíaco. Essas células estão localizadas em pontos estratégicos do coração como o nó sinusal e o nó atrioventricular. 

 A problemática surge visto que há doenças como o infarto, insuficiência cardíaca, Doença de Chagas, ou o próprio envelhecimento do sistema de condução, por exemplo, que fazem com que essas células que produzem as correntes elétricas fiquem doentes.   

“Quando o sistema de condução está doente, ocorre diminuição da frequência cardíaca desse paciente e ele passa a ter sintomas. Existem casos em que os bloqueios ou falhas são tão graves que necessitam de implante de marca-passo de imediato ou o paciente vai a óbito”, explica.    

Incumbido de realizar estimulação e regularização cardíaca, o marca-passo pode monitorar e identificar batimentos irregulares, lentos ou até mesmo pausas. “Se o aparelho for programado para estimular a partir de 70bpm e seu coração estiver batendo ritmicamente a 80bpm, o marca-passo identifica como batimentos normais e não age estimulando. Quando o ritmo fica abaixo de 70bpm, ou seja, abaixo da frequência cardíaca programada, o aparelho entende que precisa agir e libera estímulos elétricos ao coração”, explica o médico cardiologista Dr. Roberto Yano.    

Além disso, as recomendações de uso de marca-passo se dividem em classes. As indicações clássicas são para a doença do nó sinusal, bloqueios atrioventriculares que ocorrem no feixe de his ou abaixo dele, por exemplo, os bloqueios de 2° grau do tipo II e bloqueios átrio-ventriculares totais.   

“Existem ainda casos de paciente com hipersensibilidade do seio carotídeo ou síncope neurocardiogênica em que o marca-passo também pode ser indicado, assim como também é recomendado para pacientes com bradicardia e estão sintomáticos. Afinal, ainda não existem medicamentos eficazes para que se aumente a frequência do coração”, pontua Dr. Roberto Yano.  

 

Linha do tempo do marca-passo  

1932: Albert Hyman idealizou o primeiro marca-passo artificial da história. O aparelho foi utilizado em um portador de bloqueio cardíaco e consistia em um equipamento que produzia energia por manivelas e estimulava o coração. Devido ao peso da invenção, cerca de 7 quilos, ele funcionava fora do peito, por ser impossível implantá-lo.   

1958: Ocorre o primeiro implante de marca-passo. A cirurgia foi realizada por Ake Senning, na Suécia. O marca-passo dessa época era composto por uma grande bateria, que durou apenas uma semana no corpo do paciente. O gerador fora alocado no abdômen do paciente.   

1960 e 1970: Os primeiros implantes de marca-passo no Brasil foram realizados, sendo que os pioneiros em implante e fabricação foram os cardiologistas Décio Kormann e Adib Jatene.  

1970: O aparelho começou a ter suas dimensões diminuídas e vida útil aumentada devido aos avanços da medicina.  

Dias atuais: Já existem marca-passos com telemetria por radiofrequência, tecnologia que permite comunicação sem fio e segura entre o dispositivo implantado e o programador utilizado pelo médico.

 

Créditos de: Divulgação / MF Press Global 


Pandemia aumenta adesão à lente de contato

Mau uso é a maior causa de contaminação da córnea no mundo. Entenda. 


A pandemia de coronavírus provocou alterações na saúde ocular e está aumentando a adesão às lentes de contato no mundo todo. No Brasil não é diferente. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier e membro do CBO (Conselho Brasileiro de oftalmologia), pelo menos 10% dos pacientes do hospital que têm miopia, hipermetropia, astigmatismo ou vista cansada trocaram os óculos por lente de contato.

O médico conta que as razões apontadas pelos pacientes para esta mudança é o embaçamento das lentes dos óculos pelas máscaras e a melhor performance nas reuniões virtuais com o rosto mais livre. 

