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terça-feira, 22 de outubro de 2024

Aceitação Alimentar: estratégias para ajudar crianças a experimentarem novos alimentos

Quando a recusa por certos alimentos vai além do ‘gosto ou não gosto’ e pode prejudicar o desenvolvimento infantil.


A alimentação infantil é uma das preocupações constantes dos pais, especialmente quando a criança demonstra seletividade alimentar. Esse comportamento ocorre quando há uma recusa frequente ou desinteresse por certos alimentos, muitas vezes relacionado a fatores como textura, cor, temperatura ou até o cheiro do alimento. "É comum que a criança aceite apenas alimentos específicos, como macarrão ou batata frita, e recuse outros, como frutas ou legumes, o que pode gerar preocupações nutricionais e emocionais a longo prazo", explica a fonoaudióloga Carla Deliberato, especialista em motricidade oral com enfoque em alimentação.

A seletividade alimentar caracteriza-se pela escolha restrita de alimentos, onde a criança aceita apenas alguns itens e rejeita outros de forma persistente. Segundo Carla, esse comportamento pode impactar a vida social e emocional da criança, especialmente se ela não consegue se alimentar fora de casa ou quando rejeita alimentos preparados por outras pessoas. "Os pais devem ficar atentos se as refeições se tornam momentos de estresse e desconforto para todos, e se a criança apresenta sinais como náuseas, vômitos, engasgos ou recusa de alimentos de determinadas texturas ou cheiros", alerta.

Sinais de alerta: quando procurar um fonoaudiólogo? Alguns comportamentos podem indicar que a seletividade alimentar está mais grave do que um simples "gosto ou não gosto". Carla Deliberato sugere que os pais procurem um fonoaudiólogo especializado quando observarem que a criança:

  • Recusa a maioria das refeições;
  • Apresenta náuseas, vômitos ou engasgos frequentes durante a alimentação;
  • Aceita apenas uma textura ou consistência de alimento, como purês, por exemplo;
  • Prefere comer fora da mesa, andando ou posicionada em outros locais;
  • Faz caretas ou se incomoda com o cheiro dos alimentos.

Diversos fatores podem contribuir para a seletividade alimentar, desde neofobia, um período transitório entre os 2 e 5 anos, até questões sensoriais mais profundas, como uma desordem de processamento sensorial. Carla explica que a seletividade pode ser mais comum em crianças que já apresentam algum histórico de doenças gastrointestinais ou problemas de desenvolvimento.

Por que as crianças preferem macarrão? "Comer é um ato aprendido", destaca Carla. "Muitas crianças preferem alimentos como macarrão pela textura macia e pelo fato de exigirem menos esforço mastigatório". A fonoaudióloga reforça a importância de que as refeições ocorram de forma tranquila, e que os pais sirvam de modelo positivo, comendo os mesmos alimentos que desejam que os filhos aceitem.

Carla Deliberato lista cinco estratégias que os pais podem adotar:

  • Incentivar a criança a explorar os alimentos com todos os sentidos, permitindo que ela toque, cheire e até lamba novos alimentos.
  • Envolver a criança no preparo das refeições, desde a escolha dos ingredientes até a preparação, o que aumenta a curiosidade e a disposição para provar novos sabores.
  • Promover a autonomia, permitindo que a criança se sirva durante as refeições.
  • Realizar refeições em família para que a criança observe os adultos e se interesse por alimentos diferentes.
  • Evitar distrações como tablets ou televisores durante as refeições, para que a criança foque no momento e nos alimentos.

A fonoaudiologia é fundamental para a avaliação e tratamento de distúrbios relacionados à alimentação, pois o fonoaudiólogo é capacitado para analisar as funções sensório-motoras orais, como mastigação e deglutição.

"Muitas vezes, a criança pode estar rejeitando certos alimentos, como carnes, porque tem dificuldades em mastigar", esclarece Carla. "Nesses casos, o tratamento envolve adequar essas funções para proporcionar maior conforto e confiança durante a alimentação".

Em muitos casos, o trabalho com a seletividade alimentar exige a colaboração de outros profissionais, como terapeutas ocupacionais, nutricionistas, pediatras e gastropediatras. "Cada caso é único e deve ser avaliado criteriosamente para definir o melhor plano de intervenção", finaliza Carla Deliberato.


Carla Cristina Ribeiro Deliberato-CRFa:2-13919 - Fonoaudióloga graduada pela PUC-SP (2003). Especialização em Motricidade oral com enfoque em disfagia (CEPEF- SP). Atuação fonoaudiológica em motricidade oral com ênfase em alimentação infantil (disfagia, recusa e seletividade alimentar) -Formação internacional nas abordagens: "Assessment and Treatment Using the SOS Approach to Feeding", ministrado por Kay A. Toomey e Erin S. Ross e “Feeding The Whole Child A Mealtime Approach” ministrado por Suzanne Evans Morris. Idealizadora e proprietária
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