O Dia do Idoso, comemorado no Brasil em 1º de outubro,
após aprovação do Estatuto do Idoso, que ocorreu nessa mesma data, em 2003,
coincide com o Dia Internacional do Idoso, instituído pela ONU, em 1991. Ambos
buscam conscientizar a sociedade sobre as questões do envelhecimento e da
proteção dos direitos dos mais velhos.
Embora há muito já se discuta esse tema, a sociedade ainda
não encontrou o equilíbrio necessário quando o assunto é a população 60+. Vamos
nos ater ao nosso país, cujo contingente de idosos aumentou para 15,1% em 2022,
segundo o IBGE, contra 11,3% em 2012. Na outra ponta etária, o percentual de
pessoas abaixo dos 30 anos de idade caiu de 49,9% para 43,3% no mesmo período e
os dados também mostram a queda da participação de pessoas de 10 a 13 anos (de
6,7% para 5,4%) e de 14 a 17 anos de idade (de 7,1% para 5,6%) na proporção
total da população brasileira. Resumidamente, estamos envelhecendo e isso não é
novidade para ninguém.
Mas a questão é: como estamos envelhecendo?
Segundo o geriatra Felipe Vecchi Moreira, diretor clínico
da BSL Saúde, “ainda tateamos nas políticas públicas e o adiamento de medidas
protetivas para esse público só tende a jogar o problema para frente e inflar
uma bola de neve que descerá de forma desgovernada ladeira abaixo. Seremos cada
vez mais velhos e precisaremos do Poder Público, da sociedade civil e das
famílias para vivermos e fazer viver com dignidade quem sempre cuidou das
crianças e dos jovens e que em algum momento da vida necessita ser cuidado”.
As pessoas idosas precisam ser vistas como
responsabilidade de suas famílias, mas não como um fardo, e sim como um grande
patrimônio pelo acúmulo de experiências adquiridas e pela visão de vida que a
maturidade lhes trouxe. Mas muitas vezes esse público também vem acompanhado de
fragilidades e adoecimentos que exigem atenção e cuidados. Nesse momento, os
vínculos criados ao longo da vida devem se fortalecer e prevalecer.
O médico lembra que “assim como criar filhos traz
inseguranças e incertezas, acompanhar a evolução da finitude da vida –
especialmente entre os mais velhos - também promove questionamentos, dores e
culpa. E quanta culpa. É necessário tomar decisões para as quais não fomos
preparados: Como e onde cuidar? Quem deve cuidar? Quanto custa cuidar?
Institucionalizar meu ente querido é abandoná-lo?”
Atualmente, os espaços para a terceira idade deixaram há
muito de ser “depósitos de velhos”. Há diferenças entre as estruturas de uns e
outros, mas a mentalidade do cuidado humanizado mudou e é generalizada entre
todos eles. Essas instituições estão cada vez mais voltadas para o bem-estar dos
idosos e de suas famílias. Caminham a passos largos para estender a cada canto
dessas unidades a sensação do aconchego de casa.
“Aí vem a importância de unir o Dia do Idoso com o Dia das
Crianças - comemorado em 12 de outubro - ou seja, ensinar os pequenos que seus
avós ou bisavós moram em uma casa grande com outras pessoas também mais velhas,
mas aquela é a casa deles, que deve ser visitada pelos familiares com
frequência, para que levem a alegria, a atenção e o amor familiar que são
insubstituíveis”, enfatiza o geriatra.
Não por acaso alguns residenciais começam a instalar
espaços infantis em suas áreas de convivência, assim como lugares especiais
para reunião familiar e restaurantes com cardápios assinados por chefs.
Comemorar o Dia do Idoso é muito importante para que seus
direitos sejam lembrados, mas muito mais relevante é dizer que o direito ao
amor familiar cura a alma de todos e fortalece as relações parentais. E
comemorar o Dia das Crianças, ensinando-as a respeitar o envelhecimento daqueles
que fazem parte das histórias de suas vidas, é deixar um grande legado de
compreensão e amor às novas gerações. O mundo precisa disso.
“Todos envelheceremos e necessitaremos cada vez mais de
cuidados, assim como já precisamos quando crianças e adolescentes. Dar
continuidade a essa roda da vida com tolerância e amor, conscientes de nosso
papel como filhos, netos e cidadãos, é nosso dever. Que possamos respeitar
nossos velhos e ensinar as crianças a serem adultos melhores, entendendo logo
cedo que o tempo passa para todos e que o processo da velhice é natural. Assim
ensinaremos as novas gerações a respeitar os idosos e as prepararemos para suas
próprias velhices”, reforça o diretor clínico da BSL Saúde.
Feliz mês do
idoso! Feliz mês das crianças!
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