Especialista na
clínica de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência
explica que educação afetiva e sexual é essencial para todos, inclusive para
quem tem T21
Quem tem T21, mais conhecida como Síndrome de Down,
pode se relacionar afetiva e sexualmente? E isso só deve acontecer com alguém
que também tem a síndrome?
Segundo Patrícia
Stankowich, psicanalista, psicóloga e especialista na clínica
de crianças com comprometimentos no desenvolvimento e deficiência, quem tem T21
pode se relacionar com qualquer pessoa, ainda que, na maioria dos casos, venha
a se relacionar com quem também tem a síndrome de Down. “Nossa jornada é
repleta de aprendizados e descobertas, e uma das lições mais valiosas é que as
melhores conexões acontecem quando abraçamos a diversidade. Então, um jovem com
síndrome de Down pode encontrar alegria em compartilhar momentos especiais com
adolescentes de todos os caminhos, criando laços verdadeiros e fortalecendo
vínculos preciosos”, afirma.
A especialista explica que a maioria das famílias
tem dificuldade para conseguir perceber que o filho com T21 também tem desejos,
necessidade de se relacionar com alguém e de ter uma vida sexual ativa. “E é
claro que essa criança precisa desde cedo ser orientada, cuidada, estar em
terapias, para que lá na adolescência a gente consiga conversar sobre
sexualidade e ela consiga se apropriar de suas escolhas sabendo de si, de seus
desejos e se relacionar de maneira afetiva e sexual com alguém que tenha a
síndrome ou não”, avalia.
Patrícia ressalta que a educação sexual é essencial
para todos e, para as pessoas com síndrome de Down, não é diferente. “É
importante falar aberta e honestamente sobre relacionamentos, consentimento,
segurança e responsabilidade, além de garantir as terapias e apoio psicológico
que a criança precisa para ter uma vida adulta com mais autonomia. Desta forma,
depois de adulto, ele conseguirá ter relacionamentos sexuais e afetivos”,
complementa.
Sobre os relacionamentos afetivos acontecerem com
pessoas que tenham ou não a síndrome, a psicóloga explica que é mais comum que
casais sejam formados entre quem tem a T21, porém, essa condição genética não
deve ser algo impeditivo para formação de vínculos e laços sociais.“Quando
pensamos sobre isso, lembramos que na sociedade há muitos preconceitos, tabus e
estereótipos em relação a pessoas que têm algum tipo de deficiência. É
fundamental que essas questões sejam cada vez mais trabalhadas e melhor
compreendidas”, finaliza.
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