Responsável por movimentar mais de US$ 337 bilhões em exportações e US$ 262,5 bilhões em importações em 2024, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), o comércio exterior brasileiro ainda enfrenta grandes desafios, tanto em âmbito interno quanto externo.
No âmbito externo, o recente anúncio do decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe tarifas de 25% para importações de aço e alumínio, é um exemplo de como a instabilidade do atual cenário econômico global deve seguir impactando o setor.
Já em âmbito nacional, além do contexto econômico, outro
desafio que há décadas potencializa a complexidade das áreas de comércio
exterior das empresas é a sua burocracia associada à falta de modernização de
processos.
Isso porque a maior parte do ecossistema do comércio exterior no Brasil ainda é baseada em operações repetitivas, muitas vezes ainda feitas de forma manual, e atividades que, além de tomarem muito tempo de profissionais qualificados, exigem muita atenção para que não sejam cometidos erros.
É fato conhecido e incontestável que o NPI (Novo Processo de Importação), projeto capitaneado pelo governo federal, promete resolver parte dessa obsolescência e complexidade, mas, a nossa elevada burocracia, especialmente em processos de importação e exportação, juntamente com a necessidade de cumprir formalidades alfandegárias e regulamentações específicas manterão dificuldades para a otimização de tarefas.
Diante desse contexto, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental para a modernização do setor, sobretudo por meio de softwares de gestão e inteligência de logística internacional, que simplificam processos, facilitam a rastreabilidade e automatizam operações repetitivas para que o time operacional ganhe tempo e produtividade para focar em atividades mais estratégicas.
Com as incontáveis quantidades diárias de documentos que precisam ser geridos e digitados corretamente, é natural que os profissionais percam horas importantes de suas jornadas para concluir estas demandas. Funções essas que os agentes digitais autônomos de Inteligência Artificial, por exemplo, poderiam desempenhar, reduzindo entre 60% e 70% o tempo gasto com a gestão e digitação de documentos.
Outra atividade que pode demandar tempo adicional dos colaboradores é o suporte a clientes e parceiros que possuem dúvidas pontuais sobre ferramentas, processos e checagem de dados, por exemplo. A implementação de uma IA devidamente alimentada com informações adequadas e relevantes poderia atender a todas essas questões, poupando tempo dos analistas e permitindo que foquem na resolução de problemas mais complexos.
De acordo com a consultoria Dataside, os agentes de IA estão emergindo como uma das principais tendências para 2025, redefinindo como nós humanos interagimos com tecnologia avançada. Além disso, uma pesquisa realizada pelo Gartner em julho de 2024, com 258 participantes globais, 72% dos líderes de compras estão priorizando a integração da GenAI em suas estratégias. Isso destaca o reconhecimento de seu potencial para impulsionar melhorias significativas em eficiência e eficácia, além de diversos casos de uso viáveis, incluindo a melhoria do processo de gestão de contratos.
Cabe ressaltar que a intenção não é substituir nem perder colaboradores, mas utilizar o potencial da Inteligência Artificial para criar ferramentas que os ajudem a potencializar suas capacidades analíticas e gerenciais, respeitando seus potenciais e mantendo-os motivados.
Fato é que a chegada dos agentes
autônomos ao comércio exterior não apenas otimiza processos e reduz erros, mas
também valoriza o trabalho dos profissionais da área, permitindo que se
concentrem em atividades mais estratégicas e inovadoras. Com o desenvolvimento
de agentes especializados para diferentes necessidades do setor, o ecossistema,
como um todo, se fortalece, abrindo caminho para uma verdadeira revolução no
mercado.
André Barros - CEO da eComex, empresa brasileira especializada em soluções de alta tecnologia para gestão, otimização e automatização de operações de comércio exterior e logística internacional
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