O oftalmologista ressalta que os prontuários do hospital também mostram que na emergência as abrasões na córnea com álcool predominam durante a pandemia, principalmente entre crianças. O maior uso de computador e celular no trabalho ou aulas online também aumentou os casos de olho seco em todas as idades. “É comum pacientes chegarem aos consultórios acreditando que o grau das lentes está desatualizado, mas no exame  é diagnosticado olho seco que deixa a visão embaçada. Outros sintomas são vermelhidão, sensibilidade à luze e ardência, salienta.

 

Contaminação da córnea

Queiroz Neto afirma que o mau uso de lente de contato é a maior causa de contaminação da córnea no mundo. O calor somado ao olho seco facilita o contágio. Isso porque, a lágrima tem a função de proteger a superfície do olho. Os prontuários de 210 pacientes mostram 65% das contaminação com lentes são causadas por má higienização, armazenamento incorreto e uso fora do prazo de validade.

 

Verão

O médico alerta que no verão as contaminações chegam a dobrar. Isso porque, o calor é o ambiente perfeito para a proliferação de bactérias que sobrevivem na pele, água, ar, areia e terra.” Basta uma gota d’água cair na lente ou estojo para causar infecção por acanthamoeba, um parasita que pode cegar. Horas de banho de sol podem deixar o olho vermelho pela evaporação da lágrima. Mas a recomendação do oftalmologista é  retirar a lente do olho e fazer uma compressa com água fria ao primeiro desconforto. “Caso a irritação persistir é necessário consultar um oftalmologista”, afirma. O hábito de pingar  colírio receitado para um amigo ou alguém da família pode desencadear outras complicações como o glaucom e catarata precoce ou tornar a infecção intratável, adverte. "É isso que explica o alerta da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o desenvolvimento de bactérias cada vez mais resistentes por conta do uso indiscriminado de antibióticos. Cabe a cada um de nós quebrar este ciclo", pondera.

 

Cuidado com ar condicionado

Outro gatilho para a contaminação, ressalta, é o ressecamento da lágrima provocado pelo uso intensivo do  ar condicionado, principalmente durante a pandemia, porque aparelhos domésticos não filtram o ar e aumentam o risco de contaminação pelo coronavírus. . Para quem não tem como escapar dos ambientes refrigerados, o oftalmologista afirma que a lente escleral é a mais adequada por cobrir uma área maior do olho e diminuir o ressecamento da lágrima.

 

Prevenção

Para usar lente de contato e preservar a córnea o oftalmologista recomenda:

Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.

Utilizar solução higienizadora na limpeza e enxágüe das lentes, mais  o estojo.

Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos

Não usar água  ou soro fisiológico na limpeza.

Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo

Colocar as lentes sempre antes da maquiagem

Guardar o estojo em ambiente seco e limpo

Trocar o estojo a cada quatro meses

Respeitar o prazo de validade das lentes

Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.

Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista

Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas

Não entrar no mar ou piscina usando lentes.



No Dia da Mulher, um alerta: Câncer de Mama já é a doença oncológica que mais afeta a população global

Estudo da OMS também aponta para descoberta de tumores em estágio avançado como "herança" da COVID-19; Consultas de rotina e exames periódicos são essenciais para a descoberta precoce de tumores malignos, chave para a cura em mais de 90% dos casos



O recém publicado estudo GLOBOCAN 2020, liderado pela Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês) - entidade intergovernamental que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) - e pela Sociedade Norte-Americana de Câncer (ACS), mostra que cenário da oncologia está mudando, com aceleração em todo planeta nos índices de incidência da doença e uma novidade: o câncer de mama se tornou agora o mais diagnosticado em todo o mundo, superando os tumores de pulmão.

