Técnicas de alta
precisão, terapias personalizadas e novos dispositivos médicos melhoram a
qualidade de vida de pacientes e ampliam as chances de cura
Os avanços da medicina no tratamento do câncer
ginecológico têm mudado radicalmente a experiência de mulheres diagnosticadas
com tumores no útero, ovários, trompas ou colo do útero. Com a adoção de
cirurgias menos agressivas, dispositivos inovadores e terapias cada vez mais
personalizadas, a oncologia ginecológica entra em uma nova era — mais
eficiente, menos traumática e centrada na preservação da qualidade de vida das
pacientes.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o
câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres
brasileiras, com estimativa de 17.010 novos casos em 2023. A doença, que pode
comprometer a fertilidade e exigir intervenções complexas, têm encontrado novas
possibilidades de tratamento graças ao fortalecimento da pesquisa clínica no
país.
Cirurgias de precisão e novos
dispositivos ganham protagonismo
Entre as transformações mais significativas está a
ampliação do uso de cirurgias minimamente invasivas, como a laparoscopia e
robótica, que permitem a remoção de tumores com menor trauma cirúrgico, menos
dor pós-operatória e uma recuperação mais rápida. Esse tipo de abordagem tem
sido fundamental para reduzir complicações e preservar estruturas importantes,
como o útero e os ovários, principalmente em pacientes diagnosticadas
precocemente.
“Hoje conseguimos oferecer tratamentos mais
direcionados e menos mutilantes, que respeitam o corpo e os planos de vida da
paciente. Isso representa um avanço tanto técnico quanto humano no cuidado
oncológico”, afirma Marcelo
Vieira, cirurgião oncológico e especialista em técnicas ginecológicas de
alta precisão.
Além das técnicas cirúrgicas, a adoção de
dispositivos médicos também está ampliando as opções terapêuticas. Um exemplo é
o Duda — Dispositivo Uterino para Dilatar o Anel Endocervical — aprovado pela
Anvisa e criado por Marcelo
Vieira. Usado em pacientes com câncer do colo do útero em estágio inicial,
o equipamento evita o fechamento do canal endocervical após a cirurgia,
permitindo o fluxo menstrual e preservando a chance de gravidez. “Inovações
como essa mostram como a tecnologia pode ser aliada da fertilidade e da
autonomia da mulher, mesmo diante de um diagnóstico difícil”, explica o médico.
Medicina personalizada e
pesquisa clínica ampliam possibilidades
Outra frente de inovação é o avanço da medicina
personalizada na oncologia ginecológica. A identificação de mutações genéticas
específicas permite que as pacientes sejam tratadas com terapias direcionadas,
como os inibidores de PARP para câncer de ovário associado a mutações nos genes
BRCA1 e BRCA2. Esse tipo de abordagem reduz efeitos colaterais e melhora os
índices de resposta ao tratamento.
O investimento em pesquisa clínica tem sido
determinante para validar essas estratégias e acelerar sua incorporação no
sistema de saúde. Em Barretos, o Hospital de Amor conduz estudos com
tecnologias como o Duda, acompanhando 240 pacientes em um ensaio clínico
randomizado com critérios rigorosos de seleção. O objetivo é medir a eficácia da
técnica na preservação do canal endocervical, nas taxas de gravidez e no
impacto na qualidade de vida das pacientes.
“Para que a inovação chegue ao maior número de
mulheres, precisamos produzir evidência científica robusta e trabalhar pela
acessibilidade. A pesquisa clínica é o elo entre a descoberta e a transformação
real na vida das pacientes”, reforça Marcelo Vieira.
A evolução da oncologia ginecológica brasileira
passa, hoje, pelo compromisso com a tecnologia, a personalização do cuidado e o
respeito à individualidade de cada mulher. Com mais precisão, menos
invasividade e melhores resultados, a medicina oferece novos caminhos para o
tratamento do câncer — caminhos que não apenas prolongam a vida, mas garantem
que ela continue com mais dignidade e autonomia.
Dr. Marcelo Vieira - cirurgião oncológico, especialista em cirurgias minimamente invasivas e mentor de cirurgiões. Com mais de 20 anos de experiência, iniciou sua trajetória no Hospital de Câncer de Barretos, onde atuou como chefe da Ginecologia e se dedicou ao atendimento 100% SUS. Em 2019, realizou o primeiro transplante robótico intervivos do Brasil, um marco na medicina nacional. Após essa conquista, decidiu empreender e criou o Curso de Metodologia Cirúrgica, com a missão de transformar cirurgiões e salvar vidas. Também fundou o Cadáver Lab, um treinamento imersivo de dissecção e anatomia pélvica avançada, além de liderar programas de mentoria de alta performance, como Precisão Cirúrgica e Cirurgião de Elite.Para mais informações, visite o site oficial ou pelo instagram.
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