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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Medo de sair de casa: Psicoterapeuta dá dicas de como superar

O medo de sair de casa se faz presente na vida das pessoas desde o início da pandemia 
DIVULGAÇÃO

Mesmo com o início da retomada das atividades há alguns meses, muitos ainda podem ser acometidos pela Síndrome da Cabana

 

O Brasil já registra cerca de 6 milhões de casos de coronavírus. Em um cenário incerto, com a possibilidade do país estar no início de uma segunda onda da doença, muitas pessoas precisaram voltar às suas atividades externas, devido aos planos de flexibilização implementados por diversos estados, como é o caso de São Paulo que faz essa retomada controlada desde junho e que anunciou, nesta segunda-feira, 30 de novembro, que colocará novamente todo o estado na fase amarela do plano de flexibilização econômica. Mesmo assim, o medo de sair de casa se faz presente, sendo relacionado, inclusive, com um fenômeno chamado Síndrome da Cabana.

Sabrina Amaral, psicoterapeuta da Epopeia Desenvolvimento Humano, diz que ao observar os aspectos psico-comportamentais da pandemia, aumento da ansiedade e medo de sair de casa são só algumas das sequelas emocionais que assolam a população, é o que revela a pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo. Os níveis de medo aumentaram e 86,5% das pessoas reduziram a exposição e o contato por receio do contágio, 88,8% temia sair para ir ao mercado e 62,5% se sentia diariamente mais ansiosa.


O que é esse fenômeno que causa o medo de sair de casa?


Esse sentimento de angústia e receio que pode tomar conta das pessoas mediante à ideia de sair às ruas e retomar o contato social está relacionado a Caban Fever ou traduzido para o português Síndrome da Cabana. Esse fenômeno teve seus primeiros relatos no ano de 1900, quando moradores do extremo norte dos EUA passavam longos períodos em isolamento por conta do inverno rigoroso e, depois, tinham receio de retomar o contato com a civilização. O mesmo efeito é observado em outras situações de isolamento de longa duração: expedições no Alasca, períodos longos de hospitalização, encarceramento prolongado e em casos de pandemias.


Por que isso acontece?


É como se o nosso cérebro ficasse condicionado a vincular ‘estar seguro’ com ‘estar dentro de casa’; afinal, nós forçamos uma situação de isolamento social prolongada que já passa a marca dos 8 meses. Então é muito natural que a nossa mente dispare gatilhos de alerta cada vez que precisamos sair de casa, afinal, ainda estamos no meio da pandemia e expostos ao risco de contágio. Além disso, tivemos algumas recompensas e estímulos positivos que reforçaram o nosso comportamento de estar em casa: menos tempo no trânsito, mais qualidade de vida, mais tempo para a família, hobbies, estudo e tempo para nós mesmos. Para as pessoas que já apresentavam tendências a um perfil mais ansioso ou que experenciavam picos de estresse, a possibilidade de desenvolver os sintomas é ainda maior.


Mas isso é uma doença?


Definitivamente não. Vamos deixar bem claro que isso é um fenômeno da mente resultado de todas as intempéries e adversidades as quais estamos vivendo. Apesar do ‘apelido’ isso não é uma síndrome como por exemplo a
Agorafobia, trata-se de uma realidade psicológica temporária, afinal, ainda temos o vírus circulando e temos que nos cuidar.
Quais são os sintomas?

O sintoma principal é a angústia de sair de casa, acompanhada de medo e ansiedade. Percebe-se ainda uma certa letargia, falta de motivação, sono excessivo e comportamentos de esquiva para fugir do problema, como compulsão alimentar ou adicções. Podemos notar também sintomas cognitivos como falha na memória e dificuldade de concentração.

Diante dos altos índices, a UCSI University, na Malásia, criou uma escala para aferir a incidência da chamada Cabin Fever na população. Ela foi traduzida para o português e pode ser baixada neste link.


Quais são as dicas para lidar com esse fenômeno?

1- Tome consciência do problema
É muito comum as pessoas entrarem em negação e categorizarem o seu medo como algo ‘normal’. Contudo, se você observa que este medo começa a impactar a sua qualidade de vida, sua saúde e seu emocional é preciso cuidar para que o quadro não evolua para algo mais sério como Síndrome do Pânico, Agorafobia, Fobia Social, dentre outros.


2- Adestrando o cérebro
Nosso cérebro dispara gatilhos de ansiedade como um mecanismo de autopreservação. É uma mensagem de que algo ameaçador está no ar e, por isso, é importante ficar alerta. Mostrar para a sua mente que você tem o controle da situação vai acalmar os pensamentos, portanto, liste pequenas ações que você pode tomar para mostrar que está no controle. Essas ações devem ser direcionadas a mitigar o medo e podem ser coisas simples como não usar dentro de casa os mesmos calçados que você usou para sair, manter um protocolo de higienização na porta de entrada, dentre outras.


3- Terapia de Exposição
A Terapia de Exposição é uma técnica da Terapia Cognitivo Comportamental usada para dessensibilizar o medo. Primeiro é preciso você fazer uma escala avaliando seu nível de medo e ansiedade em situações de exposição. Exemplo: Pegar o elevador = 20% x Ir ao mercado = 90%. Em seguida você planeja exposições crescentes e gradativas, dando-se pequenas recompensas cada vez que atingir ou superar os sintomas.


4- Vigie seus pensamentos irracionais
Tudo começa no pensamento. Aquilo que você pensa vai desencadear determinadas emoções. As emoções vão determinar o seu comportamento. E o seu comportamento vai definir seus resultados. Por isso é importante estar atento aos pensamentos ruminantes negativos e as crenças irracionais que são alimentadas pelas Fake News. Se perceber o turbilhão de pensamentos invadir a mente, use técnicas de respiração, repita para si mesmo que está tudo bem e assuma o controle.


5- Procure ajuda profissional
A Síndrome da Cabana pode vir acompanhada de uma outra sequela emocional da pandemia: a
Coronafobia. Trata-se de um comportamento fóbico a tudo o que diz respeito à pandemia e a covid-19. E acaba sendo a porta de entrada para doenças psicológicas severas como Depressão, TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), TEPT (Transtorno de Estresse Pós Traumático), Síndrome do Pânico; isso só para citar as mais conhecidas.

