Crédito: Gabriel Quintão |
Reunindo desenhos, objetos e instalações, a mostra apresenta produção visual do artista, celebrando sua trajetória e seu legado cultural
Com abertura no
dia 28 de maio, às 19h, e visitação até 3 de novembro de 2024,
o Sesc Bom Retiro apresenta a exposição Ars Sonora
– Hermeto Pascoal. Com curadoria do crítico e curador Adolfo
Montejo Navas, a mostra apresenta ao público uma faceta menos conhecida do
multi-instrumentista Hermeto Pascoal – sua produção como artista visual. Em
2019, uma primeira montagem da exposição integra a 14ª Bienal de Curitiba e,
agora, chega a São Paulo ampliada e em voo solo.
Músico autodidata
em atividade desde a década de 1940, Hermeto Pascoal grava o seu primeiro
disco, “Hermeto”, nos Estados Unidos, em 1971. Um ano antes emplaca duas
composições suas no icônico “Live-Evil”, gravado ao vivo com Miles Davis. Em
1979 se apresenta no Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça. Em sua longeva
trajetória recebeu o Grammy Latino em 2019, na categoria “Melhor Álbum de
Música de Raízes em Língua Portuguesa”. E em maio do ano passado foi nomeado
doutor honorário da Juilliard School, de Nova York (EUA) – o título foi entregue
pelo trompetista Wynton Marsalis.
Em Ars Sonora
– Hermeto Pascoal, o público pode conhecer sua criação no
território das artes visuais. Pioneira, a mostra abrange diferentes linguagens,
como desenhos, pinturas, objetos e proto-instrumentos musicais. A produção
ultrapassa fronteiras disciplinares e, de modo ampliado, estabelece relações
com a performance e as artes visuais.
A proposta da
exposição Ars Sonora – Hermeto Pascoal é reconhecer sua produção
para além dos já difundidos conceitos de Música Livre e Música Universal.
Neles, o artista afirma a quebra das barreiras culturais, ultrapassando
linguagens e suportes estabelecidos pela tradição. Nesse sentido, a mostra
reúne objetos feitos dos mais diferentes materiais, deslocados do seu uso cotidiano
e reconfigurados em seu sentido visual. Panos de prato, chaleiras, caixas de
presente, sacolas, brinquedos, roupas e toalhas de mesa servem à ampliação
musical transpostas para a apreciação visual, dando forma a um vasto arquivo sensorial
e sonoro.
Articulando sons
e ruídos a partir da musicalidade coletada de animais e de objetos do dia a
dia, o artista transforma usos e funções, construindo assim o seu alfabeto
sonoro e visual próprio até chegar no glossário da sua linguagem, a
“Hermetologia”.
“A obra ímpar e
caleidoscópica de Hermeto Pascoal deve ser reconhecida de forma mais ampla,
muito além das coordenadas estritamente musicais nas quais é mal confinada a
maioria das vezes", afirma o curador. “A compreensão da obra de
Hermeto Pascoal também como música visual se baseia na consideração porosa
de sua obra, uma arte sonora que ultrapassa seus eixos musicais para
desenvolver uma potência sinergética de escritura musical e visual ao mesmo
tempo, de visualidade sonora e gestual, que contamina todo tipo de
instrumentos-objetos-suportes como novos espaços-registros de representação
sonora (experimentações diversas com a natureza, a animália, a voz das pessoas,
as performances corporais, os desenhos, os objetos-partituras, os álbuns
sonoros, visuais, as trilhas imagéticas…). Tudo isso corresponde com uma
terminologia afim à poesia visual, à pangrafia, e ao mesmo tempo ao happening,
à performance, a outro olhar-ver-fazer que é simultâneo às percepções, à
interação som/imagem, gesto/pensamento", completa Navas.
O que
encontrar em Ars Sonora - Hermeto Pascoal
Reunindo nove
diferentes vertentes de sua criação, a mostra está configurada em um conjunto
de núcleos em torno da poética artística elaborada por Hermeto Pascoal. Numa combinação
relacional e interconectada, tem como ponto de partida a “Música da
Aura”, na qual mostra experiências sonoras realizadas com o som
da voz das pessoas e a sua natureza tonal.
A seguir vêm as
partituras-expansivas, os poemas-objetos e as obras em papel. É nesta seção que
estão elementos retirados de seu fabrico industrial serializado e ora refeitos
em música própria e pessoal, a partir das notações musicais sobrescritas, como
se as partituras brotassem dos objetos.
