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segunda-feira, 17 de julho de 2023

Soro antiaracnídico do Butantan previne necrose na pele em pessoas picadas pela aranha-marrom

Função foi comprovada em estudo de seis anos conduzido no Hospital Vital Brazil e publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases



Um estudo pioneiro conduzido no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, comprovou que o soro antiaracnídico é capaz de reduzir o risco de necrose na pele causada pelo veneno da aranha-marrom (do gênero Loxosceles), principalmente se aplicado nas primeiras 48 horas após o acidente. A necrose no local da picada – morte de parte do tecido da pele – é uma das manifestações mais comuns desse tipo de envenenamento, que acomete cerca de 8 mil pessoas por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.

 

A pesquisa foi feita ao longo de seis anos e incluiu 146 pacientes atendidos no Hospital Vital Brazil que sofreram picada de aranha-marrom. Das pessoas avaliadas, 74 foram tratadas com o antiveneno e 72 não receberam o soro, pois foram admitidas tardiamente. As manifestações cutâneas e sistêmicas foram avaliadas no momento da admissão e semanalmente durante a condução do estudo.

 

No grupo de pacientes que foram tratados com o soro menos de 48 horas após a picada, a proporção de pessoas que apresentaram necrose foi significativamente menor do que no grupo que não recebeu o antiveneno. A administração do soro foi segura e com baixa taxa de reações adversas.

 

Além disso, entre aqueles que receberam o soro em até 60 horas depois do acidente, a quantidade de pacientes que desenvolveram úlceras, decorrentes de necrose profunda, foi menor do que naqueles que demoraram mais de 60 horas para serem atendidos.

 

O estudo foi o primeiro a avaliar, em humanos, a capacidade do soro antiaracnídico de evitar necrose em casos de picada de aranha-marrom. Uma pesquisa anterior com modelos animais havia mostrado que o antiveneno reduzia as lesões necróticas em 30%, mesmo sendo administrado 48 horas após a injeção do veneno.

 

“O grande desafio em relação à picada da Loxosceles é que a maior parte dos pacientes demora mais de 48 horas para procurar o serviço de saúde. Isso acaba prejudicando a eficácia do tratamento, pois a necrose, muitas vezes, já está estabelecida”, explica a médica Ceila Málaque, do Hospital Vital Brazil.


 

Sintomas e prevenção


As pessoas picadas pela aranha-marrom desenvolvem uma lesão dolorosa e arroxeada que vai escurecendo e pode evoluir para necrose após cerca de três dias. Nas primeiras 24 horas, é comum sentir febre, náusea e mal estar. Após duas a três semanas, alguns pacientes ainda podem apresentar descamação nos pés e nas mãos.

 

No Brasil, além da aranha-marrom, há outras duas espécies de importância médica: a aranha armadeira (do gênero Phoneutria) e a viúva-flamenguinha (do gênero Latrodectus). Esses animais vivem em buracos no solo, sob cascas e troncos ou em teias.

 

Para prevenir acidentes, é importante evitar o acúmulo de entulho, folhas secas e lixo, além de combater a proliferação de insetos. Também é recomendado manter ralos de cozinha e banheiro fechados, assim como vedar frestas e buracos em paredes e assoalhos.  

Em caso de acidentes, é recomendado lavar o local da picada com água e sabão. Depois, pode ser aplicada uma compressa morna para aliviar a dor. Após tais medidas, é imprescindível procurar atendimento médico de forma imediata.


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