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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Sociedade Brasileira de Urologia alerta para hiperplasia prostática a partir dos 50 anos

Especialista de Santos mostra os riscos da doença que rendeu mais de 22 milhões de atendimentos ao SUS em 2022 


Muitos homens tendem a negligenciar sua saúde e bem-estar, deixando de realizar exames preventivos, ignorando sintomas e adotando hábitos não saudáveis. Essa falta de cuidado pode levar a consequências sérias para a saúde, diminuindo a qualidade de vida e, em alguns casos, até mesmo colocando a vida em risco. 

Buscando conscientizar o público masculino sobre o problema mais comum encontrado na próstata, a hiperplasia prostática benigna (HPB), a Sociedade Brasileira de Urologia divulgou uma pesquisa afirmando que cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos a tem, e essa prevalência aumenta com a idade, podendo chegar a 80% nos homens entre 70 e 80 anos. 

Mas o que é HPB? O médico urologista Heleno Diegues Paes explica que essa é uma das condições inerentes do envelhecimento masculino, onde ocorre o aumento volumétrico da próstata que acomete os homens, principalmente a partir dos 50 anos. 

“A próstata tem uma tendência a crescer com o passar dos anos. No adolescente e adulto jovem a velocidade de crescimento é muito pequena. Mas a partir dos 40 anos, a velocidade vai aumentando, quando começam a surgir as manifestações clínicas desse aumento. Isso pode ser motivado pelo hormônio testosterona e por fatores genéticos e ambientais, o que justifica a diferença de sua apresentação entre os homens. 

Como o HPB determina algum grau de obstrução da uretra, dificultando em maior ou menor grau a passagem da urina, existem pessoas praticamente assintomáticas e pessoas que sofrem bastante para urinar. 

Neste caso, alguns sintomas que ajudam a identificar o problema são o jato urinário fraco, necessidade de esforço para ajudar a micção, jato urinário intermitente e prolongado, sensação de resíduo urinário após a micção, gotejamento terminal de urina, aumento da freqüência urinária, necessidade de acordar à noite para urinar. 

E mesmo com sintomas, Heleno Paes diz que muitos não procuram ajuda primeiro porque não sabem que possuem um problema. À exceção dos casos extremos, onde estes homens têm sintomas muito intensos, os homens vão evoluindo com uma deterioração da micção de maneira muito lenta e progressiva, e passam a considerar sua micção como uma condição normal. Na verdade um “novo” normal. 

Segundo dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) do Ministério da Saúde, só no ano passado foram mais de 22 milhões de atendimentos no SUS devido a HPB no País. O médico explica o motivo desse aumento. 

“Isso se deve principalmente ao envelhecimento da população. É nítida a inversão da pirâmide demográfica no Brasil. Você pode verificar, por exemplo, a preocupação dos governantes com o colapso do sistema previdenciário devido este efeito. Será cada vez mais comum as doenças inerentes ao envelhecimento”, afirma Paes.

 

Riscos

A uretra é o canal que leva a urina da bexiga para fora do corpo, atravessando o interior da próstata. O crescimento da próstata, em alguns homens, passa a comprimir esta porção da uretra, por um efeito de massa, mesmo. Dessa forma a bexiga passa a realizar um maior esforço de contração para eliminar a urina. 

Segundo o especialista, com o passar dos meses e anos, esta bexiga sofrerá um desgaste e adaptações que poderá se manifestar com uma maior reatividade, levando ao quadro de bexiga hiperativa, ou então entrar em falência, evoluindo com a retenção urinária. Além de que o maior resíduo de urina aumenta o risco de infecções e formação de cálculos. 

“O maior risco é evoluir com uma deterioração irreversível do funcionamento da bexiga. Isso pode levar a necessidade de uso de sondas, a risco de infecções e insuficiência renal”, diz o médico. 

O diagnóstico do HPB é realizado pela história clínica, onde é questionado o padrão miccional da pessoa, pelo exame físico, que é o exame de toque, e pelo exame de ultrassom da próstata. 

Após identificar o problema, ele pode ser tratado com medicamentos e cirurgias. “O objetivo é promover a desobstrução do trato urinário e trazer de volta a micção satisfatória a estes pacientes”. 

Por isso, não há dúvida: ao perceber qualquer situação diferente da habitual, é preciso consultar o urologista e iniciar imediatamente o tratamento. “Após iniciado o tratamento, que é crônico, devem ser realizadas avaliações periódicas para verificar se as coisas estão indo bem”, completa Paes. 

Somente assim é possível garantir que os homens possam ter uma vida mais longa, saudável e plena. Ao cuidar da saúde, os homens não apenas se beneficiam pessoalmente, mas também têm um impacto positivo em suas famílias e comunidades.

 

Heleno Paes - começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP. Ficou maravilhado com o estudo do corpo humano, com as peças do laboratório de patologia, e decidiu que era isso que queria fazer. Assim, ingressou na Faculdade de Medicina do Centro Universitário Lusíada, em Santos, em 1997.


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