Especialistas da
Inspirali orientam mulheres sobre puerpério
A chegada de um bebê é sinônimo de felicidade e muito afeto, mas
também vem acompanhado de muitas dúvidas e insegurança para as novas mamães.
Além de uma nova rotina que envolve pouco descanso e muita responsabilidade, as
mulheres também passam por mudanças significativas no corpo e nem sempre tem
apoio. E esse misto de sentimentos pode afetar a saúde mental e desencadear a
temida depressão pós-parto.
Segundo a Dra. Jacqueline Braga Pereira, médica ginecologista,
obstetra e professora adjunta de Medicina na UNIBH/Inspirali, o puerpério vem
acompanhado de uma série de acontecimentos que começam com as horas iniciais do
pós-parto. “A simbologia do parto e da perda da barriga após a gravidez está
ligada a transformações físicas e emocionais, e pode ser interpretada de
diversas maneiras, dependendo da perspectiva cultural e individual. Este começo
pode vir de forma tranquila para algumas mulheres, mas de forma conturbada para
outras. Isto pode estar associado a questões como alteração do corpo, da rotina
do sono, da alimentação, dos hábitos diários e da adaptação com o novo eixo
familiar”, explica.
Em alguns casos, um apoio familiar é o bastante tanto para a mãe
quanto para os cuidados do recém-nascido. Porém, quando a puérpera enfrenta
choro fácil, irritabilidade excessiva, sensação de impotência ou histórico de
depressão ou transtornos mentais, um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico
é imprescindível. “Sabe-se que a rede de apoio familiar e de suporte emocional
são muito importantes não somente para os cuidados, mas também para observar e
identificar sinais de tristeza intensa, ansiedade, exaustão ou isolamento pois,
na maioria das vezes, a mãe não é capaz de expressar ou sente culpa ao se
sentir mal e prefere esconder dificuldades e fragilidades”, complementa Dra.
Jacqueline.
A depressão pós-parto é um transtorno mental que pode surgir
semanas após o nascimento do bebê, caracterizado por tristeza profunda, falta
de energia, alterações no sono e apetite, dificuldade de criar vínculo com a
criança e pensamentos negativos, inclusive sobre si mesma ou o próprio filho.
As causas envolvem fatores hormonais (queda brusca de estrogênio e
progesterona), sobrecarga física e emocional, falta de apoio, histórico de
depressão e estresse com as mudanças da maternidade. Um estímulo ao autocuidado,
um tempo reservado só para a mãe e o descanso, sempre que possível, devem ser
estimulados. Mas também existem grupos de apoio materno em hospitais, redes
sociais e em igrejas.
“Durante o pré-natal, a gestante e sua possível rede de apoio
devem ter informações sobre todo o processo da gestação e pós-parto a fim de se
preparem para o puerpério, pois muitas vezes são pegos de surpresa com quebras
de expectativas com o tipo de parto, tempo prolongado de internação,
dificuldade de amamentação e complicações possíveis. A identificação precoce de
sintomas iniciais na gestação e no pós-parto são consideradas a melhor maneira
de prevenir complicações como depressão grave”, esclarece a Dra.
Para a Dra. Daisy Martins Rodrigues, ginecologista e obstetra e
professora da UNIBH/Inspirali, o puerpério é o intervalo iniciado com o
nascimento da criança e que se estende até seis semanas, quando ocorre o
retorno das características físicas pré-gravídicas no corpo da mulher. “O corpo
passa por diversas mudanças físicas, hormonais e emocionais, por isso cuidar da
saúde nesse período é fundamental para garantir o bem-estar da mãe e do bebê”,
complementa a Dra. Daisy.
Segundo a Dra., algumas recomendações para o pós-parto são: manter
o acompanhamento médico conforme orientação no momento da alta hospitalar para
avaliação do útero, cicatrização (em casos de cesárea, realização de
episiotomia no parto vaginal e sutura de lacerações que porventura ocorreram),
mamas, pressão arterial, alterações emocionais e possíveis sinais de infecção;
cuidado com a amamentação, verificando a “pega correta” do bebê para evitar
fissuras nos mamilos; manter hidratação adequada e alimentação rica em
nutrientes; cuidado com a saúde mental; discutir métodos contraceptivos com o
médico, pois a ovulação pode voltar mesmo antes da primeira menstruação, e
acompanhar as imunizações, realizando revisão do cartão de vacinação e, caso
necessário, completar as vacinas que faltam e os esquemas por vezes iniciados antes
da gestação.
Complicações puerperais podem ocorrer logo após o nascimento do
bebê ou até seis semanas após o parto, com gravidade variável conforme a via de
parto, presença de doenças pré-existentes, idade materna, dentre outros fatores
associados. Por isso, é fundamental que a mulher fique atenta a sinais como
febre, sangramento intenso, corrimento com odor desagradável ou dificuldade
para respirar. Esses sintomas podem indicar problemas que exigem atenção médica
imediata.
As complicações mais comuns que podem acontecer são infecção no
útero (endometrite), vias urinárias, cicatriz da cesárea ou episiotomia;
hemorragia pós-parto; tromboembolismo, ou seja, maior risco de formação de
coágulos nas pernas ou pulmões, especialmente após cesáreas ou imobilização
prolongada; mastite e abscesso mamário e alteração emocional transitória, leve
até mais grave e persistente.
“O acompanhamento médico no pós-parto é fundamental para garantir
a recuperação adequada da mãe e prevenir complicações. O tempo indicado e a frequência
das consultas podem variar conforme a via de parto (normal ou cesárea),
presença de comorbidades e intercorrências durante o parto.”, orienta a Dra.
Daisy.
Após o parto, as mulheres vão, aos poucos, retomando a rotina.
Atividades leves como cuidados com a casa e família podem ser retomadas em
algumas semanas. Atividades físicas leves, como caminhadas curtas e exercícios
de alongamento, podem ser realizadas após 10 ou 15 dias. Atividades de
fortalecimento, como musculação, após 45 / 60 dias. É possível voltar a dirigir
após 7 a 10 dias. A volta à rotina completa deve respeitar o ritmo e o
bem-estar da mãe.
É importante ter atenção à alimentação no puerpério, mas o foco
não deve ser em fazer dieta restritiva para emagrecer, e sim em nutrir o
corpo para a recuperação física, o equilíbrio hormonal e a produção adequada de
leite. “A alimentação adequada no puerpério auxilia o corpo a se recuperar do
parto, favorece a cicatrização, mantem a produção do leite materno, previne
constipação, anemia e infecções, contribui para o equilíbrio hormonal. A perda
de peso deve ser gradual e guiada por um nutricionista, especialmente durante a
amamentação. O corpo da mulher pode se recuperar muito bem após a gestação, mas
nem tudo volta a ser exatamente como era antes, já que passou por mudanças
físicas, hormonais e até estruturais durante a gravidez e o pós-parto, e
algumas delas podem ser permanentes ou levar muito tempo para se estabilizar”,
conta a Dra. Daisy.
“O corpo pode se transformar bastante após a gestação, mas com
autocuidado e apoio profissional, muitas mulheres não só recuperam sua saúde e
autoestima, como se sentem ainda mais fortes e confiantes. O mais importante é
abandonar comparações irreais e respeitar o próprio tempo de recuperação”,
finaliza a Dra. Daisy.
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