Para o oncologista e líder do grupo de mama da Oncoclínicas Max Mano, este cenário é reflexo, em grande parte, de aspectos inerentes ao desenvolvimento sócio-econômico e cultural dos diferentes países. "O contínuo aumento global na incidência do câncer de mama se deve a um conjunto de fatores que incluem mudanças no estilo de vida - tais como a epidemia de obesidade, uso de hormônios, menarca precoce/menopausa tardia, menor (e mais tardia) paridade/amamentação, maior consumo de álcool, sedentarismo -, demográficas, relativas ao envelhecimento da população, e, possivelmente, uma maior capacidade dos países ricos de fazerem diagnósticos", destaca.

Ele frisa que, apesar do câncer de mama ainda apresentar taxas menores de letalidade em comparação aos tumores de pulmão, os dados apresentados pela OMS acendem um sinal vermelho sobre a atenção às políticas públicas de incentivo à detecção precoce da doença em países emergentes, caso do Brasil.

"Apesar da incidência crescente, em geral, a mortalidade por muitos tipos de câncer, especialmente o de mama, vem diminuindo nos últimos anos. A má notícia é que isso só tem ocorrido, ao menos de maneira consistente, nos chamados países desenvolvidos. Por causa da ocorrência de diagnósticos em estágio mais avançado e do menor acesso a tratamentos, a letalidade por câncer é maior em países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos, um fato cruel que foi acertadamente captado pelo estudo GLOBOCAN 2020", aponta Max Mano.

Isso exigirá esforços contínuos no sentido de aumentar a taxa de cobertura da mamografia de rastreamento populacional, assim como o nível de alerta das mulheres para alterações na mama, requerendo atenção dos especialistas para que o câncer de mama seja diagnosticado da forma mais precoce possível.

"O baixo investimento em medidas de prevenção e diagnóstico precoce e da menor oferta de tratamentos oportunos e eficazes pode condenar os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento a anos de atraso nas políticas de combate ao câncer em relação aos seus pares mais afortunados", diz o oncologista da Oncoclínicas.

No Brasil, o câncer de mama responde por cerca de 67 mil novos diagnósticos de câncer todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). De forma geral, a mamografia é o principal exame preventivo para identificação de tumores de mama. Ela deve ser realizada anualmente por todas as mulheres acima dos 40 anos e a decisão por adiar ou não esse exame só deve ser tomada mediante o aconselhamento médico.

As chances de cura chegam a 95% ou mais quando o tumor é descoberto no início, sendo o tratamento menos invasivo, o que melhora, em muito, a qualidade de vida durante e após o tratamento da doença.


Covid-19 trará consequências na luta contra o Câncer

A descoberta tardia pelo atraso na realização de exames de rastreamento e a falta de acesso a tratamentos, especialmente em países em desenvolvimento, estão entre os aspectos ressaltados pela OMS como efeitos que afetam diretamente os cuidados oncológicos. A organização informou que nas duas últimas décadas o número total de pessoas com câncer quase dobrou, saltando de 10 milhões estimados em 2000 para 19.3 milhões em 2020.

As projeções indicam ainda que nos próximos anos há uma tendência de elevação dos índices de detecção do câncer, chegando ao patamar de quase 50% a mais em 2040 em comparação ao panorama atual, quando o mundo deve então registrar algo em torno de 28.4 milhões de casos de câncer. Isso significa que a cada 5 pessoas, uma terá câncer em alguma fase da vida. Nos países mais pobres, a incidência da doença deve ter um crescimento superior a 80%.

O número de mortes por câncer, por sua vez, subiu de 6,2 milhões em 2000 para 10 milhões em 2020 - uma equação que aponta que a cada seis mortes no mundo uma acontece em decorrência do câncer. E a tendência é que haja aumento nesse triste ranking, já que a OMS também indica que a pandemia trará como consequência mais casos de pacientes com câncer em estágio avançado por conta dos atrasos na descoberta e tratamentos de tumores malignos.

"Os reflexos do adiamento nos acompanhamentos médicos de rotina por medo de exposição ao novo coronavírus podem a curto e médio prazos, de fato, desencadear um aumento global nos índices de tumores descobertos em fase mais avançada. Isso vai impactar na sobrevida dos pacientes oncológicos, como uma das heranças perversas da pandemia para a saúde como um todo", afirma Max Mano.

