Doença metabólica
pode levar ao maior risco de pré-eclâmpsia, parto prematuro, cesariana e
icterícia neonatal, além de desenvolvimento do diabetes tipo 2 futuro
Estudos recentes mostram que a prevalência do
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) no Brasil aumentou de 7,2% para 18% e tende
a se elevar mais. Isso se dá devido ao estilo de vida das mulheres, em
principal o sedentarismo, histórico de vida, sobrepeso, obesidade e idade
avançada da gestante. Os mesmos estudos mostram que o Brasil se encontra dentre
os países mais afetados pela DMG, fator que eleva os gastos em saúde pública do
país.
Conforme explica a Dra. Mariana Rosario,
ginecologista e obstetra, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein,
o diabetes gestacional é perigoso tanto durante a gestação, para a mãe e o
bebê, quanto na vida futura deles. “Filhos de mães com diabetes gestacional
tendem a desenvolver o diabetes tipo 2 no futuro”, alerta a médica. “E mulheres
que passam pelo problema numa gravidez podem desenvolvê-lo nas próximas
gestações, além de também correrem o risco de ter diabetes tipo 2 futuramente”,
completa.
E, segundo informações da Associação Nacional de
Atenção ao Diabetes, mulheres diagnosticadas com Diabetes Gestacional nas
primeiras 12 semanas de gravidez apresentaram uma maior incidência de
pré-eclâmpsia, parto prematuro, cesariana e icterícia neonatal do que as
mulheres diagnosticadas mais tarde na gravidez, apesar do teste precoce e
tratamento intensivo. “É preciso entender que quanto mais cedo a mulher
desenvolve o diabetes gestacional, mais complicações ela apresentará. Então, se
ele for diagnosticado no começo da gestação, ela carregará o problema até o
final, com mais chances de desenvolver outras patologias. Por isso, é
necessário cuidar-se desde o momento em que se deseja ser mãe, antes da
concepção, para ter uma gestação segura”, ensina a médica.
Com a declaração da influenciadora Fabiana Justus
sobre ter a doença em sua gestação, o assunto tomou ganha força - e o alerta às
tentantes e gestantes se faz necessário para que cuidem bem da saúde.
Por que as
mulheres desenvolvem o diabetes gestacional?
Durante os nove meses de gestação, o corpo da mãe
sofre diversas alterações hormonais. A insulina é o hormônio responsável por
colocar a glicose circulante na corrente sanguínea dentro das células. Quando
uma mulher tem sobrepeso ou é obesa, é sedentária, alimenta-se de forma
incorreta ou tem predisposição ao diabetes, há uma sobrecarga do pâncreas –
órgão responsável por fabricar a insulina, que precisa trabalhar muito para
manter os níveis ajustados da substância. Nem sempre o esforço do órgão é
suficiente e muito açúcar é acumulado na corrente sanguínea, desenvolvendo a
diabetes gestacional. “E essa grande quantidade de glicose também chega ao
feto, que acaba tendo a vida colocada em risco. Além dos riscos de parto
prematuro e icterícia, a insulina passada para ele age como um hormônio
anabolizante, fazendo-o crescer além do normal. Com o aumento de insulina no
sangue, o bebê também pode apresentar a hipoglicemia neonatal”, completa Dra.
Mariana.
Após o parto, no momento em que o cordão umbilical
é cortado, o fornecimento de glicose da mãe para a criança é rapidamente
interrompido e, como muita insulina foi fabricada, pode-se desenvolver a
hipoglicemia, que consiste em uma queda brusca de glicose em circulação.
“Alguns bebês chegam a receber glicose na veia, ainda recém-nascidos, para
suprir essa necessidade”, conta a médica.
Para a mãe, também existem riscos. É provável que a
diabetes volte a acontecer em uma próxima gravidez e, ainda pior, pode se
desenvolver, anos depois, para uma diabetes tipo 2, que é uma doença crônica.
“Por isso, é necessário haver acompanhamento médico de ambos a vida toda”,
orienta Dra. Mariana.
Sintomas e
tratamento
O diabetes gestacional deixa clara a importância do
pré-natal e de um acompanhamento médico de qualidade, já que demora a
apresentar sintomas e só pode ser detectada a partir de exames específicos,
como a curva glicêmica, realizados na gestação.
Ainda durante a gravidez, o tratamento para o
diabetes gestacional normalmente consiste em um controle alimentar – com uma
dieta indicada pelos médicos –, o monitoramento dos níveis de glicemia e também
a prática regular de atividades físicas.
Caso isso ainda não seja o suficiente, pode-se ter
a necessidade da prescrição de remédios à paciente. Em alguns casos é
necessário fazer o uso da insulina.
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