O bullying é uma forma de
intimidação contínua e repetitiva que afeta profundamente a autoestima e o bem-estar
das vítimas. Atualmente, crianças e jovens enfrentam diversos tipos de
bullying, como o físico, verbal, psicológico e virtual, que podem causar sérias
consequências emocionais, incluindo ansiedade, depressão e, em casos mais
graves, pensamentos suicidas.
Para abordar esse tema,
entrevistamos Cris Poli, educadora renomada e coordenadora da EDF -Escola do
Futuro Brasil. Ela compartilha orientações práticas para pais, educadores e
responsáveis, com o objetivo de prevenir, combater e tratar essa violência.
Confira:
Como perceber se uma criança
está sofrendo bullying?
É essencial estar próximo
das crianças, desenvolvendo um vínculo de confiança e conhecendo bem sua
rotina. Conversar, observar e acompanhar de perto suas atividades diárias ajuda
a identificar mudanças comportamentais que possam indicar problemas. Caso algo
diferente seja notado, é fundamental investigar e observar até compreender o
que está acontecendo.
Quais são os sinais?
Entre os principais sinais
estão a introspecção, tristeza, isolamento, alterações no apetite ou sono e a
recusa em conversar. Por outro lado, algumas crianças podem apresentar
comportamentos opostos, como irritabilidade, nervosismo e agitação. Essas
mudanças são indicativos de que algo não está bem e devem ser investigadas
pelos pais.
Como acontece o bullying?
O bullying é caracterizado
por uma repetição persistente de ações ofensivas entre crianças, adolescentes
ou até mesmo adultos contra crianças. Essas atitudes contínuas comprometem a
autoestima e o desenvolvimento da vítima, alterando sua percepção sobre si
mesma. Quando começa cedo e se mantém ao longo do tempo, pode causar impactos
emocionais profundos, afetando o amadurecimento e as relações interpessoais.
Durante a infância, as
crianças ainda estão aprendendo a expressar sentimentos. Muitas vezes,
interações como beliscar, morder ou abraçar com força refletem essa
imaturidade. Entretanto, quando expostas ao bullying, elas tendem a repetir as
agressões que sofreram, ao invés de aprender formas saudáveis de se relacionar.
Quais as consequências do
bullying?
O bullying pode transformar
uma criança em um adolescente e, posteriormente, em um adulto agressivo ou
emocionalmente incapaz de lidar com seus sentimentos. Muitas vezes, quem
pratica bullying já vivenciou esse tipo de situação ou carrega dores emocionais
não resolvidas, reproduzindo o que viveu.
Assim como não é possível
oferecer amor sem se sentir amado, quem fere e humilha geralmente o faz porque
também está emocionalmente machucado. Em meu livro, Bullying: como detectar,
como tratar, dedico um capítulo para alertar sobre o tema e reforçar a
importância de pais acompanharem de perto a vida de seus filhos.
Como combater o bullying?
A supervisão parental é
essencial. Acompanhar o que os filhos assistem, os sites que acessam e com quem
interagem é uma forma de proteção. Embora muitos jovens exijam privacidade,
acredito que é responsabilidade dos pais conhecer o círculo social e os
ambientes frequentados pelos filhos.
Uma estratégia eficaz é
incentivar a participação em aulas de teatro. Essa atividade promove o
desenvolvimento emocional, permitindo que crianças e adolescentes expressem
sentimentos de maneira criativa, seja por meio de palavras, gestos ou
representações. Tenho observado resultados muito positivos na Escola do Futuro
Brasil, onde o teatro faz parte da grade curricular desde a infância.
Há relatos de crianças que,
antes tímidas e com dificuldades sociais, começaram a se comunicar melhor,
expressar emoções e até sorrir mais após vivenciarem o teatro. Essa prática tem
sido transformadora e é uma recomendação concreta que faço aos pais. Pode ser
um processo lento, mas os benefícios são evidentes.
Qual conselho daria para
quem sofre bullying?
Se você está enfrentando
situações de humilhação ou agressão emocional, saiba que isso é bullying. O
primeiro passo é procurar alguém de confiança para conversar e, se necessário,
buscar ajuda profissional. Um terapeuta qualificado pode oferecer orientação
adequada e apoio emocional.
Falar sobre o que você sente
é fundamental. Não subestime sua dor nem pense que estará incomodando outras
pessoas. Expressar-se, desabafar e até mesmo chorar são formas de aliviar o
sofrimento. Guardar sentimentos negativos pode prejudicar sua saúde emocional.
Para encerrar, quero
mencionar meu livro, Bullying: como prevenir, combater e tratar. Nele,
apresento orientações práticas e acessíveis para ajudar pais, educadores e qualquer
pessoa interessada em entender melhor o tema. Meu objetivo é oferecer um
material útil e esclarecedor que auxilie na busca por soluções para o bullying.
Cris Poli -ex-Super Nanny Brasil -
coordenadora pedagógica na Escola do Futuro Brasil
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