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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Você sabe o que avaliar na hora de contratar um seguro?


Pense rápido: você sabe o que é necessário avaliar na hora de contratar um serviço? Claro, cada um tem suas peculiaridades e essas devem ser analisadas pontualmente. Vamos, então, falar sobre seguros? A modalidade mais popular é o seguro de automóvel. As pessoas já têm mais familiaridade com o assunto e, em geral, sabem o que avaliar nas apólices.

Mas e se o assunto for o seguro de vida?

Para começar, acho interessante falar em cultura. Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) revelou que o seguro de pessoas - que incluem seguros de vida, de acidentes pessoais, doenças graves, entre outras modalidades de proteção – registrou avanços em 2018. De acordo com a entidade, a alta foi de 10% em relação aos valores de 2017 e a contratação desse tipo de seguro chegou a R$ 38 bilhões no ano passado. Aliás, em 2017, a arrecadação do segmento ultrapassou, pela primeira vez, a arrecadação do setor de veículos.

Em contrapartida, uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford, em 2017, mostrou que o mercado de seguros ainda tem muito para crescer. De acordo com o estudo, 19% dos brasileiros tinham algum tipo de seguro de vida à época, enquanto a média em outros 11 países é de 32%.

Com base nesses números é possível enxergar que há um número importante de pessoas que sequer cogita ter um seguro de vida. Os motivos variam. Um deles tem relação com o valor a ser pago. Isso acontece, pois no imaginário popular, a primeira coisa que vem à cabeça quando se fala em seguros é o seguro auto.

Muitas pessoas ainda desconhecem que há seguros no mercado para atender a toda a população - e alguns nichos específicos de mercado - que normalmente cabem no bolso. Essas apólices têm valor mensal a partir de R$ 25,00 e representam uma maneira de poupar algum dinheiro para um momento de necessidade importante. Por exemplo, há seguros de vida para pessoas com diabetes, outros específicos para atender a terceira idade, alguns oferecem cobertura como proteção contra doenças graves. Há seguros especiais para pais ou responsáveis por pessoas com Síndrome de Down e outros para tratamento de crianças e jovens de até 19 anos que venham a ter algum tipo de câncer. Ainda, há seguros que incluem cobertura no caso de funeral. A maioria das pessoas foge do assunto, mas também há uma grande parcela da população que se vê desamparada quando perde um parente e precisa providenciar tudo para a despedida, um momento tão difícil.

Assim, para definir qual tipo de seguro vai atender melhor as necessidades de cada indivíduo é preciso analisar alguns aspectos. Por exemplo: se a pessoa não tem familiares próximos e não for casada, pode ser interessante escolher um seguro que ofereça cobertura em caso de invalidez ou de doença grave. Se a pessoa estiver iniciando uma família, é importante considerar que, em caso de imprevistos, a criança deverá contar com o valor da indenização até chegar à maioridade e completar sua educação. Por isso, é interessante atentar ao valor da apólice e certificar-se de que o benefício será suficiente para sustentar a criança até lá. No caso de pessoas com nível econômico alto e estável, um seguro pode ajudar na manutenção do padrão de vida mesmo que algum acidente aconteça e até isentar familiares ou o parceiro das despesas decorrentes do falecimento.

A definição do seguro ideal vai variar de acordo com o objetivo de cada um, das suas condições de vida e dos planos para o futuro. É interessante conversar com um corretor de confiança para esclarecer dúvidas e entender o que pode ser melhor para o seu perfil.






Francisco de Assis Fernandes - diretor comercial da American Life, seguradora brasileira reconhecida por oferecer seguros a nichos específicos com mais de 25 anos de mercado – www.alseg.com.br


Hábitos de consumo e mudanças estruturais pós-coronavírus


Especialistas analisam os atuais hábitos de consumo e sugerem mudanças estruturais com foco no fortalecimento local


A crise que estamos enfrentando hoje devido ao novo coronavírus vai contra tudo o que foi construído nos últimos anos. Mercados globais paralisados, fronteiras fechadas e noções sociais e culturais em constante transformação. Diante das incertezas do cenário mundial, diversos questionamentos começam a surgir. Quando tudo isso passar, o mundo que encontraremos será o mesmo que tínhamos antes? Como nós, como sociedade e comércio, vamos reagir a isso? Quais os tipos de negócios que irão aflorar primeiro quando tudo voltar ao normal? Se até a forma como nos cumprimentamos mudou – os abraços e beijos deram lugar a acenos distantes –, o que serão dos outros hábitos culturais?

