Faturamento
da Black Friday está em queda, enquanto do Dia das Mães cresce; varejo
aproveita cenário para recalcular rota, explica especialista
Nos últimos
anos, o varejo tem redistribuído esforços entre as principais datas
comemorativas. Em vez da tradicional Black Friday, as empresas estão
direcionando seus recursos para campanhas e promoções de Dia das Mães. Mas o
que está impulsionando essa mudança de foco?
Desde 2021, o
Dia das Mães se estabeleceu como o segundo melhor dia para o comércio
brasileiro, perdendo apenas para o Natal, de acordo com um levantamento
realizado pela Cielo. Embora isso possa parecer novidade, uma análise mais
ampla dos dados de faturamento revela um cenário que vai ao encontro dessa
tese: na Black Friday de 2023, o e-commerce alcançou R$ 5,23 bilhões, conforme
levantamento da Neotrust e ClearSale, representando uma queda de 15,1% em
relação ao ano anterior, que já havia sido desafiador.
Por outro lado, os pequenos e médios lojistas registraram um aumento expressivo nas vendas digitais durante o Dia das Mães de 2023. De acordo com dados da Nuvemshop, esses comerciantes movimentaram R$ 189,5 milhões, um aumento de 33% em comparação com o ano anterior, quando faturaram R$ 142 milhões.
Apesar do valor
faturado não ultrapassar a Black Friday, o Dia das Mães segue em ascensão,
enquanto as promoções de novembro mostram declínio ano após ano.
De acordo com
Andrei Dias, head de vendas da Nexaas, retail tech especializada em inovação
para o varejo, o Dia das Mães tem um apelo emocional muito forte, já que é uma
data dedicada a celebrar o amor e a gratidão pelas mães. Isso torna as
campanhas publicitárias mais impactantes, pois se conectam diretamente com os
valores e emoções dos consumidores.
“Além disso,
essa é uma data estável e previsível em termos de vendas, ao contrário da Black
Friday, que muitas vezes gera um aumento repentino e temporário nas vendas,
seguido por uma queda acentuada. Isso permite que as empresas planejem suas
estratégias com antecedência e tenham um retorno mais consistente sobre seus
investimentos”, comenta.
Outro fator
importante é a sazonalidade dos produtos. Enquanto a Black Friday é
tradicionalmente associada a descontos em eletrônicos e produtos de tecnologia,
o Dia das Mães abrange uma ampla gama de itens, desde flores e chocolates até
joias e itens de decoração para o lar. Isso permite que empresas de diferentes
setores participem ativamente das promoções, ampliando o alcance e a
diversidade das ofertas.
Curiosamente, a
própria Black Friday parece ter sido responsável pela ascensão do Dia das Mães.
Um estudo da empresa de tecnologia CRM&BONUS mostra que 36% dos consumidores
da BF voltaram a fazer compras na mesma loja seis meses depois. Ou seja: a data
conseguiu fidelizar os filhos em novembro para comprar presentes em maio.
“Essas
tendências refletem uma mudança significativa no comportamento do consumidor e
alavancam transformações nas estratégias de vendas das empresas. A Black Friday
é uma importação recente e bem-sucedida, mas as pesquisas indicam um retorno
voraz do Dia das Mães ao segundo lugar”, conclui o especialista.
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