Estudos
investigaram 24 produtos nos EUA e todos continham metais que podem ser
absorvidos pelo corpo da mulher; ginecologista explica riscosEnvato
A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados
Unidos anunciou o início de uma investigação aprofundada sobre a presença de
metais pesados em absorventes internos, popularmente conhecidos como tampões. A
decisão da agência segue a publicação de um estudo que detectou níveis preocupantes
de metais, como chumbo e arsênio, em diversos produtos disponíveis no mercado
norte-americano.
A médica Alexandra Ongaratto, especializada em
ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o
primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, destaca a importância da
investigação, “é fundamental que a FDA investigue essa questão com
profundidade. A presença de metais em produtos de higiene íntima, que estão em
contato direto com o corpo feminino, é motivo de grande preocupação. É preciso
garantir a segurança das mulheres e exigir que as empresas sejam transparentes
quanto à composição de seus produtos”.
O estudo anterior, conduzido por pesquisadores de
diversas universidades norte-americanas, analisou 24 produtos de diferentes
marcas e constatou a presença de metais em todos os itens testados. A médica
alerta para os potenciais riscos à saúde associados à exposição a esses metais,
“sabemos que a vagina é um órgão altamente permeável e que a exposição a
substâncias tóxicas pode ter consequências graves para a saúde feminina,
incluindo problemas reprodutivos e até mesmo o desenvolvimento de câncer. É
preciso que as mulheres sejam informadas sobre os riscos e que tenham acesso a
produtos seguros”.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) é responsável pela regulamentação de produtos de higiene
íntima, incluindo absorventes internos. No entanto, a discussão sobre a
presença de metais tóxicos nesses produtos ainda é incipiente no país.
A médica lembra ainda que a acessibilidade é um
ponto a se considerar. “No Brasil, muitas mulheres ainda enfrentam dificuldades
de acesso a informações claras sobre a composição dos produtos que utilizam
diariamente. Isso é especialmente preocupante em um cenário onde o acesso a
produtos mais seguros, como opções orgânicas, ainda é restrito a uma parcela
menor da população," observa Alexandra. Ela destaca que, enquanto nos
Estados Unidos há um movimento crescente por maior transparência das empresas,
no Brasil a população precisa ser igualmente informada e capacitada para fazer
escolhas conscientes sobre sua saúde íntima.
FDA fará novos estudos
A FDA realizará dois novos estudos, um para avaliar
a quantidade de metais liberados pelos tampões durante o uso e outro para
revisar as pesquisas existentes sobre os efeitos desses metais na saúde. A
agência também ressalta que os materiais utilizados na fabricação dos tampões,
como algodão e rayon, podem ser fontes de contaminação por metais.
Ligado a isso, a Alexandra enfatiza que é crucial
que a Anvisa acompanhe de perto estes estudos internacionais e implemente
medidas preventivas que garantam a segurança das mulheres brasileiras. "É
importante que haja uma revisão das normas vigentes no Brasil, garantindo que
os produtos comercializados aqui estejam livres de substâncias que possam
colocar a saúde das consumidoras em risco, especialmente considerando que
muitas marcas atuam tanto no mercado norte-americano quanto no brasileiro”,
conclui a médica.
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