O oncologista da Oncoclínicas reforça que "o câncer não espera". A condição faz parte do rol de doenças estabelecido pelo Ministério da Saúde, cujo tratamento não pode ser considerado eletivo. Atualmente, ainda de acordo com os dados do GLOBOCAN, mais de 1,5 milhão de brasileiros têm tumores malignos, sendo que em 2020 foram diagnosticados 592.212 novos casos e registrados 259.949 óbitos em decorrência de neoplasias malignas. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que são esperados ao menos outros 625 mil diagnósticos de câncer até o final de 2021.
 

Brasil registra 9.215.164 milhões de pessoas recuperadas

Número é superior à quantidade de casos ativos, ou seja, pessoas que estão em acompanhamento médico. Informações foram atualizadas às 17h30 desta terça-feira (23/02)

 



O Brasil registra 9.215.164 milhões de pessoas curadas da Covid-19. No mundo, estima-se que pelo menos 29 milhões de pessoas diagnosticadas com Covid-19 já se recuperaram. O número de pessoas curadas no Brasil é superior à quantidade de casos ativos (794.182), que são os pacientes em acompanhamento médico. O registro de pessoas curadas já representa a grande maioria do total de casos acumulados (89,8%). As informações foram atualizadas às 17h30 desta terça-feira (23/02) e enviadas pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde.

 A doença está presente em 99,98% dos municípios brasileiros. Contudo, mais da metade das cidades (4.032) possuem entre 2 e 100 casos. Em relação aos óbitos, 1.723 municípios tiveram novos registros, sendo que 928 deles apresentaram apenas um óbito confirmado.

O Governo do Brasil mantém esforço contínuo para garantir o atendimento em saúde à população, em parceria com estados e municípios, desde o início da pandemia. O objetivo é cuidar da saúde de todos e salvar vidas, além de promover e prevenir a saúde da população.

Dessa forma, a pasta tem repassado verbas extras e fortalecido a rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), com envio de recursos humanos (médicos e profissionais de saúde), insumos, medicamentos, ventiladores pulmonares, testes de diagnóstico, habilitações de leitos de UTI para casos graves e gravíssimos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIS) para os profissionais de saúde.

O Ministério da Saúde já destinou aos 26 estados e o Distrito Federal R$ 177,3 bilhões, sendo que desse total foram R$ 133,1 bilhões para serviços de rotina do SUS, e outros R$ 44,2 bilhões para a Covid-19. Também já foram comprados e distribuídos 23,7 milhões de unidades de medicamentos para auxiliar no tratamento do coronavírus, 301,5 milhões de EPI, mais de 15,5 milhões de testes de diagnóstico para Covid-19 e 79,9 milhões de doses da vacina contra a gripe, que ajuda a diminuir casos de influenza e demais síndromes respiratórias no meio dos casos de coronavírus

O Ministério da Saúde, em apoio a estados e municípios, também tem ajudado os gestores locais do SUS na compra e distribuição de ventiladores pulmonares, sendo que já entregou 11.661 equipamentos para todos os estados brasileiros.

As iniciativas e ações estratégicas são desenhadas conforme a realidade e necessidade de cada região, junto com estados e municípios, e têm ajudado os gestores locais do SUS a ampliarem e qualificarem os atendimentos, trazendo respostas mais efetivas às demandas da sociedade. Neste momento, o Brasil registra 10.257.875 casos confirmados da doença, sendo 67.715 registrados nos sistemas nacionais nas últimas 24h.

Em relação aos óbitos, o Brasil possui 248.529 mortes por coronavírus. Nas últimas 24h, foram registrados 1.386 óbitos nos sistemas oficiais, sendo que 794 óbitos ocorreram nos últimos três dias. Outros 2.882 permanecem em investigação.



