No contexto empresarial contemporâneo, a equidade de gênero emerge como um princípio central e uma meta aspiracional para organizações — contudo, alcançar essa igualdade não é um caminho isento de desafios. Mesmo as empresas mais bem-intencionadas podem se deparar com armadilhas sutis que minam seus esforços para promover uma cultura inclusiva, especialmente em relação à maternidade.
Uma dessas falhas
é a falta de compreensão das necessidades específicas das mulheres. Ao se
tornarem mães, elas enfrentam uma série única de adversidades, desde o
equilíbrio entre as demandas profissionais e pessoais até questões de saúde
mental. Entre tantas outras coisas, a maternidade significa carregar um filho
por nove meses, dar à luz e amamentar esse pequeno ser nos primeiros meses de
vida, sendo seu único sustento. É a origem das nossas vidas, sem distinção de
gênero. Imagine tentar encaixar algo tão significativo dentro deste sistema
capitalista de estágio tardio em que vivemos, com o objetivo de manter a
produtividade e a eficiência.
Portanto,
implementar políticas de igualdade de gênero sem considerar essas nuances pode
resultar em medidas que falham em abordar, de forma eficaz, as barreiras
enfrentadas no local de trabalho. Nesse sentido, é importante criar espaços
seguros onde as pessoas possam compartilhar suas vulnerabilidades sem medo de
julgamento, além de realizar políticas claras de não retaliação e encorajamento
ativo à partilha de desafios pessoais e profissionais.
Outro aspecto
fundamental frequentemente negligenciado é a interseccionalidade. Estratégias
genéricas e padronizadas não levam em consideração as necessidades específicas
de diferentes grupos, resultando em soluções ineficazes ou até mesmo
alienantes. Em vez disso, organizações devem adotar uma abordagem personalizada
e flexível, que reconheça e responda às diversas realidades, criando culturas
organizacionais nas quais podemos alcançar nosso pleno potencial — não apesar
da maternidade e do que ela implica para o sistema de trabalho, mas junto a
ela, como uma realidade maravilhosa que tira todo mundo da zona de conforto, e
da fantasia de ordem e previsibilidade dos afazeres humanos.
A pesquisa
“Retenção de mulheres pós licença maternidade”, realizada em 2020, pelo
Movimento Mulher 360, indicou que 98% das mulheres mudaram a forma como veem o
trabalho depois de se tornarem mães, adquirindo um novo sentido de
potencialidade e importância; e 50% disseram que o maior desafio no retorno é
lidar com o gestor. Diante deste cenário, fomentar a empatia no local de
trabalho é essencial para promover conexões humanas significativas. Isso pode
ser alcançado por meio de treinamentos que ajudem líderes e colaboradores a
desenvolver a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos dos outros.
Não há dúvidas de
que promover a equidade de gênero requer um compromisso genuíno e visível, não
só dos líderes, como da alta gestão. Isso deve impulsionar mudanças reais e
significativas na cultura organizacional, e criar um ambiente de trabalho que
valorize o bem-estar de todos os funcionários.
Para superar as
armadilhas e promover uma verdadeira equidade de gênero, as empresas precisam
adotar uma abordagem cuidadosamente planejada. Isso envolve ouvir atentamente
as vozes das mulheres em todos os níveis da organização, engajar-se em diálogos
abertos e honestos, além de criar um ambiente que valorize e apoie plenamente a
contribuição feminina. Somente assim as instituições podem avançar em direção a
uma cultura de equidade, onde todas as pessoas, independentemente de seu gênero
ou circunstâncias pessoais, possam prosperar e alcançar seu pleno potencial.
Veronica Magarinos - Head da Hyper Island Habla Hispana, consultoria global especializada em jornadas de aprendizado e transformação.
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