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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Colo do útero, endométrio e ovário: cânceres ginecológicos ocupam a segunda posição de maior incidência em mulheres

Entender os sinais do próprio corpo e rápido encaminhamento médico pode salvar vidas. Oncologista explica particularidades de cada tipo

 

Os cânceres ginecológicos mais incidentes - colo de útero, endométrio e ovário - acometeram mais de 32 mil mulheres no ano passado, de acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), ocupando a segunda posição quando se trata de maior incidência em pacientes do sexo feminino (exceto câncer de pele não melanoma), perdendo apenas para o câncer de mama1. Além de focar nas consultas de rotina, prestar atenção aos sinais que o próprio corpo dá, como uma dor diferente do habitual ou um sangramento inesperado, possibilita um diagnóstico precoce e pode fazer com que as chances de cura ultrapassem 94%2-4

De acordo com o oncologista e mastologista Franklin Pimentel, é positivo que grande parte das mulheres realize consultas de rotina com o ginecologista, mas é preciso que fiquem atentas aos sinais importantes que podem aparecer entre essas visitas. “Pela minha experiência, a grande maioria das pacientes percebe que algo não está certo. Por isso a importância de conhecer seu corpo e procurar um médico sempre que isso ocorrer. Uma dor pélvica nova, corrimento com padrão diferente e persistente, sangramento suspeito em quem já está na menopausa ou mudança de padrão menstrual (como volume e cheiro) em quem ainda está em idade fértil merecem atenção5. Sintomas intestinais e urinários também devem ser observados”, explica. 

O médico, que também é consultor da Libbs Farmacêutica, conta que o fluxo “sintoma, detecção precoce e encaminhamento rápido” faz toda a diferença no que tange a salvar vidas. “Quanto mais inicial o diagnóstico, maior será a chance de cura e a paciente tem papel fundamental nesse ciclo ao informar o médico sobre o que está sentindo. Estágios mais avançados de diagnóstico impactam em tratamentos mais complexos, cirurgias mais agressivas e, infelizmente, em uma mortalidade maior.”
 

O oncologista explica as particularidades de cada tipo:

1 – Colo do útero: mais incidente, acometeu cerca de 17 mil mulheres em 2023, segundo dados do INCA1. Por ser a parte mais externa do útero, que se comunica com a vagina, sintomas como ferida com sangramento durante a relação sexual podem ser comuns. Esse tipo de câncer está ligado à infecção por HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano), especialmente os subtipos HPV-16 e HPV-18, responsáveis por 70% dos casos5

O Ministério da Saúde (MS), por meio do Plano de Controle e Eliminação do Câncer do Colo do Útero no Brasil, tem o objetivo de atingir as metas previstas pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 90% das meninas até os 15 anos vacinadas contra o HPV como prevenção; 70% das mulheres rastreadas para o câncer do colo do útero com teste molecular de alto desempenho, incorporado em março deste ano; e tratamento de 90% das mulheres com lesão identificada6

Vale pontuar que, apesar de o MS preconizar que mulheres a partir dos 25 anos realizem dois exames Papanicolau (para diagnóstico do câncer de colo de útero) sequenciais anuais, um exame a cada três anos até os 64 anos7 e o exame estar disponível no SUS, a oferta do serviço no Brasil tem uma distribuição desigual, onde, a cidade de São Paulo tem o maior índice de cobertura, com 86% das mulheres realizando o exame com a frequência recomendada, enquanto algumas localidades chegam a apenas 61% das mulheres atingindo esses parâmetros8.
 

2 – Endométrio: mais incidente em mulheres após a menopausa4, o sangramento motiva a busca pelo ginecologista e auxilia no diagnóstico precoce. É o segundo mais incidente entre os tumores ginecológicos, tendo acometido mais de 7,8 mil mulheres em 20239. Associado à obesidade, esse tipo de tumor costuma aparecer em conjunto com doenças metabólicas, como diabetes e pressão alta9. Dessa forma, a prevenção está associada a hábitos saudáveis. É estimado que 80% desse tipo de neoplasia tenha diagnóstico precoce, possibilitando uma taxa de sobrevida em cinco anos de 95%9.
 

3 – Ovário: apenas cerca de 20% dos cânceres de ovário são encontrados em estágio inicial, pois se desenvolve sem muitos sintomas e, quando eles aparecem, costumam estar em um estágio mais avançado. Se diagnosticado precocemente, tem chance de cura de cerca de 94%2. Apesar de não ser o mais comum, é o mais grave e, quando há sintomas, são inespecíficos como, inchaço e dor abdominal. Este tipo de tumor está associado a questões genéticas e testes de rastreio são restritos para a população de alto risco2. Para o médico, é de suma importância saber o histórico familiar sobre câncer para avaliar a indicação de testes genéticos e encaminhamento para o oncogeneticista.


 

*Parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do especialista.
 

Libbs


Referências

  1. Instituto Nacional do Câncer. Estatísticas de Câncer. [internet] 2022. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  2. American Cancer Society. Can Ovarian Cancer Be Found Early? [internet] 2024. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  3. Instituto Nacional do Câncer. Câncer do Colo do Útero. [internet] 2023. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  4. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Femina. A história contemporânea do carcinoma do endométrio. [internet] 2020. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  5. Organização Pan-Americana da Saúde. HPV e câncer do colo do útero. [internet] 2024. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  6. Ministério da Saúde 2023. Queda da cobertura vacinal contra o HPV representa risco de aumento de casos de cânceres evitáveis no Brasil. [Acesso 27Ago2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/fevereiro/queda-da-cobertura-vacinal-contra-o-hpv-representa-risco-de-aumento-de-casos-de-canceres-evitaveis-no-brasil
  7. Ministério da Saúde. Câncer do colo do útero: exame para detecção é oferecido no SUS. [internet] 2022. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  8. Instituto Nacional do Câncer. Estatísticas de Câncer. Nota para os gestores do SUS sobre a mudança do método do rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil. [internet] 2024. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link
  9. Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Como é feita a cirurgia de câncer de endométrio? internet] 2023. [Acesso 23Ago2024]. Disponível em: Link

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