Não espere chegar no seu limite, para pedir ajuda, portanto, se você observar que os comportamentos de esquiva não regridem ou aumentam conforme os dias vão passando, busque um profissional. Poucas horas de terapia podem poupar a você meses de sofrimento.


Qual o seu conselho final para as pessoas que já estão vivenciando a flexibilização?

A segunda onda da pandemia já assola países da Europa e muitos deles retomaram os lockdowns para refrear o contágio. Novas ondas da doença podem sim chegar ao Brasil, isso sem mencionar a possibilidade de mutações do vírus. A lição aprendida é: não relaxe os cuidados básicos na hora de sair de casa. Todos sabemos o que é preciso fazer: usar máscaras, evitar aglomerações, manter distância segura nos espaços públicos e cuidar de você! Ainda não temos uma vacina, também corremos o risco de ter novos isolamentos sociais forçados, por isso, é crucial manter sua saúde mental e integridade psicológica. Só assim você passará por esta pandemia emocional oculta, mantendo sua vida equilibrada tanto para você quanto para aqueles que ama.

 

 


Sabrina Amaral - psicoterapeuta, psicóloga e hipnoterapeuta Omni, practitioner em PNL e coach da mente. Membro IBHEC (International Board Of Hypnosis Educational & Certification). Pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas, especializou-se em Transe Conversacional com Elisabeth Erickson, Neurociência aplicada ao comportamento humano e Psicologia Positiva. Embaixadora da Rede Mulher Empreendedora em Campinas e voluntária na Humanitarian Coaching Network que provê serviços de coaching para líderes da ONU e UNICEF. Sabrina acredita na transformação do ser humano e, após uma vivência de duas décadas na gestão de processos de RH, fundou a Epopéia Desenvolvimento Humano que se propõe a levar à tona o que o cliente tem de melhor com o intuito de ajudá-lo no processo de se tornar pleno, inteiro e feliz.

Linkedin epopeia-coaching l Facebook/Instagram epopeia.com.br l Site www.epopeia.com.br


Como controlar o seu pensamento para viver um 2021 melhor

A pandemia provocada pela covid-19 trouxe sentimentos de medo, angústia e ansiedade para todo o mundo. A quantidade significativa de mortes e as incertezas sobre esse novo vírus abalaram o nosso emocional. Mas há uma saída para vivermos um 2021 melhor: conseguirmos controlar nossas emoções por meio da tríade Pensamento, Sentimento e Ação. O pensamento - frases que passam na nossa cabeça o tempo todo - controla o sentimento e o nosso desafio é entender o padrão das nossas emoções, ou seja, o que eu preciso pensar para sentir paz. Mas o fato é que não temos o hábito de pensar sobre o pensar.

O pensamento gera o sentimento que, por consequência, gera a ação e o resultado. Por vezes nós nos pegamos e nos apegamos às ações e os resultados e tentamos mudá-los, por exemplo: estou comendo demais e preciso parar. Acho que estou ansioso. E motivado pelo sentimento da ansiedade eu como demais. Mas não é possível mudar esse comportamento por conta apenas do sentimento ou das consequências, ou seja, parar de comer. É preciso descobrir o que você está pensando para provocar esse sentimento de ansiedade.

Se dormiu mal, o que você estava pensando antes de dormir? Qual foi qualidade dos seus pensamentos na noite anterior para gerar essa ansiedade?

Precisamos aprender a pensar e entender o nosso padrão de sentimento, criando o hábito de prestar a atenção e identificar qual é o sentimento que está nos motivando para aquela ação.

Por exemplo, para substituir um sentimento de medo e de angústia por conta da pandemia preciso pensar intencionalmente em algo que me gere tranquilidade, como esperança de que tudo vai acabar bem ou que tenhamos fé (que essa pandemia veio para nos ensinar algo). Cada um precisa substituir um pensamento ruim por um que lhe traga paz.

Dessa forma, é preciso provocar os sentimentos pelo pensamento de forma mecânica, intencional. Geralmente, os pensamentos mais comuns dentro do nosso padrão de comportamento são automáticos, mas se você quer gerar uma substituição – esforço consciente - é preciso pensar em algo que te gere como consequência um determinado sentimento. Por exemplo, muitas vezes diante de situação de estresse com um colega de trabalho, automaticamente queremos conversar com aquela pessoa para resolver o caso, mas estamos motivados pela raiva e muito provavelmente não será uma conversa amistosa. É um sentimento inverso do resultado esperado.

O ideal para ter uma conversa pacífica é ir motivado pela paz, pensando que talvez um colega não tenha feito por intenção e não sabe que te magoou tanto, então vai dar um toque porque ele é seu amigo. Com esses pensamentos de compreensão, a conversa provavelmente será mais proveitosa.

Portanto, estamos próximos de iniciar um novo ano e precisamos aprender a vigiar os nossos pensamentos para tentar controlá-los de forma intencional para gerar sentimentos positivos, que façam sentido para nós. Nossos planos e metas para 2021 precisam estar baseados no presente, uma vez que ainda temos pouca visibilidade sobre o futuro.

Um planejamento feito com sentimento de angústia será baseado em metas impossíveis e não são realistas. Tudo é uma questão de harmonia entre os modos de pensar, os sentimentos que eles geram e os resultados que trarão sentimentos positivos. Vamos tentar trabalhar essa tríade para começar 2021, controlando melhor as nossas emoções diante dos novos desafios?

 

Karin Panes - treinadora comportamental, Master Coach especialista em Psicologia Positiva, Neurocientista e CEO da Ato Solutions, empresa especializada em Consultoria, Treinamento e Desenvolvimento Humano.


Marido e mulher inférteis? Evite que isso se torne uma crise conjugal.


 pexels

 Enfrentar a infertilidade pode ser um peso para diversos casais. Especialista dá orientações de como não transformar isso numa crise conjugal.

  

O que fazer quando a infertilidade afeta o casamento? Cerca de 80 milhões de pessoas no mundo enfrentam a infertilidade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Em muitos casos, a vivência desse problema pode afetar casais de diversas formas.

Segundo Cláudia Navarro, especialista em Reprodução Assistida e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, muitos casais relatam que a dificuldade para engravidar tem interferido na vida a dois. “É muito comum. Principalmente se esse casal está enfrentando isso sozinho, sem compartilhar”, diz.

