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sábado, 10 de maio de 2025

Dia das Mães sem mãe: como acolher a dor silenciosa das crianças enlutadas

Psicóloga especializada em luto alerta: "Não falar sobre a morte não protege, machuca ainda mais"


Maio é um mês tradicionalmente marcado por homenagens, celebrações e encontros em família que celebram as suas matriarcas. No entanto, para muitas crianças que perderam suas mães, a data pode ser especialmente dolorosa. O Dia das Mães, amplamente celebrado em escolas, mídias e redes sociais, pode reacender a dor da ausência e intensificar sentimentos de tristeza e solidão.

A psicóloga Mariana Clark, especializada em luto, destaca que o sofrimento infantil muitas vezes é silenciado pelos próprios adultos, que não sabem como abordar a dor da criança - e muitas vezes nem a própria dor. "A intenção dos adultos é quase sempre proteger a criança através do silêncio. No entanto, não falar sobre a morte pode aumentar a confusão e o sofrimento infantil. As crianças enlutadas precisam de um espaço de expressão, em que possam comunicar seus sentimentos através de palavras, desenhos, brincadeiras ou até o silêncio, este também uma forma de comunicação”, diz ela.

De acordo com a psicóloga, é bastante comum que adultos evitem falar sobre a mãe que morreu, acreditando que isso evitará mais sofrimento. Mas a verdade é que o completo oposto é necessário. “A criança precisa saber que é permitido sentir saudade, tristeza, raiva ou medo. Validar essas emoções é o primeiro passo para que ela possa elaborar a perda”, explica Mariana, que completa: “O mesmo é esperado de um adulto, inclusive do adulto enlutado ao lado dessa criança, como o pai ou os avós”.

Mariana discorre sobre a importância de rituais de lembrança nessa época do ano como uma forma de amenizar a saudade e tornar a data significativa para a criança enlutada. Criar uma cartinha para a mãe, montar um álbum de fotos ou simplesmente conversar sobre momentos vividos pode ser terapêutico e inclusivo, uma vez que a criança se sente pertencente ao universo das homenagens. "O luto não acaba, mas se transforma. E quando a criança encontra apoio para atravessar essa dor, ela desenvolve recursos emocionais que levará para toda a vida", finaliza a especialista

 

Mariana Clark - psicóloga formada com MBA em Gestão de RH pela PUC-RJ. Além disso, é formada em Psicologia Positiva e especialista em Perdas, Lutos e Saúde Mental no contexto organizacional. Sua carreira corporativa de mais de 20 anos inclui passagens na Natura e no grupo Globo. Sua missão de levar o cuidado para o centro das relações de trabalho fizeram com que Mariana trocasse uma carreira como executiva de sucesso pela vida empreendedora. Fundadora da Humanizar Consultoria, desde 2018 Mariana leva o seu conhecimento para empresas através de processos de acolhimento, letramento emocional, capacitações e travessias para a promoção da saúde e do desenvolvimento humanos. Mentora de Saúde Mental na Top2You, palestrante e escritora, Mariana é também um dos nomes em ascensão na Suicidologia brasileira, sempre tendo o luto e suas dores no contexto principal de seu trabalho.

 

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