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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Especialista explica como tarifas de importação de aço e alumínio pelos EUA devem impactar economia brasileira

Os noticiários da última semana foram tomados pelo anúncio da taxação da importação de aço e alumínio pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. A tarifa de importação dos metais, que será de 25%, pode impactar diretamente a economia do Brasil, que é o segundo maior fornecedor dessas mercadorias para os estadunidenses, ficando atrás somente do Canadá. Além disso, o presidente dos EUA já informou que pretende aplicar as chamadas "tarifas recíprocas", o que pode causar um aumento na taxa de importação do etanol, visto que o Brasil cobra 18% de exportação da substância, enquanto os norte-americanos cobram 2,5%.

O setor siderúrgico dos Estados Unidos enfrenta grandes problemas em relação à concorrência externa, muito em virtude de uma falta de qualidade do minério local, o que explica a postura do presidente na imposição dessas taxações de importação. "Em um contexto de grande competição com os chineses e receios de um declínio econômico, Trump tenta garantir alguma vantagem para setores considerados críticos para a segurança nacional estadunidense", explica o doutor em Internacionalização e Estratégia e especialista em Negócios Internacionais, João Alfredo Lopes Nyegray. Ele aponta que, desde a primeira campanha presidencial de Trump, há uma orientação protecionista que visa defender indústrias domésticas consideradas estratégicas para o país.


Principais impactos na economia do Brasil

Essas tarifas são preocupantes para a economia brasileira, visto que acabam encarecendo os produtos no mercado norte-americano, causando uma possível queda nas exportações. Além do viés econômico, a queda nas negociações entre os dois países pode ser um gatilho para gerar problemas diplomáticos, conforme aponta João Alfredo. "Embora historicamente Brasil e EUA tenham um forte componente comercial, essas tarifas unilaterais podem estimular uma eventual retaliação do governo brasileiro às importações de produtos estadunidenses, afetando as relações comerciais num futuro próximo."

O setor siderúrgico brasileiro é altamente integrado ao setor norte-americano e pode sofrer uma redução significativa nas vendas, afetando a balança comercial brasileira e podendo causar o fechamento de postos de trabalho. O especialista revela que uma das saídas para evitar esses impactos é buscar uma maior aproximação com outros parceiros, como a China, a Índia ou países da União Europeia. No entanto, em caso de queda do fluxo de dólares proveniente das exportações de aço e alumínio, o real pode se desvalorizar ainda mais, aumentando a volatilidade cambial. "Pensando nisso, há uma necessidade de o Brasil diversificar seus mercados, o que não é algo fácil, principalmente na mesma escala de demanda dos Estados Unidos", alerta.


Outras prováveis taxações

Pensando no futuro, João Alfredo acredita que há, sim, o potencial para que outros produtos exportados pelo Brasil recebam sobretaxas estadunidenses, principalmente produtos agrícolas. "Como o Brasil é um grande concorrente dos EUA em commodities como soja, milho e carnes, as medidas protecionistas de Trump podem se estender para esse tipo de produto numa tentativa de defender seus produtores rurais, que são uma base eleitoral importante para os republicanos", explica o especialista.


Possíveis medidas compensatórias

Embora não seja fácil e rápido compensar essa provável diminuição da exportação de produtos para os Estados Unidos, é fundamental expandir e aprofundar acordos com outros parceiros estratégicos. Investir em promoção comercial e participar ativamente de setores em crescimento, como a indústria ESG, são medidas que podem ajudar a diminuir a dependência do Brasil em relação a determinados produtos enviados para os estadunidenses. "Além disso, é importante agregar valor e inovação, estimulando cadeias produtivas locais para enviar ao exterior produtos que tenham maior valor. Isso passa necessariamente pelo investimento em pesquisa, desenvolvimento e pela necessidade de competitividade", detalha o especialista, que finaliza indicando que o Brasil deve utilizar mecanismos de solução de controvérsias, especialmente da Organização Mundial do Comércio, para tentar reduzir os efeitos que essas tarifas podem ter sobre o mercado interno.


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