Cláudia explica que a primeira coisa que pode acontecer são as relações sexuais se tornarem uma obrigação com data e hora marcada, ou seja, relações que precisam acontecer no período fértil da mulher. “Quando o foco está exclusivamente na gravidez, a ansiedade pode atrapalhar a dinâmica do casal, fazendo com que se esqueçam do romance. Afinal, o foco está mais na esperança de gravidez do que no prazer de ambos”, analisa.


Chances iguais

Outra coisa que pode abalar um relacionamento e que, de acordo com a especialista, demanda conversa e compreensão, é a culpabilização da pessoa infértil. Segundo Cláudia Navarro, as chances de a infertilidade estar presente na mulher são de 35%, na mesma proporção do que no homem. Em 20% dos casos, ambos possuem algum problema e em 10% não se chega a um diagnóstico específico. “Ou seja, ambos têm a mesma chance de serem inférteis. Por isso, o casal jamais deve se culpar, ou culpar um ao outro por aquele problema”, alerta.


Dicas para evitar uma crise conjugal

Para auxiliar no enfrentamento da descoberta da infertilidade e dos tratamentos, que podem gerar desânimo, inquietação e uma conseqüente crise no casamento, a médica enumera alguns pontos que podem auxiliar:


Companheirismo: o principal passo é buscar compreender o problema e enfrentá-lo juntos. É muito importante que ambos se apoiem, se auxiliem e, claro, compreendam a situação. “Estar junto auxilia, inclusive, nas situações embaraçosas, como o questionamento de um familiar”, cita a especialista.


Naturalidade: em alguns casos, como coito programado, a atividade sexual vai ter dia marcado. “Nesses casos, o casal deve tentar não tocar no assunto da gravidez durante o momento de intimidade e tentar fazer tudo da forma mais espontânea possível”.


Auxílio profissional: conhecer uma boa clínica de Reprodução Assistida e buscar suporte com bons profissionais é muito importante. “Conviver com a dúvida e a incerteza é muito pior. Ao buscar ajuda médica, o casal tem ciência do que está acontecendo”, diz a médica.


Apoio psicológico: em muitos casos, não é possível suportar o processo sozinho, então, buscar ajuda profissional pode aliviar o peso do problema. “Os psicólogos desenvolvem um importante papel na vida de homens e mulheres inférteis. Buscar auxílio profissional os ajuda a enfrentar a situação de forma mais leve”, conclui Cláudia Navarro.

 


Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela mesma instituição federal.


Formas de estimular a coordenação motora em casa

O desenvolvimento motor da criança é estimulada desde o nascimento, mesmo que involuntariamente. Com o desenvolvimento da criança, os pais (e professores) devem procurar atividades que estimulem a coordenação motora fina e grossa (ou ampla). A neuropsicóloga Barbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto explica que, na motricidade ampla, a criança aprende a coordenar seu corpo no espaço, ou seja, aprende a caminhar, pular, correr, dançar e muito mais. "Já na motricidade fina, os movimentos são mais delicados e específicos como pinçar, segurar, transpor o objeto de uma mão para outra, agarrar uma bola etc, fazendo assim, manuseio de pequenos objetos", completa.

 

Abaixo, ela sugere jogos e atividades que podem ajudar na estimulação da motricidade da criança de maneira lúdica e hoje vou dar seis dicas de jogos para o desenvolvimento da coordenação motora fina.

- Bola ao Alvo – Bolas e alvo feitos em feltro e a bola tem um velcro para grudar no alvo. O jogo vem duas bolas e a criança precisa arremessar as bolinhas para acertar onde faz mais pontos no alvo.


- Blocos de Encaixe – Esse jogo é para encaixar as peças nos pinos, sem ultrapassar a base pelo fato das peças não serem iguais, desenvolvendo assim concentração, raciocínio lógico e percepção visual.


- Quebra-cabeça –  As peças contém espessuras diferentes favorecendo a coordenação motora e a percepção visual. Os bichinhos ficam em pé e a criança pode brincar com eles fora do tabuleiro também.


Alinhavo – O alinhavo tem como objetivo que a criança passe o cordão pelos buraquinhos da peça, desenvolvendo assim, a coordenação motora fina. Não existe um jeito certo ou direção certa para o alinhavo, a criança pode treinar e fazer do jeito que quiser.


- Casa túnel – A casinha é de espuma e revestida com tecido emborrachado. O objetivo do jogo é passar a bolinha pelo túnel trabalhando o movimento de pinça.


- Corda – Usar a corda para pular, para passar para o outro lado pulando com os dois pés ou um pé, caminhar por cima da corda reta e em curvas.


- Bola – a bola pode ser usada para chutar, arremessar, jogar, pegar e muito mais. Há várias variações para jogo de bola que desenvolvem a coordenação motora ampla e fina.

 

Dicas úteis:


 – Lembre-se que todos os jogos acima devem ser realizados com supervisão de um adulto.

 – Vá estimulando seu filho (a) para conseguir o objetivo final da atividade, ensine, faça o modelo e peça para ele repetir.

– Tenha paciência porque as atividades são difíceis para as crianças porque elas estão aprendendo a fazer tal movimento (que para nós parece fácil).


– Faça as atividades por etapas e deixe seu filho (a) explorar o jogo. Se ele quiser jogar de maneira diferente deixe, e depois ensine o “seu jeito”.

 – Crie jogos com materiais do dia a dia e estimule a criança a gostar de brincar. Brincar é o trabalho da criança e é sim prazeroso.

