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quinta-feira, 23 de março de 2023

Apesar de ter a maior biodiversidade vegetal do planeta, Brasil possui baixa produção de medicamentos fitoterápicos

No Brasil, apenas 1,5% das vendas representam os medicamentos fitoterápicos

 

A busca do homem em encontrar soluções e medidas capazes de sanar ou amenizar dores faz parte da história da civilização desde os tempos mais primórdios. Em 8.500 a.c., as plantas já eram utilizadas como uma alternativa no tratamento de diversas doenças, graças aos seus princípios ativos capazes de curar diferentes comorbidades. Com o tempo, os medicamentos fitoterápicos foram se consolidando cada vez mais no mercado farmacêutico e novas propriedades medicinais são descobertas ao redor do mundo todos os dias.

Apesar de ser utilizado em conjunto com outros medicamentos convencionais ou até mesmo ser a única medicação do tratamento, o medicamento fitoterápico passa pelos mesmos trâmites que um medicamento convencional, ou seja, ele também precisa de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), passa por rigorosos testes para atestar sua eficácia e possíveis efeitos colaterais.

O Ministério da Saúde instituiu e normatizou no Brasil o registro de fitoterápicos em 1995. Mas apesar do país ter a maior biodiversidade vegetal do planeta e da existência da cultura indígena, o Brasil ainda fica muito atrás no ranking de países que mais consomem medicamentos fitoterápicos. De acordo uma pesquisa feita pelo bioquímico alemão e professor do Instituto de Bioquímica da Universidade de Colônia, Lothar Jaenicke, o maior mercado de fitoterápicos está na Europa, sendo que 50% deste encontra-se na Alemanha.

Por outro lado, a América Latina, mesmo com sete países considerados megabiodiversos, representam apenas 5% desse mercado. No Brasil, apenas 1,5% das vendas representam os medicamentos fitoterápicos. “Atualmente o Brasil importa os princípios ativos dos medicamentos fitoterápicos, e isso faz o preço desses medicamentos subir e impossibilita que grande parte dos brasileiros tenham condições de utilizar esses medicamentos”, explica Norberto Prestes, Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (ABIQUIFI). A produção de medicamentos fitoterápicos no Brasil é regulamentada e segue legislação da ANVISA desde 2014.

Atualmente, dos 1.700 fitoterápicos vendidos no país, apenas 300 são brasileiros registrados na ANVISA, os outros 1.400 são importados. Na tentativa de tornar os tratamentos com medicamentos fitoterápicos mais acessíveis, em 2007, o Sistema único de Saúde (SUS) disponibilizou dois medicamentos através das secretarias estaduais e municipais de saúde: um para tratar gastrite e outro para tratar sintomas de gripe.

“O SUS oferece hoje apenas algumas opções de tratamentos com medicamentos fitoterápicos, o ideal seria ampliar as opções terapêuticas ofertadas pelo sistema, para garantir que as pessoas consigam ter saúde de qualidade, novas opções de tratamentos complementares, além de promover o uso sustentável da biodiversidade brasileira, e o desenvolvimento industrial da saúde brasileira”, pontua Prestes.

Para conseguir democratizar os preços dos medicamentos fitoterápicos no Brasil e aumentar o número de tratamentos ofertados pelo SUS, a retomada da produção de insumos farmacêuticos no país pode acabar com essa dependência do Brasil em ter que importar os princípios ativos desses medicamentos, e, consequentemente, os preços desses remédios tendem a diminuir. “O foco inicialmente deve ser nas cadeias completas que existem no Brasil, sendo que as que mais se destacam são os insumos de origem animal e vegetal. Esse último inclusive é uma opção viável para o desenvolvimento de cadeias produtivas no Brasil com impactos econômicos e sociais”, ressalta Prestes. 

 

Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos – ABIQUIFI


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