Você sente o peso dos conflitos e desafios que marcaram este ano? Ucrânia, Israel, guerras políticas, nos nossos corações… Ufa! Nesse fim de 2023 me vem à mente um filme, Joyeux Noël, que retrata momentos reais da Primeira Guerra Mundial. A invenção da metralhadora havia impedido manobras bélicas criativas como as de Napoleão e restringido os soldados a trincheiras cheias de ratos, lama, sangue e sofrimento.
Mas quando chega o Natal de 1914, soldados
escoceses, alemães e franceses ouvem as canções natalícias que vinham das
trincheiras inimigas e declaram uma trégua. Por uma noite, enterram os mortos e
jogam futebol. Compartilham chocolate, champanhe e fotos de parentes queridos.
Olham-se nos olhos e vêm a humanidade daqueles que haviam visto detrás das
miras de rifles. O espírito do Natal prevalece sobre a destruição da guerra.
Desejo algo parecido para nós esse ano. Paz,
trégua, encontros. Deixar de lado as armas que usamos para nos defender e
arriscar a ternura. Calmar a guerra interior e substituí-la pela serenidade. Como
chegar lá? A atmosfera natalícia certamente ajuda: preparar a mesa, embrulhar
presentes, cantarolar Jingle Bells. Mas a chave é viver o
significado original do Natal. Acho interessante que no mesmo Oriente Médio, em
conflito na época e hoje, o nascimento de Jesus trouxe um anúncio de paz:
“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o
seu favor”.
Cristãos como eu celebram que Deus veio até nós e
nos ofereceu uma trégua. Declarou o seu favor para corações fragmentados e divididos.
Trouxe esperança para refeições tensas e ressentimentos ainda não resolvidos.
Não precisamos permanecer em guerra conosco, uns com os outros ou com Deus. A
chegada de Cristo traz uma manjedoura serena e uma brisa de paz para todos os
que acolhem essa boa notícia.
René Breuel - escritor paulistano que mora em Roma, na Itália. Autor de Não é fácil ser pai (Mundo Cristão) e O Paradoxo da Felicidade (Hagnos), possui mestrado em Escrita Criativa e em Teologia. É casado com Sarah e pai de dois meninos, Pietro e Matteo.
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