Psicóloga
especializada em luto alerta: "Não falar sobre a morte não protege,
machuca ainda mais"
Maio é um mês tradicionalmente marcado por
homenagens, celebrações e encontros em família que celebram as suas matriarcas.
No entanto, para muitas crianças que perderam suas mães, a data pode ser especialmente
dolorosa. O Dia das Mães, amplamente celebrado em escolas, mídias e redes
sociais, pode reacender a dor da ausência e intensificar sentimentos de
tristeza e solidão.
A psicóloga Mariana Clark, especializada em luto,
destaca que o sofrimento infantil muitas vezes é silenciado pelos próprios
adultos, que não sabem como abordar a dor da criança - e muitas vezes nem a própria
dor. "A intenção dos adultos é quase sempre proteger a criança através
do silêncio. No entanto, não falar sobre a morte pode aumentar a confusão e o
sofrimento infantil. As crianças enlutadas precisam de um espaço de expressão,
em que possam comunicar seus sentimentos através de palavras, desenhos,
brincadeiras ou até o silêncio, este também uma forma de comunicação”,
diz ela.
De acordo com a psicóloga, é bastante comum que
adultos evitem falar sobre a mãe que morreu, acreditando que isso evitará mais
sofrimento. Mas a verdade é que o completo oposto é necessário. “A criança
precisa saber que é permitido sentir saudade, tristeza, raiva ou medo. Validar
essas emoções é o primeiro passo para que ela possa elaborar a perda”,
explica Mariana, que completa: “O mesmo é esperado de um adulto, inclusive do
adulto enlutado ao lado dessa criança, como o pai ou os avós”.
Mariana discorre sobre a importância de rituais de
lembrança nessa época do ano como uma forma de amenizar a saudade e tornar a
data significativa para a criança enlutada. Criar uma cartinha para a mãe,
montar um álbum de fotos ou simplesmente conversar sobre momentos vividos pode
ser terapêutico e inclusivo, uma vez que a criança se sente pertencente ao
universo das homenagens. "O luto não acaba, mas se transforma. E quando
a criança encontra apoio para atravessar essa dor, ela desenvolve recursos
emocionais que levará para toda a vida", finaliza a
especialista
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