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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Outubro dos idosos e das crianças: a importância da convergência de gerações

  

O Dia do Idoso, comemorado no Brasil em 1º de outubro, após aprovação do Estatuto do Idoso, que ocorreu nessa mesma data, em 2003, coincide com o Dia Internacional do Idoso, instituído pela ONU, em 1991. Ambos buscam conscientizar a sociedade sobre as questões do envelhecimento e da proteção dos direitos dos mais velhos.

 

Embora há muito já se discuta esse tema, a sociedade ainda não encontrou o equilíbrio necessário quando o assunto é a população 60+. Vamos nos ater ao nosso país, cujo contingente de idosos aumentou para 15,1% em 2022, segundo o IBGE, contra 11,3% em 2012. Na outra ponta etária, o percentual de pessoas abaixo dos 30 anos de idade caiu de 49,9% para 43,3% no mesmo período e os dados também mostram a queda da participação de pessoas de 10 a 13 anos (de 6,7% para 5,4%) e de 14 a 17 anos de idade (de 7,1% para 5,6%) na proporção total da população brasileira. Resumidamente, estamos envelhecendo e isso não é novidade para ninguém.

Mas a questão é: como estamos envelhecendo?

 

Segundo o geriatra Felipe Vecchi Moreira, diretor clínico da BSL Saúde, “ainda tateamos nas políticas públicas e o adiamento de medidas protetivas para esse público só tende a jogar o problema para frente e inflar uma bola de neve que descerá de forma desgovernada ladeira abaixo. Seremos cada vez mais velhos e precisaremos do Poder Público, da sociedade civil e das famílias para vivermos e fazer viver com dignidade quem sempre cuidou das crianças e dos jovens e que em algum momento da vida necessita ser cuidado”.

 

As pessoas idosas precisam ser vistas como responsabilidade de suas famílias, mas não como um fardo, e sim como um grande patrimônio pelo acúmulo de experiências adquiridas e pela visão de vida que a maturidade lhes trouxe. Mas muitas vezes esse público também vem acompanhado de fragilidades e adoecimentos que exigem atenção e cuidados. Nesse momento, os vínculos criados ao longo da vida devem se fortalecer e prevalecer.

 

O médico lembra que “assim como criar filhos traz inseguranças e incertezas, acompanhar a evolução da finitude da vida – especialmente entre os mais velhos - também promove questionamentos, dores e culpa. E quanta culpa. É necessário tomar decisões para as quais não fomos preparados: Como e onde cuidar? Quem deve cuidar? Quanto custa cuidar? Institucionalizar meu ente querido é abandoná-lo?”

 

Atualmente, os espaços para a terceira idade deixaram há muito de ser “depósitos de velhos”. Há diferenças entre as estruturas de uns e outros, mas a mentalidade do cuidado humanizado mudou e é generalizada entre todos eles. Essas instituições estão cada vez mais voltadas para o bem-estar dos idosos e de suas famílias. Caminham a passos largos para estender a cada canto dessas unidades a sensação do aconchego de casa.

 

“Aí vem a importância de unir o Dia do Idoso com o Dia das Crianças - comemorado em 12 de outubro - ou seja, ensinar os pequenos que seus avós ou bisavós moram em uma casa grande com outras pessoas também mais velhas, mas aquela é a casa deles, que deve ser visitada pelos familiares com frequência, para que levem a alegria, a atenção e o amor familiar que são insubstituíveis”, enfatiza o geriatra.

 

Não por acaso alguns residenciais começam a instalar espaços infantis em suas áreas de convivência, assim como lugares especiais para reunião familiar e restaurantes com cardápios assinados por chefs. 

 

Comemorar o Dia do Idoso é muito importante para que seus direitos sejam lembrados, mas muito mais relevante é dizer que o direito ao amor familiar cura a alma de todos e fortalece as relações parentais. E comemorar o Dia das Crianças, ensinando-as a respeitar o envelhecimento daqueles que fazem parte das histórias de suas vidas, é deixar um grande legado de compreensão e amor às novas gerações. O mundo precisa disso. 

 

“Todos envelheceremos e necessitaremos cada vez mais de cuidados, assim como já precisamos quando crianças e adolescentes. Dar continuidade a essa roda da vida com tolerância e amor, conscientes de nosso papel como filhos, netos e cidadãos, é nosso dever. Que possamos respeitar nossos velhos e ensinar as crianças a serem adultos melhores, entendendo logo cedo que o tempo passa para todos e que o processo da velhice é natural. Assim ensinaremos as novas gerações a respeitar os idosos e as prepararemos para suas próprias velhices”, reforça o diretor clínico da BSL Saúde.

 

Feliz mês do idoso! Feliz mês das crianças!



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