Para o empresário do segmento da alimentação José Araújo Netto, fundador das badaladas redes Porks – Porco & Chope e Mr. Hoppy, que contam com mais de 50 unidades espalhadas pelo país, a recuperação mais rápida só vai acontecer por meio da responsabilidade social e do sentimento de comunidade. “Este é um momento crucial na trajetória da população mundial, de pensarmos como comunidade e agirmos em prol de uma reabilitação conjunta”, diz o empresário. “É preciso pensar nos pequenos comerciantes do bairro e fazer com que o dinheiro continue circulando para que haja um crescimento compartilhado, não apenas individual”, afirma.

Nos últimos anos, grande parte da população dirigia seus esforços de compra para as grandes redes de comércio, que conseguem vender barato, com qualidade e relativamente perto, entretanto não fazem o comércio local girar. Para Araújo Netto, campanhas como “compre do pequeno”, que já estão circulando na internet, são essenciais para que os danos da crise sejam reduzidos gradualmente. “O empreendedor sabe que vai enfrentar dificuldades e que terá que se reinventar para sair da crise, mas este é o momento do consumidor ser inteligente a ponto de fazer parte dessa transformação, não pode ser mais um simples receptor”, explica. “A partir do momento que o consumidor deixa claro o que precisa e se mostra disposto a pagar um pouco mais, o pequeno comerciante pode retribuir, aumentando a qualidade e gerando benefícios a sua comunidade local”, diz.

Para Horacio Coutinho Junior, consultor de Negócios e Marketing em San Diego (EUA), o momento exige mudanças em termos de estratégia empresarial. “Para se reinventar, é preciso ter personalidade de marca. Não adianta fingir que se preocupa com o bairro, mas não se envolver com a comunidade”, diz. “É momento do dono de restaurante entender que não vende comida, mas sim uma experiência. Afinal, se fosse só pela comida, o serviço de entrega por delivery deveria servir”, conta.

De acordo com o especialista, nessa nova construção de coletivos e interesses em comum, será preciso reduzir a polarização do comércio para que a renda seja melhor distribuída localmente. “A questão não pode mais ser ganhar dinheiro só pelo dinheiro em si, mas sim para fortalecer a comunidade em que seu comércio está inserido”, afirma. Para Coutinho Junior, os empresários estão pensando em resolver seus problemas com uma mentalidade anterior à crise, mas que não será suficiente para o mundo pós-pandemia. “Dinheiro sem construção social leva ao caos que vivemos hoje”, complementa o consultor.

Embora ainda existam muitos desafios pela frente para chegarmos a este modelo de sociedade proposto, o atual momento nos permite pensar qual rumo queremos dar para nossas vidas. “Se a resposta encontrada for uma mudança de ritmo, com mais tempo para a família e mais qualidade de vida, esta crise ainda pode trazer resultados positivos para o futuro”, completa Araújo Netto.

Ensinando economia a uma criança


O isolamento social para combater a pandemia do coronavírus está servindo de palco para debates confusos e construções lógicas erradas. Ora os debates são feitos com premissas corretas, ora com premissas falsas. A essência da questão reside no dilema “ou parar, ou trabalhar”. De saída, uma premissa falsa é colocada com indagações do tipo: “vamos priorizar a vida ou a economia?”; “vamos defender as pessoas ou os empresários?”.

A primeira premissa falsa nessas perguntas está no fato de que as duas coisas não se excluem. Se todos, rigorosamente todos os habitantes de um país parassem, rapidamente não haveria fornecimento de energia, água, gás, medicamentos e comida, pois não haveria ninguém para ligar nem sequer uma chave da usina hidrelétrica. Ou seja, não existe a opção de “todos” pararem e, mesmo assim, os bens e serviços mínimos à vida continuarem chegando à mesa por uma mágica extraterrestre.

