A dieta da sua amiga, a suplementação ou plano alimentar que algum conhecido está adotando pode não funcionar para você. Isso porque o DNA não está associado apenas às características físicas ou à predisposição a doenças hereditárias, mas também impacta sobre como o corpo reage a fatores aos quais é exposto. Saber mais sobre essa relação é fundamental para melhorar a qualidade de vida e isso inclui a nutrição – e o comportamento do que ingerimos no nosso organismo.
Um exemplo é o que acontece com os micronutrientes.
É fato que eles podem sofrer influência da genética, visto que alguns genes
agem na absorção, no transporte e na metabolização deles. É o caso das
vitaminas A e D. Variantes genéticas nos genes responsáveis pela produção de
enzimas, que estão envolvidas no transporte e metabolismo dessas vitaminas,
podem impactar na eficiência da absorção ou na forma como elas são utilizadas
pelo organismo.
“Conhecendo essas particularidades do paciente é
possível fazer um rastreamento mais próximo para evitar as deficiências
nutricionais e adequar a alimentação de forma personalizada”, explica Mayara
Miranda, doutora em ciências dos alimentos e aconselhadora Genética do Grupo
Fleury, detentor da Sommos DNA.
Para ilustrar, vale saber que uma das principais
funções da vitamina D é facilitar a absorção intestinal de cálcio, ajudando no
transporte ativo desse mineral para a corrente sanguínea. Mulheres que
apresentam polimorfismos (variação genética comum presente em cerca de 1%
população) para vitamina D, por exemplo, devem ter atenção às taxas de cálcio,
bem como à repercussão delas no organismo.
Influência no paladar
O paladar e as escolhas alimentares também sofrem
influência da genética. Por isso, a doutora Mayara explica que entender o
genótipo (versão de genes que cada pessoa carrega) ajuda a traçar estratégias
mais precisas e de maior adesão.
Podemos observar esse fenômeno ao abordar algo que
faz parte da vida dos brasileiros: a cafeína. “Ela tem diversas funções no
nosso organismo e pode, dependendo da atividade, melhorar o desempenho
esportivo. De acordo com a nossa genética podemos ser metabolizadores
rápidos ou lentos de cafeína e mais ou menos sensíveis a ela”, explica a
especialista.
Intolerâncias
A genética é um dos fatores que também contribui
para o aparecimento das intolerâncias alimentares. É o que ocorre com a
intolerância à lactose, que é a mais comum em todo o mundo, e pode ser congênita,
primária ou secundária.
- Congênita:
forma extremamente rara. Manifesta-se no recém-nascido, caracterizada pela
ausência total da atividade da lactase.
- Primária:
forma mais frequente. A produção de lactase vai diminuindo com o passar
dos anos – também tem um componente genético importante.
- Secundária:
ocorre em razão de lesões da mucosa intestinal, o que reduz a presença da
enzima no organismo.
Sabe-se, também, que a incidência dessas alterações
genéticas pode variar entre as populações.
A genética não é o único fator que determina a
resposta do corpo à nutrição. A dieta, o estilo de vida e outros fatores
ambientais e comportamentais também influenciam. Conversar com uma
nutricionista e ter uma atenção multidisciplinar para um atendimento
personalizado é cada vez mais importante para prevenção e cuidado com foco em
saúde e bem-estar.
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