Entre transplantes e implantes, pacientes do Hcor recomeçam
a seguir seus sonhos após as intervenções
Um dos órgãos mais importantes é o coração. Ele é o responsável por bombear o sangue por todo o corpo, fazendo com que os outros órgãos exerçam suas funções normalmente. Quando há alguma disfunção cardíaca, seja congênita (desde o nascimento) ou adquirida (devido a fatores genéticos e/ou maus hábitos), a vida corre risco. Atualmente, as doenças do coração são as mais incidentes entre os brasileiros e também a principal causa de morte no país, chegando a 30% do total de óbitos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Entre as enfermidades mais
prevalentes, estão as arritmias, doença coronária (entupimento dos vasos do
coração) e a insuficiência cardíaca. Todos os anos, 30 mil crianças nascem com
algum tipo de anomalia no coração, no Brasil. A Patrícia Fonseca foi uma delas.
Hoje, com 37 anos e triatleta, ela teve que enfrentar uma verdadeira maratona
até realizar um transplante de coração no Hcor.
A esportista nasceu com uma
cardiopatia e, enquanto crescia, percebia suas limitações para brincar com
outras crianças. Aos 14 anos, precisou passar por uma cirurgia. Aos 20, teve
uma crise de arritmia. Com a evolução das complicações, só tinha uma chance de
voltar a viver: o transplante de coração. O presente chegou bem no dia do seu
aniversário de 30 anos.
“Quando eu entrei na fila de
transplante, todas as cirurgias já haviam sido tentadas. Quando o novo coração
chegou, minha vida se transformou totalmente. Eu, que via a educação física da
arquibancada da escola, depois de um ano do transplante já estava correndo,
após seis meses também estava nadando e, quando completei dois anos, me tornei
a primeira brasileira transplantada de coração a participar das olimpíadas dos
transplantados. Graças a essa cirurgia eu pude recomeçar a viver”, relata.
Para a instrumentadora Bela Grossi, de 65 anos, o transplante não era uma possibilidade. Depois de anos com diversas alterações cardíacas e mais de cinco tratamentos de câncer, a alternativa para devolver a qualidade de vida estava na implantação de um “coração artificial”, o dispositivo HeartMate. “Já estou com esse dispositivo há dois anos e me sinto ótima. Eu sempre acreditei na minha recuperação e sabia que ia dar tudo certo. Hoje, estou aqui, como se fosse uma nova pessoa, para confirmar isso”, se emociona.
“O ‘coração artificial’ pode ser
utilizado em três ocasiões: como “ponte para transplante”, quando a pessoa
implanta o dispositivo para ajudar o coração enquanto ainda não existe um órgão
compatível para o transplante, como a “terapia de destino”, quando não há
indicação para transplante, ou como “ponte para recuperação”, quando se tem
causas potencialmente reversíveis como miocardite periparto, miocardite,
rejeição de transplante cardíaco, para que haja tempo de o coração voltar ao
seu estado normal”, explica a Dra. Salete Nacif, cardiologista do Hcor.
Um coração comum bate entre 70 e 80 vezes por minuto. O coração do piloto Marcelo Giarreta, conhecido como ‘Juba’ no mundo automobilístico, de 22 anos, batia apenas 45 vezes devido à chamada síndrome vasovagal. Ela se caracteriza por desmaios causados pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Geralmente, pode ser confundida com uma leve queda de pressão.
E para o piloto isso não era diferente. Ele sempre lidou com a hipotensão e, antes de corridas, tomava mais cuidado para que não desmaiasse ao volante. Entretanto, ao final de cada uma, por conta do estresse, acabava tendo uma síncope. Em outras duas, chegou a convulsionar. Qualquer evento mais estressante ou que demandasse muito fisicamente, ou até mesmo quando deixava de comer por muito tempo, ele desmaiava. “Durante o Tilt Test, exame para detectar a síncope vasovagal, meus batimentos cardíacos chegaram a zero”, conta.
Ao realizar uma bateria de exames
cardiológicos e neurológicos no Hcor, o marcapasso deixou de ser uma opção.
Para voltar às pistas e à vida com segurança, Marcelo passou por um tratamento
chamado cardioneuroablação, especialmente desenvolvido para tratar pacientes
com esta patologia. Durante o procedimento, o excesso do nervo vago é retirado,
fazendo o coração não sofrer mais com os reflexos causados por ele. “Quando eu
percebi que meu coração estava acelerado, ou seja, batendo no ritmo normal, e
não passei mal por isso, eu me senti imortal”, confessa Juba.
A cardioneuroablação, desenvolvida
pelo Dr. José Carlos Pachón Mateos e sua equipe no Hcor, tem se difundido
amplamente pelo mundo, já sendo realizada nos maiores centros de arritmias.
Entre os anos de 2015 e 2022, muitos países como Estados Unidos, Espanha,
Bélgica, República Tcheca, Equador, Colômbia, Argentina enviaram médicos ao
centro de treinamento mundial da instituição para capacitar médicos a reproduzir
a técnica. “A disseminação deste conhecimento é muito importante para melhorar
a qualidade de vida destes pacientes, sem implante de marcapasso definitivo,
visto que acomete muitos jovens. Só aqui no hospital, já realizamos mais de mil
destes procedimentos”, finaliza Dr. Thiene
Pachón, médico assistente do Setor de Arritmias e Marcapassos do Hcor.
Hcor
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