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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Marido e mulher inférteis? Evite que isso se torne uma crise conjugal.


 pexels

 Enfrentar a infertilidade pode ser um peso para diversos casais. Especialista dá orientações de como não transformar isso numa crise conjugal.

  

O que fazer quando a infertilidade afeta o casamento? Cerca de 80 milhões de pessoas no mundo enfrentam a infertilidade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Em muitos casos, a vivência desse problema pode afetar casais de diversas formas.

Segundo Cláudia Navarro, especialista em Reprodução Assistida e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, muitos casais relatam que a dificuldade para engravidar tem interferido na vida a dois. “É muito comum. Principalmente se esse casal está enfrentando isso sozinho, sem compartilhar”, diz.

Cláudia explica que a primeira coisa que pode acontecer são as relações sexuais se tornarem uma obrigação com data e hora marcada, ou seja, relações que precisam acontecer no período fértil da mulher. “Quando o foco está exclusivamente na gravidez, a ansiedade pode atrapalhar a dinâmica do casal, fazendo com que se esqueçam do romance. Afinal, o foco está mais na esperança de gravidez do que no prazer de ambos”, analisa.


Chances iguais

Outra coisa que pode abalar um relacionamento e que, de acordo com a especialista, demanda conversa e compreensão, é a culpabilização da pessoa infértil. Segundo Cláudia Navarro, as chances de a infertilidade estar presente na mulher são de 35%, na mesma proporção do que no homem. Em 20% dos casos, ambos possuem algum problema e em 10% não se chega a um diagnóstico específico. “Ou seja, ambos têm a mesma chance de serem inférteis. Por isso, o casal jamais deve se culpar, ou culpar um ao outro por aquele problema”, alerta.


Dicas para evitar uma crise conjugal

Para auxiliar no enfrentamento da descoberta da infertilidade e dos tratamentos, que podem gerar desânimo, inquietação e uma conseqüente crise no casamento, a médica enumera alguns pontos que podem auxiliar:


Companheirismo: o principal passo é buscar compreender o problema e enfrentá-lo juntos. É muito importante que ambos se apoiem, se auxiliem e, claro, compreendam a situação. “Estar junto auxilia, inclusive, nas situações embaraçosas, como o questionamento de um familiar”, cita a especialista.


Naturalidade: em alguns casos, como coito programado, a atividade sexual vai ter dia marcado. “Nesses casos, o casal deve tentar não tocar no assunto da gravidez durante o momento de intimidade e tentar fazer tudo da forma mais espontânea possível”.


Auxílio profissional: conhecer uma boa clínica de Reprodução Assistida e buscar suporte com bons profissionais é muito importante. “Conviver com a dúvida e a incerteza é muito pior. Ao buscar ajuda médica, o casal tem ciência do que está acontecendo”, diz a médica.


Apoio psicológico: em muitos casos, não é possível suportar o processo sozinho, então, buscar ajuda profissional pode aliviar o peso do problema. “Os psicólogos desenvolvem um importante papel na vida de homens e mulheres inférteis. Buscar auxílio profissional os ajuda a enfrentar a situação de forma mais leve”, conclui Cláudia Navarro.

 


Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela mesma instituição federal.


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