 


Barbara Calmeto - neuropsicóloga


Atraso na Fala - Fono explica quando se preocupar

Perguntas e respostas sobre Atraso na Fala

1. Com que idade, em geral, a criança começa a falar? E o que costuma acontecer em cada idade em relação à fala?

 

Há alguns marcos de desenvolvimento que podem ajudar. A partir dos 6 meses, o bebê  balbucia bastante, faz contato visual e reage aos gracejos dos pais. Entre 9 e 12 meses, ele está na fase de lalação e fica fazendo sons duplicados de cvcv (c=consoante e v=vogal) como, “mamamama”, “papapapapa”, “dadadada” etc. Por volta dos 12 meses inicia as primeiras palavrinhas, geralmente "mamã" ou "papa". E, a partir de então, a criança começa a “pegar o ritmo”, chegando aos 18 meses com um vocabulário que inclui, em média, 30 palavras – mal pronunciadas e imprecisas, mas ainda assim estáveis e recheadas de sentido. Ao completar 2 anos, a criança terá um vocabulário médio de 150 palavras e começará a formar frases simples, como "qué àga" (quero água) ou "dá bó" (dá bola). Se inicia uma fase de fala telegráfica, em que o bebê seleciona os elementos mais importantes das sentenças e os seleciona para se expressar oralmente, ainda com palavras mal pronunciadas. Já entre os 2 e 3 anos a criança trabalha muito na construção dos processos motores de fala e suas transições. Com isto, as palavras vão ficando de melhor entendimento e as frases mais completas, já que com melhor fala a criança se dedica à construir seus conhecimentos de gramática e a usá-los. Aos 3 anos, uma criança pode ser compreendida por um adulto fora de seu convívio sem "tradução" dos pais e suas frases contém praticamente todos os elementos. Erros com pronomes e conjugação verbal e flexão ainda ocorrem e são não apenas esperados, como parte importante do processo de reflexão sobre a língua. Aos 5 anos, a criança conclui a aquisição de todos os fonemas da língua portuguesa, tem grande poder de comunicação, persuasão, inferência e consegue contar uma história ou um fato ocorrido com detalhes. O aprendizado, é claro, não para por aí. Mas basicamente este é o processo de aquisição da linguagem e desenvolvimento da fala trazido de maneira resumida e simplificada. O que fugir disso em cada etapa deve ser avaliado por um profissional fonoaudiólogo.



2 - Quando um atraso na fala ou no desenvolvimento da fala deve ser motivo de preocupação para os pais?

 

A criança não aprender a falar no tempo certo pode ser um simples atraso que será recuperado espontaneamente, com ajuda ou sem ajuda, pode ser um atraso moderado que precise de ajuda para recuperar bem, ou pode ser um transtorno sério. Mas só é possível saber ao certo o que é por meio de avaliações e acompanhamento. Então, toda vez que os pais ou responsáveis decidem esperar, estão colocando em risco o desenvolvimento dessa criança. Os primeiros três anos de vida são muitos importantes para o desenvolvimento da fala e aquisição da linguagem. São períodos de janela de oportunidade neurológica. E são segundo estudos o melhor momento para se iniciar uma intervenção. Então, quando isso não acontece no momento oportuno, a janela se fecha. Isso não significa que não vão aprender a falar, mas que não vão conseguir falar com tanta facilidade ou maestria ccomo se tivessem recebido suporte adequado. 

Um dos principais erros que os pais cometem é achar que a fala vai brotar do nada, espontaneamente. Um ambiente estimulador, com conversas, brincadeiras e bebê incluído nas atividades da família, se o bebê tiver condições geneticamente falando ele vai desenvolver naturalmente. Mas o estilo de vida moderno favorece muito um estilo de vida que não é muito estimulador. São crianças em apartamento que ficam em frente a uma TV ou tablet, com chupeta na boca. Não tem como essa criança aprender a falar. Ela não está inserida em contexto social, em conversa, em diálogo. Não tem um adulto que está ali mostrando as coisas para ela e falando o nome das coisas. Ou seja, a fala surge sem esforço, quando a criança tem potencial genético para isso, mas é preciso um ambiente que também a estimule.  Essa coisa de achar que cada criança tem seu tempo é lindo e em parte verdadeiro, mas não pode esperar muito. E quem vai definir quanto é esse muito e quando é a hora de iniciar a intervenção é o terapeuta, levando em conta a opinião e sexto sentido dos pais mas com muita ciência pautando esta decisão. Os pais podem e devem acompanhar os marcos de desenvolvimento, uma tabela bem elabora se encontra no carteirinha de vacinação fornecida pelo ministério da saúde, mas se o desenvolvimento não estiver cabe procurar um especialista.

 


3 - É verdade que a chupeta pode atrapalhar o desenvolvimento da fala das crianças? 

Do ponto de vista da fonoaudiologia, além de causar problemas musculares e estruturais, a chupeta pode funcionar como um botão de mudo. Isso acontece com alguma frequência e deve ser evitado. O item não deve ser usado para calar um choro, por exemplo. A nossa função é acolher os sentimentos dos nossos filhos, validá-los e ensiná-los por meio de exemplos acolhimento e palavras.

Um pai ou uma mãe coloca a chupeta numa criança quando ela está impaciente, entediada ou triste e acaba não deixando que seus pequenos lidem com os próprios sentimentos, engolindo as palavras, com a boca tampada pela chupeta

Esse acessório tem a facilidade de calar as expressões de sentimentos dos bebês e podem roubar o direito de expressão, impedindo seu posicionamento como falante.

 

 


4 - Celular, tablet e TV podem atrasar o desenvolvimento da fala das crianças?

 

"A tela está para a linguagem assim como a bala está para a nutrição, distrai, mas não alimenta". Eu assino esta frase com muita tranquilidade. Muitos estudos robustos estão sendo iniciados no tema e os resultados trarão muita luz para a causa nas próximas duas décadas. Não, as telas NÃO estimulam a linguagem do bebê! Já pressinto pessoas rangendo os dentes e digitando: “Mas meu filho assiste mil horas de TV por dia, dorme abraçado com o tablet e fala tudo”. Não justifica! Assim como o fato do meu bisavô ter sido fumante a vida toda e ter morrido aos 90 tendo força e sobriedade não transformam o cigarro em um fortificante, não dá pra interpretar desta forma. Este prejuízo causado pelas telas já é praticamente um consenso nas comunidades científicas. Os estudos mostram que crianças menores de 3 anos não conseguem pegar uma informação assistida numa tela e transpor para a vida real e ainda são privadas de estímulos que realmente têm o potencial de alavancar seu desenvolvimento por estarem absorta nas telas por grande parte de seu dia. A recomendação da Academia Americana de Pediatria é 0 tela até os 2 anos e até no máximo uma hora de 2-5 anos de programas de alta qualidade com os pais assistindo junto e ajudando as crianças a entenderem o que estão assistindo. Para cada 30 minutos a mais diário de tela existe o aumento de 49% de chances da criança apresentar um atraso expressivo na fala. “Ah, mas na minha infância eu assistia TV à vontade!”. Ok, mas vc não levava a tv para a cama, para o carro, para o restaurante, para a sala de espera do dentista. Não! Vc era obrigado a interagir com as pessoas ao seu redor, e seus pais eram obrigados a conversar com vc. “Ahhh, mas vai dizer que vc nunca deixou a sua filha ver telas?” Com certeza eu não desligo a televisão quando ela entra na sala e os outros dois estão assistindo um desenho animado, mas eu também não sento ela e coloco um tablet na frente, ela brinca com os brinquedos, explora o ambiente e nem dá atenção à TV. Da mesma forma eu não impedi que minhas crianças comessem qualquer tipo de doce antes dos 2 anos eventualmente mas sem sombra de dúvida não fazia parte da rotina nem da dieta deles. O problema não está na exceção e sim na regra, na rotina. Meu conselho: tome as rédeas da situação e decida conscientemente SE e QUANTO de telas suas crianças vão ter acesso e mais importante do que isso quando vão sentar juntos e interagir, brincar e conversar!   




