De acordo com Rica Mello, palestrante e
gestor de pessoas, é fácil notar quando um colaborador não está mais oferecendo
seu máximo para a empresa
O
"quiet quitting" está se tornando uma expressão popular no mercado de
trabalho. Traduzida para o português, o termo significa desistência silenciosa
e essa tendência tem apresentado uma série de desvantagens para os
profissionais.
Apesar
do que o nome sugere, isso não significa, efetivamente, dar entrada em um
pedido de demissão, mas sim uma demonstração cada vez menor de esforço em
relação ao próprio trabalho, fazendo apenas o que lhe é solicitado.
De
acordo com Rica
Mello, gestor de pessoas, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação,
a obtenção de um segundo emprego pode ser uma das principais razões por trás
desse fenômeno. Ele pontua, ainda, que o sistema de home office, implementado
majoritariamente durante a pandemia, tem uma parcela de culpa pelo crescimento
do quiet quitting. “Com a oportunidade de trabalharem em suas casas, algumas
pessoas enxergaram a possibilidade de atuarem, também, em dois empregos no
mesmo horário, dedicando-se menos naquele trabalho que, anteriormente, era sua
única fonte de renda. Além de passar uma péssima imagem, esse tipo de jornada
dupla fere uma série de regulamentos já estabelecidos pela CLT e pode infringir
cláusulas do contrato assinado com a empresa”, lamenta.
O
gestor acredita que existem algumas medidas que possam coibir ou, ao menos, interferir
nesse tipo de comportamento. “Um primeiro passo interessante é contratar
colaboradores que não estejam a uma distância muito grande da empresa. Mesmo
trabalhando em home office, em alguns casos, uma ida ao escritório pode ser
necessária. Se o funcionário não consegue ir em mais de uma ocasião
consecutiva, algo pode estar errado. Isso não deve ser uma prática frequente,
mas ter um combinado de um dia da semana em que o colaborador deve estar no
escritório pode ser efetivo”, pontua.
Manter
a câmera aberta durante as reuniões também pode dificultar a possibilidade de
um segundo emprego. “A câmera aberta facilita a identificação do local em que o
seu parceiro está, impossibilitando que ele esteja frequentemente em outro
local ou realizando outras atividades. Além disso, oferece uma maior
proximidade com a equipe, já que é possível ver as reações das outras pessoas
em relação a determinado assunto, trazendo mais empatia para a conversa”,
declara Rica Mello.
Para
o palestrante, estimular eventos de imersão e reuniões no escritório minimizam
as chances de quiet quitting. “Se esse colaborador começa a faltar nesses
eventos de integração, é mais um sinal de que está apresentando esse tipo de
comportamento porque quer ser mandado embora ou porque tem um outro emprego.
Vale lembrar que os gestores estão sempre olhando as redes sociais, então se um
funcionário não pode comparecer a uma reunião e, no mesmo dia, posta fotos na
praia ou em algum passeio, isso não será visto com bons olhos pelas empresas”,
relata.
Rica Mello acredita que aqueles que apresentam apenas o essencial em um trabalho podem ter suas carreiras prejudicadas no futuro. “O que dá oportunidades para as pessoas é, justamente, essa entrega a mais. Quem faz apenas o que é solicitado raramente é promovido ou recebe as melhores promoções de cargo. Quando um coordenador vira gerente, por exemplo, é porque ele já exercia as responsabilidades de um gerente. Aqueles que só entregam o mínimo necessário dificilmente vão para frente. Essas pessoas não estão apenas colocando suas carreiras em risco, como também a sua própria reputação perante o mercado de trabalho, que é extremamente competitivo nos dias de hoje”, finaliza.
Rica Mello - Dedicou uma década auxiliando grandes empresas como consultor estratégico da McKinsey e Bain & Company antes de criar seus próprios negócios. É empreendedor serial e está à frente de negócios em diversos segmentos como indústria, distribuição, importação, varejo, e-commerce e educação. Auxilia empresários a navegar no desafiante mercado brasileiro e é uma das lideranças da indústria que se preocupam com iniciativas de coleta e reciclagem de materiais. Possui MBA pela Kellogg School e especialização pela Singularity University. Ele aprendeu a gerenciar empresas de qualquer lugar do mundo, para alimentar sua outra grande paixão, que é viajar. Conhece 136 países e almeja visitar todos os países do mundo até 2025.
https://ricamello.com.br/
@ricamello
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