No Dia Mundial de Conscientização, especialista alerta para os desafios do diagnóstico, da alimentação segura e da inclusão social
No dia 16 de
maio é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Celíaca, uma
condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten — proteína presente no
trigo, centeio e cevada — que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. A data
busca alertar a sociedade sobre os desafios enfrentados por quem convive com a
doença e a importância de garantir acolhimento e respeito em ambientes coletivos
como escolas, restaurantes e espaços públicos.
Com base na
prevalência mundial, a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil
(FENACELBRA) estima que o País tenha hoje aproximadamente 2 milhões de
celíacos, sendo que a grande maioria ainda não tem diagnóstico.
Um caso
recente que ganhou repercussão nas redes sociais escancarou justamente o
despreparo e a falta de empatia de parte do poder público em lidar com o tema.
Em Araucária, no Paraná, a mãe Tayrine Novak foi convocada para uma reunião com
seis servidores da Educação do município após enviar um bolo de cenoura sem
glúten para a filha Thaylla consumir na escola. Mesmo com laudos que comprovam
a contaminação cruzada na alimentação fornecida pela unidade escolar, a mãe foi
questionada se a filha “poderia ficar sem almoçar”, caso ela não conseguisse
seguir o cardápio da instituição. A frase, dita por uma diretora e registrada
em vídeo, causou indignação nacional.
Celíaca,
Thaylla depende de uma dieta rigorosa. A ingestão de pequenas quantidades de
glúten pode provocar reações que comprometem a absorção de nutrientes, levando
a deficiências e complicações de saúde como anemia, dores ósseas, erupções na
pele e cansaço extremo. Diante da confirmação da contaminação cruzada na
cozinha da escola, a responsabilidade pela alimentação da criança passou a ser
exclusivamente da mãe desde abril deste ano.
Para
Cristiane, chef de cozinha especializada em alimentação funcional há mais de 14
anos e mãe de uma adolescente celíaca, o caso de Thaylla evidencia uma
realidade ainda presente. “No começo queriam que minha filha comesse separada,
mas eu não permiti. Não vou deixar ela ser excluída”, conta. Ela reforça que é
papel das escolas promoverem educação alimentar inclusiva, com preparo dos
profissionais da cozinha, envolvimento do corpo docente e ações de
conscientização nas redes sociais.
Segundo a
nutricionista Letícia Mariano Bravo, que atende no Living Saúde em Santos/SP, o
único tratamento para a doença celíaca é a eliminação total do glúten da dieta
por toda a vida. Isso inclui evitar alimentos e bebidas que contenham trigo,
cevada, centeio, malte e qualquer traço dessas substâncias, inclusive por
contaminação cruzada. “Mesmo pequenas quantidades podem causar danos ao
intestino e sintomas, mesmo que não sejam imediatamente percebidos”, alerta.
Letícia
lista cuidados essenciais, como verificar selos de “sem glúten” nas embalagens,
ler rótulos com atenção, evitar buffets e restaurantes sem preparo adequado e
manter utensílios exclusivos para o preparo de alimentos sem glúten em casa.
Ela também esclarece que o glúten não é prejudicial para pessoas não celíacas,
e que não há razão para excluí-lo da dieta sem recomendação médica.
Para quem
recebeu o diagnóstico recentemente, a nutricionista orienta buscar conhecimento
sobre alimentos permitidos e proibidos, priorizar o preparo de refeições em
casa e conversar abertamente com familiares, amigos e colegas sobre a condição.
“Conectar-se com grupos de apoio também é uma forma importante de aprendizado e
acolhimento”, conclui.
A data de 16 de maio é mais do que uma oportunidade para discutir alimentação; é um chamado à empatia, à inclusão e à responsabilidade coletiva de garantir dignidade e qualidade de vida a quem vive com uma condição que, apesar de invisível, exige atenção constante e respeito diário.
Letícia Mariano Bravo - Nutricionista formada pela Universidade Católica de Santos (Unisantos) em 2020, Letícia Mariano Bravo é pós-graduada em Emagrecimento, Metabolismo e Esportes. Com experiência sólida na área clínica, atuou por dois anos em uma clínica especializada no tratamento de obesidade e compulsão alimentar, onde aprofundou seus conhecimentos no acompanhamento de pacientes com foco em saúde e qualidade de vida. Atualmente, Letícia une sua vivência clínica e esportiva para oferecer um atendimento personalizado, com ênfase na construção de uma rotina alimentar saudável, equilibrada e sustentável. Seu trabalho é pautado na escuta atenta, na ciência da nutrição e no respeito à individualidade de cada paciente.
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