Técnica mostrou resultados animadores, que contornam desafios específicos em relação ao câncer
O câncer de próstata é a neoplasia que mais afeta os homens no Brasil, com exceção do câncer de pele não melanoma. Apesar dos dados de incidência não serem novidade, em 2023 são estimados 72 mil novos casos, representando 10,2% de todos os tipos de câncer, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Contudo, a ciência tem avançado a passos largos quanto a novas opções de tratamento para a doença, principalmente em casos de reincidência. Pesquisadores do Cedars-Sinai Cancer, na Califórnia, identificaram duas potenciais terapias que podem melhorar os resultados dos pacientes.
O trabalho de fase três, que vem ganhando destaque, foi publicado no The New England Journal of Medicine e, dentre os resultados, foi possível observar uma melhora na sobrevida livre de metástases, além da preservação da qualidade de vida do paciente oncológico.
De acordo com o Denis Jardim, oncologista líder nacional
da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas, o esquema padrão de
tratamento da doença localizada é a cirurgia (chamada de prostatectomia) e/ou
radioterapia. Já para a doença localmente avançada, o protocolo pode combinar
radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal, também conhecida por terapia
de privação androgênica (ADT, do inglês Androgen Deprivation Therapy). Em casos
de metástase, o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.
"A testosterona ajuda as células do câncer de
próstata a crescerem e se espalhar. Contudo, o estudo mostra que a terapia
hormonal pode reduzir os efeitos que estimulam esse crescimento”, comenta o
médico. Porém, de maneira isolada, a ADT possui duas desvantagens: os efeitos
colaterais e a não eliminação completa da testosterona.
“Quando realizamos o ADT, o nível de testosterona no
sangue é apenas reduzido, e não eliminado. Por isso, uma das preocupações é de
que o hormônio residual seja suficiente para estimular o crescimento do tumor”,
salienta.
Como o estudo funciona
O estudo, realizado com 1.068 voluntários de 17 países, com câncer de próstata localizado, passou por duas intervenções. Durante o ensaio clínico randomizado, um terço dos pacientes recebeu ADT e enzalutamida, que tem o objetivo de bloquear os efeitos da testosterona no sangue, fazendo com que o hormônio remanescente não tenha estímulo para o desenvolvimento de células cancerígenas.
Já o outro terço dos pacientes recebeu apenas a
enzalutamida. E, por fim, o outro grupo de voluntários recebeu apenas ADT,
considerado o tratamento padrão atual para a doença avançada.
A partir dos resultados foi possível observar que a
combinação de ADT mais enzalutamida reduziu o risco de metástase ou óbito em
58% quando comparado ao tratamento com ADT isoladamente. Além disso, o uso de
enzalutamida de forma isolada diminuiu o risco de metástase ou óbitos em 37%,
também comparado ao uso de ADT de forma isolada.
“O estudo demonstra que em pacientes que apresentam
elevação do PSA após alguma terapia curativa prévia, existem diferentes
possibilidades de terapia. A intensificação do tratamento com enzalutamida
permitiu um melhor controle da doença; O uso da droga isolada pode ser uma opção
para alguns pacientes selecionados, pois oferece um bom controle e a
preservação dos níveis de testosterona no sangue, quando comparado à terapia
padrão”, finaliza.
Oncoclínicas
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