“Cosmossonia”,
a seguir, traz como ponto de partida o som e trata-se, portanto, de uma ampla
conversão de todo objeto e utensílio em instrumento musical. Na sequência,
“Obras-Arquivo” apresenta o Calendário do Som, obra em que Hermeto Pascoal
compôs, de 1996 a 1997, uma música para cada dia do ano. Publicada em livro em
2000, foi interpretado por diferentes artistas, como a “Orquestra Família de
Itiberê Zwarg” e o músico João Pedro. Ao lado das partituras estão os desenhos
de Hermeto Pascoal para a obra, além de anotações e comentários do
autor.
As “Pinturas
Caligráficas” reúnem partituras feitas em guardanapos,
convites, papeis de toda sorte, toalha de mesa, brinquedos, jogos americanos,
cardápios de restaurantes e até em papel higiênico ou tampa de privada. Roupas
e as paredes de locais públicos também servem de suportes às partituras. Na
exposição, estão acompanhadas dos “Desenhos e Pinturas” do artista.
Feitos com técnica mista, lápis de cor e caneta hidrográfica, são obras que
apresentam numerosos elementos de cor e figurações livres em correspondência
entre si.
O segmento “Brincando
de Corpo e Alma”, uma ação performática de 2012, exibe registro
audiovisual de captações sonoro-visual do artista produzindo diferentes sons no
próprio corpo. É exibido ao lado de outra produção em áudio e vídeo, a peça
“Ato de Criação”, trilha-sonora de Hermeto Pascoal para o curta-metragem “Eu Vi
o Mundo, e Ele Começava no Recife”, de Mário Carneiro, dedicado ao artista
Cícero Dias. Por fim, “Animália” é uma instalação sonora na qual diferentes
formas de vida e de viver são celebradas em sua sonoridade, tendo o registro do
som de bichos reunidos como parceiros artísticos de Hermeto
Pascoal.
Para completar a
exposição há a “Hermetologia”, glossário no qual se
compila uma coleção de verbetes e citações sobre os mais diversos assuntos, com
reflexões do próprio artista sobre música, som, arte, cultura, matéria e
espírito.
No espaço
expositivo da unidade Bom Retiro serão oferecidas oficinas e programação
integrada à exposição. As ações educativas presenciais com educadores e
pesquisadores partem do constante diálogo com a produção de Hermeto Pascoal. A
mostra conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição, videoguia em
libras e recursos táteis. As visitas para escolares podem ser agendadas pelo
e-mail agendamento.bomretiro@sescsp.org.br
Ars
Sonora – Hermeto Pascoal tem
projeto expográfico da arquiteta Isa Gebara, coordenação educativa de Leonardo
Matsuhei, projeto de acessibilidade de Ana Rosa Bordin Rabello e equipe,
comunicação visual e design gráfico por Daniel Brito e produção de Cassia
Rossini.
SERVIÇO
Ars Sonora – Hermeto Pascoal
Curadoria:
Adolfo Montejo Navas
Local:
Sesc Bom Retiro – Espaço expositivo/2º andar
Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos, São Paulo -
SP
Abertura: 28/05, às 19h. Praça de Convivência
Visitação: 29/05
a 03/11/2024
Terça a sexta, das 9h às 20h
Sábado, das 10h às 20h
Domingo e feriado, das 10h às 18h
Agendamento de grupos: agendamento.bomretiro@sescsp.org.br
Classificação indicativa: livre
Gratuito
Recursos de acessibilidade: Audiodescrição, Recursos Táteis e Libras.
ESTACIONAMENTO DO SESC BOM RETIRO - (Vagas Limitadas)
O estacionamento do Sesc oferece espaço para pessoas com
deficiência e bicicletário. A capacidade do estacionamento é limitada. Os
valores são cobrados igualmente para carros e motos. Entrada: Alameda
Cleveland, 529.
Valores: R$8 a primeira hora e R$3 por hora adicional
(Credencial Plena). R$17 a primeira hora e R$4 por hora adicional (Outros).
Valores para o público de espetáculos à noite, por período - R$11 (Credencial
Plena). R$21 (Outros).
Horários: Terça a sexta: 9h às 20h. Sábado: 10h às 20h.
Domingo: 10h às 18h.
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