Os homens estão
acessando mais o rastreamento e realizando mais biópsias de próstata. É o que
aponta levantamento feito pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia
Robótica (IUCR) no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), do
Ministério da Saúde. Houve aumento de 26,5% na realização de exames de PSA em
2023 comparado a 2018. No mesmo período, aumentou em 16% o número de biópsias
de próstata anuais no SUS
A expectativa de vida dos homens é cerca de sete
anos menor que a das mulheres. A falta de cuidados com a saúde contribui para
essa realidade. Um exemplo é a dificuldade em convencer o público masculino que
é preciso deixar o preconceito de lado e adotar como rotina a consulta anual
com o urologista. Além disso, a partir dos 50 anos, realizar os exames de
rastreamento para câncer de próstata - toque retal e PSA. A boa notícia para
este 15 de Julho – Dia do Homem - é que os homens em 2023, comparado à 2018 e,
principalmente, aos anos de pandemia de Covid-19, estão acessando mais o exame
de dosagem de Antígeno Prostático Específico (PSA) e realizando mais biópsias.
A observação é do Instituto de Urologia, Oncologia
e Cirurgia Robótica (IUCR) que, ao extrair os dados do DataSUS, do Ministério
da Saúde, observou um aumento de 26,5% na realização de PSA em 2023 comparado a
2018. ”Isso é bom, mas ainda insuficiente para diminuir a mortalidade pela
doença, que chega a 25% dos casos. É preciso detectar o câncer de próstata precocemente
e ampliar o acesso aos recursos de tratamento”, destaca o urologista e
cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do IUCR e coordenador
dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de
São Paulo.
O Dia do Homem, celebrado no Brasil em 15 de julho,
engloba várias esferas do universo masculino e uma delas é a conscientização em
relação aos cuidados com a saúde. Apesar da evolução em relação ao tema, que se
tornou pauta de discussão mais frequente na sociedade, a expectativa de vida no
Brasil dos homens em relação às mulheres é cerca de 7 anos menor. “Claro que
fazem parte desse cenário diversos fatores, entre eles, maior exposição ao
contexto de violência e envolvimento em acidentes de trânsito, como apontam os
levantamentos sobre o tema. No entanto, também há o perfil cultural do homem se
colocar mais distante dos cuidados com a saúde do que as mulheres”, avalia
Gustavo Guimarães.
Exemplo desse comportamento masculino é sua relação com o câncer de próstata, a doença oncológica mais comum em homens (sem considerar o câncer de pele) para a qual o início do tratamento na fase inicial da doença é essencial para alcançar resultados positivos. Para isso, é preciso realizar os exames de toque retal e de dosagem do PSA e, se necessário, uma biópsia para confirmar ou excluir o diagnóstico de câncer. No levantamento realizado pelo IUCR no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) mostra que nos últimos cinco anos houve uma evolução em relação à adesão do público masculino ao exame de PSA.
Dosagem de Antígeno Prostático Específico (PSA) |
|
Ano |
Atendimentos
(em milhões) |
2018 |
5,43 |
2019 |
5,73 |
2020 |
4,19 |
2021 |
5,23 |
2022 |
6,22 |
2023 |
6,87 |
O crescimento na realização de PSA em 2023 em relação a 2018 foi de 26,5%.
A queda de 26,8% no volume de exames em 2020, comparada a 2019, ocorreu no auge
da pandemia da Covid 19. A recuperação começou já a partir de 2021, com um
aumento de 63,9% em 2023, comparado a 2020.
Já as biopsias de próstata via transretal
apresentam o seguinte panorama, de acordo com a mesma fonte: chama atenção o
aumento do volume de biópsias nos últimos três anos, com incremento de 40,1% em
2023, comparado a 2021.
Biópsia
de próstata via transretal |
|
Ano |
Atendimentos
(em mil) |
2018 |
42,23 |
2019 |
40,40 |
2020 |
31,82 |
2021 |
35,05 |
2022 |
42,03 |
2023 |
49,12 |
Consulta
anual
A evolução na adesão aos exames mostrada pelos
números do SUS ainda está longe de reverter a realidade do câncer de próstata
em um país tão desigual em relação ao acesso a tratamentos e muitas outras
questões. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados
para cada ano do triênio 2023/2025, um total de 71.730 casos de câncer de
próstata. Infelizmente, cerca de 20% dos casos são diagnosticados em estágios
avançados e 25% dos pacientes morrem da doença.
“O ideal é que homens, a partir dos 50 anos, mesmo
sem sintomas, procurem o urologista para uma avaliação individualizada. Homens
da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata
apresentam risco aumentado e devem procurar o médico mais cedo, a partir dos 45
anos”, recomenda Guimarães. No entanto, segundo o especialista, tabus ainda
rondam o exame de toque retal e os homens, embora menos que no passado, ainda
resistem a adotar a consulta anual com o urologista e, muitos deles, quando
vão, o fazem por insistência das mulheres, seja esposa, mãe, filha etc.
Fique atento aos sinais
Também é importante conhecer a doença. Na fase
inicial, o câncer de próstata tem evolução silenciosa e não costuma apresentar
sintomas ou, quando apresenta, pode ser confundido com crescimento benigno
da próstata, pois são doenças com sintomas semelhantes. Portanto, no caso de
alguns dos sintomas a seguir, que persistam por mais de duas semanas, é
importante consultar um médico urologista. São eles:
- Dor
ou ardência ao urinar
- Dificuldade
para urinar ou para conter a urina
- Fluxo
de urina fraco ou interrompido
- Necessidade
frequente ou urgente de urinar
- Dificuldade
de esvaziar completamente a bexiga
- Sangue
na urina ou no sêmen
- Dor
contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas
- Dificuldade
em ter ereção
Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR
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