Ministério da Saúde

 

Qual a diferença entre a dermatite de contato e a atópica?

Bijuterias são as que mais desencadeiam dermatite de contato em mulheres

Cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos são afetados pela dermatite atópica

 

Existem dois tipos de dermatite de contato: irritativa (80% dos casos) e alérgica. A dermatite de contato ocorre quando há o contato com alguma substância que desencadeia a inflamação (dermatite) na pele. A mais frequente em mulheres é a dermatite de contato alérgica devido ao uso das bijuterias, que são produzidas com sulfato de níquel e cloreto de cobalto.

Produtos de cuidados pessoais como sabonetes, xampus, desodorantes, cremes, produtos químicos capilares, ente eles a tintura de cabelo, são outros causadores de dermatite de contato alérgica. No caso da irritativa temos o exemplo de reação por detergentes e produtos de limpeza causando a reação nas mãos.

O especialista da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dr. Octavio Grecco, conta que esse tipo de alergia também é frequente em algumas profissões, como a de pedreiro, por exemplo, já que ele é exposto diariamente ao cimento, outro agente desencadeante.

Os sintomas da dermatite de contato não são imediatos, podendo ocorrer depois de algumas horas ou até alguns dias, e são caracterizados por reações como vermelhidão, prurido e às vezes formações de vesículas (bolinhas com água) onde ocorreu o contato com o objeto causador da reação.

“Raramente ocorrem reações em vários locais do corpo e, neste caso, chamamos de dermatite de contato sistêmica, que nesse caso representa uma doença mais difícil de tratar. É importante procurar um especialista para obter o diagnóstico correto e o tratamento adequado, pois no caso de ser dermatite de contato alérgica pode tornar-se uma reação crônica”, explica Dr. Grecco.

Dermatite atópica – Cerca de 20% das crianças e 3% dos adultos são afetados pela dermatite atópica, doença que tem origem genética e é considerada crônica. As principais características são pele seca e coceira intensa, que muitas vezes resultam em feridas. É mais comum na infância e cerca de 60% dos casos ocorrem no primeiro ano de vida.

No bebê as lesões predominam na face (bochechas), pescoço, couro cabeludo e, ocasionalmente, no resto do corpo. Em crianças maiores, adolescentes e adultos a dermatite de contato atinge as dobras dos braços e pernas, face (em pálpebras) e pescoço.

A doença assume forma leve em 80% das crianças acometidas e em 70% dos casos há melhora gradual até o final da infância.

A doença se caracteriza por um processo inflamatório da pele com períodos alternados de melhora e piora. Os intervalos podem ser de meses ou anos entre uma crise e outra, mas alguns pacientes mantêm a doença crônica contínua. Não é contagiosa e está associada à asma e rinite.

Além de ter um fator hereditário, que determina a secura da pele, a dermatite atópica pode ter vários desencadeantes como alimentos, aeroalérgenos (ácaros, fungos, epitélio de animais), perfumes e suor. Os aspectos emocionais desempenham um importante papel, tanto funcionando como fator desencadeante como agravante, evoluindo para a auto-reclusão dos pacientes.

 



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Novo método para extrair proteína do milho deve colocar mais bioplásticos no mercado

Técnica desenvolvida por pesquisador da USP permite que a zeína seja obtida de forma mais eficiente, possibilitando que usinas de etanol e indústrias de bioplásticos tenham um lucro de pelo menos 200%

 

