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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Após queda acentuada na pandemia, número de exames de PSA e biópsias de próstata no SUS supera até mesmo 2018 e 2019

Os homens estão acessando mais o rastreamento e realizando mais biópsias de próstata. É o que aponta levantamento feito pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), do Ministério da Saúde. Houve aumento de 26,5% na realização de exames de PSA em 2023 comparado a 2018. No mesmo período, aumentou em 16% o número de biópsias de próstata anuais no SUS 

 

A expectativa de vida dos homens é cerca de sete anos menor que a das mulheres. A falta de cuidados com a saúde contribui para essa realidade. Um exemplo é a dificuldade em convencer o público masculino que é preciso deixar o preconceito de lado e adotar como rotina a consulta anual com o urologista. Além disso, a partir dos 50 anos, realizar os exames de rastreamento para câncer de próstata - toque retal e PSA. A boa notícia para este 15 de Julho – Dia do Homem - é que os homens em 2023, comparado à 2018 e, principalmente, aos anos de pandemia de Covid-19, estão acessando mais o exame de dosagem de Antígeno Prostático Específico (PSA) e realizando mais biópsias.

A observação é do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) que, ao extrair os dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, observou um aumento de 26,5% na realização de PSA em 2023 comparado a 2018. ”Isso é bom, mas ainda insuficiente para diminuir a mortalidade pela doença, que chega a 25% dos casos. É preciso detectar o câncer de próstata precocemente e ampliar o acesso aos recursos de tratamento”, destaca o urologista e cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do IUCR e coordenador dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O Dia do Homem, celebrado no Brasil em 15 de julho, engloba várias esferas do universo masculino e uma delas é a conscientização em relação aos cuidados com a saúde. Apesar da evolução em relação ao tema, que se tornou pauta de discussão mais frequente na sociedade, a expectativa de vida no Brasil dos homens em relação às mulheres é cerca de 7 anos menor. “Claro que fazem parte desse cenário diversos fatores, entre eles, maior exposição ao contexto de violência e envolvimento em acidentes de trânsito, como apontam os levantamentos sobre o tema. No entanto, também há o perfil cultural do homem se colocar mais distante dos cuidados com a saúde do que as mulheres”, avalia Gustavo Guimarães.

Exemplo desse comportamento masculino é sua relação com o câncer de próstata, a doença oncológica mais comum em homens (sem considerar o câncer de pele) para a qual o início do tratamento na fase inicial da doença é essencial para alcançar resultados positivos. Para isso, é preciso realizar os exames de toque retal e de dosagem do PSA e, se necessário, uma biópsia para confirmar ou excluir o diagnóstico de câncer. No levantamento realizado pelo IUCR no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) mostra que nos últimos cinco anos houve uma evolução em relação à adesão do público masculino ao exame de PSA. 

Dosagem de Antígeno Prostático Específico (PSA)

Ano

Atendimentos (em milhões)

2018

5,43

2019

5,73

2020

4,19

2021

5,23

2022

6,22

2023

6,87

O crescimento na realização de PSA em 2023 em relação a 2018 foi de 26,5%. A queda de 26,8% no volume de exames em 2020, comparada a 2019, ocorreu no auge da pandemia da Covid 19. A recuperação começou já a partir de 2021, com um aumento de 63,9% em 2023, comparado a 2020.

Já as biopsias de próstata via transretal apresentam o seguinte panorama, de acordo com a mesma fonte: chama atenção o aumento do volume de biópsias nos últimos três anos, com incremento de 40,1% em 2023, comparado a 2021.

 

Biópsia de próstata via transretal

Ano

Atendimentos (em mil)

2018

42,23

2019

40,40

2020

31,82

2021

35,05

2022

42,03

2023

49,12

Consulta anual

A evolução na adesão aos exames mostrada pelos números do SUS ainda está longe de reverter a realidade do câncer de próstata em um país tão desigual em relação ao acesso a tratamentos e muitas outras questões. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados para cada ano do triênio 2023/2025, um total de 71.730 casos de câncer de próstata. Infelizmente, cerca de 20% dos casos são diagnosticados em estágios avançados e 25% dos pacientes morrem da doença.

“O ideal é que homens, a partir dos 50 anos, mesmo sem sintomas, procurem o urologista para uma avaliação individualizada. Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata apresentam risco aumentado e devem procurar o médico mais cedo, a partir dos 45 anos”, recomenda Guimarães. No entanto, segundo o especialista, tabus ainda rondam o exame de toque retal e os homens, embora menos que no passado, ainda resistem a adotar a consulta anual com o urologista e, muitos deles, quando vão, o fazem por insistência das mulheres, seja esposa, mãe, filha etc.


Fique atento aos sinais

Também é importante conhecer a doença. Na fase inicial, o câncer de próstata tem evolução silenciosa e não costuma apresentar sintomas ou, quando apresenta, pode ser confundido com crescimento benigno da próstata, pois são doenças com sintomas semelhantes. Portanto, no caso de alguns dos sintomas a seguir, que persistam por mais de duas semanas, é importante consultar um médico urologista. São eles:

  • Dor ou ardência ao urinar
  • Dificuldade para urinar ou para conter a urina
  • Fluxo de urina fraco ou interrompido
  • Necessidade frequente ou urgente de urinar
  • Dificuldade de esvaziar completamente a bexiga
  • Sangue na urina ou no sêmen
  • Dor contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas
  • Dificuldade em ter ereção

  


Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR


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