Diga não a violência em sala de aula Reprodução |
Criatividade em sala de aula pode ser arma contra agressões
Relatório da Apeoesp (Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de 2023 revela que 48% dos estudantes e
19% dos professores das escolas públicas do Estado admitiram ter sofrido algum
tipo de violência.
O levantamento revelou também que cerca de um em cada dez adolescentes (13,2%) já se sentiu ameaçado, ofendido e humilhado em redes sociais ou aplicativos nos 30 dias anteriores à pesquisa. Agressões também ocorrem nas escolas e 23% dos estudantes responderam ter sido vítimas de bullying.
Ainda segundo a PeNSE, que é realizada pelo IBGE, a violência atinge muitos estudantes: um em cada dez adolescentes (10,6%) envolveu-se em lutas físicas e 2,9% admitiram participação em brigas com arma de fogo. Sobre relatos de violência dentro de casa, 21% dos respondentes revelaram que foram agredidos pelo pai, mãe ou responsável alguma vez nos 12 meses anteriores ao estudo.
Com a violência sendo uma realidade próxima, uma prática pedagógica é dar aos alunos a oportunidade de demonstrarem seus sentimentos em relação ao tema. Responsável por uma metodologia ativa que incentiva a criatividade e expressividade, Giba Barroso, cofundador e CEO da metodologia De Criança Para Criança (DCPC), acredita que a linguagem que as crianças usam é facilmente entendida por outras.
“Quando as crianças escolhem um tema como a
violência, vão usar o repertório delas para tratar de um assunto sério. Nessa
construção conjunta, elas começam a entrar em contato com os próprios
sentimentos, até para poder expressá-los. Também aprendem a ouvir e respeitar a
opinião de outras crianças, o que é a base do entendimento.”
O método consiste em incentivar os alunos a criar uma história com desenhos e narração, para que ela seja transformada pelo DCPC em uma animação. Para isso acontecer, as crianças trabalham habilidades socioemocionais como colaboração, trabalho em equipe, respeito às diferenças e foco em projeto.
Alguns dos vídeos feitos por alunos sobre a violência exploram sentimentos como empatia, respeito e solidariedade. Na animação ‘Bullying. E se fosse com você? (https://www.youtube.com/watch?v=2PpEE_Ugl2E)’, alunos do 3º ano do Ensino Fundamental trazem várias situações de constrangimento e uma reflexão sobre os efeitos de quem sofre com as agressões.
No vídeo ‘Amigos – o menino brigão https://www.youtube.com/watch?v=eqT_PTB1iP0’, um menino valentão pensa em mudar suas atitudes ao perceber que não tem amigos. Já a animação ‘As brigas na hora da mãe da rua https://www.youtube.com/watch?v=suPu7-37GMY‘ fala sobre respeito e limites para que a brincadeira Mãe da Rua, uma espécie de pega-pega, possa acontecer.
Para Vitor Azambuja, cofundador
e diretor criativo da metodologia De Criança
Para Criança (DCPC), incentivar uma criança a expressar
sentimentos, mesmo os mais complexos, como ansiedade e raiva, é uma forma de
ajudar no seu desenvolvimento socioemocional. “O ato criativo é uma forma de se
apoderar de algo, de se manter vivo. Pessoas criativas não pedem permissão para
criar, elas pensam em como enfrentar um problema. Então, discutir o assunto em
sala de aula e fazer o aluno pensar em soluções já é uma maneira para enfrentar
a violência.”
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