Em um mundo
globalizado como o que vivemos, o patamar de conhecimentos e capacidades que
seus estudantes têm impacta diretamente nas possibilidades de inserção
internacional, de concorrência por espaços econômicos e tecnológicos.
Diferenciará os países que serão criadores dos que serão meros consumidores de
recursos e ferramentas de toda ordem.
O Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é um exame internacional que
compara resultados de alunos de 80 países. No comparativo entre os países, o
Brasil foi mal: entre 80 países, nós ficamos na posição 65ª em matemática, na
52ª posição em leitura e na 61ª em ciências. Todos os países caíram depois da
pandemia. Embora o Brasil não tenha caído tanto desde o resultado anterior, de
2018, vivemos um grande problema: já estávamos mal antes dos impactos do
coronavírus. Também é importante destacar que participam do PISA alunos da rede
pública e privada. Quem estuda na rede privada obteve resultado bem melhor que
os da rede pública, ficando em 11º lugar em Leitura, 23º em Ciências e 39º em
Matemática, quando comparados com alunos de redes pública e privada dos demais
países.
Aqui vou me deter
no cenário de leitura – que se configura como um domínio essencial para que o
aluno seja capaz de aprender novas coisas, com autonomia pessoal, sem depender
que outros expliquem tudo a ele – o Brasil não está bem: 50% dos alunos não
conseguem encontrar a ideia central de um texto, ou seja, não compreendem o que
leem. Penso haver aqui impactos também nas áreas de Matemática e Ciências:
como resolver problemas sem entender enunciados e contextos? Além disso, em um
mundo em constante mudança, como esses alunos vão ser capazes de seguir
aprendendo? Como eles vão ser capazes de compreender e incorporar conhecimentos
que ainda não existem e que se tornarão parte da realidade de um futuro
próximo?
Este resultado
negativo do exame se soma aos dados divulgados na semana passada, aferidos a
partir de questionários respondidos pelos alunos que fizeram o PISA: 66% dos
alunos brasileiros conseguem ler apenas uma sequência máxima de 10
páginas. Já no Chile, os alunos da mesma faixa etária conseguem ler 100
páginas sequencialmente. Esta diferença me remete novamente à questão do mundo
globalizado e os potenciais de cada país.
Portanto, eu penso que os resultados deste exame são importantes para gestores educadores pensarem e avaliarem não só sobre o quanto nossos alunos estão aprendendo, mas também o que eles estão aprendendo. Devemos nos questionar: em que medida nossos alunos são estimulados e orientados para a leitura autônoma, em todas as áreas do conhecimento – e não apenas Língua Portuguesa? Ou será que nós lemos para eles pedindo apenas que nos repitam?
Friso aqui, ainda, que os resultados do Pisa não podem ser lidos por nós como algo acabado, ou seja, como ponto de chegada. Devemos olhar para os dados como um ponto de partida para refletirmos sobre o que precisamos ajustar, com foco no caminho a percorrer para nos equipararmos aos países que ocupam a liderança no mundo do conhecimento.
Tânia
Fontolan - diretora pedagógica da Somos Educação – plataforma par
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