Claro que o isolamento social é a principal arma de combate a essa pandemia triste. Mas é óbvio que a humanidade tem que arrumar meios para que uma parte da população siga trabalhando, com todos os cuidados possíveis, a fim de garantir a sobrevivência de todos. A economia só existe porque há seres humanos com necessidades vitais (das quais a vida depende), a começar pelas mais óbvias: alimento, abrigo e repouso. E quem produz os produtos para satisfazer essas necessidades são as mesmas pessoas que vão consumi-los.

Quando um animal nasce na natureza, a mãe, o pai ou o próprio filhote têm que sair em busca de alimentos; se ninguém fizer isso, todos morrem. Como o instinto da sobrevivência é um traço dos animais, racionais ou não, eles saem à busca dos meios para sua sobrevivência mesmo sob condição de risco. A economia nada mais é do que um sistema para prover os bens e serviços capazes de atender às necessidades múltiplas dos seres humanos, pela transformação dos recursos da natureza (que são escassos).

A economia faz sentido quando uma criança de 13 anos consegue entender o significado dos fatos reais por trás das teorias. Se você quer ensinar economia a uma criança, quando ela sentar-se à mesa para ter seu café da manhã, antes de começar a comer, pergunte-lhe: “você sabe de onde vêm essas coisas? o leite, o pão, o queijo, a manteiga, o garfo, a faca, a xícara, a toalha, o fogão, a mesa etc?”.

Mostre à criança o leite e a caixa que o embala e pergunte se ela sabe de onde veio tudo isso e quantas operações o mundo teve que executar para que os produtos estivessem sobre a mesa de sua refeição matutina. Uma boa técnica é começar a imaginar o percurso inverso de cada produto. O leite volta para a geladeira (ah! explique qual o processo de fabricação de uma geladeira), dali volta ao supermercado (como surgiu o supermercado?), depois ao caminhão que transportou leite desde a indústria etc. Peça para a criança imaginar as milhares de operações que entram na fabricação de um caminhão, fale como foi feita a rodovia, chegue até fábrica de laticínios e explique a complexidade para processar o leite in natura e prossiga até retornar à vaca em algum estábulo de uma fazenda distante de sua mesa de café da manhã.

A cadeia produtiva mostra toda sua complexidade se repetirmos esse exercício mental para o café, o açúcar, a xícara, a manteiga, a toalha, a mesa, a faca, o garfo... ou seja, não é preciso muito para entender o tamanho da encrenca que o mundo tem que resolver para dar a você um simples café da manhã. Os radicais de esquerda gostam de xingar o mercado e os empresários. Marx dizia que o empresário é o sicofanta do capital (patife, velhaco). Isso é uma bobagem. O mercado fez mais pela redução da pobreza que todos seus desafetos somados. Quanto ao empresário, como dizia Roberto Campos, o respeito pelo produtor de riqueza é o começo da solução da pobreza.

Se você compulsar as notícias e os debates em jornais, rádios e redes sociais, encontrará pessoas ditas cultas dizendo que ir ao trabalho e seguir produzindo é privilegiar o dinheiro em vez da vida, é correr o risco de morrer para dar lucro aos empresários. O isolamento social é eficaz para conter o contágio. Evitar aglomerações é necessário. Mas, é claro também, que a economia não pode parar totalmente, pois, como já dito, a vida depende dos bens e serviços mínimos para a sobrevivência. Dos 211,3 milhões habitantes do Brasil, dos quais 87,5% vivem nas cidades, e precisam ser abastecidas.

Enfim, a economia é uma ciência da vida, não é uma coisa demoníaca do dinheiro e do lucro e, quando colocada dessa forma, parece que o debate é entre o bem e o mal, com o bem de um lado (a saúde pública) e o mal (a economia) de outro. Essa oposição não existe e acreditar nela é não ter noção mínima do que seja um sistema econômico.






José Pio Martins - economista, é reitor da Universidade Positivo.


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