Infelizmente,
ainda vemos muitas pessoas fugindo da terapia, com intervenções de um
profissional de saúde mental, e elevando o excesso no consumo de medicamentos
controlados para tratar transtornos relacionados às dores emocionais.
Esse desvio
comportamental ainda pode ser justificado pela persistência do tabu em relação
ao tratamento psicoterápico. O medo de ser taxado e julgado como “louco” ainda
faz parte do imaginário humano e acaba por afastar as pessoas do tratamento
adequado, criando paliativos medicamentosos que podem causar outros prejuízos,
como a dependência, se não houver a indicação adequada e complementação
terapêutica.
O uso prolongado
ou sem indicação médica, de hipnóticos, ansiolíticos, antidepressivos,
antipsicóticos, estabilizadores de humor, entre outros remédios, podem provocar
tolerância e dependência, além de outros efeitos colaterais, decorrentes de uma
utilização banalizada pelo ser humano, para o tratamento de diversos quadros e
sintomas psicoemocionais.
O objetivo não é
colocar os medicamentos como vilões. Pelo contrário, eles são muito importantes
no sucesso do combate a doenças, sejam elas físicas ou mentais.
O problema é o
excesso e prolongamento deste uso, além da automedicação. Se faz urgente a
promoção do uso racional de medicamentos, uma vez que, a automedicação é um
hábito comum a 77% dos brasileiros e, em excesso, pode causar sérios riscos à
saúde, como dependência química, intoxicação, ou mesmo risco de morte.
Além disso, o
uso indiscriminado das drogas medicamentosas pode dificultar um diagnóstico,
mascarar sintomas das doenças e criar resistência a bactérias, por exemplo.
Por isso, fica o
alerta: sempre que precisar, procure um médico, antes de recorrer a indicação
de amigos, pesquisas no google ou à sua caixinha de remédios favorita.
Além disso,
muitos remédios estão se tornando ícones de uma sociedade psiquicamente doente.
São milhões de caixas de remédio consumidas para dormir, acordar, emagrecer,
sorrir e ficar feliz, diminuir a ansiedade, melhorar o humor, aumentar a
libido, dentre outros objetivos. E o mais assustador dos dados: o número de
crianças e jovens fazendo uso regular e contínuo de medicações psiquiátricas,
triplicou nos últimos dois anos.
Ou seja, é
incontestável a importância dos remédios para cura e controle do sofrimento
psíquico e das doenças. Porém, precisamos nos atentar aos nossos limites.
Afinal, todo excesso reflete uma falta. Onde estão nossas faltas e quais são
elas, que precisam ser “preenchidas” apenas com medicamentos, transformando-os
em muletas de apoio?
Por fim, a
terapia é fundamental para o autoconhecimento, abrindo portas para o
entendimento do que é bom ou ruim para nossa saúde mental. Afinal, somos seres
muito distintos e cada um possui dores e questões particulares. Somente através
do acompanhamento psicológico adequado, poderemos identificar gatilhos e
trabalhar fraquezas e forças para o alcance de uma vida mais equilibrada,
física e mentalmente.
Visto que, o
profissional de saúde mental, poderá, através de avaliação minuciosa
identificar a necessidade da ajuda medicamentosa, ou não, no auxílio do
tratamento. Havendo a necessidade, ele encaminhará o paciente para o médico
psiquiatra que seguirá com a prescrição e o auxílio na busca por hábitos mais
saudáveis.
Portanto, esse é
o caminho correto para evitar o aprisionamento mental e físico, provocado pelo
uso excessivo de remédios que dopam e limitam as relações sociais e rotinas
cotidianas do indivíduo.
Dra. Andréa Ladislau – graduada
em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar
e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em
Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense
de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o
grupo Reflexões Positivas, para
apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
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