Uma nova técnica de extração da zeína (proteína do milho) a partir dos resíduos oriundos dos grãos do milho permitirá no Brasil a inserção de bioplásticos que utilizam o composto como matéria-prima. Atualmente, os métodos utilizados no país para extrair a proteína dos resíduos não conseguem remover nem metade dela, o que desmotiva empresas a investirem no seu uso. No entanto, com a nova estratégia proposta por um pesquisador do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, a zeína poderá ser totalmente retirada, permitindo que usinas interessadas em extraí-la para venda ou indústrias que pensam em produzir bioplásticos sustentáveis e biodegradáveis possam obter um lucro de pelo menos 200%. Um pedido de “patente verde” da nova técnica já foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Além de ser mais eficiente, nossa técnica é mais barata, simples e rápida que as utilizadas atualmente para extrair zeína dos resíduos dos grãos de milho”, conta Sérgio A. Yoshioka, autor do trabalho e professor do IQSC. A técnica convencional para obtenção da proteína utiliza os resíduos dos grãos de milho misturados com etanol comum, que passa por processos de evaporação e solubilização para permitir que a zeína seja extraída. Já no método idealizado pelo docente, o procedimento é basicamente o mesmo, mas o etanol tem sua acidez ou alcalinidade alterada, gerando reações químicas que possibilitam a extração de uma quantidade maior da substância (próximo a 100%).

A partir da zeína extraída com a nova técnica, o pesquisador produziu alguns biomateriais 100% biodegradáveis, comestíveis, compostáveis e recicláveis, como saboneteira e canudos. Pelo fato da proteína do milho também poder ser utilizada como filme para revestir alimentos e evitar a invasão de bactérias, aumentando o tempo de prateleira dos produtos, o docente aproveitou a matéria-prima obtida para revestir um queijo e ilustrar sua aplicação. No Brasil, não há bioplásticos fabricados com zeína devido à baixa eficiência dos atuais processos de extração da proteína, o que pode ser ainda mais lamentado tendo em vista que o país é o quarto maior produtor de grãos de milho do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 

Os bioplásticos vendidos atualmente usam como matéria-prima o amido de milho ou o da mandioca, compostos menos resistentes à umidade que a Zeína, que acaba sendo mais durável. Já com relação aos filmes para o revestimento de alimentos, hoje em dia eles geralmente são feitos a partir de pectina ou quitosana, substâncias que possuem menor resistência mecânica que a zeína quando estão em ambientes com alta umidade. Inicialmente, a ideia do pesquisador do IQSC é utilizar a proteína do milho para revestir doces e produzir canudos comestíveis. Por se tratar de um produto altamente proteico e seguro, a zeína pode ser consumida sem nenhum problema.

Uma fábrica piloto já está sendo montada em Criciúma (SC) para incorporar a nova técnica de extração da zeína dos resíduos dos grãos de milho a fim de desenvolver e patentear novos processos e produtos com o uso da proteína. A expectativa é de que ainda este ano a indústria produza toneladas do composto por dia. Segundo o professor Sérgio, se o valor da zeína se mantiver por volta de R$ 40,00/kg e a saca dos grãos de milho não ultrapassar os R$ 90,00/saca, as usinas de álcool de milho poderão inovar com a tecnologia e ter um lucro de pelo menos três vezes na comercialização de zeína, além, claro, de se tornarem empresas muito mais sustentáveis e renováveis. Na ponta final dessa cadeia produtiva estão os consumidores, que, por sua vez, terão uma nova opção para comprar produtos que não agridam o meio ambiente, como os bioplásticos que serão produzidos a partir da matéria-prima obtida dos grãos do milho.

Um dos objetivos do professor Sérgio, assim como o de todos os pesquisadores que trabalham com o desenvolvimento de diferentes tipos de bioplásticos, é proporcionar novas alternativas ao plástico comum, de origem do petróleo, que pode levar até 100 anos para se degradar e causar graves impactos ao meio ambiente, como a contaminação de rios e intoxicações ou mortes de animais que corriqueiramente ingerem produtos descartados de forma incorreta, como é o caso das tartarugas marinhas e baleias. Diversas cidades brasileiras, inclusive, têm proibido o uso ou distribuição de plásticos descartáveis, como talheres, copos, pratos, marmitex, canudos de sucos, entre outros.  Os bioplásticos feitos com a zeína poderão se decompor em cerca de três meses.

