Função foi comprovada em estudo de seis anos conduzido no
Hospital Vital Brazil e publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases
Um
estudo pioneiro conduzido no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan,
órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, comprovou
que o soro antiaracnídico é capaz de reduzir o risco de necrose na pele causada
pelo veneno da aranha-marrom (do gênero Loxosceles), principalmente se
aplicado nas primeiras 48 horas após o acidente. A necrose no local da picada –
morte de parte do tecido da pele – é uma das manifestações mais comuns desse
tipo de envenenamento, que acomete cerca de 8 mil pessoas por ano, de acordo
com o Ministério da Saúde.
A
pesquisa foi feita ao longo de seis anos e incluiu 146 pacientes atendidos no
Hospital Vital Brazil que sofreram picada de aranha-marrom. Das pessoas
avaliadas, 74 foram tratadas com o antiveneno e 72 não receberam o soro, pois
foram admitidas tardiamente. As manifestações cutâneas e sistêmicas foram
avaliadas no momento da admissão e semanalmente durante a condução do estudo.
No
grupo de pacientes que foram tratados com o soro menos de 48 horas após a
picada, a proporção de pessoas que apresentaram necrose foi significativamente
menor do que no grupo que não recebeu o antiveneno. A administração do soro foi
segura e com baixa taxa de reações adversas.
Além
disso, entre aqueles que receberam o soro em até 60 horas depois do acidente, a
quantidade de pacientes que desenvolveram úlceras, decorrentes de necrose
profunda, foi menor do que naqueles que demoraram mais de 60 horas para serem
atendidos.
O
estudo foi o primeiro a avaliar, em humanos, a capacidade do soro
antiaracnídico de evitar necrose em casos de picada de aranha-marrom. Uma
pesquisa anterior com modelos animais havia mostrado que o antiveneno reduzia
as lesões necróticas em 30%, mesmo sendo administrado 48 horas após a injeção
do veneno.
“O
grande desafio em relação à picada da Loxosceles é que a maior parte dos
pacientes demora mais de 48 horas para procurar o serviço de saúde. Isso acaba
prejudicando a eficácia do tratamento, pois a necrose, muitas vezes, já está
estabelecida”, explica a médica Ceila Málaque, do Hospital Vital Brazil.
Sintomas e prevenção
As
pessoas picadas pela aranha-marrom desenvolvem uma lesão dolorosa e arroxeada
que vai escurecendo e pode evoluir para necrose após cerca de três dias. Nas primeiras
24 horas, é comum sentir febre, náusea e mal estar. Após duas a três semanas,
alguns pacientes ainda podem apresentar descamação nos pés e nas mãos.
No
Brasil, além da aranha-marrom, há outras duas espécies de importância médica: a
aranha armadeira (do gênero Phoneutria) e a viúva-flamenguinha
(do gênero Latrodectus). Esses animais vivem em buracos no solo, sob
cascas e troncos ou em teias.
Para prevenir acidentes, é importante evitar o acúmulo de entulho, folhas secas e lixo, além de combater a proliferação de insetos. Também é recomendado manter ralos de cozinha e banheiro fechados, assim como vedar frestas e buracos em paredes e assoalhos.
Em caso de acidentes, é recomendado lavar o local da picada com
água e sabão. Depois, pode ser aplicada uma compressa morna para aliviar a dor.
Após tais medidas, é imprescindível procurar atendimento médico de forma
imediata.
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