A infecção por Covid trouxe inúmeras sequelas para a população afetada, entre elas muitos pacientes têm se queixado de perda auditiva.
Embora a medicina tenha avançado muito desde o início da pandemia, pouco se
sabe sobre todos os efeitos colaterais da Covid-19 e muitas sequelas novas
ainda estão surgindo, desafiando os pesquisadores a entenderem de fato como
esse vírus se comporta.
De acordo com um estudo publicado no American
Journal Otolaryngology, 20 pacientes com Covid que não apresentavam qualquer sintoma
de perda auditiva antes da infecção, tiveram uma piora considerável nessa
função após a doença.
O Biomedical Research Centre (BRC) de Manchester
apresentou um relatório que aponta 24 estudos onde a relação entre a covid-19 e
problemas de audição está presente em 7,6% dos pacientes pesquisados, outros
14,8% tiveram zumbido e 7,2% sintomas relacionados à vertigem.
Mas outros fatores podem estar relacionados à perda
auditiva, além da infecção em si. Um deles é a medicação utilizada no
tratamento da doença, que pode causar problemas na audição ou piorar um quadro
já existente.
A hidróxicloroquina sozinha ou combinado com o
metronidazol são substâncias apontadas como ototóxicas, ou seja, que afetam os
ouvidos.
Diversos estudos mostraram que essa combinação de
medicamentos pode causar alterações como perda auditiva, síndrome vestibular
periférica e zumbido.
Sobre a relação direta da perda auditiva com o
vírus causador da Covid, algumas pesquisas apontam que o sintoma pode ocorrer
em diferentes graus e tipos, acometendo um ou os dois ouvidos.
Outro dado interessante é que o coronavírus pode
afetar o sistema auditivo nervoso central, que impactará diretamente na
qualidade de compreensão da fala.
É provável que alguns sintomas
que surjam na fase aguda da doença possam sumir sem a necessidade de um
tratamento específico. Mas é recomendado que, em caso de percepção do sintoma
de perda auditiva, que pode ser percebida semanas após a contaminação, o
paciente procure o seu médico e relate o fato.
Dr. Jorge Rezeck - Médico no Hospital São Jorge e Clínica Unique. Membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
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