5 - A  dificuldade de falar pode ser sinal de algum outro problema?

 

Existem causas que acarretam em atraso de fala, indo de que algo muitas vezes não se imagina como perda auditiva parcial, até falta de estímulo, encurtamento de frênulo lingual e dificuldades de mastigação. Alguns desafios ou transtornos sensoriais e motores também podem causar atraso, bem como transtornos conhecidos e bem delineados de fala e linguagem específicos ou mais invasivos, questões mais raras como síndromes, questões neurológicas relacionadas ao desenvolvimento, a acidentes ou mesmo que envolvam situações do nascimento e perinatais, algumas doenças infecciosas como a meningite por exemplo, alguns tipos de epilepsias não controladas e etc. Existem inúmeros fatores que causam atraso de fala. Existem atrasos simples de fala que dos quais a criança se recupera muitas vezes até espontaneamente. Não é porque a criança apresentou um atraso que necessariamente a criança terá um transtorno a partir dali. Mas existe uma porcentagem que terão um transtorno e esse atraso é um sintoma. E dentro os quadros que dizem respeito a linguagem, o TDL é um que tem grande prevalência.  E o autismo também.

 

 

 

Juliana Trentini - fonoaudióloga especializada em primeira infância , autora do Canal Fala Fono, do livro “Aprendendo a Falar” e do curso Fala Bebê.  


Os impactos da pandemia e os seus reflexos na ressocialização de crianças e adolescentes

Estudos apontam que a obesidade pediátrica aumentou durante o isolamento social e agravou o quadro de crianças e adolescentes infectados pela COVID-19, gerando impactos futuros


O isolamento social durante a pandemia mudou, de forma acentuada, o estilo de vida de crianças e adolescentes no mundo todo. Da prática de atividades físicas ao tempo de exposição a telas, a obesidade tem se mostrado a principal herança deixada pelo isolamento social, sendo que os principais fatores de risco que associam a obesidade ao COVID-19 em adultos também estão presentes nessa faixa etária, como inflamações crônicas, doenças cardiorrespiratórias subjacentes e prejuízo da resposta imune a essas e outras doenças.

“Nesse período, as crianças ficaram sem frequentar a escola e, durante o tempo ocioso, passaram a dormir mais, consumir produtos muito industrializados e ficar mais tempo expostas às telas de TV, celulares e tablets fora das atividades escolares, o que reflete no aumento de peso e no enfraquecimento do sistema imunológico”, explica a médica gastroenterologista pediatra Dra. Cristina Targa, presidente do Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Um estudo realizado na Itália analisou o estilo de vida de 41 crianças e adolescentes obesos do sexo masculino e feminino, durante três semanas de confinamento compulsório em Verona, e registrou que não houve mudanças no consumo de vegetais, mas observou o aumento no consumo de frutas, batata chips, carne vermelha e bebidas açucaradas durante esse período. As crianças com obesidade fizeram uma refeição extra por dia, mas o tempo gasto com atividades esportivas foi reduzido em duas horas e meia por semana. Em contraste, o período de sono aumentou em 0,65 h/dia, assim como o tempo de exposição às telas, que cresceu em 4,85 h/dia.

O estudo, denominado ”Effects of COVID-19 Lockdown on Lifestyle Behaviors in Children with Obesity Living in Verona, Italy: A Longitudinal Study”, foi conduzido pela equipe do pesquisador Angelo Pietrobelli e publicado no Obesity, jornal oficial da Obesitity Society. Foram realizadas duas etapas, sendo que as primeiras entrevistas foram feitas na visita inicial, em maio e julho de 2019. Depois, as entrevistas foram realizadas novamente, três semanas após a quarentena obrigatória, começando em 10 de março de 2020. As respostas coletadas inicialmente foram comparadas com as feitas durante as semanas de confinamento, sendo que todos os entrevistados tinham acesso a pátios ou jardins, com pequenos espaços abertos para atividades físicas.

Traduzido para o português como Efeitos do Lockdown de COVID-19 no estilo de vida de crianças com obsesidade que vivem em Verona, Itália, o estudo conclui ainda que o isolamento social pode exacerbar sintomas em crianças que já possuem diagnósitco de distúrbios gastrointestinais funcionais e ser um gatilho para desenvolvê-los em crianças suscetíveis. Além disso, o ambiente familiar hostil devido ao aumento do estresse das famílias - por insegurança financeira, adoecimento ou perda de entes queridos - e à violência doméstica também podem contribuir no desenvolvimento de desordens gastrointestinais funcionais.


Como proceder na ressocialização?

Segundo a Dra Cristina Targa, a reabertura das escolas e a retomada dos passeios em shoppings, cinemas e restaurantes podem acentuar a disseminação de viroses respiratórias e gastroenterites (diarreias agudas), muito comuns em crianças e adolescentes nas estações mais quentes do ano. “No consultório já temos observado um aumento de casos de desordens gastrointestinais funcionais, decorrentes do desequilíbrio da microbiota intestinal, como distenção e dores abdominais e diarreias de repetição”, revela a médica.

A microbiota, conhecida há alguns anos como flora intestinal, é como uma segunda impressão digital do ser humano: é única. E zelar por essa colônia do bem no nosso trato gastrointestinal, onde habitam trilhões de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, é tarefa do dia a dia. “A obesidade está totalmente relacionada à imunidade, já que a maioria das células do sistema imunológico está presente no intestino. Sendo assim, as gorduras guardadas nas células do tecido adiposo produzem proteínas que facilitam a inflamação e provocam o desequililíbrio da microbiota”, esclarece a especialista.

