Enfrentar
a infertilidade pode ser um peso para diversos casais. Especialista dá
orientações de como não transformar isso numa crise conjugal.
O que fazer quando a infertilidade
afeta o casamento? Cerca de 80 milhões de pessoas no mundo enfrentam a
infertilidade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Em muitos casos, a
vivência desse problema pode afetar casais de diversas formas.
Segundo Cláudia Navarro, especialista
em Reprodução Assistida e membro das Sociedades Americana de Medicina
Reprodutiva e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, muitos casais
relatam que a dificuldade para engravidar tem interferido na vida a dois. “É
muito comum. Principalmente se esse casal está enfrentando isso sozinho, sem
compartilhar”, diz.
Cláudia explica que a primeira coisa
que pode acontecer são as relações sexuais se tornarem uma obrigação com data e
hora marcada, ou seja, relações que precisam acontecer no período fértil da
mulher. “Quando o foco está exclusivamente na gravidez, a ansiedade pode
atrapalhar a dinâmica do casal, fazendo com que se esqueçam do romance. Afinal,
o foco está mais na esperança de gravidez do que no prazer de ambos”, analisa.
Chances iguais
Outra coisa que pode abalar um
relacionamento e que, de acordo com a especialista, demanda conversa e
compreensão, é a culpabilização da pessoa infértil. Segundo Cláudia Navarro, as
chances de a infertilidade estar presente na mulher são de 35%, na mesma
proporção do que no homem. Em 20% dos casos, ambos possuem algum problema e em
10% não se chega a um diagnóstico específico. “Ou seja, ambos têm a mesma
chance de serem inférteis. Por isso, o casal jamais deve se culpar, ou culpar
um ao outro por aquele problema”, alerta.
Dicas para evitar uma crise conjugal
Para auxiliar no enfrentamento da
descoberta da infertilidade e dos tratamentos, que podem gerar desânimo,
inquietação e uma conseqüente crise no casamento, a médica enumera alguns
pontos que podem auxiliar:
Companheirismo: o principal passo é buscar compreender o problema e
enfrentá-lo juntos. É muito importante que ambos se apoiem, se auxiliem e,
claro, compreendam a situação. “Estar junto auxilia, inclusive, nas situações
embaraçosas, como o questionamento de um familiar”, cita a especialista.
Naturalidade: em alguns casos, como coito programado, a atividade sexual
vai ter dia marcado. “Nesses casos, o casal deve tentar não tocar no assunto da
gravidez durante o momento de intimidade e tentar fazer tudo da forma mais
espontânea possível”.
Auxílio profissional: conhecer uma boa clínica de Reprodução Assistida e buscar
suporte com bons profissionais é muito importante. “Conviver com a dúvida e a
incerteza é muito pior. Ao buscar ajuda médica, o casal tem ciência do que está
acontecendo”, diz a médica.
Apoio psicológico: em muitos casos, não é possível suportar o processo
sozinho, então, buscar ajuda profissional pode aliviar o peso do problema. “Os
psicólogos desenvolvem um importante papel na vida de homens e mulheres
inférteis. Buscar auxílio profissional os ajuda a enfrentar a situação de forma
mais leve”, conclui Cláudia Navarro.
Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela mesma instituição federal.
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