Com a posse do novo presidente norte-americano, novas políticas de imigração ficarão mais rígidas para ilegais, mas mão de obra qualificada será demandada
Mesmo
com um discurso rígido sobre imigração durante a posse de Donald Trump na Casa
Branca nesta semana, a gestão do novo presidente ainda se manterá aberta para
imigrantes que queiram trabalhar ou investir no país. Brasileiros poderão se
organizar caso tenham interesse em morar e apostar na vida profissional em
território norte-americano.
De
acordo com Marcelo Godke,
sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Internacional Empresarial,
com enfoque em Migração para os EUA, a perspectiva é positiva
para profissionais brasileiros, ainda que a política de entrada no País seja
mais protecionista. “Os EUA continuam querendo e precisando de mão de obra
qualificada. Na minha experiência, vejo que vale tanto para a tecnicamente
elevada quanto para o chamado ‘unskilled’, que é a mão de obra que não exige
uma capacitação específica. O processo certamente ficará mais rigoroso, porém,
a aceitação por imigrantes especialmente com esses perfis será favorável”,
afirma o advogado.
Desde
2021, os EUA têm registrado números recordes de imigrantes – entre janeiro de
2023 e janeiro de 2024, a procura por vistos de imigrante por brasileiros
aumentou 50%, e as buscas por “como conseguir um Green Card” em buscadores,
como o Google, cresceram 51%.
O
primeiro passo para planejar a imigração para os EUA é pesquisar o visto ideal
para o perfil de profissional. “Existem diversos perfis e entender o que cada
um oferece ajuda. Por exemplo, se for um profissional altamente qualificado, o
EB2 NIW pode ser uma excelente opção, porque não exige uma oferta de emprego,
enquanto um EB-3 exige oferta de trabalho”, orienta Godke.
Na
sequência, é preciso reunir a documentação necessária, como diplomas e certificados,
comprovando a qualificação profissional, cartas de recomendação de antigos
empregadores, currículo detalhado com suas principais realizações, além, é
claro de documentos pessoais – tais como passaporte, certidões, entre outros.
“É importante também planejar os custos iniciais e criar uma reserva financeira,
pois há taxas de visto e serviços de imigração, além de passagens aéreas,
transporte e moradia para se considerar”, alerta.
A
seguir, conheça os principais tipos de visto para brasileiros se familiarizarem
e buscarem uma assessoria jurídica para o processo, caso tenham interesse em
trabalhar e/ou investir nos EUA:
Visto EB-1
Trata-se
do visto indicado para os chamados “indivíduos com habilidades
extraordinárias”. Nessa categoria, encontram-se os professores e pesquisadores
excepcionais, e os executivos de multinacionais. “Para aplicar, é preciso
documentação comprobatória, plano de imigração e solicitação de visto”, explica
Godke.
Visto EB-2
Nessa
categoria, consiste no visto indicado para os chamados “indivíduos com
habilidades excepcionais”. “Basicamente são empresários com habilidades que
possam trazer grandes benefícios para a economia dos EUA”, diz o especialista.
Visto EB2 NIW
É
destinado a profissionais estrangeiros altamente qualificados ou excepcionais
em áreas como ciências, artes ou negócios. “Ele permite a dispensa de uma
oferta de emprego e da certificação de trabalho, desde que o candidato comprove
que sua atuação trará benefícios significativos aos interesses dos Estados
Unidos”, explica.
Visto EB-3
Indicado
para trabalhadores qualificados ou não qualificados. “Entretanto, é preciso uma
oferta de trabalho para dar entrada nesse tipo de visto”, afirma Godke.
Visto H-1B
Para
profissionais especializados em áreas como Tecnologia, Engenharia e Medicina.
“É necessário diploma universitário e uma oferta de emprego”, acrescenta.
Visto L-1
Nesse
caso, é para empresas que queiram transferir seus executivos para os Estados
Unidos. “Executivos com experiência internacional são muito valorizados”, explica
Godke.
Visto O-1
Ideal
para pessoas com habilidades extraordinárias nas seguintes áreas: Ciências,
Artes, Educação, Negócios ou Atletismo, reconhecidas nacional ou
internacionalmente.
Visto H-2A
Para
trabalhadores agrícolas temporários. “Permite que empregadores americanos
contratem trabalhadores para trabalhos agrícolas temporários”, explica o
especialista.
Visto H-2B
Para
trabalhadores temporários não-agrícolas. “Permite que empregadores americanos
contratem trabalhadores para trabalhos temporários ou sazonais não agrícolas”,
diferencia o especialista.
Visto P
Nessa
categoria, entram atletas, artistas e profissionais do entretenimento que vão
se apresentar nos EUA.
Visto Q-1
Ideal
para intercâmbio cultural. “Esse é destinado a indivíduos que queiram participar
de programas de intercâmbio cultural entre os EUA e outros países”, acrescenta
Godke.
Marcelo Godke – sócio do Godke Advogados. Especialista em Direito Internacional Empresarial, com enfoque em Migração para os EUA. Mestre em Direito pela Universiteit Leiden (Holanda) e Doutor em Direito pela USP.
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