Com mais de 153
milhões de usuários e movimentações acima de R$ 1,53 trilhão (dados de agosto do Banco Central), o PIX revolucionou ao
democratizar o sistema de pagamentos no Brasil. Entretanto, esta solução que
não faz distinção de classe social ou valores monetários é apenas um
“aperitivo” dentro do amplo ecossistema financeiro. A próxima grande onda que
tem tudo para ganhar os brasileiros em 2024 já tem nome: DREX.
Esse é o nome dado
pelo Banco Central ao que antes era conhecido como Real Digital, e tem como
inspiração o termo “Digital Real Electronic Transaction” (“Transação Eletrônica
Real Digital”, em tradução livre). Da divulgação do nome, em 7 de agosto, até o
momento, teve início uma série de testes por parte de instituições financeiras
de diversos calibres, tudo em favor de poder oferecer, até o final de próximo
ano, essa nova oportunidade aos brasileiros.
O objetivo central
do DREX é reduzir custos de operações bancárias e aumentar a inclusão dos
consumidores em um novo mercado financeiro. Ele é uma representação virtual do
Real, com infraestrutura de blockchain. Uma vez tokenizado, o DREX terá o seu
valor pareado com o Real físico, mas estará protegido pela criptografia no
ambiente digital.
Perante o mercado,
sabemos bem como se revelam as pequenas inovações de cada dia. Estivemos
envolvidos junto ao próprio Banco Central e à Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) nos passos iniciais do Open Banking e do Open Finance por aqui.
Neste sentido, é importante ressaltar o quão pioneiro o Brasil está dentro do
cenário global de meios de pagamentos e inovações financeiras, utilizando os
avanços da tecnologia em favor da simplificação e democratização das operações
econômicas.
Para quem está
imerso no ambiente do Open Finance e/ou do mercado financeiro, o entendimento
sobre os enormes benefícios e das inovações que ainda virão com o DREX são
evidentes. Todavia, a população ainda vê com desconfiança os seus reais ganhos
com essa moeda digital e, como nos mostra o lento avanço do universo Open na
esfera econômica, é preciso demonstrar valor ao consumidor final para crescer.
A explosão na adesão ao PIX, tão logo o usuário reconheceu as suas grandes
vantagens, explicita isso ainda mais.
Se o PIX é o meio
pelo qual é possível transferir recursos financeiros, o DREX é o próprio
dinheiro a ser transferido. Ou seja, você poderá fazer um PIX utilizando o
DREX. Mas o alcance da moeda digital vai além. A compra de veículos ou de
imóveis, por exemplo, poderá ser feita em tempo real, por meio de um contrato
inteligente, concebido por meio de linguagem de programação e ligado às
entidades/pessoas envolvidas. Com o DREX, toda a transação será realizada
simultaneamente, de maneira rápida, segura e mais barata, com o dinheiro e a
propriedade sendo transferidos simultaneamente (qualquer erro no processo
assegura o retorno dos ativos aos seus donos anteriores).
Para o mercado
imobiliário, o DREX trará a possibilidade de que todos os envolvidos,
conectados em uma rede única, possam ver aprovado, em questão de horas, um
empréstimo e a conclusão de um financiamento para compra e venda de uma casa ou
apartamento. Na área dos investimentos, como parte do Open Investment, a
possibilidade de investimentos tokenizados trará mais amplitude a um mercado
que vê o crescimento da demanda em favor de pequenos investidores,
democratizando, por consequência, o mercado de ações.
Há desafios a
serem superados, contudo, até chegarmos neste ápice de agilidade, segurança e
redução de custos em movimentações financeiras. Nos últimos dois meses, algumas
das principais instituições do país anunciaram as suas primeiras transações
entre si com o uso do DREX. Um dos desafios iniciais é o aumento da banda de
conexão na Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), algo que segue em
desenvolvimento. De acordo com o próprio Banco Central, questões de
infraestrutura e de privacidade já impõem um atraso no cronograma original da
implantação, porém a expectativa de liberação para o público no fim de 2024
permanece.
Para quem já está
inserido com força no ambiente do PIX, o DREX será apenas mais um passo em prol
de novas inovações – algumas delas que ainda não conseguimos conceber nem mesmo
na teoria. A confiabilidade dessa nova moeda digital, que espera reunir o
melhor do cartão de crédito e do seu “primo” mais famoso, também passa pelo uso
de boas estratégias na hora de implementar e se aproveitar das múltiplas
facetas de ganhos para empresas e consumidores.
Tão logo o sistema
completo esteja concluído e pronto, as dúvidas se dissipem e o brasileiro
compreenda o quanto a sua vida será impactada, o DREX deverá se ver como
protagonista de um novo boom na economia nacional e, por
consequência, também internacional. E o amplo uso, a ser acelerado por um ou
mais agentes (ainda indefinidos) do mercado, trará de quebra novos modelos de
negócios.
Fabrício
Vaz - Business Vice President da GFT Technologies no Brasil
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