Pesquisa recente
de Genera revelou quais regiões brasileiras possuem os índices mais altos de
predisposição genética à doença celíaca
A doença celíaca afeta entre 0,7% e 2,9% da
população no mundo, com maior frequência em mulheres e em grupos de risco bem
definidos, como parentes de pessoas com a condição ou comorbidades autoimunes,
segundo artigo publicado no Science Direct1. Estima-se que cerca de
2 milhões de brasileiros sejam afetados2. Para saber mais sobre as
origens da doença, Genera, o primeiro laboratório brasileiro especializado em
genômica pessoal, analisou o perfil do DNA de mais de 120 mil brasileiros e
descobriu que maior predisposição a doença celíaca no país acontece no Sudeste
e no Sul, seguidos pela região Norte.
Segundo o levantamento, no Sul, 19,20% dos
analisados estão no estrato "Alto" de risco, o maior índice entre
todas as regiões. No Sudeste, esse percentual é de 18,10%, enquanto o Norte
conta com um valor similar, de 19,38%, ainda que com uma amostra menor de
indivíduos analisados (2.570).
Outro dado relevante é que o estrato
"Médio" de risco domina em todas as regiões do país, com percentuais
próximos, como observado no Nordeste (61,93%) e no Centro-Oeste (60,14%),
destacando um cenário em que a predisposição genética elevada para a doença
celíaca é prevalente em âmbito nacional.
“Cerca de 19% da predisposição à doença celíaca
pode ser atribuída a variantes genéticas conhecidas e analisadas no teste. O
restante do risco ainda envolve fatores que vão desde outros aspectos genômicos
ainda não totalmente compreendidos, além das influências ambientais e hábitos
alimentares." Afirma Ricardo Di Lazzaro, médico e doutor em genética pela
USP, cofundador de Genera e responsável pela vertical de genômica pessoal de
Dasa Genômica.
Entendendo a Doença Celíaca
Trata-se de uma doença autoimune na qual o sistema
imunológico reage ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, na cevada e no
centeio. “A aveia, apesar de não conter glúten em sua composição, também pode
ser contaminada por este componente em seu processo produtivo”, diz o
gastroenterologista, Decio Chinzon, do Delboni e Salomão Zoppi, marcas de
medicina diagnóstica da Dasa. A reação imunológica ao glúten é mais comum em
países ocidentais e pode se manifestar em qualquer idade, especialmente em
jovens e crianças entre seis meses e cinco anos.
Essa reação causa danos no revestimento do
intestino delgado, o que pode causar diarreia, dores abdominais, inchaço, perda
de peso e fadiga. “Por ser uma doença autoimune, não tem cura, mas pode
ter controle com o acompanhamento adequado. Por isso, o celíaco precisa ser
diagnosticado o quanto antes para começar a ter uma dieta adequada, evitar os
sintomas desagradáveis e ter mais qualidade de vida”, completa.
A doença celíaca afeta diferentes partes do corpo,
com manifestações também na pele, por meio de erupções cutâneas em joelhos,
cotovelos, costas e nádegas. Também é comum que surjam urticárias; eczema,
condição que causa coceira, inflamação e ressecamento da pele; e bolhas nas
mãos e nos pés. Além das manifestações cutâneas, por ser uma doença
autoimune, pode estar associada ao diabetes tipo I e a tireoidite de Hashimoto.
Como diagnosticar a doença
O diagnóstico de doença celíaca começa com a
identificação dos sintomas relatados ao médico, que pode suspeitar da condição
e investigar o histórico familiar. Para confirmar essa suspeita, são realizados
exames como o de sangue, que detecta anticorpos específicos indicando a
condição.
Se os resultados do sangue forem sugestivos, um
gastroenterologista clínico poderá solicitar uma endoscopia digestiva alta com
biópsias do duodeno. Esse procedimento é crucial para a confirmação do
diagnóstico, pois a análise do tecido do intestino delgado realizada por um
patologista descarta outras condições e confirma a presença da doença.
Caso os exames e a biópsia não confirmem a doença
celíaca, suspeitas como a hipersensibilidade não celíaca ao glúten, que causa
sintomas após o consumo de alimentos com a proteína, podem ser
levantadas.
Nesse contexto, a análise genética surge como uma
ferramenta estratégica para um cuidado mais personalizado. Com ela, é possível
identificar a predisposição para a doença e adotar medidas preventivas, como
acompanhamento nutricional e, se necessário, uma redução do glúten antes do
aparecimento de sintomas. "Conhecer o risco precocemente pode melhorar
significativamente o prognóstico e a qualidade de vida”, finaliza Ricardo Di
Lazzaro.
- KOVACS, M. et al. A carga global da saúde do paciente e da comunidade em um mundo com mais doença celíaca. ScienceDirect, 2024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016508524001215. Acesso em: 13 maio 2025.
- Secretaria
de Saúde do Distrito Federal. Dia Mundial do Celíaco: cerca de 2 milhões de
brasileiros sofrem com a doença. Disponível em: https://saude.df.gov.br/web/guest/w/dia-mundial-do-cel%C3%ADaco-cerca-de-2-milh%C3%B5es-de-brasileiros-sofrem-com-a-doen%C3%A7a.
Acesso em: 13 maio 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário