Novas diretrizes impostas pela Lei 14.457 em cumprimento a norma que determina a obrigatoriedade da implementação do Canal de Denúncias.
A Lei 14.457 determina a obrigatoriedade do Canal de Denúncias em empresas com CIPA. Publicada no Diário Oficial da União no dia 22/09/2022, a nova diretriz faz parte do Programa Emprega + Mulheres, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O principal objetivo é incentivar o aumento da
contratação e permanência de mulheres no mercado de trabalho.
A nova legislação impõe às empresas com CIPA
(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) a adoção de medidas de
prevenção e combate ao assédio sexual e demais formas de violência no
âmbito do trabalho.
Com isso, determina-se a implementação de ferramentas,
como o Canal de Denúncias, em até 180 dias após a data da publicação da lei.
Lei 14.457/22: o que é?
A Lei 14.457/22, fruto da Medida Provisória 1.116/22, aprovada pela Câmara dos Deputados no mês de agosto, dispõe sobre a criação do Programa “Emprega + Mulheres”, que estabelece uma sequência de regras para viabilizar a facilitação da empregabilidade de mulheres.
Dentre a série de normativas previstas pela nova regulamentação, que já se encontra em vigor, estão:
- A flexibilização
das jornadas de trabalho para mães e pais que têm filhos de até 6
anos de idade ou que sejam portadores de deficiência.
- O incentivo
à capacitação e ascensão profissional de mulheres, que poderão suspender
temporariamente o contrato de trabalho sem nenhum tipo de prejuízo, para
se dedicarem a cursos de qualificação.
- O apoio
ao retorno para o trabalho após o término de licença maternidade,
possibilitando a suspensão temporária do contrato de pais empregados, para
que eles possam auxiliar e acompanhar o desenvolvimento dos filhos.
- A criação
do selo “Emprega + Mulher”, para reconhecer as empresas que mantém as boas
práticas na promoção da empregabilidade feminina e no atendimento às
necessidades desse público, investindo na ascensão profissional das
mulheres e em sua contratação para cargos de liderança, assim como no
amparo às mães através do pagamento-reembolso de creche.
- Entre outras ações.
Além desses aspectos, destaca-se um dos mais importantes
trechos da Lei 14.457/22, mais especificamente no Artigo 23 do Capítulo
VII, que se refere às “Medidas de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual e
Outras Formas de Violência no Âmbito do Trabalho”.
Conforme o texto, todas as empresas com CIPA devem tomar providências para criar e manter um ambiente de trabalho seguro e saudável, disponibilizando mecanismos de detecção e combate a esses tipos de condutas abusivas.
Algumas medidas a serem tomadas pela
lei
- A
inclusão de regras de conduta que visem o combate ao assédio sexual e
outras formas de violência nas normas e políticas internas da
empresa, assegurando a ampla divulgação desse conteúdo aos colaboradores.
- A
implementação de ferramenta como o Canal de Denúncias,
com possibilidade de anonimato para o denunciante e garantia total do
sigilo das informações, assegurando a fixação de procedimentos de gestão
para o acompanhamento e apuração dos relatos, além do comprometimento com
a aplicação de sanções aos responsáveis pelos atos de assédio e/ou
violência, após a investigação das irregularidades relatadas.
- A
incorporação dos temas referentes à prevenção e ao combate ao assédio e
outras violências nas atividades e nas práticas determinadas pela
CIPA.
- A
realização de treinamentos, ações de capacitação, orientação e
sensibilização de funcionários de todos os níveis hierárquicos da empresa,
sobre esses temas, em formatos acessíveis e apropriados para a compreensão
de todos (como palestras, cartilhas de orientação e campanhas, por
exemplo), no mínimo a cada 12 meses.
O prazo determinado pela Lei 14.457/22 para o cumprimento
das medidas mencionadas é de 180 dias após a data da sua publicação, que
aconteceu na última quinta-feira, 22 de setembro.
Por que a Lei
14.457/22 determina a obrigatoriedade de ferramentas como o Canal de Denúncias?
A Lei 14.457/22 determina a obrigatoriedade do Canal de
Denúncias por este ser uma ferramenta que atua diretamente no auxílio à
criação de um ambiente de trabalho mais saudável e acolhedor para as pessoas,
incluindo as mulheres. Em uma pesquisa realizada pela a Aberje (Associação
Brasileira de Comunicação Empresarial), 72% das mulheres brasileiras
participantes relataram já ter sofrido episódios de assédio no ambiente de
trabalho, enquanto 77% disse já ter presenciado atos de assédio
contra outras mulheres, dentro das empresas.
Na mesma pesquisa, as mulheres entrevistadas apontam como soluções para o combate a essas violências, os seguintes argumentos:
- Implementação
de mecanismos eficazes de acolhimento às reclamações (40%).
- Trabalhar mais fortemente na sensibilização dos homens (36%).
Nesse sentido, fica evidente a necessidade
de disponibilização de um Canal para que as mulheres possam denunciar esse
tipo de comportamento nas empresas, com a segurança necessária e a
possibilidade de anonimato, para quando desejarem não revelar a sua
identidade.
Ao receber o relato e capturar as informações com o máximo de detalhamento possível, o Canal de Denúncias terceirizado ajuda a detectar a ocorrência do assédio e outras irregularidades, que geralmente acontecem “às escondidas”.
A consequência
disso é o auxílio no combate às condutas abusivas e o fortalecimento de uma
cultura de integridade e respeito, que reflete positivamente no clima
organizacional.
Quais são as consequências do descumprimento da Lei 14.457/22?
As empresas que não cumprirem a Lei 14.457/22 poderão enfrentar penalidades aplicadas pelo Ministério do Trabalho.
Entre os deveres e atribuições do Ministério, estão as fiscalizações que verificam a obediência das empresas aos parâmetros legais dispostos pela legislação brasileira.
Sendo assim, os casos de desrespeito às diretrizes impostas pela Lei 14.457 (como a obrigatoriedade da implementação de um Canal de Denúncias, em até 180 dias), poderão acarretar multas e outros tipos de sanções.
Além do mais, é importante ressaltar que a negligência à
ocorrência de irregularidades como assédios, bullying e outros
tipos de violência, podem repercutir, igualmente, em multas e prejuízos
irreparáveis à imagem do negócio.
Por fim, nas empresas em que eventualmente ocorrerem casos
de assédio e/ou violência no trabalho, e que não cumprirem a legislação,
estarão sujeitas a responderem por danos morais individuais e coletivos.
Por isso, é
fundamental se alinhar a essas novas diretrizes para proteger os colaboradores
e a sua empresa.
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