Ela complementa afirmando que “é muito importante fazer a prevenção dessas doenças mais comuns e preparar as crianças para voltarem à rotina. Ela passa por uma mudança no estilo de vida, começando pela alimentação saudável, que deve ser rica em prebióticos (fibras) e probióticos (presentes em iogurtes e leites fermentados), prática de atividades físicas regulares, de preferência ao ar livre, e ajuste das horas de sono, com horários certos para acordar e dormir”, explica a médica.

O impacto dessas mudanças na rotina pode resultar em desequilíbrios importantes na microbiota intestinal, com impactos no sistema imune que prejudicam a saúde como um todo. A modulação da microbiota é possível com o uso diário de probióticos adequados, evitando que as doenças se instalem, principalmente, nesse momento de exposição após um longo período confinamento e de maior vulnerabilidade do organismo.

Os probióticos são microrganismos vivos (bactérias boas) que, quando ingeridos em quantidades adequadas, interagem com a microbiota intestinal e têm um papel importante no restabelecimento de seu equilíbrio. 1

Existem vários tipos de probióticos, com indicações para patologias diversas. O que difere um do outro é a cepa probiótica, determinante para a ação no organismo. O Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) é a cepa mais estudada no mundo, com eficácia e segurança comprovadas em todas as faixas etárias, incluindo gestantes e idosos, para equilibrar e proteger a microbiota intestinal. As pesquisas científicas realizadas com o Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) já chegam a 35 anos, com validação de mais de 200 estudos clínicos em humanos e mais de 1.000 estudos publicados com essa cepa.

O LGG® é um bacilo Gram-positivo obtido a partir do intestino de um adulto saudável, totalmente sequenciado geneticamente, revelando-se mais 300 proteínas específicas – o que diferencia essa cepa das demais. Entre suas diversas atividades, consegue resistir bem ao ácido gástrico e à bile, adere de forma eficaz às células intestinais e favorece a produção de muco, fazendo com que o aumento da permeabilidade intestinal em situações onde há desequilíbrio da microbiota seja corrigido.

O LGG® diminui a inflamação intestinal mais rápido, reduzindo as citocinas pró-inflamatórias e incrementando as citocinas anti-inflamatórias muito mais do que outras cepas. Os últimos consensos e diretrizes de várias entidades médicas colocam o LGG® como a melhor opção para auxiliar no tratamento de diarreia aguda infecciosa em adultos e crianças.




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Referência

1.Funkhouser LJ, Borderstein SR. Moms knows best: the universality of maternal microbial transmission. PLoS Biol. 2013;11(8):e1001631.


Como ajudar as crianças a se readaptarem às aulas presenciais em 2021

Pais de crianças que estavam em processo de adaptação escolar em 2020 procuram dicas para o próximo ano


Após quase um ano de atividades virtuais, muitos pais se preocupam sobre como será a readaptação das crianças à escola. O fato é que a pandemia atrapalhou o processo de adaptação de muitos estudantes da Educação Infantil e, com o possível retorno híbrido em 2021, é importante começar a preparar os pequenos para voltarem à rotina longe de casa e das aulas remotas.

A coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Renascença, Tania Barbosa Martin, explica que o trabalho para a readaptação deve começar agora com a presença das professoras através de vídeos e atividades on-line para não quebrar o vínculo de confiança entre o aluno e a escola. No entanto, o desafio vai além: no retorno às salas de aula será preciso acolher as experiências diversas de cada estudante durante o isolamento - como a perda de entes queridos.

“A adaptação para 2021 envolve a reaproximação com os espaços da escola, a presença das professoras deste ano e o período de acolhimento. A escuta atenta das famílias sobre como viveram este momento tão atípico se torna ponto central para entender e acolher as crianças e suas experiências. Os pequenos tiveram sua liberdade cerceada, muitos ficaram restritos aos seus apartamentos e outros sofreram perdas. Por isso, é preciso sensibilidade, escuta e entrega em cada relação estabelecida”, aponta a coordenadora.


Lidando com os sentimentos das crianças na pandemia

Se para adultos o isolamento físico já afeta a questão socioemocional, para crianças este período influencia bastante no comportamento. Um dos sintomas mais observados por pais e educadores foi a regressão em algumas etapas do aprendizado que já haviam sido conquistadas - por exemplo, voltar a fazer xixi na cama.

Na escola, essa tendência também é sentida. A coordenadora da Educação Infantil do Colégio Renascença conta que, com toda reclusão e falta de convívio social, as crianças tendem a regredir na questão da autonomia. “Muitos estudantes já tinham desenvolvido certa autonomia no ir e vir, em resolver pequenas questões ou mesmo alguns conflitos que acontecem na sala de aula. Contudo, com a presença constante dos pais e o convívio familiar atípico nos últimos meses, acabam regredindo nesse poder de decisão que estavam conquistando”, comenta Tania Martin.

Outro fator que influenciará o retorno em 2021 é que, devido às próprias condições de isolamento, muitos pais liberaram o acesso aos dispositivos eletrônicos sem restrições de horário. “Essa transição do virtual total para os conflitos da vida real pode aumentar os níveis de irritação de muitos alunos na escola e em casa”, alerta a especialista.

“No ambiente virtual tudo é muito rápido: erros e acertos. Também há certa passividade nas atividades virtuais, onde são colocados apenas para receber imagens e informações através das telas. Na vida real, por outro lado, é preciso lidar com interações e emoções que exigem acordos constantes e o exercício de se colocar no lugar do outro. Estas são capacidades que, de maneira geral, todos nós perdemos um pouco com o isolamento”, complementa.


Volta às aulas da Educação Infantil

Para educadores, o planejamento de 2021 precisa incluir, além do currículo pedagógico formal, etapas de acolhimento com tempo de escuta e propostas de relatos diários das crianças pensadas intencionalmente para o desenvolvimento socioemocional. Este é um exercício que muitas famílias podem fazer em casa para estimular o compartilhamento e elaboração das emoções que perpassam o isolamento social, mesmo com a flexibilização. 

