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terça-feira, 21 de maio de 2024

Psicologia perinatal: por que ela é tão importante para saúde mental das grávidas?

Nova lei garante assistência psicológica pelo SUS, mas será que há profissionais suficientes para atender a demanda? Saúde mental materna precisa de atenção urgente, alerta especialista 

 

Você já ouviu falar sobre psicologia perinatal, uma área essencial para a saúde mental das gestantes e puérperas? Sabia que agora você tem direito a esse tipo de assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS)? A nova Lei 14.721, que entrou em vigor recentemente, garante esse atendimento, mas o Brasil ainda enfrenta um grande desafio: a falta de profissionais especializados.

Apesar de a nova lei garantir o direito ao acompanhamento psicológico pelo SUS, a falta de profissionais na área é um grande obstáculo. Atualmente, o Brasil conta com mais de 519 mil psicólogos, mas apenas uma pequena fração possui especialização em psicologia perinatal. "Precisamos aumentar urgentemente o número de psicólogos perinatais para atender à demanda das gestantes e puérperas. Menos de 1% dos psicólogos no país atuam nessa área", alerta a psicóloga Rafaela Schiavo, uma das pioneiras da Psicologia Perinatal e da Parentalidade no Brasil e fundadora do Instituto MaterOnline.

Segundo um estudo do National Institute of Mental Health (NIMH) de 2023, cerca de 18,6% das gestantes são diagnosticadas com depressão durante a gravidez. Além disso, uma análise recente do NIMH, publicada neste ano, revelou que aproximadamente 20% das gestantes sofrem de ansiedade significativa na gestação. A pesquisa destaca a necessidade de intervenções eficazes, especialmente em regiões com poucos recursos, para reduzir os efeitos negativos da ansiedade na saúde da mãe e no desenvolvimento do feto.

"A ansiedade gestacional está associada a riscos como parto prematuro e baixo peso ao nascer. Sem psicólogos perinatais suficientes, muitas dessas mulheres não recebem o suporte necessário”, afirma Rafaela. 

Para abordar mais sobre o assunto, Rafaela Schiavo respondeu às principais perguntas:


Por que a psicologia perinatal é tão importante para gestantes?


“A psicologia perinatal é fundamental para prevenir e tratar problemas como ansiedade, depressão e estresse, que muitas mulheres enfrentam durante a gestação e o puerpério. Ao cuidar da saúde mental das gestantes, também cuidamos da saúde mental do bebê. Mais de 30% dos bebês brasileiros apresentam atrasos no desenvolvimento antes de completar um ano, o que pode estar associado à saúde mental materna".


Quais são os principais desafios enfrentados pelas gestantes?


A especialidade lida com diversas questões que afetam a saúde mental das gestantes e puérperas:

  • Gestações não planejadas: mulheres que têm dificuldade para aceitar que vão se tornar mães;
  • Luto perinatal: aborto ou morte neonatal;
  • Ansiedade durante a gravidez;
  • Depressão pós-parto;
  • Dificuldade de criar vínculo com o bebê.


Como funcionam as sessões de psicologia perinatal?


“O atendimento pode variar conforme o caso e as necessidades individuais. As sessões podem ser em grupo, comuns no pré-natal psicológico, envolvendo rodas de gestantes e pais. Também podem ser realizadas sessões para casais, famílias ou individuais. A quantidade de consultas depende de vários fatores, incluindo o profissional, o paciente e a situação específica”.


Como acessar o atendimento pelo SUS?


“A nova Lei 14.721 garante suporte psicológico gratuito pelo SUS. Converse com seu obstetra para obter indicações de psicólogos perinatais ou de onde buscar atendimento gratuito. Também é possível participar de grupos de apoio organizados por instituições de saúde”.

Para ajudar as gestantes a entenderem e acessarem esse tipo de apoio, a psicóloga dá as seguintes dicas:

  1. Converse com seu obstetra: peça indicações de psicólogos perinatais ou de onde buscar atendimento gratuito.
  2. Participe de grupos de apoio: compartilhar experiências com outras gestantes pode ser muito benéfico.
  3. Cuide de si mesma: dedique tempo para atividades que promovam o bem-estar emocional e físico.
  4. Informe-se sobre seus direitos: a nova lei garante suporte psicológico gratuito pelo SUS. Procure se informar sobre como acessar esses serviços.
  5. Esteja atenta aos sinais de depressão e ansiedade: se necessário, procure ajuda profissional.

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