Segundo a Associação Brasileira do
Déficit de Atenção (ABDA), o número de casos de TDAH variam entre 5% e 8% a
nível mundial. Em um período de 20 anos, a prevalência do TDAH subiu de 6,1%
para 10,2%, segundo estudos.
A médica psiquiatra Dra. Jéssica Martani, especialista em
comportamento humano e saúde mental, fala que o TDAH (Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade) é uma doença do neurodesenvolvimento, ou seja, ela
surge desde a infância, mas algumas vezes, pode ser identificada só na idade
adulta. “Nem toda desatenção é TDAH, as teorias sugerem alteraçoes no
desenvolvimento do córtex pré-frontal e sua conexão com outras áreas cerebrais
essa região é responsável pela tomada de decisão, controle de impulsos,
regulação emocional, planejamento e organização e atenção sustentada”, explica.
Estudos mostram ainda que há possibilidade de uma alteração nos
lobos frontais “Além disso, as principais teorias para diagnosticar o TDAH
sugerem uma desregulação da dopamina, um neurotransmissor que tem diversas
funções, como desempenho da cognição, manutenção da atenção, tomada de
decisões, regulação do comportamento e recompensas, coordenação motora, entre
outros”, diz a médica.
A psiquiatra fala que os sintomas ocorrem devido a essas
desregulações já que a pessoa com TDAH tem uma dificuldade no controle e
regulação de emoções e estímulos, elas têm foco em muitas coisas ao seu redor
como barulhos e movimentos e não conseguem ter um foco único. “Isso faz com que
ela não consiga ter uma atenção sustentada e essas alterações dos centros de
recompensa dopaminérgicos, fazem com que o tedio seja tão grande a ponto de não
conseguir submeter-se a eventos tediosos e assim, a pessoa prefere atividades
que possam propor uma recompensa imediata. Essa dificuldade de cumprir
atividades mais maçantes que terão recompensa posteriormente, levam à
procrastinação, sensação de tédio iminente e insatisfação. Não sendo incomum
uma busca incansável por novidades”, diz.
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um
fenômeno complexo que se manifesta geralmente por volta dos sete anos de
idade,pode acontecer antes,porém é mais comum o diagnóstico por volta desta
idade - antes disso é inusual fechar o quadro já que o cérebro ainda é imaturo
e para o diagnóstico correto do TDAH a psiquiatra ressalta que é preciso
observar os sintomas, como desatenção, hiperatividade, impulsividade e
flutuações de humor. Depois de feito o diagnóstico, o tratamento pode envolver
abordagens multifacetadas, apoio psicológico, e em alguns casos, medicação para
aliviar esses sintomas e melhorar a qualidade de vida.
“É importante dizer que existem tipos de TDAH, sendo um deles do tipo hiperativo, predominando os sintomas de hiperatividade, do tipo desatento e é possível haver a combinação de sintomas, já que o TDAH é caracterizado por uma variedade de sintomas que afetam significativamente a vida cotidiana”, fala a médica que complementa “o diagnóstico em adultos também pode ser desafiador, pois os sintomas de desatenção se tornam mais proeminentes e não é incomum que muitos sintomas do TDAH estejam em outras doenças como transtornos da ansiedade, transtornos depressivos, transtorno de personalidade, entre outros”, finaliza Dra. Jéssica.
Dra. Jéssica Martani - Médica psiquiatra, observership em neurociências pela Universidade de Columbia em Nova Iorque – EUA, graduada pela Universidade Cidade de São Paulo com residência médica em psiquiatria pela Secretaria Municipal de São Paulo e pós graduação em psiquiatria pelo Instituto Superior de Medicina e em endocrinologia pela CEMBRAP.
CRM 163249/ RQE 86127
Nenhum comentário:
Postar um comentário