A mostra reúne obras concebidas para serem tocadas, manipuladas e experimentadas pelo público em visitação gratuita;
Trabalhos
permitem vivências plurissensoriais, a partir de diversas linguagens como artes
visuais, música, literatura e cultura popular ganham espaço na exposição,
CRIA_experiências de invenção permite interação entre todas as idades a partir de obras e jogos como Mancal (foto: Mateus Lustosa)
Imagine
entrar em um espaço onde está instalada sobre uma parede de 19 metros a
história Chapeuzinho Vermelho, sem texto, e narrada por pictogramas gráficos.
Imagine se sentar numa cadeira e receber um banho de canto. Já passou pela sua
cabeça escutar uma música que goteja? E visitar um zoológico de bichos
tipográficos? Essas são algumas operações possíveis de serem vivenciadas na
exposição “Cria _experiências de invenção”, em cartaz no Espaço de Exposições
do Centro Cultural Fiesp (CCF) até 19 fevereiro de 2023.
Com
curadoria de Marconi Drummond, CRIA reúne esculturas sonoras,
máquinas-livro, fotografias, jogos ancestrais, poesia visual, videoarte,
intervenções gráficas, entre outras manifestações. O título da exposição é
baseado nas palavras criação, criança e cria – significados conectados à
criatividade e como sinônimo de filhote. “CRIA já anuncia no seu nome a
potência da (re)invenção e solicita um espectador emancipado”, comenta o
curador.
Segundo o
curador, diferente da maior parte dos adultos, que alimentam a ideia da arte
intocável e até mesmo inacessível, as crianças são movidas pela curiosidade e
pela capacidade investigativa, livres de prejulgamentos. “Elas são inusitadas e
imprevisíveis”, observa Marconi.
A ideia,
inclusive, é que os adultos percebam em CRIA novas maneiras de se relacionar
com a arte contemporânea – observando e trocando experiências com os pequenos.
“As crianças são devotas do experimento e acabam provocando os adultos a
vivenciar a arte de uma forma mais livre”, observa o curador.
A exposição CRIA
permite diferentes percursos e contará com uma equipe de educadores para mediar
a experiência do público.
MÚLTIPLAS LINGUAGENS
CRIA é mais que uma exposição de artes visuais ao
permitir vivências plurissensoriais e o acesso a diferentes saberes culturais,
com elementos da música, da literatura, das artes visuais e das invenções
populares.
Um exemplo é
“Banho de Canto” (2017), obra-oficina de autoria de Stela Barbieri, que é
ativada em coparticipação com o público. Um banho sonoro, constituído de muitas
vozes e múltiplas sonoridades, na qual a presença de um participante no centro
da obra inspira o grupo em torno a cantar e tocar, desenhando movimentos
circulares.
Obra “Banho de Canto” de Stela Barbieri (foto:
Mateus Lustosa)
“Conta
Gotas” (2013), obra concebida pela dupla de artistas Nelson Soares e Marcos
Moreira, conhecidos como O GRIVO, consiste na suspensão de buretas – tubos de
vidro com controle para vasão de líquidos – que gotejam água.
As gotas
percutem nos cilindros de vidro que acomodam tamborins no seu interior,
chamando a atenção pela diversidade de sons simultâneos e com alterações de
timbre que resultam em diferentes combinações sonoras.
A artista
suíça Warja Lavatar (1913-2007), ficou conhecida por narrar e ilustrar
clássicos infantis usando símbolos e não palavras. Em “Le petit chaperon rouge”
(Chapeuzinho vermelho), a clássica história adaptada por Charles Perrault, é
narrada por sinais gráficos, ausentes de texto. Os personagens e elementos
textuais são substituídos por pontos e formas coloridas.
A obra
estará presente na exposição em duas versões: com o exemplar original editado
em 1965 e o com livro espacializado sobre uma parede de 19 metros de
comprimento. “Ao utilizar signos visuais não verbais essa obra costuma gerar
uma empatia muito grande no público”, aponta o curador.
Os animais,
naturalmente, despertam o interesse das crianças. Na exposição CRIA,
muitos trabalhos fazem alusão aos bichos e um deles pode ser conferido antes
mesmo do visitante ingressar na galeria. A obra “Tropelia” (2019), de Regina
Silveira, apresenta pegadas de diversas espécies adesivadas pelo chão. A obra
permite também que os visitantes produzam suas próprias pegadas.
Obra “Tropelia”, de Regina Silveira (foto:
Mateus Lustosa)
Já em
“Bichos Tipográficos” (1996/2019), uma espécie de zoo tipográfico, o público
confere vídeospoemas que apresentam os bichos em forma de palavras ou palavras
no formato de animais. Segundo o artista Guilherme Mansur, nessas obras “as
letras exploram os sons, os corpos e o jeito de ‘se virar’ de cada bicho.”
O “Jogo da
Onça” (s/data) é um jogo ancestral conhecido em várias partes do mundo, mas em
cada país apresenta nomes diferentes: bhaga chal (Nepal) e lau kati kata
(Índia). No Peru, as peças representam o puma e os carneiros. Na Índia, tigre e
cabras e, no Brasil, a onça e os cachorros.
PRODUÇÃO E
ARTISTAS
CRIA_experiências de invenção reúne 31 trabalhos
dos seguintes artistas: Cao Guimarães, Guilherme Mansur, Guto Lacaz, O Grivo,
Origem (Patrícia Sabino e Maurício Lima), Regina Silveira, Stela Barbieri,
Warja Lavater, Cássia Macieira, Bruno Rios, além dos fotógrafos José Medeiros,
Otto Stupakoff e Thomaz Farkas.
Confira
imagens e descritivos de todas as obras em: www.agenciagalo.com/cria
CRIA _experiências de invenção
Período: de 14 de setembro de 2022 a 19 de
fevereiro de 2023
Local: Centro Cultural Fiesp / Espaço de
exposições
Endereço: Avenida Paulista, 1313 – em frente à
estação Trianon-Masp
Horários: quarta a domingo, das 10h às
20h
Entrada
gratuita.
Mais
informações em www.sesisp.org.br/cultura
Agendamentos
de grupos e escolas: ccfagendamentos@sesisp.org.br
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