“Para os professores do Colégio Renascença, nossa recomendação será não esquecer da parceria constante com as famílias, algo que conquistamos durante a pandemia e que não vamos lançar mão daqui para frente. Estivemos dentro das casas de cada aluno, ouvindo e intervindo na construção deste período e, para a readaptação em 2021, este trabalho conjunto entre escola e família será essencial”, finaliza a coordenadora pedagógica, Tânia Barbosa Martin.


Três dicas essenciais para oferecer cuidado adequado aos idosos

As pessoas almejam longevidade com qualidade de vida. Alinhar saúde, tanto física como emocional, além de bem-estar, socialização, segurança e outros aspectos da vida, é fundamental durante o envelhecimento. Muitos familiares de pessoas com mais de 60 anos se questionam como proporcionar o cuidado adequado e acredito que promover discussões sobre o tema nos ajuda a lembrar que essa parcela crescente da população precisa ser ouvida, respeitada e priorizada. Como sociedade é nosso dever falar sobre a importância de uma atenção direcionada aos idosos.

Na fase idosa, é preciso lembrar que, além do apoio de familiares e amigos, uma equipe multidisciplinar pode ajudar a atender as necessidades de cada um. Costumo dizer que, quando esses especialistas se unem com foco no indivíduo, vemos o progresso desse paciente. É o que chamo de cuidado singular. Vai além de atender a pessoa no consultório, pois é praticar a escuta ativa e entender que o idoso tem anseios, dúvidas, sentimentos, deseja que suas vontades e particularidades sejam atendidas, mesmo que com algumas limitações ou restrições. Posso resumir em: ter empatia.

Considerando que precisamos, cada vez mais, falar sobre como proporcionar esse cuidado singular, separei três dicas essenciais que familiares e amigos de idosos precisam estar atentos e podem aplicar no dia a dia:


1. Adaptações na casa

Parece algo simples, mas muitas pessoas esquecem que um fio exposto ou tapete pode causar uma queda ou acidente. O processo de envelhecimento faz com que algumas pessoas tenham suas capacidades funcionais motoras reduzidas, por isso, é essencial pensar em maneiras de cuidar adequadamente dessa nova necessidade. Um corrimão e adesivos antiderrapantes na escada proporcionam segurança, por exemplo. Algumas famílias optam por rampas, barras de apoio, eliminam os tapetes, escolhem pisos que não sejam muito lisos. São várias adaptações até nos móveis, como a cama, cadeiras e sofá, que, muitas vezes, estão ou muito baixos ou altos e afetam a mobilidade e conforto dos idosos.

As quedas em idosos podem causar fraturas, luxação, entre outras lesões, sejam leves ou graves. É importante reforçar que os ossos da pessoa idosa não são mais tão fortes e a recuperação após uma queda é mais lenta. Para preservar a segurança de seu familiar idoso é fundamental olhar para o seu ambiente e pensar: "Como posso adequar e proporcionar conforto?".


2. Pratique a escuta ativa e se lembre da importância do cuidado singular

É comum as pessoas pensarem que, porque seu familiar se tornou idoso, ele se transformou em uma criança, cheia de manias, e que os outros adultos devem escolher tudo por eles. Desde a comida até a programação diária. Agir dessa maneira até pode ocasionar doenças emocionais como estresse, depressão e ansiedade nos idosos, pois eles sentem que sua identidade, gostos e preferências não são mais importantes. Eles querem e precisam ser ouvidos. Muitas vezes, será necessário paciência, porque eles passam a ter algumas limitações e, até se adaptarem a elas, leva tempo. Mas então entra em cena aquela palavra que falei no começo do texto: empatia. Quando alinhamos essas duas palavras com o respeito passamos ouvir mais e cuidar com foco em atender às necessidades individuais daquela pessoa.


3. Proporcione atividades de relaxamento

Todos precisam de um tempo para descansar e relaxar. Isso é ter saúde e qualidade de vida. Como já mencionei no artigo sobre a atenção que a população idosa necessita nessa época de distanciamento físico, devido à pandemia, manter-se ativo é fundamental e relaxar faz parte disso. Cada pessoa tem uma forma de descansar a mente e o corpo, seja praticando meditação ou yoga, cozinhando, pintando, lendo, assistindo um filme ou série. O importante é encontrar uma maneira de fugir da rotina de correr com mil afazeres do dia a dia e reservar um tempo de autocuidado. Relaxar repõe as energias, traz prazer e proporciona alegria.

Os idosos devem escolher como e o que desejam fazer. Os familiares podem incentivar essas atividades de relaxamento, mas não devem impor ou forçar, para o que deveria ser prazeroso não se torne estressante, já que o objetivo é totalmente o oposto.

Nesse momento, o cuidado e a preocupação com aqueles que amamos precisam de um olhar ainda mais atento. Carinho e amor são essenciais. Obviamente, a saúde tanto física quanto emocional deve ser vista como prioridade. Precisamos lembrar constantemente que nossos idosos necessitam de atenção direcionada para que a longevidade com qualidade de vida seja colocada em prática.

 

 


Mini Bio Dra. Ana Catarina Quadrante - Geriatra e coordenadora médica da Cora Residencial Senior, formou-se na Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo e fez residência em clínica médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e, também, em geriatria e gerontologia. Tem pós-graduação em aperfeiçoamento em cuidados paliativos pelo Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa. Atuou como clínica médica do Instituto do Câncer de São Paulo e como médica geriatra nos hospitais: Santa Cruz, Sírio Libanês, Alemão Oswaldo Cruz. Além disso, também foi médica da equipe de cuidado paliativos do Hospital Metropolitano do Butantã.


Psicóloga alerta para riscos da busca incessante pela felicidade

Viver e não ter a vergonha de ser triste

Psicóloga da Unicamp diz que procura descabida pode levar à depressão e ansiedade


Crescemos ouvindo histórias que terminam com finais “felizes para sempre”. Como se, depois de superadas todas as adversidades, o caminho adiante fosse apenas um: a tristeza dando lugar à felicidade.  Assim como o príncipe ou a princesa encantada, essa mensagem se apegou ao imaginário social e se transformou em obsessão: nosso objetivo de vida é ser feliz, a qualquer custo. O problema é que buscamos isso nas motivações erradas, segundo a psicóloga Ana Gabriela Andriani, mestre e doutora pela Unicamp: na comparação com o outro, em dinheiro, posses e sucesso.

