Conciliar maternidade e carreira, sem dúvidas, é algo desafiador. Mas, ao contrário do que muitos possam imaginar, é possível vivenciar ambas as funções sem que uma anule a outra. Atualmente, vemos o mercado mudando gradativamente seu posicionamento em integrar mulheres nas equipes de trabalho, porém, embora esse tenha sido um importante avanço, ainda assim, precisamos abordar essa questão a fim de conscientizar diversos setores, principalmente, o de Tecnologia da Informação (TI).
Para entender o presente, é fundamental compreendermos
nossas origens. Isso é, historicamente, nossa sociedade foi constituída sob a
forte tendência de separação de papéis, nos quais a função de trabalho e
sustento eram associados aos homens, enquanto as mulheres ficavam responsáveis
pelo cuidado da casa e dos filhos.
Hoje, isso já não é mais assim. Temos grandes
exemplos na história de figuras femininas que contribuíram para grandes
descobertas, inspirando outras a seguirem o mesmo caminho. No entanto, mesmo
diante desse importante avanço, ainda assim, muitas mulheres acabam passando
por situações desconfortáveis no ambiente de trabalho, nas quais, em muitos
casos, são desacreditadas e precisam constantemente provar seu valor.
Isso pode se intensificar ainda mais quando elas
são mães, já que dúvidas e incertezas quanto ao seu desempenho após a
maternidade são colocadas à prova. E, com isso, cria-se um cenário complexo, no
qual, de acordo com uma pesquisa conduzida em 2023 pela consultoria Elliott
Scott HR Brasil, 69% das mulheres com filhos na primeira infância acreditam que
seu crescimento profissional é mais lento em comparação com aquelas que não tem
filhos.
O dado chama atenção para a importância de abordar
cada vez mais a pauta da maternidade nas organizações, a fim de conscientizar
um mercado ainda polarizado. E, em se tratando da área de TI, esse tema é ainda
mais relevante, visto que, segundo a pesquisa Woman in Technology, realizada em
2021 pela empresa Michael Page, foi constatado que as mulheres ocupam menos de
20% dos cargos das áreas de tecnologia no Brasil. Ainda de acordo com o estudo,
apenas 26% das empresas latino-americanas possuem programas de retenção e
atração de talentos feminino.
Vale destacar que a escolha da maternidade é uma
decisão pessoal e familiar, a qual não deve ser colocada como um critério de
avaliação de desempenho profissional ou no ato de contratação. Da mesma forma,
embora haja uma gama de discursos inclusivos defendidos por muitas empresas, a
igualdade não está na oferta de vagas especificas, mas no reconhecimento independente
das suas escolhas pessoais.
Deste modo, cabe às empresas a missão de
conscientizar a equipe para não reproduzir comportamentos e discursos que
possam constranger ou despertar um sentimento de incapacidade pelo fato de
serem mães, bem como usufruir da flexibilidade existente nos modelos de
trabalho a fim de proporcionar, também, uma forma de apoio.
Nenhuma mulher precisa abdicar de um sonho para
viver o outro. Contudo, além da pressão mercadológica, há ainda discursos e
pensamentos que acabam, muitas das vezes, fazendo com que ela se sinta culpada
por continuar vivendo a sua vida e correndo atrás dos seus objetivos, já que
tem a responsabilidade dos filhos.
Quanto a isso, precisamos sempre lembrar que a
maternidade não deve, jamais, ser considerada um fator impeditivo, sobretudo,
para o setor de TI. Afinal, por ser uma área em constante evolução, existe um
gama de oportunidades e funções nas quais as mulheres podem e devem atuar, a
fim de mudar o atual cenário, uma vez que a presença feminina neste segmento no
Brasil é de 0,07% – correspondendo a 69,8 mil profissionais, de acordo com
dados do Serasa Experian.
Nesse sentido, encarar os desafios de ser mãe profissional torna-se mais equilibrado quando as organizações dão suporte. Obviamente, a maternidade não deve ser romantizada, visto que traz consigo desafios que podem ser refletidos tanto no âmbito profissional, quanto pessoal. Porém, essa escolha não deve partir do pressuposto de que há chances de perder espaço e credibilidade no mercado. Afinal, as mulheres mostram, diariamente, que é possível ser mais de uma versão, e exercer todas com excelência.
Elaine Costa e Leila Santana - são Squad Leaders na Viceri-SEIDOR.
Viceri-Seidor
www.viceri.com.br
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