O trabalho desenvolvido pelo pesquisador da USP foi uma consultoria para a startup GreenB Biological Solutions, que é a responsável pela montagem da fábrica piloto em Criciúma. O projeto conta com financiamento do Programa Centelha-SC, oferecido em parceria pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

 


Henrique Fontes - da Assessoria de Comunicação do IQSC/USP

 

As aventuras e desventuras femininas no mercado de tecnologia

Se tornar uma profissional de TI é uma missão difícil para a maioria das mulheres que se aventuram nesse mercado. Isso ocorre não pelo fato de não existirem vagas disponíveis, mas por uma severa questão cultural enraizada em nossa sociedade de que essa é uma área mais voltada para homens.

Dos mais de 580 mil profissionais no país, apenas 20% são mulheres, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Apesar dessa dura realidade, muitas profissionais do ramo já conseguem enxergar uma luz no fim do túnel para acabar com essa diferença.

As dificuldades começam muito cedo, quando a maioria das meninas em idade escolar são desencorajadas nas matérias mais voltadas à exatas, como física e matemática. Depois, já nas universidades, é comum se depararem com salas majoritariamente masculinas, fazendo com que muitas desistam dos cursos muito antes de sonharem com a formatura.

Nas empresas, a realidade não é diferente. Há muito mais homens do que mulheres atuando na área de TI. E a guerra dos sexos é bastante evidente. A valorização de ideias e opiniões é um dos problemas mais desanimadores para muitas profissionais do ramo. Infelizmente, é comum ver gestores, líderes ou até mesmo colegas que dão mais ouvido e importância a opiniões e conselhos vindos de homens do que de mulheres.

Na prática, isso contribui, inclusive, para que muitas mulheres se sintam excluídas em relação a seus colegas. A formação das famosas “panelinhas” dentro das empresas, desmotivam ainda mais. Tanto é que muitas acabam não resistindo à pressão.

Apesar disso, a luta pela diversidade, inclusão e igualdade entre homens e mulheres de TI tem conquistado pequenas vitórias. Um levantamento feito pela CNN Brasil Business, entre 2017 e 2020, mostrou que o número de mulheres contratadas em carreiras de tecnologia aumentou de 10,9% para 12,2%. Dentre todas as áreas deste segmento, a de finanças foi a que mais ganhou força, com 48% das vagas ocupadas por mulheres.

Por mais que esse aumento possa não parecer significativo, cada conquista deve ser celebrada. Afinal, o que não faltam são histórias e experiências difíceis enfrentadas por muitas mulheres que tentam entrar nesse ramo e também por aquelas que já estão no dia a dia da área.

Contudo, as dificuldades e empecilhos não tiram o brilho nos olhos das profissionais do setor. Muito mais do que apenas abstrair esses problemas, cada vez mais as mulheres vêm se impondo para conquistar espaço, crescer e serem valorizadas por seus conhecimentos e habilidades.

Por mais que essas dificuldades ainda estejam muito presentes no mercado, existe um lado muito bom em ser uma profissional de TI: poder trabalhar em uma área que preza pelo aprendizado constante, que cria produtos que fazem a diferença na vida das pessoas – e principalmente – poder ajudar e incentivar diversas mulheres que buscam conquistar seu espaço nesse ramo.

E uma boa forma de conquistarmos esse respeito é optando sempre por empresas que valorizam a diversidade e igualdade entre homens e mulheres, adotando ações como, por exemplo, ter a mesma quantidade de profissionais de ambos os gêneros e salários idênticos dentro dos mesmos cargos.

Além de se tornarem mais reconhecidas pelo mercado, empresas que valorizam diferentes opiniões tendem a desenvolver produtos e serviços muito mais inovadores e de alta qualidade, já que conseguem avaliar uma gama muito maior de visões e possibilidades. Ganha a empresa, a sociedade e os profissionais de todos os gêneros.



Beatriz Tollotti - estagiária | DEV.


Sarah Batista - analista de QA.

 

PontalTech

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