Mas o que é ser feliz, afinal? A nossa felicidade é a mesma que para outras pessoas? E se não é no dinheiro ou no sucesso, onde a encontramos? “A primeira coisa que precisamos entender é que a felicidade possui uma dimensão objetiva e outra subjetiva. A primeira se refere às condições da pessoa, ou seja, questões econômicas, de saúde e até do nível de criminalidade e violência do local onde vive. Em resumo, a qualidade de vida que ela tem”, afirma a especialista.

Tudo isso influencia na sensação de bem-estar e, portanto, de felicidade. “Uma pessoa que está em condições financeiras muito difíceis ou que está doente obviamente não se sente feliz. Quando ela passa a ganhar mais, ter melhor acesso à saúde e educação, sente um maior bem-estar e, consequentemente, fica mais feliz. Isso mostra que questões materiais e de estrutura social e econômica são, sim, importantes para a sensação de felicidade”, diz Ana Gabriela.

Porém, a psicóloga afirma que esse aumento de bem-estar não é sempre proporcional ao êxito financeiro, por exemplo. Para embasar isso, ela cita o livro “Felicidade”, do economista e filósofo Eduardo Giannetti. Nele, há pesquisas das últimas décadas que mostram que, a partir de um determinado nível econômico, o ganho financeiro de uma pessoa não mais interfere em sua sensação de felicidade. Como exemplo são citados casos de pessoas que moram em países muito pobres. Quando essas dificuldades são superadas e elas passam a ter boas condições de saúde e um nível melhor de vida, isso interfere diretamente na sua sensação de bem-estar e de felicidade. Mas, a partir de um determinado nível de ganho – que, as pesquisas sugerem, está em torno de mais de 10 mil dólares por ano – essa felicidade não é mais influenciada pelo dinheiro.

 

Felicidade fugaz


Copo meio cheio ou meio vazio

Esses dados indicam a existência dessa dimensão subjetiva para a felicidade, que nós não conseguimos definir exatamente qual é. “Vivemos em uma busca incessante pela felicidade hoje em dia. Parece que temos obrigação de sermos felizes, mas a gente não sabe dizer exatamente o que nos faz feliz. É muito comum associarmos a sensação de felicidade a desejos e conquistas materiais. Acreditamos que, se ganharmos mais ou se compramos uma casa maior, seremos mais felizes. Mas isso é fugaz: essa sensação boa, de quando consumimos algo, é efêmera, não se sustenta ao longo do tempo”, analisa a psicóloga.

Por esse motivo, pessoas consumistas precisam sempre comprar algo novo: é uma tentativa de manter a sensação de bem-estar, já que ela passa muito rápido. Ao relacionar felicidade a falta de sofrimento e tristeza ou ter muitos bens materiais, geramos mais depressão e ansiedade do que boas sensações.

 

Viver e não ter a vergonha de ser...triste

Achamos que não podemos estar tristes: temos que ser, o tempo todo, felizes, motivados, com alta performance e não podemos passar por momentos de desmotivação, tristeza, frustração ou reflexão. Segundo Ana Gabriela, esse é um dos motivos pelos quais mais se observa um aumento no consumo de antidepressivos e ansiolíticos. “A frustração tem a ver com o descompasso que existe entre o que a gente sonha e o que é possível fazer na realidade. Pensamos que o mundo sempre se encaixará perfeitamente ao que queremos. E isso não é verdade: essa falta de vazios e de frustrações não é possível”, diz.

Como exemplo do prejuízo que essa ideia pode trazer às nossas vidas e aos dos que nos rodeiam, a psicóloga cita os pais superprotetores, que tentam fazer com que os filhos não entrem em contato com as frustrações. “Isso é um prejuízo para a criança, porque a vida, no geral, terá muitas faltas, sensações de incompletude, e, se ela não conseguir viver com isso, persistir e lutar pelo que quer, poderá cair numa situação de frustração paralisante e mais depressiva, já que não terá aprendido a lidar com esse sentimento.”

 

O outro e as redes sociais

Outro erro é desejar ser feliz da mesma maneira que os outros. E as redes sociais têm grande peso nesse equívoco: consumimos relatos de ostentação como meta de felicidade, imaginando que, se tivermos o emprego daquela pessoa, as roupas ou as posses iguais às dela, seremos mais felizes. “Isso também é muito prejudicial, porque há sempre uma comparação com o outro – e as redes estimulam muito essa comparação – mas o que é postado no Instagram ou no Facebook é o retrato de momentos de felicidade, de conquistas ou de prazer, não a rotina. Então, a tendência é achar sempre que está aquém e que é menos que o outro. Mas isso vai sempre acontecer: a gente nunca vai ser igual ao outro, sempre existirá alguém que tenha mais ou que é algo a mais do que a gente. Ficar nessa busca por ser igual a alguém é muito prejudicial”, afirma a especialista.

 

Felicidade nos pequenos momentos

Tudo isso indica que não seremos nunca felizes? Não, claro que não. Mas é preciso desmistificar o que é a felicidade e que ela é permanente, quando na verdade é um estado, em geral, momentâneo. É comum pensarmos que, ao fazer uma viagem ou iniciarmos um novo trabalho, encontraremos a felicidade. É a ideia equivocada do “felizes para sempre”, o lugar mágico onde não existem mais problemas.

“Gosto de uma frase do Guimarães Rosa em que ele diz ‘Felicidade se acha em horinhas de descuido’. Acho que ele dá dicas importantes para a gente quando fala sobre isso, porque está dizendo que nós vivemos momentos de felicidade e que, além de serem momentos, ou seja, não ser uma sensação permanente, muitas vezes descobrimos que estamos felizes ou temos a sensação de bem-estar quando menos esperamos ou quando não está planejado”, afirma Ana Gabriela.

Devemos, então, aceitar a felicidade como um momento e não um estado constante – e aproveitar isso. Estar de acordo com seus valores também pode proporcionar bem-estar. E chegar a um entendimento de nós mesmo também é um jeito de ser feliz. “No trabalho de psicoterapia, quando entendemos quem somos e o sentido do que estamos fazendo, dá muita sensação de bem-estar. A dimensão subjetiva da felicidade tem a ver com o modo como você sente a sua vida, como você se relaciona com ela e seus afetos, e como faz suas escolhas. A felicidade é algo que acontece dentro da gente”, finaliza. 


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